As coisas sempre tem suas justificativas e também seus propósitos. Mas no meu caso ainda não consegui encontrar nenhum dos dois para as minhas perguntas.

  De repente eu ainda estou magoado e me sentindo mal. Principalmente quando Emily não faz mais parte do meu dia. Eu fico a tarde inteira na companhia da Dona Maria, sem os sorrisos ou os comentários sábios e inteligentes dela. Emilly me fazia sentir muito mais especial e estou sentindo falta da  companhia dela.

   Eu não posso porém fazer nada além de rezar. Deus sabe o que eu tenho que fazer e para onde ir, mesmo que eu queira fazer qualquer outra coisa além de ficar parado com meus pensamentos. Eu só peço a Deus que me ajude a tornar as melhores decisões. Ele sabe que nos últimos dias eu estou sofrendo sem dó e piedade.

   Seguindo o percurso da minha vida, fui para a Paróquia, para mais um dia abençoado. Como todos os outros dias, realizei algumas confissões e conversei com os fiéis. Depois do almoço, uma moça estilo gótica apareceu parecendo meio perdida. Ela era linda, usava o uniforme como si trabalhasse com advocacia e tinha um brilho natural nela.
   Me aproximando da moça eu falei simpático:

_ Boa tarde, posso ajuda-lá?

  Ela deu uma risadinha e respondeu oferecendo a mão:

_ Belê Padre Frederico? Eu sou a Lauren.

  Sempre achei que os jovens são inovadores. Sem nenhuma dúvida eu admiro os jovens em hoje em dia. Não me incluo nesta lista pois fui criado muito em limites conservadores.

_ Prazer Lauren. O que merece a sua visita?- Questionei apertando sua mão macia.

_ É a Emilly! Eu sou a melhor amiga dela. Eu gostaria de conversar com o senhor...você, si não estiver ocupado.- Falou Lauren me encarando com dúvida no modo de fala.

_ Você por favor. Me acompanhe!- Pedi mostrando o caminho.

  Sentamos no primeiro banco em frente ao altar. Lauren cruzou as pernas e colocou sua bolsa de lado fazendo um coque no seu cabelo. Ela parecia ser bem aberta e totalmente diferente de sua amiga Emilly. Mas as duas eram mulheres belas e inteligentes.

_ Então Padre Frederico. Eu sei que a Emi está apaixonada por você. Eu acho que o senhor além de ser gostoso para caralho.- Começou e eu tive que intervir.

_ Olha os palavrões dentro da igreja!- Alertei sério e na minha função de poder.

_ Foi mal. Eu não sou relgiosa e nem nada do tipo. Só acredito que Deus existe e ponto final. Mas enfim, eu queria conversar com você sobre ela.- Pediu Lauren sem ficar envergonhada.

_ O que você quer falar sobre ela? Eu acho que não deveríamos entrar neste assunto Lauren. É uma coisa que é muito complicada! - Disse eu esperando que ela compreendesse.

_ Eu vou ter falar o que é complicado Padre! Complicado é você ver sua melhor amiga parecer uma zumbiloide por aí como si não houvesse nada além de chorar. Eu conheço Emilly desde da faculdade, e cara! Ela não é do tipo que sofre por amor. Ela é a pessoa mais sensata que eu já conheci nesta vida. E do nada ela está doençendo de amor.- Retrucou a amiga de Emi muito protetora.

  "Emilly também está sofrendo. Tudo culpa minha!".

_ Eu entendo Lauren. Mas tente me entender, eu desde de sempre fui intruscionado a evitar todos os sentimentos amorosos. Eu gosto da Emilly, mas não sei o que fazer.- Confessei sendo sincero com a mulher à minha frente.

_ Pois é Padre, você é parecido com ela. Emilly é uma pessoa muito boa. Mas é muito insegura! Eu só vim para ter dizer que ela anda muito ruim tanto fisicamente como emocionalmente. Eu estou preocupada com ela. Eu sei que mesmo que ela não assuma, que ela ama vim a igreja. A história de ser Tia Emilly estava a ajudando ser uma pessoa melhor.- Falou ela olhando ao redor da igreja.

_ Mas eu não estou impedindo ela de vim aqui. Eu só pedi para nos afastar. Convença ela de vim aqui amanhã, eu sei o que fará ela ser animar.- Sugeri porque em partes essa responsabilidade é minha.

_ Jesus Amado! Você é muito legal Padre Frederico!- Agradeceu ela sorrindo.

_ Não que conversar sobre a sua vida?- Sugeri percebendo um lado muito protetor nela.

  " Ela deve ter pronormas com certeza!".

_ Emilly é a melhor coisa que tem na minha vida. Além do mais eu tenho que voltar para o escritório, ou a minha chefe me mata.- Explicou levantando do banco.

_ Eu te entendo. Vai com Deus Lauren!- A abençoei fazendo o sinal cruz na sua testa.

  Ela rapidamente abriu sua bolsa e pegou um cartão, e me estendeu explicando:

_ Caso você queria falar comigo. Pode me ligar Padre! Ou mandar um Whatsapp. Você que escolhe.

   Lauren é uma pessoa bem extrovertida e preocupa demais com a Emilly. Farei qualquer coisa para que ela não fique tão deprimida como a Lauren comentou.

  Eu tenho tanta culpa nisso que o mínimo que eu posso fazer é tentar não prejudica-lá mais. Essa é minha obrigação, ajudar as pessoas a serem pessoas melhores tanto emocionalmente quanto fisicamente. Preciso ajuda-lá tanto quanto amigo, quanto como Padre. Além do mais eu sou amigo dela. Não deixarei adoecer por minha culpa.

