9|A verdade
Olhei para o relógio tocando, finalmente dia 22 de Agosto. O meu querido aniversário! Não estava tão animada com tantas coisas que rodavam em minha cabeça, mas mesmo assim decidir tentar curtir meu dia.
Tomei um banho, vesti uma calça jeans preta com uma blusa rosa de alcinha. Calcei meus sapatênis e fiz uma maquiagem bem básica ( batom, base, cílios e corretivo). Desci para tomar café e encontrei minha mãe terminando de enfeitar um bolo de chocolate com calda de chocolate branco, leite ninho e morango. Parecia uma delícia!
_ Emilly Cristina! Vem cá querida!- Pediu sorrindo muito.
Fui até ela e a abraçei:
_ Bom dia mãe. Esse bolo é para mim?- Perguntei animada, sentindo cheiro de cobertura.
_ Sim mas só vai provar de noite. Vamos para o clube daqui a pouco. Vá buscar seu biquini e tudo que for precisar!- Avisou ela me beijando na testa.
Não estava afim de clube, mas não contrariando a boa vontade da minha mãe subi para pegar as minhas coisas. Vesti meu biquíni azul, com um short jeans claro e calcei rasteirinha. Coloquei um chapéu fashion, com os óculos de sol e passei protetor solar no corpo inteiro. Depois de mais meia hora de arrumação, fomos para o Clube que fica no centro da cidade.
Como é Domingo, tinha bastante gente no clube. Mesmo sendo um dos clubes mais sostificados e caros de nossa cidade. Minha mãe foi para a sala da massagem, onde certamente vai ficar conversando com as outras mães que ficam falando mal da vida dos filhos. Ou devem ficarem competindo quem é que tem o filho mais sucedido.
Não querendo entrar na água por motivos extremamente mesquinhos, sentei na cadeira e peguei meu livro que trouxe na intenção de ler. Não dando a mínima por título mas para a narração que estava ótima, alguém ao meu lado disse:
_ Certamente essa água te incomoda o bastante para ficar lendo livro num dia tão lindo como esse!
Tirei o livro que estava bloqueando a visão, mas perguntei antes mesmo de observar a pessoa:
_ Algum problema?
_ Totalmente gatinha.- Respondeu o cara.
Estava em frente a algum youtuber famosos talvez. Ou talvez algum influencer que acha que tem algum direito de influenciar a minha vida. Ele tem sorte de que hoje eu estou de boa si não eu já teria enfiado o livro na boca dele!
Mas caramba! O homem era tão lindo! Deveria ter uns 23 anos. Ele estava com uma bermuda havaiana azul, com o seu peitoral saliente para fora e com aquele sorriso gostoso. O seu cabelo era penteado por lado, loiro e tinha aqueles olhos verdes. Era o próprio Deus da beleza!
_ Qual é cara? Você está mesmo incomodado com o fato de que eu estou lendo um livro no dia do meu aniversário? Pois eu não estou nenhum pouco.- Retruquei sentando de lado para mostrar que estava me irritando.
_ Oh! Parabéns lindinha! Gostaria de tomar uma bebida comigo no quiosque?- Perguntou o desconhecido gostoso passando a mão no cabelo.
_ Eu nem sei nome, Deus da beleza! - Provoquei fechando meu livro, mostrando que estava irritada.
_ Não seja por isso. Gael, muito prazer!- Estendeu a mão e peguei de mal vontade.
_ Emilly. Me chame de Emi si preferir. Vamos tomar logo essa bebida ou não vamos?- Perguntei me levantando e esperando a reação dele.
Gael me acompanhou não deixando de avaliar meu corpo com os olhos. Era um cara muito observador e só faltou me comer ali no meio do clube. Sentamos no quiosque, ele no banco ao meu lado esquerdo. Quando o atendente apareceu ele disse levantando a mão num movimento familiar para ele:
_ Uma cerveja para mim e para a minha amiga Emi uma refrigerante?
_ Pode ser uma refrigerante mesmo. Não posso tomar cerveja!- Expliquei colocando minha bolsa no balcão.
O meu acompanhante não perdendo tempo perguntou:
_ Tem namorado Emilly?
Poderia dizer que sim só para ver ele correr em menos de dois minutos. Mas desta vez vou testar algo novo. Sinceridade era meu ponto fraco!
_ Ainda não. Estou digamos que apaixonada.- Respondi dando um sorriso de lado para ele.
_ Quem é o sortudo?- Questionou quando o garçom colocou nossas bebidas nas nossas frentes.
