6| Eu mereço mesmo ser Padre?
Dois meses! Agora o ano estava no mês de junho. Quase seis meses que eu amo sem querer aquele homem vestido de batina. O que eu fiz até hoje? Nada. Simplesmente não fiz nada.
Eu trabalho! Depois vou para a Paróquia todos os dias e trabalho na companhia dele como si não houvesse nada de errado entre a gente. Mas até ele sabe que tem, pois percebi como Fred ficou depois do retiro da terceira etapa. Mas o que podemos fazer? Dizer eu te amo e viver o nosso "felizes para sempre?". Não podemos! Não é bem assim que acontece na vida real.
Na vida real eu tenho que me vestir como uma caipira para animar as crianças da catequese! O que significa que tive que me arrumar mais do que o costume. Vesti uma saia florida que vai até o joelho, acompanhada de uma blusa de manga xadrez e meus tênis super estiloso (não tenho botas). Fiz duas trancas no meu cabelo, fiz pintinha nas bochechas e passei sombra rosinha. Peguei minha super sacola que tinha prendas para as crianças e desci as escadas. Eu estava me acostumando com ser a Tia Emi!
Minha mãe terminava de por cobertura no bolo de chocolate. Estava tão cheiroso! Não demoramos muito para ir para a Paróquia, pois teria uma pequena oração antes da confraternização.
As crianças estavam cada uma mais fofa do que a outra! E eu era para eles a Tia Maneira da igreja. Então a brincadeira principal ficou por minha conta. Inventei aquela prova de jogar arco nas garrafas pets, bastava jogar três para ganhar o prêmio. Porém tinha algumas crianças muito pequenas na fila para consegui acertar qualquer arco.
Uma dessa era a pequena Luz, que tinha um pouco de cobertura no nariz. Me abaixei no tamanho dela para alimpar seu nariz. Achei fofo a situação em que a pequena tinha ser arrumado. Pelo menos ela não tinha ser usado muito.
_ Você tem que acertar 3 arcos na garrafa pet Ok?- Expliquei puxando ela para mais perto das garrafas.
Ela deu um sorriso e jogou o primeiro. Foi jogando e com muita sorte (um pouco da minha ajuda) conseguiu acertar os três. Dei para ela o pacotinho que eu fiz com carinho (balas e uma boneca lindinha). Era tantas crianças que eu não me permitir lembrar o nome de todas elas, mas certamente o Padre não era nem de longe como elas. Olhei para ele e me permitir perguntar:
_ Sério que você vai tentar ganhar? Não tá vendo que é uma fila para crianças?
_ Oi Emi! Eu só queria tentar. Todo mundo tem um lado criança dentro de si.- Explicou e eu entreguei os arcos.
Ele acertou os 3 com a mesma facilidade que ele que fez eu me apaixonar por aquele olhos azuis. Ainda não acreditando olhei para ele e perguntei:
_ Você quer mesmo a lembrancinha?
_ Não conta para ninguém. É para minha criança interior.- Falou ele mas o seu sorriso brincalhão, me fez discordar de sua explicação.
Entreguei um pacotinho que tinha apenas doce e ele disse sem mentir agora:
_ Obrigada Emilly. Quando você terminar, podemos conversar? Preciso trocar algumas palavras rápidas com você.
Concordei com a cabeça e queria dizer mais alguma coisa, no entanto o Jamie falando sem parar me fez voltar a ser a "Tia Maneira da igreja".
E como diz a humanidade e os nossos avós, essas crianças tem mais energia do que uma barra de cereal, e não digo reclamando atoa. Só que quando deu seis horas, eu estava sentada vendo todas as pessoas indo embora e não conseguindo criar coragem para me levantar. A tia Maneira apenas cansou de tantas brincadeiras!
Depois de organizar tudo na parte da área externa, comecei a procurar pelo meu grande amigo. Percebi que Padre Fred arrumava as coisas na cozinha sozinho. Como ele queria falar comigo, é melhor resolver logo isso antes de ir para casa. Era sempre uma luta com meu eu Emilly pecadora reencontrar aquele homem a sós.
Ele estava cantando bem baixo, uma mania que ele tem de fazer quando está sozinho. Assim como dar sorrisos aleatórios como si estivesse com alguém invisível. Não Era brincando que ele era Padre.
_ Quer ajuda aí?- Questionei chamando sua atenção para onde eu estava.
_ Seria bom obrigado.- Agradeceu juntando todos os pratos de cima da bancada.
Me ajuntei a ele e já pegando um saco de lixo. O pior da festa não era arrumar tudo, mas sim reorganizar a bagunça. Não sei si foi impressão minha, mas ele me observava como si quisesse falar comigo. Ou era isso, ou ele estava dando emcima de mim com seu olhar penetrante.
_ Eu só queria desabafar com alguém. O que você acha de mim?- Questionou parecendo um tanto inseguro.
_ Ah! Você é um homem muito fiel, sempre está fazendo as pessoas sorrirem e tem esse jeito certo de fazer as coisas tão perfeitas! Eu o admiro sem sombra de dúvida!- Respondi levantando uma sobrancelha num movimento Dona Rosário.
_ Eu posso parece bobo, mas será que eu mereço mesmo ser padre?- Questionou Padre Fred me encarando.
_ Isso eu não posso responder. Eu acho você um máximo! Você é um sacerdote maravilhoso! Isso é o que eu posso ter garantir.- Falei sendo sincera e observei ele fechar os olhos como si doesse por dentro.
Lembrando do que poderia deixa-lo daquela maneira, e em fração de segundos lembrei que hoje é o dia da morte da mãe dele. Não era para menos ele está tão abatido assim! Sentimentos de perdas mexem com qualquer pessoa, mas fazer questionamentos com esses são incomuns. O que também não é comum para padres.
