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Em Uma Missão


Eu tinha marcado de me encontrar com Jess numa loja em Ipanema onde faço compras de vez em quando. Eu geralmente não preciso sair para fazer compras, uma vez que as lojas e estilistas teimam em mandar as peças direto para minha casa, mesmo que eu nunca tenha pedido por isso. Mas Jess insistiu para que eu viesse com ela, então resolvi atender seu pedido.

Ela chegou antes, mas avistei sua cabeleira escura no fundo da loja assim que entrei. Ela está concentrada, parecendo estar numa missão — exatamente como Carmem disse —, passando os cabides um depois do outro, analisando as peças meticulosamente e decidindo se gosta ou não. Dou uma risadinha me lembrando de Carmem me desejando boa sorte nessa "missão". E pelo visto, eu vou precisar.

Depois de alguns minutos olhando e experimentando algumas roupas, separo na minha arara as peças que vou levar. Mas, como de costume, estou sentada numa poltrona chique pelo que parecem horas, e enquanto uma funcionária da loja me entope de champanhe, observo Jess entrar e sair do provador para que eu dê minha opinião em, literalmente, todas as peças que ela experimenta. Todas as vezes que reclamo da sua demora, a resposta dela é a mesma: "Pra você é fácil escolher. Tudo fica bom! ".

Seria ótimo se ela não demorasse muito mais tempo com isso, caso contrário, vou sair dessa loja trocando os pés!

Insegurança e indecisão sempre estiveram presente em quase todos os aspectos da minha vida, mas estar à beira de um colapso nervoso por não conseguir decidir entre o vestido preto ou o azul-marinho — que são exatamente do mesmo modelo — é ridículo!

Reviro os olhos diante da indecisão absurda de Jessica e resolvo ajuda-la com seu problema. Levanto-me da poltrona e caminho em sua direção, pego o vestido preto das mãos da vendedora e mais algumas peças que ficaram ótimas em Jess — mesmo ela não tendo acreditado em mim quando a elogiei — e coloco tudo na arara dela. Lanço um sorriso para a vendedora quase como se quisesse parabenizá-la pela sua paciência, e esperamos para fazer o pagamento    

Com seus longos cabelos lisos e negros chegando até a cintura, seu corpo violão e rosto de boneca, Jess é simplesmente deslumbrante, mas tem uma autoestima baixíssima. Não que eu fique dizendo como todos os olhares se voltam para ela quando ela anda por aí, mas, mesmo se eu dissesse, ainda assim ela não se convenceria do quanto é bonita.

Por causa disso, faz tudo o que os outros exigem, e dança conforme a música de quem ela quer agradar. Para sorte dela, ela passa a maior parte do seu tempo tentando impressionar apenas uma pessoa: eu. O problema é quando eu não estou por perto, e Mônica, que pode muito bem ser comparada com um demônio, faz de Jess seu verdadeiro capacho.

No caixa da loja, entrego meu cartão para fazer o pagamento e, enquanto espero conferindo meus e-mails no celular, percebo que a moça franze o cenho e lança um olhar confuso para a tela do computador. Segundos depois, ela limpa a garganta e se remexe no banco onde está sentada. Inspira e expira algumas vezes, olha para mim e diz num sussurro:

​     — Me desculpe, Alice. Eu sinto muito ter que te pedir isso, mas você poderia fazer a gentileza de passar o cartão mais uma vez? O sistema do nosso computador deve estar com algum problema. — A moça parece mortificada, e disfarça o pânico de precisar me fazer esse pedido com um sorriso gentil.

​     — Claro! — Sorrio para diminuir o desconforto óbvio que ela está sentindo. Eu entendo seu pavor: sei muito bem da minha fama, mas eu não preciso fazer jus à ela aqui, com essa moça. 

Depois de várias tentativas frustradas e de todos os meus cartões serem recusados, decido fazer uma ligação para o meu banco. Meus cartões nunca foram recusados antes, e não entendo porque é que isso está acontecendo.

Tenho consciência de que estou vermelha de vergonha, mas, sendo quem eu sou, é preciso manter a pose. Por isso, peço licença, caminho até um lugar privado da loja como se eu fosse a dona do mundo e aguardo na linha enquanto o telefone chama.

​     — Omar Braga. — Escuto a voz do responsável por todas as contas bancárias da minha família do outro lado da linha.

