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Apenas 100 metros

Olá, amigo, este conto foi 1° colocado no concurso Wattpad "brincando com as palavras", espero que goste :)


Mais uma semifinal dos cem metros livres sem barreira estava prestes a ter um vencedor.

Infinitos 9.7 segundos. Longas 25 passadas. Invencíveis oito atletas.

Quando as últimas passadas ocorreram e, magicamente, o primeiro colocado cruzou a linha de chegada com suas longas e finas pernas, as arquibancadas vibraram com o os gritos de ovação da gente que lotava a arena para descobrir quem seria o homem mais rápido do mundo.

Jordan Johan, Nigeriano, de apenas 29 anos, campeão daquela rodada das semifinais, girou nos calcanhares para ver de cada ângulo a cena mais bela que já presenciara em toda sua carreira de corredor. Sentiu seu peito encher-se de um calor e a garganta enroscar de emoção. Grande sentimento lhe invadiu a cavidade torácica. Era impossível não chorar diante daquela massa verde e amarela que gritava fervorosa o seu nome "JORDAN! JORDAN! JORDAN!".

Johan enfim se deixaria chorar, mas, quando, subitamente foi abraçado por trás pelo bem vestido homem baixinho que lhe agenciava, engoliu o sentimento alegre que lhe forçava à queda das lágrimas de vida.

— Jordan, meu guepardo, eu sempre apostei em você! — Hélio afirmou agarrado no pescoço do corredor e, como um bicho preguiça, envolvendo-o com suas pernas brancas e cheias de pelos avermelhados.

Assim que Hélio desgrudou-se de suas costas, Jordan se viu cercado por dezenas de microfones e lentes curiosas à procura de uma imagem para a posteridade, ou simplesmente, uma imagem que lhes rendesse dinheiro suficiente para pagar as contas do fim de mês.

"Jordan", perguntou uma repórter vestida toda de branco, "como se sente em saber que todo o povo Brasileiro torcerá por você na final dos cem metros?".

Perguntas daquele gênero se repetiram por minutos; a resposta de Jordan, também, mesmo que não respondesse nada: eu estou muito feliz, hoje é o aniversário de 10 anos da minha filha e, sabe, dedico tudo a ela.

Quando enfim conseguiu deixar a pista para trás e entrar na ala de repouso e preparação — local onde poderia ficar sozinho, respirar e orar para que Deus lhe concedesse aquela vitória — sentou-se no banco de madeira grudado na parede, ao lado de um grande baú de alumínio e de frente para uma mesa coberta com as mais variadas frutas. Respirou fundo e deixou a realidade lhe possuir a mente.

A realidade era dura e difícil de suportar. Johan enfiou a cabeça entre os joelhos.

"Preciso vencer", pensou. O coração martelava em seu peito, "preciso vencer a qualquer custo! Oque será da minha filha se eu perder? Oque será de mim e da minha esposa?".

"A esposa", Jordan não queria pensar nela, mas havia pensado. Por algum motivo que até ele mesmo desconhecia, pensava em seu bem-estar. Mesmo depois de tudo oque aquela megera lhe fez sofrer, chorar e angustiar-se, ainda pensava em tê-la em seus braços até a morte chegar.

— Pria — suspirou, deslizando as mãos pela cabeça raspada. — Será que suas noites com o meu primo foram boas? Será que o belo Judá conseguiu te satisfazer na cama? Será que não fui um bom marido amoroso? Por isso você me traiu daquela forma?

Subitamente, as mãos que afagavam a cabeça do futuro "homem-mais-rápido-do-mundo", começaram a esbofetear sua face.

— Esquece isso, Jordan. — Disse. — Pria te ama... Pria te ama mais que tudo. Agora vamos respirar fundo e vencer a corrida; o futuro de muitas pessoas depende disso.

"O futuro de muitas pessoas depende disso", verdade, a vitória de Jordan significaria um belo contrato com patrocinadores. O belo contrato lhe renderia vários milhões de dólares. A "grana" por sua vez, serviria para pagar a nova casa da família Johan e os luxos de Pria, que, ao primeiro mísero odor de dinheiro no ar, já tratou de estourar todos os cartões de crédito do Marido. Se Jordan perdesse a corrida, na melhor das hipóteses, estaria arruinado!

A porta da sala reservada se abriu. Hélio enfiou apenas a cabeça branca para dentro e disse sorridente:

— Quinze minutos para a grande final. Coma uma banana, uma maçã, uma barra de cereal e suba para a pista. — Quando os olhos de Jordan se encontraram com os do agente, o sorriso de Hélio cresceu. O branquelo estava animado e confiante. Mais confiante que o próprio corredor. — Hoje é o seu dia, meu amigo, você vai ganhar o ouro, assinar aquele contrato e seremos homens ricos.

