✨ Capítulo XI- Neca é uma boa palavra ✨
" A única garota que já sentir qualquer coisa nesta vida, pode sim está amando alguém. E deve que não sou eu".
Quando sentir seus dedos frágeis e pequenos suarem, sua voz fica trêmula e a respiração se tornar escasso em seu corpo como um balão murcho, eu soube que ela está apaixonada por alguém. Queria que ela me dissesse quem é, depois fazer tudo ao meu alcance para ela ter logo o namorado cristão que ela sempre sonhou. Ela merece tanto um amor, que infelizmente eu não posso dar.
Para piorar a situação, vê os casais mais bonitos aos nossos arredores em colapso não foi nada divertido. Como líder e como homem, tentei ao máximo conversar com seriedade e respeito com os sentimentos da minha prima, escutei por mais meia hora Leonardo chorar e falar sobre seus erros. Eles estavam ficando sem compromisso, mas como o melhor amigo da Rafa disse, esse relacionamento deles não vem de hoje. As coisas ficaram mais tensas com aproximação do Retiro, porque a Bebel queria que ele tomasse uma decisão em relação ao relacionamento deles. Como tivemos o pezar de avistar, Léo não queria um relacionamento sério agora.
Eu não sabia o que dizer em relação ao relacionamento, mas disse que independente da decisão dele, que ele tomasse mais cuidado com os sentimentos da minha prima. Felizmente depois desta conversa todo mundo pareceu dar a noite como encerrada, infelizmente eu não. Meus olhos estavam caóticos demais para permitir o sossegar do sono.
Antes mesmo de o dia ficar claro, eu me levantei da barraca tomando cuidado com os outros que dormiam pesadamente. Encontrando o Padre Marcos orando em silêncio nas mesinhas, esperei ele finalizar o seu momento com Deus. Após isso, ofereci para ajuda-lo com o café da manhã.
Não questionando nem mesmo as lágrimas que deixei cair enquanto íamos até o Casarão, fui recebido pela esposa do Geremias, a Dona Victoria, que me fez colocar a mão na massa e finalizar a cobertura dos pães doces. Fazendo-me sorrir e esquecer por algumas horas os assuntos pessoais, ela ficou dispersa na minha mente tempo suficiente para descansar e repôr as energias.
Quando era por volta das sete horas, Geremias, os seus funcionários e eu arrumamos a mesa do café da manhã no nosso acampamento. Observando cada um levantar e vim partilhar a primeira refeição juntos, fez meu coração aquecer de contentamento. Isso até a Bebel aparecer ao lado da Rafaela, abraçadas.
Ambas estavam com cara de derrota, mas já com roupas trocadas e prontas para a gincana final. Cat vem logo atrás carregando uma nécessaire rosa que pelo dezessete anos de experiências significa barras de chocolate- surto de ansiedade de modo compulsivo.
Concluindo que ninguém pretende fazer algo a respeito do surto que ela vai ter quando começar comer chocolate descontroladamente , vou na direção esquecendo que a Rafaela está mais linda do que se é possível de calça leeg e camiseta do EJC e cabelo amarrado. CARACA, foco Felipe!
- Bebel, eu sinto muito.- Digo observando seus olhos inchados e as bochechas avermelhadas.
- Fazer o que né?!- Diz ela tentando levar numa boa.
Assentindo negativamente com a cabeça, procuro a Catarina atrás dela e peço estendendo a mão:
- Me passa a nécessaire Cat!
- Mas é o meu chocolate Lipe!- Reclama minha prima quando prendo embaixo do braço.
- Devolve as coisas dela Felipe, sua prima está sofrendo.- Concorda Rafaela, mas nem olho nos seus olhos para saber que ela vai defende-la.
- FELIPE.- Chama minha melhor amiga segurando o choro, mas logo abro os braços e as meninas observam sem reação.
Caindo em meus braços, faço o melhor que posso para acalma-la enquanto seu choro se torna o único som claro evidente. É óbvio que minha prima está deste modo, ela considera Leonardo o cara que ela quer casar, acabou sendo tentada a pronto de perder a virgindade com ele. A vontade que eu tenho de fazer qualquer coisa para ela parar de chorar é maior do que minha vontade de ter aquela conversa com a Rafa.
Conversando e aconselhando da forma que sei que ela vai compreender e aceitar, aos poucos Beatriz vai calando seu desespero e quando parece ao menos estabilizada, Padre Marcos a busca pelo braço, com um Leonardo aterrorizado pelo sermão do nosso pároco a tira colo.
