✨Capítulo VIII- Paixonite✨
"você surgiu na minha vida e me ensinou a querer mais e mais a cada dia".
Antes de Quinta-feira, o dia mais feliz da minha vida tinha sido quando realizei minha primeira missa como Acólito. Mas, quando a tive nos meus braços e percebi a intensidade da nossa recém relação, senti meu coração aquecer ao perceber a surpresa que ela me preparou.
Ninguém nunca tinha se preocupado a ponto de me fazer bolo de cenoura, com brigadeiros, salgados e presentes, mas Rafaela sim. No lugar que eu mais amo, com as pessoas que eu mais admiro. Meu aniversário de 19 anos não poderia ser mais especial.
Apesar da felicidade que arquitetou meu coração naquele dia, até o dia de hoje, tive que lutar contra minha mente a mais de mil. Fazer 19 anos para mim seria como a tal libertação que eu vou precisar para seguir meu sonho, contudo no momento tudo parece tão incerto e injusto. Qual a graça de ganhar a liberdade para seguir a vida sacerdotal, se vou perder tudo o que gosto para isso? Não vou poder cuidar da Rafa, dos meus amigos e nem mesmo ficar na Paróquia ao qual fui criado desde de criança.
" Eu sei que é injúrias minhas, meu bom senhor. Mas diga-me como de uma hora para outra meu coração pode querer abrir possibilidades, quando só deveria ter certeza? Eu tenho que seguir meu coração, é o que Rafa me diria".
Rafaela. Um nome tão simples, para uma mulher que tem complexidade nas mãos. Dizer que desistir de manter longe dela é uma hipérbole, eu nunca quis em toda a minha vida está quilômetros de distância da alma dela. O único problema é que não consigo mais, assim como não consigo ficar mais de um dia sem notícia dela.
Hoje é sábado, Papai marcou o tradicional almoço de familiar em comemoração do meu aniversário de 19. Apesar de sermos apenas nós, meus tios que estão atualmente na Inglaterra e minha Prima/melhor amiga, eu queria muito ter convidado a Rafa para vim. Até cheguei mandar mensagem esperando o momento oportuno para fazer o convite, contudo ela está offline desde do nosso encontro de jovens. Estou preocupado.
Por falar em Encontro, tenho que dizer que apesar de parecer Clichê, o presente dela foi o que mais gostei. Por algum motivo abrir a caixa de presente e encontrar um Diário de capa feita a mão, numa expressão mais Retrô, caneta feito a pena com tinta e tudo, me fez sentir mais contente ainda. Um bom presente já é bom, mas um presente bem presenteado é melhor ainda. Desde do momento que abrir o presente, transcrevi nas páginas amareladas e grossas, todos os sentimentos mais íntimos e assustadores pertencentes a mim.
Aproveitando que tinha que enfrentar um almoço familiar só depois do meio-dia, aproveitei a belíssima manhã deste sábado em uma caminhada pelo parque do bairro. Nas raras vezes que não estou na igreja, meu lugar de paz é entre as árvores, observando o céu. De certo modo contemplar a magnitude das nuvens, do céu azul e das maravilhas que Deus nos proporcionou, faz meu coração sentir mais contente. Mesmo quando estamos com o coração inquieto como o meu, existe sempre uma claridade e inquietude desejada e encontrada ao admirar o céu. Tão simples não?
Voltando para com a alma renovada e as reflexões pessoais mais calmas, vou direto por meu quarto, assustando-me ao encontrar uma mala rosa jogada na porta e uma garota de cropreed e short jeans desabotoado jogada na minha cama box, bem recebida e acomodada como sempre.
- Acho que é inútil eu avisar pela milésima vez que seu quarto é do outro lado do corredor né Ana Beatriz Scolari?- Digo atraindo sua atenção para mim.
- Felipe, cara que saudade sua!!!- Entusiasmada ela se joga nos meus braços quando sento ao seu lado.
