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PRÓLOGO

                                        PRÓLOGO


Escondo os pedaços dos papéis rasgados quando ouço um barulho vindo de baixo da minha casa da árvore. Alguém está subindo!

Limpo minhas lágrimas de pressa e finjo estar recolhendo os lápis de cor espalhados pelo chão.

     — Por que você está chorando, Alice? — Ouço a voz preocupada do meu melhor amigo perguntar quando ele passa pela porta.

Lippo vem andando na minha direção e bate a cabeça no sino dos ventos de estrela do mar pendurado no teto, como acontece toda vez. Ele está ficando grande para nossa casa da árvore. Eu teria rido também dessa vez, se eu não estivesse tão chateada.

     — Eu não estou chorando. — Minto.

     — Seus olhos e suas bochechas estão vermelhos, e suas sardas estão todas aparecendo. Você não me engana, Lissy. — Ele diz ao se sentar bem do meu lado, jogando seus cabelos claros para trás e me avaliando mais de perto. – Além disso, não te encontrei em lugar nenhum lá em baixo, então imaginei que você pudesse estar aqui. E você só vem aqui quando... Bem, quando quer ficar sozinha. — Lippo completa, dando de ombros – ele me conhece e sabe que está certo.

     — Não é nada, Lippo. — Desconverso e tento disfarçar me focando ainda mais na minha tarefa. Se eu olhar pra ele, vai descobrir que estou mentindo. Só espero que meu tom de voz não tenha saído tão azedo quanto meus pensamentos.

     — Tem certeza? Você não tá com uma cara muito legal. — Ele diz, me cutucando com o ombro, mas continuo quieta, sem querer que ele saiba de mais uma das minhas derrotas. —Qual é Lissy, sou eu! Você sabe que pode me contar qualquer coisa. — Ele insiste e eu solto um suspiro, e a minha determinação de ficar de boca fechada sai junto com ele.

     — Foi a Rebecca! — Explodo, jogando no chão de madeira os lápis que eu segurava na mão e deixando as lágrimas encherem meus olhos outra vez — Ela rasgou os desenhos do projeto que eu fiz pra dar de presente de aniversário para o meu pai! Rasgou todas as folhas, na frente de todo mundo! Olha! — Mostro os pedaços dos papéis rasgados que estavam escondidos e meus lábios tremem — E ainda ficou dizendo o quanto eu era idiota e meus desenhos eram estúpidos. E que ela estava me fazendo um favor rasgando eles pra eu não ter que ver o  meu pai fazendo isso, porque ele ia odiar o meu projeto de qualquer forma!

Conto tudo pra ele de uma vez, tão rápido que quase embolei algumas das palavras que estavam presas na minha garganta.

Quando termino, estou sem ar e soluçando entre as lágrimas que não param de cair, me lembrando de ter sentido meu coração se rasgar junto com os papéis cada vez que aquela garota malvada despedaçava um deles bem na minha frente.

     — Ei, vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você. — Ele promete e seca minhas lágrimas suavemente com os polegares. — Vai ficar tudo bem, Lissy.

O som sereno de sua voz e seus braços ao meu redor me trazem segurança, me acalmam. As batidas do meu coração vão diminuindo de ritmo, minha respiração também. Em poucos minutos minhas lágrimas secam, e eu olho para cima, em busca dele, dos olhos dele.

     — O que eu vou fazer? Passei semanas trabalhando nesse projeto, Lippo, e agora não tenho nada para dar de presente de aniversário pro papai. Nada! — Choramingo com uma careta e as lágrimas ameaçam a voltar quando olho para os papéis rasgados, pensando no quanto papai vai ficar triste por não receber um projeto meu esse ano.

Quando percebo, Lippo já está lá, tentando de alguma forma montar os pedaços do papel rasgado como se fossem um quebra-cabeça. Assim como eu, ele logo percebe que não tem conserto, e a decepção e frustração que ele tenta esconder de mim quando volta a se sentar do meu lado, quase me levam às lágrimas outras vez.

     — Alice, me escuta. Você sabe por que a Rebecca rasgou os seus desenhos? — Ele pergunta com a voz gentil e me olha nos olhos.

     — Porque eles eram horríveis. Porque ela não gosta de mim. Porque ela e as outras crianças me acham esquisita. Eu não sei porque, Lippo, mas ela rasgou eles mesmo assim. – Nomeio com a voz trêmula alguns dos vários motivos que acho que fizeram Rebecca rasgar meu projeto, mas não tenho coragem de encarar o Lippo enquanto faço isso. Eu não quero que ele veja a minha insegurança refletida no meu rosto, ou o quanto me sinto desprezada e insignificante.