Seja lá o que o nosso sacerdote conversa com eles durante quase uma hora, todo nós observamos os dois voltarem de mãos dadas e conversando entre eles sorrindo. Esse sacerdote faz milagre, meu paz amado!
Aproximando de mim no momento que avistamos a cena, Rafa comenta tão chocada quanto eu:
- Eu acho que estamos sonhando Lipe. Não é por possível que sejam a Bebel que há uma hora estava chorando e o meu melhor amigo sem-vergonha!
- Eu que não acredito nisso.- Concordo e ambos nos encaramos, antes do casal se aproximar de nós.
- ENTÃO?- Questiona Cat aparecendo curiosa atrás de nós dois, com mais expectativa.
- Galera, a partir hoje me tornei um produto particular e exclusivo da patroa aqui.- Responde Léo beijando a palma da mão dela entrelaçada na dele.
- Quer dizer que estão namorando?- Pergunta Rafa parecendo não acreditar muito nele.
- Com propósito e tudo.- Concorda minha Prima, agora namorada do Leonardo.
- Cara eu poderia dar uma surra em você. Não se engane, eu não esqueci em? Espero que agora seja sério, estarei de olhos abertos.- Aviso sem perder o contato visual do branquelo alto.
- Meu chapa, agora pegue leve que sou da família.- Comenta ele e reviro os olhos, mas dou as felicitações e tudo.
- Bem, é melhor prepararmos para a gincana final. Vem Bebel, agora ele não é seu namorado. ADVERSÁRIO tá legal?- Avisa Rafaela puxando a amiga dos braços do namorado.
- Como será bom o gostinho de vitória.- Implico e Leonardo concorda batendo as palmas deles nas minhas.
- Hum, não vou nem gastar minha voz com você Scolari. Sangue por sangue e dente por dente!- Completamente já no espírito do jogo, vejo a minha baixinha fechar semblante e fazer um gesto de murro.
Não consigo segurar a risada ao ve-la daquele modo, porém mais irritada a própria sai batendo os pés minúsculos na terra e entrelaça novamente o braço no da garota loira.
- Você deveria parar de seca-la deste jeito. Não vou permitir que ninguem brinque com os sentimentos dela. Aquela ali é para casar.- Adverti Leonardo dando um tapa nas minhas costas.
- Olha quem fala. O cara que fez tudo errado antes de começar a fazer certo. A Ana Beatriz é para namorar, casar, cuidar, zelar e proteger.- Complemento dando o troco do discurso de bom amigo.
Gincana final, bosque dos pomares
As 13hs34
Depois do mal entendido resolvido pela sabedoria de um bom sacerdote, todo mundo retornou ao animo da gincana final. Mesmo sabendo que só um milagre o Grupo da Elen ganhar, eu e os garotos fizemos o máximo para está bem preparados porque ainda havia o grupo da Kellyn.
Por falar na própria, está quase que se tornando um fardo não podê dividir com a Rafa que a Tia dela e o meu pai, estão tendo um caso não oficial desde do ano passado. Ontem ela me pediu para não dizer nada a sobrinha ainda, porque não quer envolve-la em seus casos casuais e porque meu pai odiaria essa revelacao. Só porque era o melhor para a minha amiga esperar alguns tempos, eu concordei no final.
Eu faria qualquer coisa que a Rafaela me pedisse, não porque sinto necessidade de cuidar e proteger ela, mas porque tudo para ela parece ganhar um gostinho de felicidade premiada. Seu sorriso de comemoração, divertimento, distraído, forçado e até mesmo debochado, me faz querer despertar o melhor dela a cada dia. Mas o Leonardo tem razão, ela é uma garota para casar e definidamente essa é a única coisa que está indisponível para eu fazer por ela...por qualquer pessoa se não Deus.
Então quando todas as equipes se reunirem no centro do nosso acampamento, tentei manter minha atenção e foco na última gincana. Para não haver discórdias e manipulações, o responsável pela brincadeira foi o Diácono Geremias. Para a nossa surpresa, a dinâmica resumia em procurar de acordo com um enigma bíblico, que depois de desvendado, revelava o lugar onde encontraríamos a localização das bandeiras. No total eram 8 bandeiras e cada adulto responsável tinha a função de as recolher dos seus integrantes, as posicionando em um arco fixado ao lado da fogueira.
Tirando todos as suas dúvidas, o Diácono subdiviu os enigmas devidamente fechados para casa equipe, quando ele deu o sinal para iniciar a gincana, Padre Marcos abriu os cilindros e entregou um para cada um.