Gargalhando da minha prima de compatibilidade sanguínea comprovada, acaricio seus ombros a afastando para observar seu rosto. Os mais sortudos olhos verdes cheio de delineado, os lábios manchados pelo batom, o nariz fino perfurado e a roupa que indica que minha priminha cresceu. Mais de 16 anos, caramba como o tempo passa rápido!
- Piralha você cresceu!- Implico bagunçando de leve seu cabelo castanho tingido de loiro.
- Ei! Eu tenho 17 anos já, seu adulto de 19 anos! Feliz aniversário a propósito. Juro que se eu ficasse mais um ano na Inglaterra, eu ia perder minha cabeça priminho.- Com seu humor de sempre, Bebel beija minha bochecha e se joga na cama.
- Quer dizer que os meus tios deixaram você voltar para o Brasil?- Pergunto não escondendo a comemoração.
- É claro, eles sabem que você cuida melhor de mim do que eles.- Fala a morena, já com sua atenção direcionada ao meu diário nas suas mãos.
Meu Bom Pastor, como meu diário foi parar nas mãos desta PIRALHA EUFÓRICA? Eu mereço mesmo o que vem logo em seguida a isso, socorro meu Jesus.
- Ei, me devolve isso. Como você achou meu diário? Não sabe que diários são confidenciais?- Questiono tomando-o das suas mãos.
"Ela leu tudo meu senhor!!!!!!!! Até fez comentários como se fosse uma das suas revistinhas".
- Não entre melhores amigos.- Beatriz agora mostrando-se séria, senta e aponta para o espaço vago ao seu lado:- Senta.
Obedeço sabendo que agora era impossível esconder dela também, será que a Inglaterra não pode aceitar ela de volta?
- Felipe Scolari Gonzaga, quer dizer, que sua paixonite pela RAFAELA SIMÕES, nunca passou? Agora só intensificou?- Fala a própria quase estourando meus tímpanos.
- Cê promete que não vai contar para ninguém Bebel?- Pergunto ainda inseguro, comigo mesmo principalmente.
- Promessa de melhor prima!- Pegando meu dedinho, ela entrelaça no dela em sinal de lealdade.
- O.K. Sim, não passou. E não, não sei se podemos chamar de intensificar.- Respondo com um suspiro ansioso.
- Aí meu Deus! Eu nasci para viver esse momento! Felipe Scolari admitindo que tem uma quedinha na Missionária Juvenil aaaaaaah!- Comemora a própria, pulando na minha cama.
- Fica quieta Piralha! Desse jeito eu não vou te contar nada. E segundo, não sei porque você está comemorando. NÃO EXISTE NADA ENTRE NÓS, NUNCA EXISTIU E NEM VAI EXISTIR.- Deixo claro cortando pela raiz a empolgação dela.
- Até parecer né meu amor? Mas para que você tenha seu direito de defesa, vou deixar que conte tudo o que defenda a sua teoria de que "não-existe-nada-entre-Rafa-e-lipe".- Avisa minha prima, não perdendo a oportunidade de me fazendo gargalhar.
Conto para ela desde da morte da mãe da Rafa, quando o Padre Sebastião sofreu o acidente e ficamos íntimos de verdade. Falo das tardes de Estudos, das missas eucarísticas, dos encontros de jovens e até da festa surpresa de Quinta-feira. Não falo com palavras o que sinto quando olho nos olhos dela, muito menos o que gostaria de fazer e o que faria por ela, mas Bebel nem precisa disso para se emocionar. Puxando minha mão até a sua, escuto da minha prima mais nova as seguintes palavras:
- Eu li seu diário, acabei de observar e ouvir você se emocionar por causa de uma garota Felipe. Sei que você deve achar isso um erro, porque sei melhor que ninguém o quanto seguir a vida sacerdotal é seu propósito. Mas Deus tem seu próprio propósito para nós, e tenho mais do que certeza que você a ama.
- Eu a amo?- Questiono achando exagerado.
- Sim, e amor de verdade priminho. E você acha que ela sente o mesmo por você?- Pergunta Ana Beatriz batendo na minha coxa, sempre eufórica.
