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Vamos logo, baby

Maya e Lucas se encontravam sentados no sofá da nova casa dela. As luzes da sala estavam apagadas, as cortinas fechadas e os dois discutiam atentos cada detalhe do filme. Era um sábado a tarde calmo e quente do lado de fora, mas nenhum dos dois fez esforço para sair da pequena bolha em que estavam.

— Isso não é ketchup, Huckleberry. - a garota loira falou pela décima vez fazendo o menino ao lado dela sorrir de sua impaciência.

— E o que é então?

— É uma mistura de tinta e algo pegajoso para dar esse efeito real. Sem contar que está muito escuro para ser ketchup. - ela afirmou novamente, cerrando um pouco os olhos como se conseguisse ampliar a imagem a sua frente.

O silêncio caiu novamente e eles foram sugados para ele de bom grado. Mas a calma caiu por terra quando a porta ao lado se abriu revelando Katy e Shawn no meio de uma pequena discussão.

— Nosso filho não vai se chamar Alfredo!

Maya virou rapidamente ao escutar o grito de sua mãe ao fechar a porta. Estava surpresa tanto por eles terem chegado cedo quanto pelo nome terrível que seu pai propôs.

— Oi? - perguntou cautelosa para os dois, enquanto tentava segurar a risada.

Shawn lhe lançou um sorriso que logo morreu ao avistar Lucas acenando para ele.

— O que ele está fazendo aqui? - indagou enquanto acendia as luzes. - No escuro com você? Vocês estão sozinhos? - continuou sem dar a chance para ela responder, abrindo as cortinas também.

Logo a sala estava iluminada pelo sol da tarde e Maya o olhava descrente escutando sua mãe soltar um suspiro cansado.

— Estamos assistindo um filme. Só isso, senhor Hunter. - O Friar respondeu com uma voz educada e se levantou para abraçar Katy que estava de pé em frente a ele.

— Fazemos isso todo sábado. Não sei porque você está chateado, nem nos pegou na cama ou algo assim.

— Maya!

— Estou mentindo, pai? O Lucas é meu amigo e só. - repetiu o que deveria ser seu mantra já que tinha que deixar claro toda vez que Lucas ia a sua casa.

— Shawn, vamos focar no que realmente importa. - a loira mais velha pediu, passando a mão suavemente pela barriga de seis meses.

Shawn concordou a contragosto, mas seguiu a esposa em direção à cozinha, que era no cômodo ao lado. Mas antes de desaparecer olhou para os dois adolescentes que já voltavam sua atenção para o filme.

— Eu estou de olho em vocês dois.

— Ele realmente não gosta de mim? - Lucas perguntou quando o viu se retirar.

Balançando a cabeça com um sorriso, Maya respondeu.

— Ele gosta, só não quer admitir porque morre de ciúmes.

— Bom, ele é seu pai né.

— Isso ainda é estranho. - confessou levando algumas pipocas para a boca.

— O que é estranho?

— Eu ter um pai. - respondeu dando de ombros, mas Lucas sabia que era apenas uma forma de ela tentar demonstrar que não era tão importante, mas era. - Sei que eles estão juntos há quase dois anos, nós nos mudamos para esse apartamento maior e agora eu vou ter um irmãozinho. Mas mesmo assim ainda é estranho eu ter um pai, uma família igual aos comerciais de Natal.

— Ei. - ele chamou a cutucando na barriga enquanto ela dava tapas em sua mão. - Mas você ama o natal.

— Amo, não tanto quanto a Riley, mas amo.

— Acho que você ama mais que ela. Mas o ponto é que pode parecer estranho, mas é o seu normal agora. É natural você ser feliz, Maya.

Ela o encarou com um sorriso que foi logo retribuído. Ele sabia que a garota a sua frente ainda tinha receio em confiar na vida, sempre achando que a qualquer momento o seu felizes para sempre iria acabar em desgraça. Mas Lucas também a conhecia o suficiente para dizer que por mais que ela estivesse assustada, Maya nunca deixaria a felicidade escorregar por seus dedos novamente.

— Você é um bom amigo.

— Tudo por você, senhora. - afirmou enquanto fingia levantar um chapéu imaginário pela aba. Ela soltou uma pequena gargalhada e o empurrou no ombro.

Os dois foram tirados novamente de suas brincadeiras pelo toque insistente de mensagens em seus celulares.

— Eu não quero sair. - a loira resmungou ao ler o que sua melhor amiga havia mandado.

— Mas temos, é Riley e você sabe como ela fica quando algum de nós se atrasa. - ele lembrou já se levantando e tentando a puxar para fora do sofá. - Anda, Maya. São nossos amigos e eles tem novidades.

— Mas eles podem mandar pelo grupo. Assim não teremos que sair daqui. - ela reclamou fazendo força para permanecer em seu lugar.

Shawn e Katy observavam os dois que debatiam os prós e contras em sair de casa.

— Não confio nesse garoto.

— Por favor, Shawn, você gosta dele, só não quer admitir. - ela faliu sorrindo da cara que ele fez e lhe deu um beijo carinhoso na bochecha. - E eles já estão namorando sem saber.

— Como assim?! - perguntou alarmado e ela fez sinal para que ele falasse baixo.

— Não está vendo? Eles só não tem a parte do beijo e essas coisas. - observou apontando para os dois que já desligavam a TV e organizavam o sofá.

Shawn também os olhou atentamente, mas de forma bastante analítica, e por fim abriu um sorriso satisfeito.

— Amo esse tipo de namoro. Acho que deveriam ficar assim pelo resto da vida. Ai! - gritou ao sentir o beliscão de sua esposa em sua barriga.

— Mãe, pai. A gente vai no Topanga's encontrar o pessoal. - Maya avisou ao seu aproximar deles.

— Tenha cuidado e não volte tarde.

— E nada de voltar tarde sozinha com ele.

— Pai!

— Não se preocupe, senhor Hunter, nada vai acontecer com ela. - Lucas assegurou sorrindo da proteção do mais velho.

Revirando os olhos para a cena diante de si, Maya puxou o braço do amigo para saírem.

— Vamos logo, baby. Se não a Riley nos mata.

— Claro, querida. Tchau senhor e senhora Hunter. - se despediu sendo arrastado pela garota que estava a fim de impedir que seu pai falasse mais alguma coisa.

— Tchau, mãe. Tchau, pai! A gente se vê mais tarde! - avisou e fechou a porta atrás deles rapidamente.

Shawn se virou para sua esposa e perguntou exasperado.

— Baby?!

— Sim, querido. - ela respondeu soltando e sonora risada e voltando para a cozinha. Deixando para trás seu marido estático apoiado no batente da porta.

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