Logo na minha entrelinha, eu aviso para pegarem suas bíblias. Concentro meus olhos no versículo citado na primeira linha e risco com um lápis a palavra água. Anoto no enigma, já apressando minhas mãos nas próximas dicas.
Água
Batismo
Shabat
Simão Pedro
Alimento
Interligo o discípulo mais amado de Deus com as outras dicas. Bem, Simão era Pescador o que confirma as palavras água, Batismo, Shabbat. Mas alimento.... Eu tenho que pescar um peixe? A CACHOEIRA!
- Já sei! Pessoal eu sei onde está a bandeira.- Digo animando os garotos.
- Onde?- Questiona o Padre Marcos me estendendo uma das bolsas de suprimentos.
- Na cachoeira ou nas extremidades. Eu volto e encontro os demais.- Explico quando os meninos me dizem as localizações deles.
Saindo com tudo para dentro dos bosques, tento manter o ritmo na mesma velocidade porque A Cachoeira fica quase oito quilômetros de distância do nosso acampamento. Quando estou perto o bastante, tomo o restante do líquido da minha garrafa agradecendo a Deus por está em frente a uma belíssima cachoeira.
" Essa é a melhor recompensa que o pessoal vai ver mais tarde, antes de irmos embora".
Começando a investigação, procuro nas extremidades fora d'agua qualquer indício de bandeira. Como prevejo, nenhum pedaço de pano a vista e nem mesmo escondido. Quando estou refletindo sobre a possibilidade da bandeira está na água, escuto no silêncio das árvores e da natureza, um choro quase que silencioso. Viro-me e contemplo uma cena de fazer meu corpo entrar em alerta.
Rastejando há três metros de distâncias, observo a garota branquinha como floco de neve, mas o cabelo e as vestes escuras, com a perna esquerda impossibilitada de anda com normalidade. Sem pensar duas vezes, jogo minha bolsa no chão e corro na direção dela.
- Rafaela, meu Deus. O que aconteceu com você querida?- Pergunto envolvendo seu braço ao redor do meu pescoço, equilibrando seu corpo.
- Felipe! Eu bati meu pé em uma pedra, sei lá! Eu só vi quando me levantei e estava sangrando e doendo muito.- Fala ela grudando as palmas das suas mãos em meu corpo.
Então observando sua face de dor, não espero uma permissão dela para envolver meu braço esquerdo em suas pernas e a carregando até embaixo do pé de mangueira. Tirando no mesmo momento a sua bolsa de suprimento, arranco minha camisa e começo a examinar seu pé.
Apesar de pouco conhecimento sobre torcimento e cortes, eu uso a minha camisa para pelo menos estacar o sangue escorrendo. Abro a bolsa e pego outra garrafa de água enfiando nos lábios pálidos dela. Sem saber muito o fazer, pego minha outra bolsa e reviro não encontrando nada além de comida enlatada, isqueiro, papel, lápis e água. Pelo visto poderíamos morrer de fato nesta floresta!
Encarando-me com um sorriso categorizado como forçado, Rafaela fala com a testa suando igual um ar-condicionado:
- Obrigada Scolari, achei que ia morrer sozinha neste bosque tão longe do acampamento.
- Rafa, eu que morreria se você sumisse. Que bom que eu te encontrei, Deus é tão bom.- Respondo tocando sua bochecha com carinho.
- É, eu consegui forças para chegar aqui. Na minha cabeça ao menos aqui na beira da Cachoeira, seria mais fácil conseguir ajuda. Conseguiu achar a bandeira?- Pergunta olhando no fundo dos meus olhos.
- Não, não consegui encontrar ainda. Aparentemente não está aqui em terra firme Rafaela.- Digo sentando-me ao seu lado.
- Isto está óbvio Lipe. Temos ali um barco a remo, e realmente parece óbvio que estaria na água. Mas o enigma dizia Shabat, ou seja, a bandeira está no barco.- Raciocina a garota e a olha admirada.
Indo na direção do Rio, tenho a leve sensação de derrota. Bem posicionada em um dos compartimentos do barco, pego a bandeira Branca com o emblema da nossa paróquia. Caminho de volta para embaixo da mangueira, sem acreditar que ela estava certa. Como sempre.
- Não acredito que você está certa! A bandeira estava lá, afinal no Shabat eles não praticam nenhum tipo de atividade.- Recordo-me ao parar em frente a ela, ainda sem acreditar na inteligência dela.