​     — Boa tarde, Senhor Omar. Aqui é Alice Vega.

​     — Senhorita Vega! Que prazer! Como vai a Senhorita?

​     — Bom, não tão bem. Estou numa loja tentando fazer um pagamento, mas todos os meus cartões estão sendo recusados. Imagino que o Senhor tenha uma explicação para isso. — Falo, tentando manter a calma.

​     — Senhorita, por um acaso conversou com seu pai hoje?

​     — Não. — Respondo, confusa. — Mas o que isso tem a ver com o fato de os meus cartões estarem sendo recusados? — Pergunto, passando o peso do corpo de um pé para o outro, e quando olho pra trás, pego várias pessoas tentando ouvir a minha conversa.

Que ótimo!

Essa história já não está me cheirando bem, e a última coisa que eu preciso é de gente intrometida bisbilhotando a minha vida.

     — Talvez o fato de o Senhor Vega ter vindo ao banco hoje pela manhã e cancelado todas as suas contas, e não ter conversado com a senhorita a respeito, tenha alguma coisa a ver com isso.

Espera aí, ele disse que o meu pai cancelou minhas contas? Eu devo ter entendido errado.

​     — Me desculpe Senhor Omar. Acho que não entendi o que o senhor quer dizer.

​     — O seu pai veio hoje pela manhã ao banco e cancelou todas as suas contas, Senhorita Vega. — Ele confirma.

Minha ficha demora alguns segundos para cair e, quando cai, minha boca cai junto. Eu, com certeza, nunca, jamais, esperava uma atitude tão drástica da parte do meu pai.

 ​    — ELE O QUÊ? — Dou um berro dentro da loja, e sinto ter atraído vários pares de olhos na minha direção. Decido culpar o champanhe pela minha falta de educação e limpo a garganta antes de tentar de novo.

​     — Ele o quê? — Pergunto forçando um sorriso, mesmo sabendo que ele não pode me ver. 

O Senhor Omar suspira do outro lado da linha, sem fazer questão de esconder seu aborrecimento.

​     — Talvez seja melhor discutir esse assunto com seu pai, senhorita. — Ele sugere, impaciente. Impaciente demais para quem provavelmente ganha toda a sua comissão em cima das contas da minha família.

De repente começo a pensar que a inesperada irritação do Senhor Omar se deve, justamente, porque ele não vai mais ganhar nenhum centavo ás nossas custas.

​     — Ele cancelou todas as contas da família, Senhor Omar?

​     — Não, senhorita. Apenas as suas.

Desfeito o engano, não sei se fico aliviada ou ainda mais chocada do que estava segundos atrás.

Desligo o telefone, inspiro fundo e, como se tivesse tudo sob controle, caminho até o caixa da loja onde costumava fazer compras. Costumava... no passado. Afinal, sabe-se lá se algum dia eu poderei entrar nessa loja novamente.

​     — Me desculpe, houve um problema no meu banco. Meus cartões não serão aprovados hoje. — Anuncio, empurrando as sacolas de volta para a vendedora.

     — Ora, imagine! — intervém a gerente com simpatia, empurrando as sacolas em minha direção. — Não se preocupe com isso, Alice. Como uma de nossas clientes mais importantes, faço questão que leve as roupas. Não vestiriam tão bem em mais ninguém! Não é por causa de uma bobagem eventual como essa que você vai deixar de levar as peças. É uma honra vê-la usando nossas roupas. 

Uau! Por essa eu não esperava.

    — Muito obrigada pela compreensão e gentileza, mas isso não vai ser necessário. — Explico com um sorriso forçado — Eu realmente não preciso dessas roupas para nenhuma ocasião especial, só estava acompanhando minha amiga Jess. Tenham uma boa tarde.

Saio ás pressas da loja, tentando fugir o mais rápido possível dessa situação constrangedora enquanto Jess vem correndo atrás de mim, carregando um monte de sacolas em cada mão.

​     — Alice, espera! 

Paro na calçada e espero ela me alcançar.

​     — Ei, você saiu da loja correndo, e nem ouviu quando eu me ofereci para pagar por suas compras. Se você quiser, podemos voltar lá agora mesmo.

​     — Não, Jess. Tá tudo bem. Além do mais, perdi até a vontade de usar aquelas roupas. — Bufo — Mas obrigada mesmo assim.

Jess me olha desconfiada.