"Um padre dar para acreditar?"
_ Um cara que conheci há pouco tempo. Mas não vai rolar nada entre a gente, ele é tipo o Cauã Reymond para mim!- Brinquei dando um gole do meu refri.
_ Então quer dizer que tenho chance com você?- Perguntou Gael muito direto.
_ Talvez. O que você faz da vida Gael? É um modelo de revista pornô? Daquelas bem sexys?- Acho que o provoquei dando uma risadinha maldosa.
_ Eu sou professor.- Falou como si fosse super natural.
_ Nu brinca?- Falei surpresa.
_ Eu sou mesmo. Em partes porque amo ensinar e em parte fiz isso para irritar meu pai. Ele odeia pensar eu seu primogênito numa escola pública dando aulas para pessoas pobres. Aí virei professor de Sociologia e Literatura.- Contou ele agora com os olhos mais pensativos.
_ Então Professor, quantos anos e tu mora aonde?- Continuei gostando das trocas de olhares dele.
Então ele me deu mais um olhar intenso e disse calmamente mas com sua voz profundamente sexual:
_ Tenho 28 anos. Meus pais moram no Condomínio Lawart mas eu moro em um apartamento no bairro de Vista Nova. Minha vida é uma chatice, tirando que eu sou muito bonito e divertido.- Falou ele e sentir uma pitada de auto-valorização.
_ Eu sou a Emilly. Tou fazendo 25 anos hoje. Minha mãe deve está no spa, o que me deixa muito tranquila de não estarmos brigando. Sou advogada, trabalho com meu pai.- Resumindo dei uma olhada parequeradora para ele.
_ Espero que não vá me prender por isso Emilly.- Retrucou ser aproximando.
Não deu tempo responder, pois fui surpreendida com sua aproximação. Mais surpresa foi quando ele grudou seus lábios nos meus. Ele era apressado, tive dificuldade no começo mais logo que peguei o jeito, o beijo ficou mais gostoso...
Gael beija muito bem, tipo muito muito mesmo. Até arfei de satisfação quando ele me largou. Pegando na minha mão ele convidou:
_ Vem Emilly. Vou te mostrar como si divertir no dia do seu aniversário. Eu prometo não ter decepcionar!
Gael é mesmo uma companhia e tanto. Me fez descer de tobogã, nadar na piscina com ele, almoçar no restaurante depois ir até na piscina com bolhas a gente foi. Ele é realmente um cara perfeito para passar a tarde, ou uma vida inteira...
Estávamos sentado nas cadeiras para descansar, Gael me contando sobre sua vida quando minha mãe apareceu cortando o barato como sempre. Ela a estraga prazeres:
_ Emilly querida. Bora?- Disse Dona Rosário olhando para Gael.
_ Sim mãe, mas antes deixa eu te apresentar. Esse é Gael. Um amigo que conheci aqui hoje. Gael, essa é a minha mãe Rosário.-Apresentei ficando em pé.
Ele beijou a mão da minha mãe e ela ficou surpresa com a educação que ele tinha. Peguei minha bolsa e fui dizendo:
_ Tchau Gael temos que ir. Mas foi bom te conhecer.
Antes mesmo de dámos alguns passos ele gritou chamando atenção de quase todo mundo do clube que estava ao nosso redor:
_ Você nem me deu seu número Emilly!
Eu poderia voltar lá e deixar meu número com ele, mas aposto que minha mãe ia querer ser intrometer neste ponto da minha vida também. Então só dei um sorriso e acompanhei minha mãe até a saída do clube.
Chegamos em casa novamente, e fui perguntando como quem não quer nada:
_ Será que posso comer meu bolo?
Minha mãe que estava arrumando sua cozinha me olhou com olhos feios. Ela nunca entende que o aniversário é meu!
_ Só a noite Emilly. Já tomar banho que temos que ir a missa!- Negou ela como sempre.
Para alguém que estava feliz e radiante, eu me tornei cacto no momento segundo. Eu pensei que já que era meu aniversário, eu não precisaria ir a igreja né? Mas me enganei totalmente.
E para quem conseguiu ficar um dia quase todo sem pensar na pessoinha, agora a veria e tudo ia mudar como sempre acontecia quando olhava para ele.
Algum tempo depois...
Chegamos na igreja faltando apenas 1 minuto. Por falta do que vesti, coloquei um vestido florido que vai até os joelhos e calcei meus tênis. Deixei o cabelo solto com uma trança atravessando o cabelo. Novamente cheguei a conclusão que já que estava totalmente destruída por dentro, então ao menos disfarçar por fora.