Jordan Johan soltou o doloroso ar que estava preso dentro de seus pulmões; um longo e continuo suspiro.

— E se eu perder? E se eu não conseguir a porra do contrato? Serei um perdedor?

— "Jordan Johan" — Hélio disse, olhando para a palma da mão direita. Olhou para a mão esquerda. — "perdedor"... "Jordan Johan", "perdedor"... não seja otário, essas duas palavras não se combinam. Você não é um perdedor; é o lendário papa-léguas. Tu és ouro, meu velho Pernalonga.

— Você acha que tenho chances?

— Todos aqueles sete que correrão contra você, todos mesmo, são grandes atletas... — foi sincero. — mas dentre aqueles e outros, apenas você venceu todas as corridas que participou este ano. Sem contar que você tem um país inteiro a seu favor. O Brasil ama você, ligeirinho! Suba lá e faça aquilo que treinou a vida inteira para fazer. — Jordan assentiu, e Hélio enfim sentiu-se à vontade para voltar aos seus afazeres, mas antes de sair, olhou para um envelope pardo sobre a mesa das frutas e lembrou-se de dar o recado: — hoje mais cedo, um cara de óculos escuros chegou aqui e pediu para eu te entregar aquilo. Não sei oque é, mas deve ser importante, ele deixou a sala com muita pressa. Vou indo!

Jordan assentiu mais uma vez e a porta se fechou.

Curioso, o corredor levantou-se e foi até a mesa. Apanhou o envelope, abriu-o e...

— Meu Deus!

A frase escapou rasgando a seco sua garganta. Dentro do envelope de papel, varias fotos mostravam Pria e a filha amarradas e amordaçadas dentro de um quarto sujo e mal iluminado.

Aflito, Johan olhou foto por foto buscando detalhes do paradeiro da família, mas fora in vão. Seu coração foi consumido por uma dor desconhecida. Uma tristeza obscura que lhe apertava o peito, os pulmões e a cabeça. Seu corpo doeu e os olhos arderam, mas ele não conseguiu chorar... quis gritar por socorro; gritaria, mas antes que o fizesse, um celular posto sobre um dos sofás da sala começou a tocar uma canção agourenta.

Nem nas suas corridas mais épicas, Johan correu mais rápido que desta vez entre a mesa e o celular.

Apanhou o pequeno Nokia rústico e atendeu; o número era restrito:

— Quem é?! — gritou, aflito.

Alguém, com uma voz destorcida começou a gargalhar:

— Achou mesmo que eu responderia? — indagou o sequestrador. — eu vi você correr a semifinal, parabéns, tenho certeza que ganhará o ouro este ano!

— Oque quer com a minha mulher e a minha filha? Quer dinheiro, é isso? — Jordan andava freneticamente de um lado para o outro da sala. — Eu pago quanto você quiser. Te dou todo meu dinheiro, mas solte elas!

As gargalhadas cheias de escárnio aumentaram.

— Quem você quer enganar? Conheço seu passado, Jordan Johan; o garoto que abandonou a família pobre na Nigéria para ser corredor! Você já abandonou a família uma vez, oque custa abandonar novamente?

Jordan varreu a sala com seus olhos; no canto superior direito, uma pequena luz vermelha piscava confirmando que uma câmera o estava filmando. Johan não teve dúvida. Olhou diretamente para ela e para os olhos do sequestrador.

— Eu jamais as abandonaria. — disse Johan. — Oque você quer para libertá-las?

— Quero ver você na lama, Jordan! Quero que você perca a final!

O aperto em seu peito piorou.

— Não posso... o que você ganhará com tudo isso? Não prefere dinheiro?

— Quando você perder, eu terei muito dinheiro. O suficiente pra dar o fora deste país para sempre! Apostei tudo na sua derrota hoje! Apostei cada centavo que não tinha, na derrota do lendário Jordan Johan! Quero ver você na miséria, meu amigo, na mesma miséria que deixou sua família na Africa!

— Você é louco! Me fale logo onde elas estão!

— Todos somos, mas essa resposta não interessa pra você! Então, me diga, deixará sua família morrer?

A ligação encerrou-se.

Jordan deixou o celular sobre o sofá e saiu da sala; a corrida estava prestes a começar.

Mil pensamentos atravessaram sua cabeça no caminho até a pista; queria saber quem fizera aquilo à Pria e Júlia. Queria saber por que havia feito aquilo. Queria ter forças para fazer a melhor escolha.

Chegou à arena.

Posicionou-se no local que a ele fora demarcado. Em poucos segundos a grande corrida começaria. Ali, firme com o pé na base de apoio, Jordan pôde ver à 100 metros de distância a linha de chegada. Eram apenas 100 metros. Míseros 100 metros.

Menos de 10 segundos de corrida lhe separavam da glória eterna, mas também da ruína total.

