Com um pouco de insistência e persuasão convenci meus pais para ir posar na casa de David, combinei com meus pais que antes do vestibular eu passaria em casa com David para me arrumar.

Contei por mensagens para Itan e meu amigo que o plano estava dando certo, os dois ficaram bem felizes.

No outro dia depois que saímos da Darius, David e eu fomos na loja da mãe de James que Itan tinha nos dito onde ficava.

A senhora que julguei ser a mãe de James foi super receptiva e nos mostrou as mais variadas fantasias. Eu estava um pouco insegura de escolher algo, David já escolheu de cara um fantasia de vampiro e assegurou que ia fazer uma maquiagem arrebatadora. Itan não quis me dizer o que tinha escolhido, só disse que era algo simples. E tudo que eu queria era algo também discreto. David ergueu um vestido branco, e me mostrou um par de asas igualmente branco e uma tiara de auréola.

— Experimenta — David mandou enquanto eu olhava uma arara com algumas fantasias.

Peguei a fantasia com receio e fui experimentar no provador, ela me caiu como uma pluma, o vestido era simples, as asas não eram tão grandes, só a tiara que tinha achado um pouco ridícula, mas a fantasia tinha ficado legal em mim, mostrei para David que se encantou, por fim resolvi levar ela.

Depois de passar na loja, David me acompanhou com seu carro até em casa, pois iria deixar minha moto e pegar minha mochila com as coisas para posar em sua casa. Me despedi dos meus pais e entrei no carro de David.

A festa estava marcada para às oito horas, Itan tinha passado a localização da casa de James. Quando terminamos de nos arrumar fomos para a festa. David estacionou o carro alguns metros da onde a festa acontecia, víamos adolescentes no lado de fora com copos de bebidas conversando. Saímos do carro e fomos até lá, a maioria estava fantasiada com alguma roupa louca, personagens de filme de terror até celebridades. 

Entramos dentro da casa sem saber para onde ir, mandei mensagem para Itan que logo respondeu dizendo que estava na parte de trás da casa na varanda jogando beer pong.

Enquanto íamos até lá, acabei esbarrando em Olivia Miller, ou melhor ela esbarrou em mim.

— Você por aqui? — ela fala me analisando. Olivia estava com um vestido todo vermelho, e uma tiara de chifrinhos igualmente vermelhos que brilhavam, Alice estava ao seu lado de fada, a garota de cabelos lisos pretos sorriu para mim e David ao contrário de Olivia que estava com uma cara de poucos amigos.

— Sim, Itan nos chamou — respondo ela, olhando diretamente em seus olhos.

Sua expressão de superior vacila um pouco, e por um instante penso que ela ficou surpresa com a revelação.

Olivia lança um sorriso forçado para a gente antes de seguir seu caminho puxando Alice junto.

— Ela é meio doida, né? — David fala ao meu lado. Não respondo nada apenas o puxo para irmos até onde Itan estava.

Duas duplas jogavam beer pong encima de uma mesa de bilhar. Itan estava assistindo ao jogo, David e eu nos aproximamos e logo ele nota nossa presença. Um sorriso aparece em seus lábios quando ele me vê.

— Está fantasiado de quê? — pergunto a ele.

— Motoqueiro fantasma — ele aponta para máscara que estava enroscada no passador da sua calça. — Mas eu não vou ficar com essa droga no rosto. Só não conta para o James que eu disse isso — ele coloca a palma da mão ao lado da boca.

Assinto para ele prendendo um riso.

— A propósito adorei sua fantasia! — os olhos de Itan me estudam e eu sinto minhas bochechas corarem.

— Obrigada — sussurro.

— Querem jogar? — ele propõe para mim e David. Olho para David que parece querer.

— Sim! — digo por nós dois.

— Ok, quero que você seja minha parceira, pode ser? — ele nos olha. David depois de um instante parece concordar. — Oliver — Itan grita para o garoto que também assistia ao jogo. — Topa jogar contra na próxima? — o menino assente. — Tudo bem para você ir com ele? — Itan pergunta a David, um pequeno sorriso aparece no rosto do meu amigo.

— Sim, claro! — David fala rápido.

Nosso jogo tinha começado, Oliver era muito bom nos arremessos, meu amigo também não ficava atrás, eu e Itan estavamos muito bem também, deixando o jogo bem acirrado. Eram dez copos para serem acertados, quem acabasse com os copos dos adversários primeiro, vencia.

