✨ Capítulo XIII- Cuidado cordeirinho ✨
"Não deixe que nada o preocupe ou faça sofrer, pois a mocidade dura pouco". Eclesiastes 11:10
Desde que descobrir que ela me ama, tudo se desmonorou por completo. Não era como se tivesse revelado o que já era fato aqui dentro, mas como uma luz resgatada, que clareou e cegou todo o resto de consciência que possuía.
Minha vida passou a ter na constituição Rafaela Simões como artigo supremo,
Meu vocabulário passou a dizer NECA pelo menos 1.140 vezes por dia,
Minha consciência passou a implorar algum droga que tenha seu cheiro, seus braços e sua voz.
Deus se tornou meu psicológico neste meio termo, escutando cada lamentação e dúvida. Quanto mais se aproxima do início do meu sacerdócio, mas sinto o coração sair pela boca de apreensão. Eu não tenho dúvidas quanto dedicar minha vida ao meu Deus, mas e a Rafaela?
Como eu poderia encaixa-la na minha vida senhor?
Sem resposta para minhas perguntas, tentei focar no presente e aproveitar a missa eucarística de Quinta-feira para absorver um pouco da calmaria de meu Senhor e aquietar meu coração acelerado. Escalado para a celebração, vesti minha alva e meu cíngulo no corredor atrás do altar, amarrando os cardaços dos meus All Star pretos. Aproveito o momento para fazer uma oração particular, pedindo a intercessão de Deus na próximas decisões da minha vida.
Entrando na assembleia através da parede falsa do altar, desço para a comunidade ainda intacto com a cena. No segundo branco da fileira do meio, avisto Paulo Scolari de braço entrelaçado na namorada Kellyn. A cena é tão impactante, que vou na direção deles meio chocado com o que meus olhos enxergam.
- Paz de Cristo! Eu não acredito que vocês vieram para a missa.- Digo não escondendo o sorriso, cumprimento-os com um abraço.
- Ah! Que isso filho, estava com necessitado de um pouco de presença de Deus em mim. Além do mais, a Rafa praticamente obrigou a gente vim para a missa hoje.- Comenta meu pai e eu acompanho seu olhar.
Junto da Camila e do Vini, a minha garota está sentada com Léo e a Bebel. Sorridente como sempre, o simples fato de estar na casa do Abba e ao lado dos amigos que tanto admira e que preza tanto. Não evito o sorriso aliviado de vê-la aqui, sem preocupar de que também estaria e por esse simples fato deixar o seu pontinho de paz. O nosso ponto de paz.
- Que maravilha é estar em família Lipe, você também faz parte dela.- Fala Kellyn atraindo minha atenção de volta.
- Sim e estou muito feliz de vê-los, agora se me dão licença, tenho que ir para meu lugar.- Aviso sentindo uma anormalidade de emoção.
Vou para a entrada e me junto as coroinhas para a procissão de entrada. Em todas as missas mantenho-me concentrado na programação da celebração eucarística, pois qualquer deslize pode exigir minha atenção e a tomada de uma atitude rápida, assim como o Padre Marcos interviu hoje por mim.
Percebendo que estava disperso ao momento eucarístico como durante toda a celebração, escuto meu sacerdote virar na minha direção e dizer direto e no ponto:
- Cuidado com o que olhas, cordeirinho.
- Desculpe Padre Marcos.- Digo saindo do altar, acompanhando os coroinhas.
- Cara, cê está no mundo das nuvens né?!- Implica Gusta batendo levemente no meu ombro.
- Das nuvens não, mas dos olhos dela.- Resmungo para mim mesmo, procurando um pouco de concentração mental.
Fazendo a minha parte durante a missa, mantenho meus olhos concentrados no Sacerdote e os dedos inquietos envoltos do meu terço. Apesar disso tudo isso, posso sentir a distância os olhos dela nos meus, como se fosse uma imã puxando a eletricidade do seu olhar. Sinto o coração mais aliviado após a Comunhão, quando o Padre Marcos dar os devidos avisos e dar a benção final.
Contando os segundos para ir atrás dela, sigo todos os escalados até o sacrário onde o nosso sacerdote dar as graças ao nosso bom Deus e eu já procuro a sala da catequese. Retirando minhas vestes, aos coloco de volta no cabide arrumando minha camisa social de mangas olhando no espelho. Dou uma leve bagunçada no cabelo, permitindo que volte a ficar indomado enquanto saio de volta para a assembléia.
Avistando minha família toda reunida no segundo banco na minha espera, sou surpreendido pela ausência dela ali. Presentindo sua presença ao oposto da nossa família, vou até o corredor esquerdo que leva ao jardim e salão de comemorações da nossa Paróquia São Luiz Gonzaga. A avisto de joelhos no chão, com as mãos ao redor do rosto e murmurando consigo mesma lamentações ao nosso bom Deus.
Ficando de frente para ela, digo atraindo sua atenção para mim:
- Olá querida! Você não parece bem.
- Falando no tal, oi Lipe.- Cumprimenta ela parecendo bem chateada de me ver.
- Parece que eu fiz alguma coisa que te irritei Rafa. Posso ao menos sentar?- Questiono apontando para o espaço vago ao seu lado.
- Senta. E não, quem dera fosse por algo que você fez.- Fala ela e sinto uma pontada de desaforo e mágoa.
- Nossa. Deste jeito eu vou querer muito me redimir Rafa! Eu não quero que você carregue com você tanta mágoa e ressentimento por minha causa. Olha, estou muito feliz que você trouxe meu pai para a igreja.- Retruco sentando ao seu lado, abaixando o tom até ficar parecido com murmúrios.