"3 segundos", algo invisível sussurrou no seu ouvido, "Deve perder a corrida? Pria lhe abandonará, e provavelmente tirará de você a sua filha. Com a derrota sua vida será pobre e solitária".

"2 segundos", cronometrou a voz, "se você vencer, certamente terá muito dinheiro, mas e a sua família? E se ele matar Pria e Júlia? Quanto tempo você viverá com esse peso na consciência? Tem certeza que não vai pôr a corda no pescoço quando ver o corpo de sua amada filhinha?".

— Um segundo apenas... — Jordan Johan sussurrou, silenciosamente. — Meu tempo está acabando...

O estouro!

Todos os oito corredores dispararam na direção da vitória.

Não demorou e Jordan destacou-se. Estava pescoço a pescoço com o Norte Americano, Eddy Limpson, seu grande concorrente. Um daqueles dois heróis olímpicos seria medalha de ouro em 2016 e entraria para a história.

A corrida foi rápida. Quando deu-se por si, apenas três passos o estavam separando da linha de chegada.

De repente, o grande herói dos 100 metros viu-se tomado pelo instinto primitivo dos campeões; estava cego e queria sentir o sabor daquele ouro.

Eddy já se contentava com a prata, mas no último segundo, subitamente Jordan desacelerou e o Norte Americano ganhou o grande prêmio dos campeões.

Jordan Johan, amado do povo Brasileiro, grande favorito ficou apenas com a medalha de prata, mesmo assim, calorosamente a multidão que lotava o estadio gritou seu nome; Johan fora o grande herói daquela noite. Mas não se sentia assim!

Em silêncio e cabisbaixo, o grande Guerreiro Nigeriano driblou os repórteres e correu para a sua sala privativa. Precisava chorar e implorar para que o sequestrador libertasse Pria e Júlia.

— Jordan, oque aconteceu lá? — Perguntou Hélio, vermelho como um pimentão, parado na porta da sala de Johan. — Porque deixou ele ganhar?

Jordan nada ouviu. Simplesmente empurrou o agente para o lado e entrou na sala.

— Quem deixou aquele envelope? — perguntou o corredor. Seu folego já começando a dar sinais de choro eminente. — Quem foi, me diga!

Hélio abria a boca para falar, mas antes que desse a resposta para a dúvida de Jordan, o celular no bolso do seu paletó e o que estava largado no sofá começaram a tocar. Sem perda de tempo, o agente deixou a sala e começou a conversar com o patrocinador do Medalha de Prata.

Assim que Hélio deixou a sala, Jordan apanhou o celular, fitou a câmera e atendeu:

— Pronto! — Gritou Jordan. — Perdi a corrida, agora as solte!

Do outro lado da linha, a voz que lhe respondeu não era a do sequestrador. Aquela voz fez o pobre Jordan cair sentado no sofá mais próximo; a realidade é como um tiro mortal que nos derruba mais rápido que podemos vê-la chegar:

— Oi, querido, sinto muito que tenha perdido a corrida. — Dissimulou Pria. — Ao menos você ainda tem saúde.

— Por que fez isso, sua... sua... — buscou tanto, mas não achou adjetivo para aquela víbora disfarçada de mulher.

— Por amor...

— Isso não é amor!

Pria riu alto; pelo visto, Jordan acabara de dizer alguma idiotice.

— Quem disse que o amor é por você, seu corno imbecil! Já tô longe com o meu amor; longe de você e cheia da grana!

O veneno que saiu da boca de pria derreteu o coração, o ego e a vontade de viver de Jordan, que não aguentando mais aquele sofrimento, deixou as lágrimas escorrerem pela face, caindo de joelho, implorou:

— Por favor, não tire a Júlia de mim. Ela é o meu maior tesouro.

— Por que eu traria aquela chorona? Você disse que ela é o seu maior tesouro, então responda: onde se guardam os tesouros?

Jordan deixou o telefone cair de sua mão e sem titubear correu até o baú de alumínio ao lado do grande banco de madeira onde houvera sentado ao chegar à sala. Puxou a trava e ergueu sua tampa; lá estava a pequena e indefesa menininha dormindo profundamente com as mãos amarradas e um pano na boca.

Hélio entrou mais uma vez pela porta sem tirar os olhos da tela do celular..

— Eram os seus patrocinadores. Eles ficaram muito tristes com a sua derrota, mas, por algum motivo quase milagroso, ainda querem que você assine o contrato. — Guardou o celular no bolso e caminhou até a mesa onde jazia o envelope violado. — Estava me esquecendo, ele disse que se chamava, não lembro bem, mas acho que era Judá.

"Judá Johan", a resposta abriu um rombo na alma de Jordan, "minha esposa e meu primo fizeram isso... espero que sejam felizes".

Tirou a menina de dentro do baú e lhe beijou a face, ali estava o maior de todos os tesouros: sua filha.

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