Uma música agitada preenchia nossos ouvidos, nos deixados bem animados. Eu mandava Itan tomar toda vez a bebida.

— Isso não é justo Sarah, você também tem que tomar — Itan fala após tomar o quinto copo.

— Eu prometo tomar o próximo — sorrio para ele.

Continuamos o jogo, David e Oliver faltavam acertar três copos nossos no momento e nós tinhamos que acertar quatro deles. Vibrei quando certei mais um corpo, e na sequência David acertou um dos nossos, tomei o líquido como havia prometido. Itan acertou um copo dos garotos a nossa frente deixando tudo empatado, dois a dois, David errou o próximo arremesso, e eu acertei, só tínhamos que acertar mais uma vez para ganhar. Oliver acertou e eu tomei novamente a bebida, nossa vitória agora estava nas mãos de Itan que suspirou fundo antes de arremessar a bola.

Todos ao nosso redor vibraram quando o garoto ao meu lado acertou em cheio o copo, abracei Itan de felicidade que me tirou do chão e deu um giro. Quando voltei ao chão senti o coração pulsar contente no peito.

— Falei que formaríamos uma boa dupla — Itan diz e pisca.

— Nunca duvidei — o respondi, reprimindo um sorriso.

David já estava se enturmando, ele era extrovertido e parecia cativar rápido as pessoas. Fiquei feliz em vê-lo se divertir, ele me chamou para ir dançar, mas eu recusei, minha vergonha em dançar em público não permitia. Insisti para que ele fosse sem mim e por fim ele foi.

— Não gosta de dançar? — Itan pergunta ao meu lado.

— Não quando tem um monte de gente observando — o explico.

— Quer tomar um pouco de ponche? — o moreno ao meu lado indaga, concordo com a cabeça e entramos juntos para o lado de dentro da casa. Fomos até a cozinha. Tinha poucas pessoas por ali, Oliver estava escostado em um balcão de canto enquanto tomava sua bebida, no trajeto não vimos nenhum sinal de sua irmã Olivia, o que era um alívio.

— Você pode colocar para a gente? — Itan me pergunta. — Preciso ir ao banheiro, depois de toda aquela bebida que tomei, volto rápido.

Assinto para ele, que some entre as pessoas indo até onde ficava o banheiro da casa.

Colocava calmamente o ponche meio rosado em dois copos vermelhos que a maioria estava em mãos, quando senti um leve aperto em meu ombro. Olhei rápido para trás, dando de cara com quem não imaginava ver por essa noite e nem em qualquer outra mais. Derek me olhava com seus olhos suplicantes.

— O que faz aqui? Como sabia que eu estava aqui? — lancei as perguntas para ele, sentindo meu coração já acelerar de nervosismo.

Me virei para ele deixando os copos de lado para ouvir o que ele tinha a dizer.

— Ouvi de um amigo meu que James daria uma festa, e como sei que Itan e ele são melhores amigos, imaginei que ele viria e ia te chamar já que vocês estão mais próximos do que pensei — Derek diz com ressentimento na voz. Mas eu não ligava, ele não pensou em ferir meus sentimentos, porque teria compaixão dele?

— É, você tem um bom senso dedutivo — falo para ele com os braços cruzados.

— Podemos conversar, Sarah, por favor?

— Eu já disse que não temos mais nada para conversar — falo um pouco alto, já que uma música mais agitada começava a preencher o ambiente.

— Eu vou ficar a noite inteira insistindo se for preciso — olhei para ele, Derek não parecia blefar. Ele ficaria no meu pé até conseguir o que queria.

Suspirei em sua frente. E resolvi lhe dar uma chance de falar mesmo já sabendo que seria as mesmas palavras, quem sabe ele se dava por satisfeito e iria embora.

— Oliver — me virei para o menino. Ele me olhou. Fui até ele. — Se o Itan aparecer de novo diga que eu já venho, ok? — ele assentiu e eu voltei para perto de Derek.

Saímos para o lado de fora, o vento chicoteou meus cabelos fazendo eles esvoacarem, arrumei eles atrás das orelhas, paramos próximo a porta principal, rodeei meus braços ao redor do corpo e prendi meus olhos em Derek.