- Imagina, o Tio Paulo só precisava de um empurrãozinho. Além do mais, eu meio que subornei que se eles não viessem para a missa, não iríamos no rodízio.- Explica ela grudando as mãos nos joelhos, ainda sem direcionar os olhos aos meus.
- Duas coisas que eu nunca consegui: fazer ele vim para a igreja e sair comigo para comer pizza. Só Rafaela Simões para fazer uma metamorfose nas pessoas ao seu redor.- Discordo sorrindo como um bobo, porque tudo nesta garota é extraordinário.
- Até parece Felipe. Eu não consigo nem saber se meu coração é formado de fogo ou de gelo, como posso ajudar qualquer pessoa sendo deste jeito?- Reclama ela e logo entendo o problema.
- Querida, não importa de que matéria constitui seu coração, mas como você usa ele. E você está usando-o para ajudar a todos. A me ajudar.- Digo com vontade de tocar seu rosto e mostrar o que ela causa aqui dentro.
- Sério Lipe?!- Questiona parecendo sensível.
- Ei minha garota, tem certeza que tá tudo bem?! Eu já vi você chorar rios de lágrimas naquele acampamento, mas nunca ficar tão sensível como neste momento. Diga-me o que está acontecendo, por favor.- Peço e esqueço a regra da distância, passando meu braço ao redor dos seus ombros.
- Eu acho que acabei me tornando dependente de você Felipe. Eu tenho certeza que não planejei amar você de tal forma, mas mesmo assim isso está acontecendo e não sei mais como viver minha vida. Eu estou sofrendo porque sei que isso tudo vai acabar um dia, já deveria ter acabado. Eu sei que de nada tenho certeza, nem ao menos deveria existir esperança.- Explica Rafaela e entrelaço aos poucos nossos dedos, ouvindo sua voz e sentindo seu cheiro.
- Mas o que você sente querida?- Pergunto sentindo a culpa sobre meus ombros.
- Esperança Lipe, esperança como tenho na vida após essa aqui. Perdão Scolari, eu não queria ser tão sentimental. Mas isso está me sufocando e me matando por dentro.- Responde com sinceridade, afastando-se de mim.
- Eu te entendo Rafaela, aí como entendo. Você sempre tão sincera e aberta sobre o que sente, e eu sendo reservado e modesto com o que sinto né? Mas deixe eu contar um pouquinho do que acontece aqui dentro de mim. Bom, tudo começou por onde não deveria nem começar. Entregar ao nosso Deus a minha vida, fez com que minha vida ganhasse sentido e esperança. Nunca mudarei isso Rafa, porque Deus sempre vai ser o meu fabricador e o meu técnico de manutenção, mesmo quando eu me perco na esteira ou me desvio dela. Só que imagine que no meio do trajeto da esteira, eu avistei uma peça tão parecida e fascinante comigo. Uma peça capaz de tornar esse processo natural e biológico do meu ser mais inesquecível como poderia ser, porque apesar de pequena, essa peça possue o que eu não abro mão: fé, esperança, crença. Eu amo o fato de você ter esperança Rafa, mesmo que seja algo que eu não possa duvidar ou confirmar para nós neste momento. Não tenha dúvida que eu faria isso se pudesse, tudo para que a minha peça possa prosseguir seu trajeto sem turbulentas interrupções de mim, a peça comum e sem graça.- Resumo sentindo um pouco do coração suspirar aliviado, sentindo os sentimentos explodirem em uma disfarçada metáfora.
- Tudo o que você menos é uma peça comum, Lipe. Obrigada por ser sincero, essas palavras valeriam milhões.- Agradecida sinto a garota sorrir, um pouco tímida com o discurso.
- Que isso, você deveria forçar eu falar mais. Assim vamos dividir em partes proporcionais o modo sinceridade e sobrevivência. Melhor?- Pergunto olhando para nossos pés tão pertos.
- Sim, prontíssima para enfrentar um rodízio ao lado da nossa família. Acredite ou não, passei um terço da Celebração pensando na minha pizza favorita, sabor margarita.- Revela olhando-me nos olhos, um pouco envergonhada da distração.
- Hum, parece maravilhoso... Rafa eu daria minha vida só para voltar lá atrás e evitar isso sabe, mas não tem como. Sendo realista e sincero, eu não tenho a mínima ideia de o que irá acontecer entre nós. Mas pela sua esperança, eu quero ao menos que você tenha certeza de que não é falsa. O que acha de nós saímos no sábado?- Sugiro sem conseguir esconder a expectativa deste momento.
- Tipo um encontro?- Questiona erguendo uma sobrancelha com dúvida.
- Seria um encontro se eu pudesse ter um. Considere como um passeio.- Declaro mostrando uma segunda opção mais aceitável.
- Então eu aceito. Acho melhor entrarmos, estamos demorando e logo o Léo aparece...- Começa a garota se levantando do chão, sendo interrompida pela voz do próprio.
- Ei! Parece que vocês estão sempre se grudando pelos cantos. Eu acho melhor vocês se explicarem em.- Exige o próprio exaltado, parecendo preocupado.
Eu tento encontrar palavras na minha garganta, mas gastei todas e agora só encontro pavor e afobamento. Por sorte Rafaela revira os olhos para o melhor amigo, dando um murro certeiro no seu ombro antes de dizer:
- Cala boca Leonardo! O que fazemos não é da sua conta ok?!
- Certo Princesa, você que manda.- Implica ele obediente a amiga.
Já dando leves tapas e insultos silenciosos, Rafaela vira para mim e dar um sorriso que fala sem precisar abrir a boca:
" No sábado, Querido".
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