     ​— O que foi aquilo com os cartões? Te conheço há séculos e isso nunca aconteceu com você antes. Foi muito engraçado quando recusaram o cartão da Mônica na LaRouge-Belle, porque ela deu um ataque dentro da loja, mas com você é só... estranho. Tá tudo bem? Com o dinheiro, quero dizer.

É claro que ela quer saber se eu ainda sou rica. É como se ser rica fosse um pré-requisito para fazer parte da minha galera.

     ​— Foi o meu pai. Ele foi hoje de manhã ao banco e cancelou TODAS as minhas contas! Dá pra acreditar nisso? Ele deve estar tentando me punir ou algo assim, porque me recuso a ir trabalhar com ele na Vega. —Reviro os olhos, mas ela parece aliviada por saber que a minha família ainda possui contas muito rechonchudas no banco, mesmo que eu, particularmente, esteja na miséria.

Nem Jessica e nem ninguém além da minha família sabe dos reais motivos da minha recusa em ir trabalhar na Vega. Ela deve achar que eu simplesmente não quero trabalhar e estou revoltada com a insistência do meu pai.

     — Como ele pôde fazer isso comigo? — Jogo os braços para o alto enquanto protesto no meio da rua — Se meu pai acha que vou mudar de ideia só porque ele cortou os meus cartões de crédito — e de débito! - bom, ele está muito enganado! O que ele está pensando? Que tenho 16 anos? — Reclamo, indignada, e cruzo os braços na frente do peito com a cara emburrada, exatamente como uma garota de 16 anos. Ao perceber isso, descruzo os braços imediatamente.

     — Tá legal. — Diz Jessica, dando risada do meu chilique público — Te entendo, gata. Ninguém merece ficar na seca de grana, mas acho melhor a gente sair do meio da rua, porque tenho quase certeza que vi alguém fotografando.

Saco! Detesto esses paparazzi! Como meu pai é um arquiteto renomado e dono de uma das maiores empresas de construção civil e engenharia do Brasil, ele ficou bastante conhecido não só por aqui, mas também em outros países. E como sou filha dele, eles vivem atrás de mim quando não têm nada melhor pra fazer.

Não é raro eu encontrar notícias sensacionalistas sobre mim em algumas revistas: "Alice Vega e Bruna Marquezine são vistas fazendo compras no mesmo shopping", "Alice Vega usa vestido exclusivo Monique Lhuillier em festa", "Alice Vega almoça com a mãe em restaurante da zona sul do Rio de Janeiro". Tipo, quem não vai ao shopping ou almoça com a mãe no restaurante? Isso é ridículo, eu nem sou artista!

Me viro para todos os lados tentando encontrar alguém entre as vitrines das lojas e vejo um cara magricela de boné azul escuro com uma câmera na mão, tentando se esconder atrás de um arbusto do outro lado da rua.

     ​— Droga! Era só o que me faltava! — Resmungo.

Puxo Jess pela mão e saímos em disparada na direção do estacionamento, olhando pra trás o tempo todo, me certificando de que o carinha não está vindo atrás da gente. Quando chegamos e temos certeza de que o fotógrafo não nos seguiu, ela abre as portas traseiras do carro dela, que está estacionado ao lado do meu, e joga suas sacolas de compras lá dentro.

​     — Só espero que ele não encontre a gente aqui, ou eu seria capaz de voar no pescoço dele! - Rosno, mas Jess só ri ainda mais da minha desgraça.

     —​ Que bom que eu te divirto, Jessica! — Lanço a ela um olhar mortal que a faz parar de rir no mesmo instante e estremecer. Jessica morre de medo de me irritar. Eu não estou irritada de verdade, mas é assim que as pessoas estão acostumadas a me verem reagir e me comportar. 

​     — Ah! Já estava me esquecendo de te contar. — Começa com um sorriso aliviado por poder mudar de assunto — O Léo chegou da França, você sabia? A Mônica e o Edu foram buscar ele no aeroporto ontem.

Sim, eu sabia. O Léo é meu ex-namorado. De todos os caras com que já me envolvi, o Léo foi o único com quem eu tive — mesmo — um relacionamento. Ficamos juntos por quase dois anos e, pouco tempo depois de terminarmos o namoro, ele se mudou para a França para estudar Gastronomia. Uma viagem que ele estava adiando havia tempo.    

