27|Milagre de Deus (final)
Para mim tinha sido um choque quando descobri que Fred estava com câncer raro e que poderia perde-lo a qualquer momento. Porém ele me pediu que não ficasse preocupada e curtisse a nossa a lua de mel.
De certo que nossos primeiros meses como casados foi maravilhoso, ficamos no Estados Unidos mesmo para que ele tivesse um melhor tratamento. As quimioterapias começaram, parecia fazer efeito para ele no começo. Andava, comia normalmente, cantava e me enchia de amor. Estava cheias de expectativas e Frederico feliz por ainda consegui trabalhar. No entanto isso foi até ele passar mal enquanto voltávamos da Catedral em um Domingo de manhã. Eu gritei apavorada no meio daquela rua, enquanto chamava pelo seu nome e o sacundia igual um boneco e ele não respondia.
Fred teve um coma não-estrutural por conta da medicação da quimioterapia. Passei a ver o meu marido alegre, bondoso e que eu amava tanto, inconsciente numa cama de hospital. Passei dias e dias indo lá e passando horas conversando com ele, contudo meu amor não reagia e nem podia alimpar minhas lágrimas como sempre fazia. Acabei me apoiando e desabafando com o corpo do meu marido vegetal, também na esperança de que depois de tantos obstáculos a gente ia ficar juntos como a gente ser prometeu. Si ele morresse eu queria ir junto com ele!
Quase três meses depois, eu estava dirigindo para uma reunião de trabalho quando recebo uma ligação do hospital. O médico do Frederico me disse cruelmente e profissionalmente que eu precisa0va assinar os papéis para desligar os aparelhos pois ele não ia mais acordar. Era quase que inexistente essa possibilidade. Chorando de raiva, grito com o médico alterada, digo que não ia fazer aquilo nem mesmo que custasse minha vida.
Ele não entendia que o Fred ia acordar?!
Porém não tenho tempo nem de terminar minha fala naquela discussão, pois escuto buzinas soarem e um carro em alta velocidade bater na lateral do meu carro. Tudo fica branco. Não lembro mais nada depois disso.
Segundo os médicos foi um milagre eu não ter sofrido nenhum problema mais grave, apenas alguns arranhados e machucados espelhados principalmente pelas minhas pernas. Meu pai aparece e pergunta como teria acontecido aquilo e conto detalhadamente a conversa que tinha tido com o médico do meu marido. O médico também aparece preocupado, me pede desculpa e eu aceito me desculpando pois ambos exaltamos demais naquele dia e ele só estav a fazendo o trabalho dele.
Naquela noite converso minha nossa senhora e com meu Deus, pedindo para que eles pudessem me ajudar a tomar a decisão certa e não acabar com a vida do meu esposo. Eles tinham me dado aquele homem, não era justo não perguntar a eles o que eu deveria fazer naquele momento. Acabo adormecendo com muito medo de nunca mais te-lo por perto. Lembro que um tumulto de médicos e conversas sem parar pelo hospital, me faz dormir com muita dificuldade.
No dia seguinte, a luz do sol atravessa a janela do meu quarto me fazendo resmungar de dor e preguiça. Abro meus olhos e parece que ainda estou dormindo, pois chego a pensar que o Frederico está ao meu lado. Os remédios realmente pareciam fazer efeitos!
-Emilly!- Chamou a voz igualzinha a do meu amor.
Abro os olhos de vez, me surpreendo com o homem ao meu lado. Ou estava sonhando, ou ele tinha acordado do coma. Não acreditando questionei um pouco confusa:
-Fred é você mesmo?
-Oie meu amor. Você está bem?-Perguntou tocando minha pele.
-Frederico! Aí. Meu amor que saudade sua. Você não sabe como eu me senti angustiada enquanto você estava em coma. Eu cheguei a fazer terapias com você mas nada. Você não me escutava amor. Deus obrigada! Nossa senhora das causas impossíveis!- Comento o abraçando esquecendo as dores e sentindo a emoção.
-Na verdade eu te escutei querida. É um milagre o que aconteceu! Os médicos me passou por uma bateria de exames nesta madrugada assim acordei, porém nenhum sintoma mais visível. Deus me curou! Eu fiquei tão aflito quando acordei e seu pai me disse que você tinha sofrido um acidente. Eu tinha prometido cuidar de você Emi, mas não pude. Não conseguia nada além de ouvir sua voz. A propósito, eu quero sim ter filhos com você.- Conta ele acariciando meus cabelos tão calmo e o examino com os olhos.
-Meu Deus! Eles me devolveram você. O médico queria que eu desligasse os aparelhos meu amor. Estava discurtindo com o médico pelo celular quando sofri o acidente. Ontem a noite, conversei com Deus e Nossa Senhora e pedir que eles me ajudassem a tomar a melhor decisão. Eu não queria ser responsável pela sua morte Fred. Eu sabia no fundo que você ainda precisava ficar aqui, do meu lado amor.-Concordo enquanto ele derrama algumas lágrimas sobre meu corpo.