     — Não acho que ela não goste de você, Lissy, ou que pense alguma dessas coisas. Só acho que ela tem medo de você. 

     — Medo?

     — Sim, medo. Ela sabe que você é a garota mais incrível do colégio, e ainda por cima já faz projetos de arquitetura mesmo sendo tão nova! – Ele declara com um sorriso orgulhoso e depois retoma a minha tarefa, recolhendo os lápis de cor do chão antes de continuar - Ela rasgou seus desenhos porque eles eram ótimos, e ela sabe que nunca seria capaz de fazer algo tão legal assim. Rebecca tem medo de todo mundo perceber o quanto você é linda e especial.

Quando ele me diz essas coisas com tanto encantamento e doçura iluminando seus olhos, fico tentada a acreditar que suas palavras são verdade e que ele realmente pensa assim, mas aposto que só está tentando fazer eu me sentir melhor.

Lippo sabe da pouca fé e confiança que tenho em mim mesma, e está sempre tentando me convencer de que eu deveria me orgulhar de quem eu sou e das coisas que eu faço.

​     — Isso não faz nenhum sentido, Lippo! — Reclamo, franzindo a testa, e ele sorri com a minha confusão quando coloca os lápis de cor dentro do pote.

     ​— Vem, vamos fazer outro projeto pro seu pai. Eu vou ajudar você. — Ele se levanta e estende a mão pra eu pegar.

E eu a pego. Sem nem pensar duas vezes.


                                                                 ~

​     — Cara, ficou demais! —Ele comemora com um sorriso ao ficar de pé do meu lado. Parecemos dois idiotas admirando o nosso projeto recém terminado estendido no chão do meu quarto.

​     — Ficou mesmo! — Concordo com uma vozinha estridente e começo a saltitar, sem conseguir conter meu entusiasmo e Lippo ri ainda mais. — Muito melhor do que o que a Rebecca destruiu. Obrigada! Obrigada! Obrigada! – Pulo em seus braços e o abraço forte para agradecer pela ajuda.— Não sei nem como conseguimos fazer um projeto tão legal em tão pouco tempo! Quer dizer, claro que está bem longe de se parecer com um projeto profissional, mas ainda assim, ficou muito legal, não ficou? A janela que você colocou na lateral é perfeita para entrar luz natural. Eu nunca teria pensado em posiciona-la assim.

​     — Essa técnica é muito legal. Eu e meu pai estamos usando muito dela no nosso projeto. Tá ficando genial, Lissy! Quando estiver pronto, vou mostrar pra você. — Ele anuncia, todo empolgado.

​     — Você vai me mostrar? — Pergunto, me virando para ele completamente surpresa — Mas eu pensei que fosse um projeto, tipo, secreto. Você nem vem mais me encontrar na casa da árvore depois da aula para trabalhar nisso com seu pai! — Reclamo meio emburrada, deixando bem claro o quanto estou ressentida por não nos vermos mais tanto quanto antes. 

É claro que ele percebe, e me dá um sorriso convencido como forma de consolo.

​     — Claro que vou mostrar! Você é minha melhor amiga, confio em você totalmente. E mesmo sendo mais nova que eu, você até que tem talento... Para uma garota. — Ele me cutuca com o ombro, mas sei que só está me provocando. Posso ver o meio sorriso dele se esticando no canto da boca, os olhos brilhando, esperando eu retrucar. Sorrio também, sem deixar ele perceber, e então retruco, como ele esperava.

​     — Há há há. Muito engraçado! Justamente por ser quatro anos mais velho, já devia saber que as garotas são melhores que os garotos em tudo! — Provoco de volta e ele dá risada sem se dar ao trabalho de responder. Não quer estender a discussão garotas versus garotos porque sabe que vai perder.

Discutimos sobre tudo, e eu sempre ganho nossas discussões. Ás vezes fico pensando se eu sou mesmo a vencedora, ou se Lippo que me deixa vencer todas elas.

​     — Aí, quando eu te mostrar, você me diz o que achou, e se tiver alguma ideia legal, a gente pode acrescentar no projeto.

