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- Ah, muito be... Espera, o quê? - ele pergunta e olha diretamente para Miranda que arregala os olhos. Ele estava confuso e seus olhos mudaram para uma feição meio zangada com a nova informação, e eu estava adorando, não posso mentir. E pra melhorar eu tinha o acompanhante perfeito, os meus Marshmallow's.

Um sorriso brotou nos meus lábios. Eu me pergunto se ela sabe que eu tenho um irmão que não é filho dela.

Olho por olho, Miranda!

Infelizmente ela não sabia e seu olhar dirigiu-se pra mim, assim como o de Isabella e o de Leon. Todos me encaravam e eu dei de ombros, vi Bella dar um sorriso de lado quase invisível e eu revirei os olhos com um sorriso no rosto.

O que está acontecendo, mesmo?

Miranda sentou no sofá quase caindo e Leon continuava encarando a mesma esperando uma explicação. Deixo meus aperitivos na mesinha ao meu lado e me aproximo dos três. Ela me encarava e depois o chão, sua boca abria e depois fechava, e suas mãos suavam, mas porquê? Se o filho não é dela? Porque é que ela estava entrando numa espécie de pânico se ela abandonou meu pai e eu? Como se ela se importasse.

— Eu estou esperando uma explicação, Miranda! - ele diz acalmando seu tom de voz e esta foi a primeira vez nesta semana, que eu ouvi Leon chamar minha mãe pelo seu nome. Ele deve estar mesmo com raiva.

Me aproximo do mesmo e toco no seu ombro chamando sua atenção. Acho que já tive divertimento que chegue por hoje.

— Eu explico, ela, pelos vistos não está em condições nem de abrir a boca. - reviro os olhos e mordo meu lábio. — Sente-se, por favor.

Peço e ele assente, sentando-se e eu também. Respiro fundo pronta pra puxar mais um cordelinho do meu passado que aos poucos estava sendo revelado.
Isabella aproxima-se discretamente, porém eu noto e a encaro que revira os olhos pra mim e se levanta vindo sentar perto.

A governanta da casa pede a uma das trabalhadoras para trazer taças com sumo e copos com água para nós que nos servimos e eu puxo novamente o ar pronta, ou quase, pra começar.

— Bom, dois ano antes de eu nascer, digamos que meu pai teve um caso, - encaro minha mãe que arregala os olhos e eu sorrio sem querer ao ver sua expressão —  com a Susan, uma mulher incrível que vivia na nossa rua, e bom, como é óbvio, ela acabou ficando grávida do meu pai, mas pelos vistos Miranda nunca soube. - digo e encaro ela novamente. — E bom, eu nasci e depois de Miranda abandonar sua filha de 7 anos sem dizer nada, de ter deixado seu marido sem nem se explicar, Susan tornou-se minha mãe! - digo com um sorriso fechado e franco enquanto segurava as lágrimas nos meus olhos que ardiam.

— Filha... - ignoro a mesma colocado uma mão esticada na sua direção em sinal da mesma parar de falar.

— Quando o meu mundo caiu, quem me fez levantar e me deu amor foi a Susan, ela protegeu, não só a mim, como ao meu pai e foi nesse tempo que eu descobri que tinha um irmão, alguém com que partilhar os meus sentimentos e criar boas memórias, memórias verdadeiras! - sorrio e vejo uma lágrima escorrer no rosto de Miranda, e assim sinto uma deslizar pelo meu também.

— Eu cresci com ele, vivi com ele, chorei com ele... James Stuart me ajudou a sobreviver quando meu pai entrou na bebedeira, e quando Logan morreu, uma parte minha morreu com ele, a Melissa doce morreu, a alegria e a felicidade, os sentimentos, a bondade, tudo foi com ele, eu só tive sorte de ter James pra me agarrar quando eu tinha decidido morrer com meu pai. - sinto o choro subir pela minha garganta mas me controlo, porém as lágrimas já rolavam intensamente.

— Eu tinha 14 anos quando ele morreu e depois tive que ir morar com a minha tia, porque Susan não conseguiu minha guarda eu fui arrancada da única família que eu tinha, passei todo este tempo em Califórnia, como sabem, e minhas memórias pareceram ter sido apagadas, e eu só recuperei elas quando o vi novamente, na aula de artes, hoje. Agora, ele é conhecido com Henry e mudou sua aparência, é ruivo, e eu a partir de hoje sempre me odiarei por saber que ele perdeu Logan, nossa pai, e logo depois Susan morreu, ele esteve sozinho, quebrado, machucado e eu estava longe, ambos sofrendo longe um do outro enquanto ele tinha uma irmã que tinha esquecido dele, saber disso foi e vai continuar sendo o pior momento de tudo!!

Baixo o olhar e respiro fundo limpando minhas lágrimas. Bella me encarava perplexa tal como os seus pais, e seus olhos estavam marejados. A mão de Leon pousa sobre a minha e eu sorrio minimamente, Isabella enxuga seus olhos rapidamente e depois morde o lábio levantando e caminhando até as escadas, subindo de seguida.

— Lamento imenso, Mel. - Leon diz em seu tom doce e me abraça. Fico sem reação, sinto meu corpo congelar, mas o seu abraço me aqueceu, porém eu não consegui retribuir. Ele se separou de mim e sorriu, depois se retirou sem dizer mais nada.

Eu caminhei até as escadas e subi sem olhar para trás, entrei no meu quarto rapidamente e me joguei na cama puxando o travesseiro preto pra mim, começando a chorar sem freios. Meu corpo todo se permitiu chorar, eu sentia o mesmo tremer, meus dedos doiam de tanto apertar o traveseiro, meus olhos ardiam enquanto as lágrimas grossas desciam pelo meu rosto e molhavam os lençóis e os meus dedos. Eu soluçava e queria gritar, mas me controlei, para não quebrar nada, para não gritar, para não sair daqui e ir beber para aliviar esta dor, este sentimento fechado aqui dentro por tanto tempo.

Ouço a porta do quarto ser aberta, mas não viro e nem mexo um músculo para saber quem é. Eu estava miserável e neste momento não me importava de ser vista assim.
A pessoa caminhou até a cama e se sentou, calmamente puxou o travesseiro a que eu estava agarrada me levando com o mesmo até seu colo, eu fechei os olhos e deixei a pessoas secar minhas lágrimas e acarinhar meus cabelos. Soltei um longo suspiro e sorri minimamente, minha respiração pesada e o bater irregular do meu coração eram os únicos sons ouvidos, até a pessoa quebrar o silêncio.

— Você não está sozinha, Mel. - Isabella!

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