- Não, acho que não Bebel. Ela é uma garota diferente, mas é aberta e não costuma esconder o que sente. Acho que não. Eu ia convida-la para o nosso almoço familiar hoje, mas ela não está me respondendo.- Falo me sentindo triste de repente.
- Que pena, queria investigar esse Romance de pertinho. Mas eu vou conhecê-la. Hummm, inclusive: você conheceu minha amiga Catarina Brendon? Ela disse que foi na Paróquia Quinta-feira né? Pergunta ela, despertando-me uma idéia.
- Aí meu Deus, é isso Bebel! A Catarina é vizinha de apartamento da Rafa!!!!Vou mandar mensagem para ela!- Digo comemorando, em satisfação beijo-lhe na bochecha.
- Eu sei que sou a melhor prima que você poderia ter. MANDA LOGO, enquanto me arrumo no meu quarto. Tem certeza que não posso ficar neste?- Diz ela saindo desfilando do meu quarto.
Apontando para fora do meu humilde e restrito quarto, pego meu telefone no bolso da calça jeans e mando mensagem para Cat. Sorte a minha ser o orientador do grupo dos jovens:
Eu: Paz de Cristo Cat, tudo bem? Eu sei que é meio estranho eu mandar mensagem assim para você, mas estou preocupado com a Rafa. Desde de quinta que ela não me manda mensagem. Será que pode dar uma olhada nela por mim?
Penso em apagar e esquecer essa ideia absurda, mas infelizmente a Catarina visualiza um minuto depois e começa a digitar do outro lado:
Cat: Oiê Lipe, paz de Cristo. Td sim. Infelizmente n tô em ksa. +Qnd chegar dou uma 👀 nela. Bjs.
Eu: Obrigada Cat!
"Parece que você não vai vim no meu almoço Rafaela, mas espero que esteja tudo bem como você".
Depois de tomar um banho bem gelado para despertar meu corpo desanimado, visto uma calça polo preta, com all star branco e a camisa na mesma cor, lavando o cabelo com shampoo e secando com o secador, o que deixou bem revoltado e indomado. Terminando de me vestir, passo um perfume e desodorante, pegando o meu telefone e carteira.
Entrando no quarto da minha prima, tenho a sorte de não encontrá-la nua e já toda produzida para o almoço. Usando um vestido branco curto que deixa suas coxas amostra, vou na sua direção percebendo que ela não estava pronta afinal. Tinha base mal espalhada no seu rosto e os saltos altos ainda estavam jogados encima da cama. Sentando na beirada da sua cama pergunto, tentando não se sentar nas suas maletas de maquiagens:
- Você vai demorar muito?
- Não, a fada madrinha deve está para chegar e vai me ajudar com a maquiagem. E óbvio né seu macho!- Reclama ela literalmente estressada, vindo na minha direção com um colar de diamantes.
Engolindo o sorriso para ela não bater em mim, ajudo-a colocar o colar e observo silenciosamente a garota se maquiar com tanta disposição. Qual era o problema das mulheres de passarem tanta coisa no rosto? A conheço a minha vida toda, não vejo muita graça de vê-la maquiada.
- Falou com a Cat?- Pergunta minha prima por fim, colocando os cílios postiços.
- Sim, mas ela não está em casa e vai dar uma olhada mais tarde.- Digo sentindo meu corpo todo rígido.
- Tá bom senhor Felipe, depois do almoço a gente vai dar uma olhada na Sr.Rafaela Simões. Ou pelo menos vamos na Catarina! Agora me ajuda com o salto alto vai.- Mandona eu sorrio agradecido enquanto a ajudo calçar os saltos altos.
"Meu coração vai ficar mais calmo quando souber se ela está bem, ou pelo menos, viva. Por favor meu Deus, minha missão agora é protegê-la".
Para minha Bebel da vida real, toda melhor combatividade sanguínea que a gente e o Felipe precisa, uma Filhadorei_oficial🤍
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