— Sarah, eu queria me desculpar, você  sempre me apoiou e acreditou em nós mesmo que eu estivesse longe, confiou em mim e eu me arrependo muito por ter vacilado com você... — Derek diz calmo, sua voz esboçando sinceridade.

— Você tem razão em confiei em você e mesmo assim você me traiu — o interrompo para expressar minha mágoa. Eu queria deixar esses sentimentos para trás, mas toda vez que ele aparecia, as emoções também pareciam retornar. 

— Por favor, me perdoa — sua voz soou suplicante. E por um momento achei que Derek queria realmente se redimir, ele parecia arrependido por me fazer mal, eu sabia que para mim seguir em frente, tinha que deixar qualquer ressentimento para trás, eu tinha que desculpar Derek, mesmo que desculpar não significasse esquecer, mas fazia parte do processo de superar.

— Se eu dizer que sim você promete ir embora e me deixar em paz? — pergunto.

— Mas eu não quero isso, quero que você me deculpe e me de mais uma chance — ele revela, mas o que ele estava pedindo não era mais possível.

— Você tem minha desculpa — digo firme me convencendo que aquelas palavras eram verdadeiras. — Mas eu não posso fazer isso... — balanço a cabeca em negativa. — Te dar outra chance.

Os olhos de Derek parecem se encher de raiva e decepção.

— Isso é por causa dele, não é? — Derek olha para além de mim, olho para trás e vejo Itan saindo pela porta principal.

Antes que eu fale alguma coisa, o menino a minha frente marcha em direção a Itan.

Meu coração começa a retumbar no peito com o medo iminente do que poderia se suceder.

— Derek — O chamo, mas o mesmo me ignora.

— Você me roubou ela, sempre soube que você queria o que era meu — Derek grita, chamando a atenção de Itan e de todos que estavam por perto, vejo ele se aproximar de Itan e sem aviso prévio deferir um soco em seu rosto, me supreendo com seu ato e todos ao nosso redor parecem se espantar.

Itan cabaleia para trás com a mão no rosto.

— Seu desgraçado! — Itan fala firme.

Fico paralisada com a cena que acabara de acontecer.

— Você acha que pode ser igual a mim!? Você nunca será, seu fracassado — Derek cospe as palavras para seu primo.

Itan o pega pela gola da camiseta a fúria  queimando sobre sua face.

— Itan — grito para ele dando comando para minhas pernas caminharem até eles.

Ele me olha. Derek aproveita para se desvencilhar e parte para cima de Itan o jogando no chão. As pessoas em volta olham assustadas. Antes que eu chegasse para apartar os dois, vejo Itan socar o rosto de Derek, que se preparava para bater no menino sob ele de volta, puxo Derek pelo braço para sair de cima de Itan, algumas pessoas se aproximam para ajudar.

Meus olhos já estavam cheios de lágrimas por ter que presenciar tudo aquilo.

— Você não acha que já estragou minha vida o bastante? — falo aos berros para Derek que estava sendo segurado por dois garotos, ele puxa seus braços, saindo de perto deles. Ele olha para mim aos prantos e depois para Itan ainda no chão. Ele ofegava, seu supercilio sangrava, os punhos ainda cerrados, Derek relaxa a postura, e me olha parecendo arrependido pelo que acabara de fazer.

— Desculpa — ele sussurra, quase não sou capaz de ouvir, vira-se e sai ligeiro indo em direção ao seu carro que estava estacionado em frente a casa.

Fui até Itan me agachando próximo a ele.

— Você está bem? — pergunto, saia um pouco de sangue do canto de sua boca e seu olho parecia que ia ficar roxo.

— Vou ficar — ele fala se arrumando para levantar, o ajudo.

— O que aconteceu aqui? — James seu amigo aparece correndo até nós. — Cara, você apanhou?!

— Fui pego desprevenido — Itan revira os olhos para o amigo.

— Acho melhor você por gelo — digo para o garoto ao meu lado. — Vou arrumar para você — queria ajudar de alguma forma, aliás ele tinha brigado por minha causa.

— Vou levar ele no meu quarto, depois das escadas, segunda porta a esquerda — James diz querendo segurar o amigo pelos ombros.

— Eu consigo andar, não precisa disso — os dois reprimem um riso e eu vou até a cozinha rapidamente para preparar uma compressa.

...