- Parabéns, você ganhou. Ao menos um de nós vai pôde buscar ajuda.- Sugere Rafa mordendo de leve seu lábio inferior.
- Mas eu não vou te deixar aqui sozinha.- Discordo com a voz firme e rouca.
- Não? E como vou sair daqui?- Questiona ela parecendo um pouco desesperada.
- Beeem, já que perguntou... Eu consigo fazer ligação para o Diácono Geremias. Mas de qualquer forma vai demorar longos minutos.- Explico e ela assente concordando.
Levantando do chão mais uma vez, vou na direção da mangueira e procuro na parte dos galhos a cesta de comunicação, feitos pelo Diácono Geremias desce que começamos fazer Retiros e Eventos Espirituais aqui. Pegando o celular de botões, entro na lista de contatos e ligo por único número salvo para casos de emergências.
Rapidamente explico a situação para ele, que afirma que assim que consegui juntar ajuda vem nos acudir. Agradecendo, desligo o telefone e guardo no mesmo lugar que peguei, voltando para o lado da minha amiga. Rafaela parece melhorzinha, soltando o cabelo tão brilhoso e macio.
- A ajuda está a caminho. Agora teremos que esperar.- Aviso e seus olhos vem na minha direção como meteoro.
- Nós? E a gincana? O seu time Lipe?- Questiona parecendo decepcionada.
- Nenhuma gincana ou vitória vem antes da sua segurança. Você não vai sair daqui, eu também não.- Comento e sento ao seu lado demostrando que estava falando sério.
- Aí, eu me sinto tão horrível meu Deus! Primeiro eu garanto a desclassificação do meu time, depois ainda por cima, desclassifico o seu! Por quê você tem que ser assim Felipe?- Pergunta Rafaela alterada, com tanta vergonha que cobre os olhos.
- Ei, eu ser assim como?- Pergunto com curiosidade, tentando esconder o sorriso.
- Assim tão prestativo. E sabe o que mais engraçado Lipe? Até o início do ano a gente mal se falava, apesar de nossas mães terem sido melhores amigas. E agora não consigo passar um dia sequer, uma noite sem pensar em você.- Conta ela e sinto meu coração bater em descompasso.
- O que isso significa Rafaela?- Questiono quase não achando voz disponível para fazer tal pergunta.
- Que eu sou apaixonada por você Felipe.- Revela soltando grunhidos nervosos.
Quando a encaro sem saber o que dizer, Rafaela caí no choro e para esconder de mim, enfia o rosto entre as coxas e sinto meu coração apertar junto com a velocidade da agonia dela.
- Mas você sabe...- Começo e ela me interrompe maia alterada.
- Que você vai virar SACERDOTE? Como se isso impedisse meu coração de gostar de você Lipe. Eu tenho que me condenar a cada dia, porque sei que você tem um propósito maior e Deus te escolheu porque você é perfeito. Eu me sinto idiota por gostar tanto de você, mesmo quando implorei a Deus para que esse sentimento fosse apenas ilusão. Só que não é Lipe, e é por isso que eu estou sendo sincera com você agora. Eu cansei de carregar esse sentimento aqui, se Jesus carregou uma cruz, eu carrego essa paixão desenfreada. Por favor Lipe, diga para mim que eu estou errada e que você não concorda com o que sinto. Que estou PECANDO por amar tanto você assim.- Declara Rafaela e posso sentir a mais sincera verdade na sua fala, ela fala com o coração.
- Não Rafa. Você não está errada e nem ao menos pecando por me amar tanto assim. Eu também sinto um sentimento avalassador que você sente. E há muito tempo querida.- Revelo e acaricio seu joelho a fazendo devolver a intensidade do olhar.
- Como assim há muito tempo?- Interroga e tenta engoli o choro, parecendo surpresa com minha revelação.
- Quando eu tinha 12 anos, decidir ajoelhado no sacrário, dedicar toda a minha vida ao meu Deus. Porque se tinha alguém que poderia me compreender e me fazer feliz, esse alguém é o nosso Abba. Porém quando realizei minha primeira missa como Acólito, adivinha que vem eu avistei no primeiro banco sorrindo para mim? Você. Desde daquele dia Rafa, minha vida se tornou uma vida com dúvidas, um destino com rachaduras porque meu interior só queria você de todas as formas. Por Deus como já orei durante esses quatro anos Rafaela, cada terço eu tinha uma única intenção: Pôde esquecer você. Foi por causa deste sentimento avalassador, que a gente nunca se aproximou antes. Eu tinha medo do que meu corpo poderia fazer na sua presença.- Conto e vendo que também estava começando a emocionar, encaro a paisagem a nossa frente.