Sentamos no banco mais no fundo, e logo ele estava entrando para celebrar a missa. Seus olhos me encontraram e rapidamente me deu um sorriso doce.
" Ele sempre fazia isso para me dizer que tudo vai ficar bem".
E ficou. Evitei pegar eucaristia com ele e não queria olhar tanto para o Padre durante a missa. Funcionou tão bem que fiquei com medo de algo fizesse esse meu super esforço mudar.
_ Alguém que faz aniversário hoje?- Perguntou ele olhando diretamente para mim.
Não queria ir é lógico. Primeiro porque é muito humilhante e segundo que eu teria falar com ele! Estava muito imunizada a falta de vergonha na cara.
_ Vai querida.- Falou minha mãe tocando meu ombro.
Como si fosse meu casamento e todos os olhos focassem apenas em mim, fui até o altar e o cara que deveria ser o noivo estava lá me esperando. Mas so que nesta historia ele é o Padre e não é um casamento kkk.
Dei um sorriso só de perceber que ele me ofereceu um dos seus mais sinceros sorrisos. Eu era apaixonada naqueles sorrisos que fazeria um livro com cada lembrança que tenho deles.
_ Parabéns Emilly!- Sussurou antes de pegar o microfone e anunciar para a comunidade:- Nossa querida Tia Emilly está fazendo uns 12 anos em cada perna?
_ 12 e meio. Meus Deus!- Sorrir ai perceber que todo mundo me observava.
Cantaram a música de aniversário invertida para igreja: "Parabéns para vc, nesta querida, com Jesus e Maria, muitas graças na vida". E teve até viva a Emilly no final.
Estava quase fugindo de lá, sentindo a própria mocinha no final do filme. Padre Frederico me falou mais baixo para que apenas eu escutasse:
_ Tenho uma surpresa para você! Me encontre depois da missa.
Voltei para o meu banco e esperei a missa acabar muito ansiosa e a mesmo tempo com muito medo. Meu coração estava falando que não ia ser nada bom!
Pedi a minha mãe que me esperasse na esquina que eu tinha que conversar com o Padre Frederico. Ela disse que ia descendo com as outras irmãs e que me encontrava em casa.
Indo para a secretaria, no caminho encontrei o pequeno Jamie que me abraçou e disse Parabéns daquele jeito fofo e ficar encantada com a fofura. Descontraída avistei ele dentro da secretaria já sem a sua batina, apenas com sua camisa social rosa clara, sapatos sociais nos pés e calça jeans com cinto preto.
_ Ei!- Chamei entrando tímida.
_ Oi Emilly! Que bom que você não foi embora. Pensei que talvez sua mãe não deixaria você vim conversar comigo.- Falou ele daquele jeito simpático.
_ Ah! Acho que eu deveria fazer aniversários mais dias do ano. Ela foi embora, disse que ia me esperar em casa para partir o bolo.- Expliquei implicando como sempre.
_ Então não vou tomar seu tempo. Eu sei que pode parecer meio esquisito eu te dar um presente mas parecia ser o certo a fazer.- Anunciou me estendendo uma caixa vermelha.
Curiosa tirei o laço e avistei uma coisa tão linda que uma lágrima desceu dos meus olhos. Depois avistei o porta-retrato embaixo da outra caixa mais pequena. Olhando para ele perguntei curiosa e surpresa ao mesmo tempo:
_ Porque você me deu esse porta-retrato?
Ele colocou as mãos no bolso indicando ansiedade e respondeu olhando para todos os lados:
_Pensei que já que a qualquer momento você vai para Nova Iorque, você gostaria ter uma lembrança da nossa amizade. A pulseira é só uma acompanhamento que minha madrasta me ajudou a escolher.
Ele é um cara tão legal que merece saber que o que sinto por ele não é só amizade. Eu preciso abrir o jogo antes que fique mais tarde e mais difícil de contar a verdade. Ele não entendeu meu desapontamento e tristeza ao ver a nossa foto.
Tiramos ela no dia do retiro da 3° etapa onde dançamos tanto...
_ Padre Frederico. Eu preciso ter contar uma coisa que não é nada legal.- Avisei fechando a caixa e colocando na mesa.
_O que é?- Perguntou sério e preocupado.
Respirei fundo antes de abrir a boca e dizer quase como si tivesse atirando na cabeça dele:
_ Eu estou apaixonada por você!
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