— Eu não acredito, não acredito que você fez isso — David estava indignado com minha ideia que eu pensei que era ótima sobre ter chamado Itan para estudar com a gente. — Por que você não marcou só você e ele que teve que me por junto?

— Eu não queria ficar sozinha só com ele, com você lá não vou ficar com tanta vergonha — respondo.

— Você é boba, Sarah! Eu não vou ajudar em nada, essa era sua chance de ficar sozinha no mesmo ambiente que ele e quem sabe desenvolver alguma coisa...

— Desenvolver alguma coisa? — franzo o cenho para meu amigo.

— É, ué, você não quer esquecer o Derek?! Tem que se dar novas chances — ele me diz.

— Eu não quero desenvolver nada, eu estou bem sozinha, e quem me faz lembrar do Derek é você! É só não falar nele — exclamo um pouco alterada.

— Tá bom, tá bom, me desculpe, não falo mais nele — David faz sinal com as mãos de rendição.

Suspiro, relaxando os ombros.

— Foi mal, falar assim — digo com sinceridade. — Mas preciso de você nessa, vai me ajudar?

David me encara com o rosto impassível, mas logo muda sua expressão para uma de empolgação.

— Claro que te ajudo! — ele diz. — E tudo bem, vou relevar seu estado temperamental.

O abraço rapidamente toda feliz. Sabia que David não iria me deixar na mão.

— Obrigada, amigo!

— De nada, Sarinha!

Seguimos juntos para nossa adorável sala, o sinal já iria bater.

Eu inconscientemente no trabalho queria conferir meu celular para ver se havia uma nova mensagem, mas bravamente me continha. Itan e seus amigos não vieram hoje na lanchonete, mas igualmente ela estava movimentada, pelo menos assim poderia ocupar meus pensamentos que teimavam em ir para um alguém de cabelos negros como a noite.

Eu estava cansada e ansiava por estar em casa, contava os minutos que pareciam passar lentamente. David também aparentava se render ao cansaço, nós dois tentávamos dar conta de todo trabalho aqui na frente, mas muitos pedidos ao mesmo tempo me deixavam sob stress.

Quando o relógio finalmente marcou a hora que poderíamos partir eu vibrei internamente, se não fosse pela caminhada que ainda teríamos que fazer para casa, estaria ainda mais feliz.

O clima ainda estava predominantemente quente, e o suor acumulando embaixo do meu braço, estava me irritando. Bebi um grande copo de água antes de sair para me hidratar, David também fez o mesmo e enfim saímos pelas ruas de Paradise.

Paradise também era encantadoramente bonita durante o dia, ela era bem arborizada, nosso parque central era cheio de canteiros com as mais diversas flores, ela era relativamente limpa, havia vários conjuntos de lixeiros espalhados por ela, os meios fios sempre estavam pintados com seu tom de branco leite. E a noite ela ganhava vida com as luzes das fachadas dos estabelecimentos.

Deixei David em sua casa, falando que eu estava intimada a ir a posar lá para assistir ao novo filme de vampiros que ele havia descoberto, sabia que não podia negar, pois estava me ajudando e como uma boa amiga disse que em breve iria para acompanhá-lo.

O sol no horizonte já estava se pondo, era tão belo ver ele se retirar, para enfim a noite chegar e a lua e as estrelas no céu prevaleceram. Eu gostava do pôr do sol e também da noite.

Estava passando em frente a casa de Itan, quando eu o avistei parecendo se preparar para lavar sua moto. Ele estava sem camisa, apenas com uma bermuda toda preta, mesmo de longe não pude deixar de notar seu corpo escultural, ele não era forte, mas era definido e chamava a atenção.

Só fui me dar conta que estava olhando de mais, quando ele me viu e acenou, estava ardendo de vergonha, com um pouco de timidez acenei de volta, me virando para frente logo em seguida e apertando o passo para sair dali.

Mas minha pressa foi minha inimiga, com um tropeço me desequilibrei e fui parar direto no chão. Minhas palmas ardiam com o choque e meus joelhos também, mas o constrangimento era maior, provavelmente Itan viu eu cair como uma laranja podre cai do pé.

— Está tudo bem, Sarah? — segundos depois após a minha queda Itan aparece logo atrás de mim. A sua voz esboçava preocupação. Me viro e meus olhos sobem pelo seu corpo até encontrar seu olhar preocupado.

— Estou sim — minto. Estava dolorida, por mim ficaria ali no chão até desaparecer de tanta vergonha, mas isso era fisicamente impossível, infelizmente.

Vejo Itan estender sua mão para me ajudar e eu aceito de bom grado. Sussuro um obrigada quando estou de pé e na sequência tiro a sujeira com as mãos da minha roupa e olho minhas palmas vermelhas que ainda ardiam, só que com menos intensidade.

— Tem certeza que não se machucou? — o menino a minha frente pergunta.

E eu nego com a cabeça dessa vez sem olhá-lo.

— Você caiu bem feio — ouço ele dizer. Sorrio sem jeito para ele. Mas felizmente Itan parecer perceber que fiquei envergonhada e muda de assunto. — Então, você viu com seu amigo sobre virem aqui?

— Já sim — repondo. — Ele aceitou.

— Que bom — Itan sorri feliz com seus dentes alinhados a mostra. — Que dia fica melhor para vocês?

— Por mim já pode ser amanhã — falo simplismente.

— Ok, amanhã quando estiverem chegando me avisem — Itan responde agora com um sorriso fechado, retribuo com o mesmo sorriso.

— Combinado! — falo.

— Até mais — Itan diz antes de se afastar, voltando novamente até sua moto. Enquanto isso sigo meu caminho, dessa vez sem pressa alguma.

Em casa um pouco antes de dormir eu estava conversando com David sobre meu episódio desastroso com Itan, meu amigo só sabia rir de mim, o que me deixava ainda mais envergonhada sobre a situação. Conversávamos por chamada de voz.

Sarah você não precisa mais ficar com vergonha quando estiver com ele, porque a pior vergonha você já passou

Seu riso ultrapassava a linha chegando aos meus ouvidos. Eu ponderava se desligava o celular na cara do meu amigo e ia dormir.

Invés disso resolvi mudar de assunto.

Amanhã iremos lá depois do trabalho eu já falei com ele

David me responde logo em seguida.

Amanhã já?! Você está ansiosa mesmo.

Tchau, David Marchon, você é insuportável.

Digo as palavras firmes tentando soar brava. Mas David leva na brincadeira e responde sarcástico.

Até amanhã, princesa.

...