- Minha nossa senhora!- Exclama ela parecendo muito surpresa.
- E aí você apareceu chorando naquele dia na paróquia, sua mãe tinha morrido e você acidentalmente veio parar na minha vida. Eu parei de tentar te afastar minha querida, porque Deus não deu as mínimas atenções aos meus clamores. Então nos tornamos unha e carne, nunca na minha vida alguém fez tanto em tão pouco tempo. Rafa você trouxe mais luz a minha vida, motivação espiritual e ainda por cima esse amor todo que transborda só de olhar nos seus olhos. Desculpe, não chore minha querida.- Peço quando vejo as lágrimas acumularem nos seus olhos castanhos.
Com a face da minha mão, seco suas lágrimas observando ela retornar sua atenção aos meus olhos. Sinto minha boca ficar seca, meu coração continuar batendo em velocidade absurda e seus lábios finos e vermelhos dizerem:
- Eu que peço desculpa Felipe, eu não tinha noção de que esse sentimento fosse recíproco. Eu tinha medo de que as pessoas estivessem exagerando, afinal somos tão bons amigos. Eu não quero perder você querido. Mas eu sei que não podemos fazer nada em relação esse sentimento, você tem um futuro planejado e eu...
- E você é garota para casar, querida. Eu me casaria com você se não fosse meu sacerdócio, casaria-me porque amo você.- Falo sentindo a nudes da minha alma.
- Mas eu nunca permitiria que você largasse sua promessa por mim, porque não seremos o primeiros apaixonados da história a não ficarem juntos, Felipe. Eu tenho certeza que te amarei por toda a minha vida, só não posso permitir que Deus te castige por minha causa. Eu te amo tanto querido, tanto quanto Sarah amou Abraão. Um amo sincero e bonito, que me faz querer decidir o que for melhor para você. E o melhor será você seguir o seu destino.- Declara a garota ao meu lado, então sua mão pousa no meu queixo e deixo as lágrimas molharem seus dedos.
- Isso é um sacrifício desigual Rafa, não posso fazer isso com você.- Digo e também coloco minhas mãos ao redor do seu rosto, quero sentir cada lágrima derramada por ela.
- Por si só, esse amor já é desigual.- Reflete o amor da minha vida e nos calamos.
Sentir as lágrimas delas caírem sobre a minha pele, nunca causou tanto sofrimento. Sem conseguir conter a dor que também destrói meu coração por dentro, encaro seus lábios incapaz de olhar por tanto tempo em seus olhos, que tornaram-se transparentes em contato com os meus.
Só que eles causam desejo, uma vontade insaciável de inclinar e descobrir qual seria a intensidade dos nossos lábios em contato. Observo-os trêmulos como se estivesse em contato com o inverno, o inverno das nossas próprias penitências e condenações.
- EU tenho vontade de tocar os nossos lábios e isso parece...- Conto largando minhas mãos do seu rosto envergonhado.
- Vontade de me beijar?- Questiona ela sorrindo da minha falta de jeito.
- Isso. Apesar de tentador, tocar os lábios...beijar você parecer que também caracterizaria como errado.- Comento e sem querer desvio minha atenção para seus lábios vermelhos e convidativos.
- Tudo bem, eu também tenho muita vontade de beijar, mas não podemos. Então vamos precisar de uma palavra que saberemos que estamos com vontade de nos beijar. Assim faremos o possível para ficar longe um do outro.- Propõe Rafaela parecendo disposta a facilitar.
- Uma palavra?- Digo e ela assente com a cabeça.
- É isso ou nos afastar definidamente, o que levando em conta nossas vidas, seria uma trágica decisão. Nossos amigos, igreja e rotina se cruza corriqueiramente.- Lembra Rafaela e no final dar um grunhido de dor.
- Nem pensar ficar longe de você. Vou para o seminário em Janeiro, até lá quero te ver o tanto que puder. O quanto pudermos controlar.- Nego achando qualquer plano melhor do que nos afastar.
- Será que você pode dar três passos para trás? Seu perfume é muito cativante.- Pede me empurrando de leve para atrás.
Erguendo-me do chão, ando três passos para trás e mais por segurança. Ficando de coca para manter o nível do contato visual, observando ela usar o ombro da camisa para secar os olhos. Péssima ideia. Eu tenho vislumbre da sua barriga. Talvez seja melhor arrancar meus olhos também.