    Si eu estou bem? Claro que sim. Eu só emagreci 5 kg em um mês e estou mais doente do que nunca! Peguei gripe, minha imunidade está baixa e ainda tenho que trabalhar por computador sem poder descansar. Mas tudo bem, eu vou viver si não haveria morrido a muito tempo não é mesmo?

   Depois de tomar um banho, criei coragem para me arrumar por encontro planejado pela minha mãe. Vestir uma calça jeans customizada com renda, com uma blusa de manga azul florida com meus tênis azuis. Deixei o cabelo solto, coloquei meus óculos e peguei meu celular para olhar as horas. Encontrei 5 mensagens de Lauren.

  Deve ser muito grave para ela mandar tantas mensagens em vez de uma só!

Lauren: Ei Emi. Que tal si fomos a igreja amanhã?

Lauren: Eu sei que você está evitando ir na igreja por conta do @padre mas por favor. Vamos comigo?

Lauren: Ñ vou mentir p/ vc. Eu fui lá. Conversei com o Padre Frederico. Sei q ñ deveria + tiver q fazer isso por vc. Ele é super dboa.

Lauren: Por favor Emilly. Ñ me faça essa disfeita. NÓS vamos a igreja amanhã ok?

Lauren: Oq ser usa para ir a uma igreja?

  Não conseguindo ficar brava com ela eu respondi quase sorrindo por mensagem:

Eu: Coloca aquela sua calça jeans azul com qualquer blusinha que você tiver. Eu não vou mentir para você também, eu acho que conversar com Deus vai me fazer bem. Valeu Lauren❤

  Ela respondeu com uma carinha e prometeu ligar assim que saísse do escritório. Peguei minha bolsa branca e desci para ir ao meu (enterro) encontro. Talvez minha mãe ache que arrumar um marido para mim será uma missão super fácil, ainda mais para alguém que está magra igual a um palito e fraca como uma formiga como eu. Mas como diz o ditado: "A esperança é a última que morre".

   Minha mãe estava lendo sua bíblia, e ainda depois de tantos anos eu ainda me pergunto si ela não já decorou aquele livro tão complexo e gigante! Observando meu look minha mãe fez uma careta e comentou:

_ Poderia ter colocado um vestido. Que mal gosto Emilly! Acho que Patrick não vai gostar de algo tão normal  e simples.

_ Eu vou desse jeito e tá ótimo. Vou descer que esse tal de Patrick está passando para mim buscar.- Respondi tentando ficar calma.
 
    Corri antes que ela me fizesse trocar de roupa. Já bastava ela arrumar um encontro para mim com um cantor ainda não reconhecido, filho de algum amigo dela que mesmo que fosse o horror dos horrores das propagandas do seu filhinho.

   Encontrei um cara não muito bonito, mas sorridente em frente a minha casa. Seu cabelo é bastante grande, bem enroladinho e usa óculos. Usava uma roupa totalmente preta, moderna e não exagerada para um encontro. Suspirei e tentei ser gentil com o cara.

_ Olá eu sou a Emilly.- Cumprimentei me aproximando dele.

_ Oi Emilly. Eu sou o Patrick! Vamos andando?- Questionou com o olhar na rua.

_ Andando?- Perguntei tentando ser simpática.

_ O bar não fica tão longe daqui. Podemos ir conversando até lá.- Sugeriu com suas mãos no bolso.

  Talvez não seja uma sugestão tão mau assim. Não posso fazer essa disfeita com ele. Não hoje!

_ Claro. Por quê não?- Concordei simpática.

  Eu deveria é não ter concordado! Talvez eu não teria ficado tão entendiada. Demoramos uns 40 minutos para chegar lá, isso porque ele parece um foguete e além do mais o bar estava tão cheio. Tivemos que sentar perto da cozinha, onde um garçom saia toda hora com uma bandeja cheia. Isso tá me cheirando a problema.

    Tentei concentrar no cara a minha frente, e prestar atenção no que ele falava. No entanto até sua voz e seu modo de falar me dava sono.

_ Eu daria tudo para está no meio daquela segunda mundial. Gostaria de ver sangue e cabeças rolando para todos os lados. Outras vezes eu penso que deveria ser Médico. Eu gosto de música, mas Medicina é que dar dinheiro. Além do mais eu poderia abrir meu próprio negócio...- Foi ele falando sobre mil e uma baboseira.

  Eu nunca tinha um minuto para comentar nada. Ele simplesmente falava e falava igual a um foguete sem controle! Estava ficando de saco cheio.

        Quando eu pensei que ele ia calar boca, um garçom atrapalhado derramou sua bandeja de macarrão bem encima de mim. Não aguentando a frustação fiquei de pé explodindo de vez:

_ Quer saber? Eu cansei de você. Que você arrume uma trouxa para servir de sua ouvinte. Eu vou é para minha casa! Você me faz vim andando até esse restaurante para sentar perto da cozinha ao qual acabei de ser coberta de macarrão! Eu arrependi de ter gastado meu tempo com você. Com licença! Ah! Quer saber?
Acho que você poderia ser palestrante e si cantando for como sua voz sonolenta, vai sem ficar famoso. Com licença!

  Tirando alguns fios de macarrão do rosto, eu sair sendo o mais educada possível. Mas estava tão frustrada e com raiva que eu mataria alguém que me provocasse.

    Com toda a certeza esse foi um encontro horroroso! Pelo menos eu percebi logo que Patrick é um locomotiva sem bateria, que só sabe falar sem parar. E eu descobrir também que aquele barzinho tem mesmo o melhor macarrão que eu já provei na vida.
   Que pena que não foi numa ocasião tão conviniente!