-Eu sei. Você chegou a pensar que Deus estava nos castigando, porém era apenas para ser. O senhor testou nossa fidelidade e o nosso amor, e espero que de alguma forma ele não permita nunca mais que eu fique longe devocê! Eu não vou te abandonar nunca mais querida. Não depois de você sofrer um acidente. Quantas vezes eu já te disse para não dirigir com telefone no ouvido em?- Dar bronca enquanto o maior dos meus sorrisos revela minha gratidão.
O beijo impedindo que fale mais! Não era momento para me dar bronca. E si agradecer a Deus e comemorar.
Deus curou Frederico. Não existia mais indício de câncer, de coma e muito menos de sequelas. A única coisa que ser notava era a teimosia dele em não querer mais ficar no hospital e de ficar comigo esquecendo que ele é que estava há 3 meses inconsciente. Assim que também recebo alta, vamos para o nosso lar aproveitar o tempo perdido.
Não esquecemos de agradecer a santidade pelo presente que eles nos proporcionaram, vamos na Catedral mais perto da nossa casa no dia seguinte. Frederico nem ser aguentava de tantos sorrisos que esboçava só de saber que estava curando e livre das quimioterapias. Ele realmente tinha pavor de agulhas e agora tinha piorado de vez!
Algum tempo depois, nos mudamos definidamente para o Brasil. Gastamos mais de uma semana arrumando nosso ap, além de passarmos um final de semana no chalé da família do Gael. Nem acreditei quando vi minha melhor amiga casar-se com o Gael Gustavo. Apesar da infeliz morte do pai dela, a Lauren estava reconstruindo a vida dela com seu marido e ia cuidar do seu irmão como estava fazendo. Eu fico tão feliz em saber que ela vai ser feliz, além de saber que meu pai pode mudar e proporcionar uma vida digna para minha amiga eternamente.
Como imaginei, depois que Frederico conseguiu a vaga de professor universitário na Universidade da nossa cidade, levou o irmão dele por seminário, o meu amor disse que estava pronto para voltarmos onde a nossa história começou. Porém com enjoo, não poderia evitar por muito tempo voltar naquela igreja. Eu não podia ser tão covarde com a nossa história assim!
Mesmo sentindo medo gigantesco da rejeição que seria voltar na paróquia, eu imaginei como foi que o Fred passou por tudo isso durante meses, sozinho sem eu ao seu lado e ainda sim ele queria voltar lá. Então não haveria o que eu temer, afinal eu amava Deus assim como aquele lugar onde passei minha vida praticamente toda.
Assim que estaciono o carro, Frederico me lança um olhar observador. Recuso dizer nada. Os enjoos e minha cabeça rodando a 1k por hora me faz querer voltar para casa e vomitar pelo resto do dia. Mas no fim eu sabia os significados daquilo: ansiedade e preocupação. O que mais gosto no Fred em momentos assim é que ele me compreende, e sem dizer nada desce do carro aguardando que faça o mesmo.
Com uma única pontinha de expectativa, desligo o carro saindo um pouco tonta. Frederico gruda sua mão na minha, me fazendo não desisti daquilo. Porém a cada passo que damos da entrada, somos observados por muitos rostos que me causam mais enjoo. Não estava na hora deste raios de sintomas fazerem isso comigo. Já estava difícil demais meu Deus!
Fazendo o sinal da cruz ele olha para mim e percebe que estou quase desmaiando. A face da sua mão no meu rosto, onde pergunta quase que sentindo minhas próprias dores:
-Está tudo bem querida? Ainda está com os enjoos?
Tento abrir a boca, porém não consigo evitar mais a sensação de ânsia. Sem dizer e saber muito por onde estou andando, saio em disparada tentando encontrar onde ainda seria os banheiros da paróquia. Entro no banheiro feminino, onde uma das senhoras do Coral de Maria me olha reconhecendo a um segundo instante.
Não digo nada, apenas entro dentro de uma das cabines derramando na privada todo o pouco de comida que tinha comido naquele dia. Demoro alguns minutos lavando meu rosto, passo a mão sobre minha barriga e pergunto si haveria de ser assim pelo resto da gestação. Ainda não estava preparada para isso Nossa Senhora!
Sinto vontade de sair correndo, porém justamente quando saio do banheiro me dou de cara com Jamies. É incrível e ao mesmo surpreendente ver o quanto ele cresceu. Com quase 1,7 metro de altura, com um corpo em puberdade, o cabelo cacheado todo brilhoso e uma face vergonhosa, seu olhar confuso me observa estranhamente. O agora pré-adolescente, me dar um sorriso e questiona parando seu caminho:
-Tia Emi?
-Deus do céu! Oie Jamies! Você cresceu garoto.-Comento conseguindo recuperar o controle.
Me dando um abraço inesperado, Jamies realmente tinha crescido depois de tantos anos. E não seria segredo para ninguém que ser tornaria um jovem muito bonito, além de continuar seguindo os mandamentos de Deus. Saber que um dia o peguei no colo!