- Que tal a palavra Neca? Quando eu era criança minha mãe me ensinou a falar Eca, em vez de falar palavrões. Só que eu dizia: "Né eca?" quando avistava algo constrangedor e nojento. De alguma forma isso pode nos ajudar lembrar que estamos sendo imprudentes.- Sugiro encerrando o silêncio.
- Neca é uma boa palavra.- Concordando sorrimos em sincronia.
Nossa tentativa falha de tentar definir formas de mantemos na linha, é interrompida pela chegada do Vinícius até o Rio. Não nos notando aqui, Rafa aponta com o olhar para ele e eu grito chamando a atenção do japonês:
- Vinícius! Ei, aqui cara.
Correndo na nossa direção, Vinícius também carrega sua mochila de suprimentos de lado e parece ter tido muita dificuldade para chegar aqui. Então o nosso amigo mais velho e de naturalidade Japonesa, se aproxima assustado ao ver a situação do pé da Rafaela:
- Aí meu Deus! Você está bem Rafa?
- Ainda não sei Vini, mas acho que vai ficar bem. Eu espero.- Responde a garota para ele, simpática como sempre.
- Que bom Ra. Ah, vocês encontraram a Bandeira? Parece que foi uma caminhada perdida.- Desabafa o garoto baixo vendo a bandeira Branca ao lado das nossas coisas.
- Quer sabe Vini?! Leva a bandeira.- Comento estendendo-a para ele.
- Não eu não posso aceitar, foram vocês que encontraram Felipe.- Nega ele com seu sotaque estrangeiro carregado.
- Na verdade deve. Por favor Vini, garanta que a gincana não acabe por minha causa. Já basta que o Jovem Aqui não quer me abandonar.- Implora a baixinha sempre pensando nos outros.
- Eu nunca abandonaria você.- Falo cortando sua reclamação com um olhar determinante.
- Scolari né amiga?! Mas obrigada mesmo, vou aproveitar para pedir ajuda para vocês.- Por fim, Vinícius agarra a bandeira e corre bosque a dentro.
- Scolari, amigo.- Suspira ela esquecendo que eu estou aqui.
- N E C A!- Grito correndo na direção da Cachoeira.
Acampamento EJC
Às 5hs45
Demorou mais de meia hora antes de o Diácono Geremias aparecer com sua Sobrinha Enfermeira, que a examinou e fez os primeiros socorros. Apesar de não ter quebrado nenhum osso, Rafaela torceu o tornozelo, fez três cortes superficiais e um mais profundo que por sorte eu consegui estacar assim que a encontrei.
Tia Kell quase sofreu um infarto ao ver a sobrinha machucada, assim como todos os funcionários da Fazenda. Assim que todo mundo se reuniu no centro do nosso acampamento, Padre Marcos anunciou a vitória do Grupo da Elen. Foi um choque para todos, afinal eles estavam bem atrás e por causa da vitória da Gincana Final levaram o prêmio. Os planos de Deus pode ser bem contraditórios.
Quando o time vencedor receberam o Prêmio pela vitória, foi surpreendentemente emocionante, quando encontraram no interior do Baú o Cristo Crucificado, além de dezenas de terços que distribuíram entre os participantes do Retiro. E quando nosso dia parece dado por encerrado, Vini se aproxima da Rafa com a baú entreaberto o entregando a ela.
- Posso dividir esse prêmio com outra pessoa também?- Questiona ela parecendo surpresa com a atitude dele.
- É claro, todos nós merecemos esse prêmio. Mas foii você que o encontrou.- Responde Vini sorrindo para ela, antes de entregar o baú de madeira nas suas pernas.
Vinícius a deixa sozinha com o Prêmio, enquanto ela parece admirar o objeto dentro do baú. Erguendo os olhos do nosso salvador para mim, compreendo que ela quer que eu me aproxime.
Avistando-a imobilizada em uma cadeira de rodas, o seu pé esquerdo já enfaixado e com os olhos ameaçando carregar novamente de lágrimas, a abraço com violência e força, sabendo que não poderia permitir tanto sofrimento para ela. É tão injusto ela sacrificar tudo por mim.
- Eu não posso permitir que você se sacrifique tanto por mim, Rafa. Nossa história não deveria ser assim.- Digo chorando nos seus braços.
- Não deveríamos nem ter uma história Lipe, precisamos fazer isso dar certo. Custe o que custar!
E
Eu
Acho
Que
Vai
Custar
O
Meu
Coração
Querida
Meu coração...
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