_Eu sinto tanto por você!- Falei largando o lixo e indo até ele.
Ele abriu os olhos e me olhou com olhos misericordiosos e dolorosos. Como eu sempre faço quando a Lauren está mal, o abraçei sem pensar nas consequências. Nos primeiros segundos ele estranhou, mas depois de alguns segundos passou suas mãos na minha costa me prendendo no seu corpo. Era tão perfeito o modo como suas mãos grandes e grossas faziam tudo em mim aquecer. Era diferente abraçar o Fred de qualquer outro homem que abracei na minha vida!
"Só posso mesmo está obcecada".
_ Tá tudo bem Padre. Eu sei bem como é esse sentimento. Sinto muito mesmo! Mas tenho certeza que ela deve está orgulhosa de você de qualquer jeito.- Falei me afastando mas pegando nas suas mãos.
_ Desculpa por isso Emi! Já disse que você é uma grande amiga? Mas você é!- Disse Padre Fred emocionado e me abraçando de novo.
Desta vez ele não estranhou em passar suas mãos acarriciando minhas costas. Era como a sensação de abraçar o mar na minha frente, e que apesar de ser perigoso e muito temido, ele era um ser humano cheio de sentimentos. Isso foi até que minha mãe interrompeu do jeito dela:
_ Emilly Cistina cadê você? Ah! Desculpe -me. Filha vamos?- Chamou ela mas pude perceber nos seus olhos o horror.
_ Já estou indo mãe.- Expliquei me afastando dele.
Minha mãe pareceu não está conformada com seus olhos viram, no entanto saiu e nos deixou a sós novamente. Percebi que ele enxurgava as lágrimas, seus olhos como a maré em dias turbulentos e que apesar de lindos são cheio de tristeza...
_ Olha Padre Fred, você deveria comer um chocolate e falar com Deus um pouco. Chocolate e Deus sempre me ajudam!- Sugeri gentil e sem saber o que dizer a ele.
_ Está bem Emilly! Vai lá. Já ocupei muito tempo seu hoje.- Dispensou ele dando um sorriso no meio daquele sua dor toda.
_ Tchau e ser cuida!- Despedi querendo dar mais outro abraço.
Mas o que eu realmente fiz foi deixar a cozinha o mais rápido possível. Minha mãe esperava em frente da igreja pacientemente. Ela não parecia está mais furiosa, eu talvez chutaria um tanto curiosa e estranha por ter visto sua filha agarrada no Padre.
"Sãos coisas que não acontecem sempre!".
_ Emilly. O que aconteceu naquela cozinha?- Exigiu resposta assim que me viu.
_ Nada demais mãe! Só estava apoiando o Padre Fred. Hoje é o aniversário de morte da mãe dele. Ele me considera sua amiga e por isso estávamos conversando.- Expliquei andando na direção dela.
_ Que Deus o conforte! Acha que ele vai ficar bem?- Perguntou me encarando mais do que o normal.
_ Com toda certeza. Ele é um cara inteligente, e caras inteligentes são espertos o bastante para ser recomporem.- Falei olhando para a rua que estava quase deserta.
_ Emilly Cristina, o que tá acontecendo entre vocês dois?- Questionou e nem me atrevi a olhar nos seus olhos.
_ O que mais poderia acontecer em mãe? É só uma amizade forte. Eu contei para ele sobre a Letícia, e ele me contou sobre a mãe dele. Uma troca de sofrimento e de amizade.- Respondi e olhei para a Lua nascendo no céu.
" Por mais que eu quisesse, é só amizade que há entre nois".
_ Está bem. Si ele precisar de apoio, o apoie. Mas não de tanta confiança, as pessoas podem julgar mal Emilly. Sabemos que as pessoas não levam essas coisas muito bem desde do caso do Padre João.- Instrucionou ela e eu tive que me segurar para não brigar.
Não puder defender o Padre João é claro. Minha mãe é uma daquelas fiéis que ainda não aceita muito bem o fato de que os Padres podem sim deixar a batina para ser casar. Enfim a hipocrisia da vida!
A única coisa que eu puder fazer foi ficar apenas com meus pensamentos, pensando no quanto foi bom abraçar ele. Ele tinha aquele cheiro de algodão doce, e não tinha aquele cheiro masculino ou parecido com perfume de comercial. Ele tinha apenas um cheiro natural, suas mãos eram grandes mais muito macias e seus olhos eram capazes de me enfeitiçar. Eu gosto de tudo nele, mesmo as partes que ainda não conheço e nunca terei a oportunidade de conhecer. Não sei o por quê, mas de alguma maneira minha mãe sabe que há algo mais nesta fubá. E como Dona Rosário me conhece desde sempre, ela também sabe que eu não vou falar nada além do que eu compreendo. Não posso contar para ela que sou apaixonada pelo Padre Frederico, si na verdade nem eu mesma sei explicar esse sentimento para mim mesma!
O que eu puder fazer foi chegar em casa e conversar com Deus enquanto tentava dormir. Ele é o único que poder e saber o que vai acontecer da minha vida. Segurando minha moeda da sorte, que deveria chama-la de azar, suspirei falando mentalmente:
" Deus! Eu sei que nunca fui a filha mais perfeita. E eu sei que também nunca dei motivos os suficientes para o senhor me castigar. Eu o amo o bastante para acreditar que o senhor não me aprovaria uma coisa assim sem um motivo. Mas não foi porque eu quis. Foi olhar para ele e bum! Me apaixonei perdidamente por aquele cara. E eu só queria poder acordar amanhã e não me lembrar de ontem e nem das coisas que acontecerem desde de Janeiro. Eu estou magoada senhor! Você já deve saber que isso tá me revirando! O que eu faço? Me diga meu pai!".
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