-Tia Emilly, ficamos sabendo do seu casamento com o Frederico. Ficamos muito feliz com o milagre que aconteceu na vida de vocês. Sentimos muita a sua falta Emilly, seja bem-vinda de volta.-Conta ele agora mais sério e com uma voz mais grave.
-Ah é? Obrigada. Fred e eu realmente passamos por uma barra difícil. Agora Deus permitiu voltar para cá. Também estou feliz em ter rever, após a missa conversamos está bem?- Sugiro ouvindo o canção da entrada.
Ele afirma e ambos entramos na igreja discretamente, onde olhando a comunidade encontro meu marido no primeiro banco do meio. Saio andando o mais rápido, desviando o olhar de algumas pessoas que eu começei a relembrar. Era um pouco desconfortável encarar aquelas pessoas depois de mais de dois anos e saber que ela não aceitava muito bem a nossa história.
Suspirando consigo me sentar ao lado de meu marido, que como em todo o momento sabe como estou me sentindo. Mesmo que colocasse meu melhor sorriso disfarçando, Fred saberia que estaria mentindo. Então apenas me permito grudar minha cabeça sobre seu ombro, onde ele acarricia minha mão na sua. Era reconfortante saber que pelo menos ele estava aqui comigo!
Depois de alguns minutos me concentro na missa, cantarolando as músicas e dando sorrisos involuntários para o Fred todo momento que ele recitava as falas do sacerdote. Tinha começado a me esquecer que ele era um sacerdote também.
-Ainda sente saudade de ser sacerdote?- Pergunto baixinho quase que sussurrando no seu ouvido.
-Sim! Mas acho que agora sim encontrei o meu destino.-Responde beijando minha mão.
Gosto muito da missa, principalmente quando o Padre Miguel fala sobre o evangelho do dia. Ele menciona o amor de uma maneira muito particular dele, direcionando um olhar em especial para mim e Fred. Era bom saber que um sacerdote tão conservador e convivido com as normas católica em seus 30 anos de sacerdócio estava compartilhando aquela linha de raciocínio. Terminei aquela missa com o coração mais limpo e batendo normalmente por saber que algumas pessoas nos compreendia.
Fred e eu ficamos sentado no banco, esperando ver si alguém iria vim falar com a gente. Me surpreendo quando as meninas do EJC vem cumprimentar, além da Dona Maria, alguns outros irmãos da comunidade e até minha mãe aparece com seu namorido Carlos.
Depois que cessam os reencontros, nos continuamos na igreja aguardando o padre Miguel. Frederico ao meu lado beijando meu ombro comenta muito realizado:
-Não foi tão ruim assim, não é minha querida?
-Não. Na verdade eu realmente me senti acolhida meu amor. Sabe quem eu reencontrei? O Jamies. Ele já virou um rapaz lindo e continua firme na nossa paróquia. Será que podemos ir na secretaria depois? Sinto saudade de lá.- Respondo me sentindo emocionada e acolhida.
- Sim. Acho que o Padre Miguel não ser importaria que a gente desse uma olhadinha lá daqui a pouco. Mas quero perguntar querida. Ainda ser sente confortável voltando aqui?-Pergunta me envolvendo no meu peito com seu abraço acolhedor.
-Não nego que estava com medo da rejeição. Porém Frederico, eu sei que si eu não enfrentasse e voltasse nesse lugar aqui eu renegaria a nossa história. Foi aqui que tudo começou afinal de contas. Estou feliz por retornar aqui.- Falo sincera com ele e com o lugar que estamos.
-Ah é?- Levanta ele com a sobrancelha erguida me surpreendendo.
Me puxando pelas mãos, Fred me guia de frente para o altar. Com as mãos em volta da minha cintura, ele pergunta tão besta que sorrio sem conseguir parar:
-O que aconteceu aqui?
-Nosso primeiro beijo querido! E hoje uma coisa mais especial vai acontecer sabia?!- Respondendo fazendo um mistério pego uma das suas mãos e coloco na minha barriga e conto:- Queria dizer que a família vai aumentar Senhor Moraes. Agora somos três!Você vai ser pai Frederico!
Sem consegui abrir a boca, ele reage me levantando do chão, grudando no seu corpo e me rodando muito feliz. Beijando-me sem parar, logo complemento finalizando aquela pequena parte da nossa vida:
-E imaginar eu, Emilly Cristina apaixonada por um sacerdote! Nunca poderia ter acontecido algo estranhamente tão imperfeitamente perfeito meu Deus. Obrigada Fred por ter aparecido na minha vida, te amoooo amor! Para sempre ouviu?!
Assim nosso primeiro ciclo ser encerrava.
Mas eu sabia que Deus planejara os próximos capítulos de nossas vidas, os desertos, as chuvas, os girassóis e todos os trajetos que passaríamos juntos.
O que Deus uniu o homem nunca separá.
Eu sou católica por amor.
Nem sempre acertamos, mas quando isso acontece pode ter certeza que só coisas boas acontecem.
Frederico aqui realizando meu segundo sonho como exemplo da recompensa que Deus me proporcionou. Ele ouve e sabe o que é melhor para nós.
Enfim, a nossa história....
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