Nunca deixamos de ser amigos, e por insistência dele, nos falávamos pelo menos uma vez a cada dois ou três meses enquanto ele estava lá. Nada sobre voltarmos o namoro ou algo assim, era só para saber se estava tudo bem com o outro.

O Léo é aquele cara lindo e charmoso, que te faz derreter só com um olhar certeiro dos seus olhos castanhos claros e brilhantes, ou com uma jogada dos cabelos ondulados perfeitamente bagunçados para trás. É óbvio que o corpo sarado e o jeito leve e descontraído que ele tem de chegar nos lugares e saber que todo mundo acha ele o maior gostoso também trabalham muito a seu favor. É extrovertido, popular, rico e dirige o carro esporte do momento: o pacote completo — algumas garotas diriam.

Mas, mesmo depois de quase dois anos de namoro, eu nunca senti meu coração acelerando quando ele chegava perto de mim, e nem arrepiava os pelos do corpo quando ele me tocava. E esses, na verdade, foram os motivos que me levaram a ter mais um segredo escondido a sete chaves: eu ainda sou uma virgem idiota.

Não é que eu seja uma puritana, ou que eu esteja me guardando para o dia do meu casamento - longe disso! É só que eu nunca gostei da ideia de ficar tão vulnerável assim, de me entregar inteira para alguém, ainda mais para alguém que eu não amasse. Depois de um longo relacionamento e de muito esforço para gostar do Léo da maneira que uma namorada deveria gostar do seu namorado, cheguei à conclusão de que nunca seríamos mais que amigos.

​     — Alice? Tá viajando de novo? — Jess estrala os dedos na frente do meu rosto e me traz de volta para a realidade.

​     — É claro que eu sabia, Jess! Esqueceu que ainda somos amigos? Ele me mandou um e-mail contando que chegava essa semana. — Respondo casualmente, como se o retorno do Léo fosse a coisa mais banal do mundo.

​     — Olha só, talvez esse lance de "ainda sou amiga do meu ex" esteja dando certo pra você, mas o Léo com certeza pensa diferente. O Edu me disse que ele tá louco pra te ver, e que a primeira coisa que fez quando se encontraram no aeroporto foi perguntar por você! — Diz com os olhos brilhando e um sorriso enorme de pura satisfação.

Jess sofreu mais com o término do meu namoro com o Léo do que eu. Não que eu tivesse sofrido com o término do nosso namoro, mas ainda assim...

Dou a ela o meu trigésimo revirar de olhos do dia, aumentando ainda mais o sorriso em seu rosto.

​     — Isso não quer dizer nada demais, só que sentiu saudades. — Dou de ombros — Assim como sentiu de você, da Mônica, do Edu...

​     — Aham, tá legal. Tá bom, vou deixar você aí convencendo a si mesma dessa desculpa ridícula e vou pra casa me preparar para hoje á noite. Todo mudo vai se reunir no Bar do Copa para ver o Léo. Encontro você lá mais tarde?

​     — Não sei se é uma boa ideia. E eu acabei não comprando nada para usar.

​     — Você tá de brincadeira, né? O que não falta é opção para escolher dentro do seu closet gigante! Essa desculpa não vai colar! — Ela cruza os braços. — Por favor, Alice! Você sabe como fico perdida se você não tá junto comigo. — Pede, juntando as palmas das mãos numa súplica.

​     — Talvez eu possa pegar um dos panos de limpeza de Carmem. Com os acessórios certos, tenho certeza que o transformo num vestido maravilhoso! — Brinco.

​     — Melhor os panos dela do que as roupas, porque aquela lá não tem nenhum senso de moda! — debocha entre risadas e me deixa furiosa, mas disfarço bem a minha raiva e não deixo nada transparecer, como de costume — Mas o Léo vai adorar mesmo se você for usando nada, tenho certeza. — Completa com um sorriso e uma piscadinha antes de entrar em seu Mini Cooper e abrir os vidros dianteiros.

​     — Te espero lá hoje a noite, Alice. Promete não furar dessa vez? Não é a mesma coisa sem você. — Ela insiste com um beicinho antes de me jogar um beijo no ar, dar a ré e ir embora.

Espero que ela não conte muito com a minha presença, ainda mais depois do que ela insinuou sobre o Léo. Será que ele tem mesmo alguma esperança em reatar o nosso namoro agora que está de volta?

Ai, Deus! Espero que não!

                                                                     *

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