Fico sem saber o que dizer por um tempo, e continuo olhando fixo para o nosso projeto estendido no chão. Foi muito legal ele dizer que vai compartilhar comigo uma coisa que é tão importante para ele. Meu coração começa a bater forte quando penso nisso, mas sem saber realmente a razão. Olho para ele, que tem seus olhos em mim, e o sorriso dele é tão bonito que me faz sorrir também.

​     —Acho que não vai precisar acrescentar nada, Lippo. Tenho certeza de que já vai estar perfeito! — Afirmo, lançando um sorriso tímido para ele, mas ele me devolve um sorriso enorme e contagiante de volta. Sei que ele está orgulhoso do projeto que está fazendo com o pai.

​     — Vamos voltar pra festa, você tem que entregar o seu presente. — Ele me chama e me pega pela mão, mas eu não deixo ele me puxar ainda.

​     — Nosso presente. — Corrijo, e então deixo que ele me leve.


                                             ~


​     — Isso é pra você. — Ele me entrega um fichário de couro marrom escuro surrado, com as letras L.F. — as iniciais do nome dele — gravadas em cima quando voltamos para a casa da árvore.

​     — Seu fichário? — Pergunto, sem acreditar que ele quer me dar o fichário dele, onde ele guarda todos os seus desenhos e projetos.

​     — Sei que está usado, mas achei que você poderia guardar seus projetos em um lugar seguro, para que nenhuma Rebecca possa rasgar seus desenhos outra vez. Você é uma arquiteta nata, Lissy. Não deixe ninguém te convencer do contrário, tá legal?​

Quando ele termina de falar, empurra o fichário na minha direção, mas pulo em seus braços, pegando-o de surpresa com um abraço muito apertado de agradecimento pelo gesto carinhoso.

Pego o fichário das mãos dele e passo o dedo sobre as iniciais gravadas no topo. Decido não só que vou guarda-lo para sempre, mas também que vou manter aqui todo projeto especial que eu criar, protegendo-o do mundo, menos de Lippo.

​     — Você gostou? — Ele me pergunta, ansioso para saber a resposta.

Dou a ele o meu sorriso mais terno, e ele sabe. Ele saberia minha resposta mesmo se eu não dissesse nada, mas respondo mesmo assim.

​     — Eu amei! Obrigada.

Suas bochechas coram com o meu agradecimento e ele coça a nuca, sem jeito. Sorrio com a sua timidez. Queria que ele fosse capaz de entender o quanto eu gostei do presente e do quanto seu gesto significou para mim, mas só as palavras não vão ser suficiente.

Já sei!

Corro até o canto onde guardamos os materiais que usamos para os projetos e remexo em algumas caixas, procurando por um desenho em especial.

Quando o encontro, minha mente me leva para o dia em que o desenhei. Me lembro do quanto eu sentia a falta do Lippo naquele dia, sentada sozinha na nossa casa da árvore. Meus olhos ardiam pelas lágrimas que escorreram no caminho de volta da escola, depois que algumas garotas implicaram comigo, e tudo o que eu queria era que ele estivesse aqui para me abraçar e me acalmar com suas palavras. Queria que ele estivesse comigo nem que fosse em um desenho, então foi isso que eu fiz: desenhei nós dois na nossa casa da árvore, sentados um ao lado do outro de mãos dadas.

Eu quis, muitas vezes, ter dado esse desenho para o Lippo, mas sempre tive medo e vergonha. Por isso, eu o guardava bem escondido em meio aos nossos materiais, deixando que a sorte decidisse se Lippo o encontraria ou não. Mas hoje, depois de tudo que ele fez por mim, me sinto menos covarde, mesmo que só por um instante, para o entregar em suas mãos de uma vez por todas.

Lippo aparece do meu lado na mesma hora em que me virava para voltar até ele. Crio coragem para mirar seu rosto, mas meus olhos não são valentes o suficiente e logo caem de volta no papel que ainda tenho nas mãos.

​     — E isso é pra você. — Anuncio e entrego a ele a folha colorida, morrendo de medo de que ele perceba o meu segredo escondido por detrás do meu desenho, torcendo para que ele não descubra nada, mas acho que dá pra notar em todas as linhas, em todas as curvas e tons.

Lippo o pega, e assim como eu fiz, o avalia também. Percebo seus olhos se movendo para lá e para cá, observando cada traço, pegando todos os detalhes. De repente, se iluminam e, lentamente, vejo ele abrir um sorriso — o meu sorriso favorito no mundo — e apenas com isso, eu ganhei o meu dia.


                                                             *

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