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Afrodite e Eris


Nove meses foram mais do que o tempo necessário para que Alessandra começasse a amar seu primeiro filho mais do que tudo no mundo. A gravidez foi perfeita, mas não o mundo ao redor da mais nova mamãe. Sexto Paraíso não parecia ser uma cidade justa para aquela jovem adulta que carregava uma vida em si. Seus pais a expulsaram de casa e a obrigaram a casar com o pai da criança, mesmo os dois ainda não estando prontos para isso - e nem mesmo para a gravidez. Na época, o casal estava desempregado e o marido apenas conseguia pequenos "bicos" para poderem pelo menos pagar o mínimo de comida e aluguel para os dois, a esposa não podia trabalhar, mas tentava ajudar fazendo doces caseiros e vendendo no trem.

Após o nascimento da criança, assim como o milagre da vida, a vida deles começou a melhorar. O marido conseguiu um emprego fixo, que mesmo não pagando muito, era muito melhor do que todos os bicos que ele havia feito até então. Os pais do marido, por dó, deram à eles uma casa pequena de apenas dois cômodos, que era muito melhor que pagar aluguel. A criança nasceu saudável e isso fez com que o casal se animasse cada vez mais com o futuro na frente deles e pela primeira vez em anos, eles sentiram que Sexto Paraíso havia os abençoado com felicidade e saúde... Porém, essa cidade agia de modo misterioso para as coisas mais simples.

Oito anos foram mais do que o tempo necessário para que Alessandra começasse a odiar seu marido mais do que tudo no mundo. Por mais que as coisas melhoraram financeiramente e eles conseguiram até comprar uma casa um pouco melhor que a anterior, todo o resto decaiu como um castelo de cartas em um dia ventoso. Brigas se tornaram rotina para o casal, o que afetava o bem-estar do filho de ambos mais do que afetava à eles mesmos.

"Ódio e amor ficam em lados opostos, mas são a mesma moeda" foi o que a mãe de Alessandra disse à ela quando o pai dela disse que a odiava por ter engravidado, isso ficou preso na cabeça de Alessandra de modo que ela não conseguia ter a força para se separar do marido. "Eu o odeio, mas ainda o amo, não quero desistir dele" é o que passava pela cabeça dela sempre que as brigas se tornavam físicas. O filho começou a ficar do lado do pai durante as brigas, talvez por manipulação do pai, afinal, ele era o único quem colocava dinheiro em casa e não seria difícil comprar uma criança com brinquedos e doces, por causa disso, o filho agora tinha medo da mãe sempre que ele a via. O coração de Alessandra se partia toda vez que ia abraçar o filho e ele se encolhia como um cachorro recém-nascido.

A esposa estava decidida de que precisava quebrar o controle do marido para o bem do próprio filho, mas mais uma vez a cidade iria pregar uma peça nela.

Sete horas da manhã era o horário que Alessandra acordava todos os dias e naquela vez não foi diferente. O horário de acordar não estava diferente, mas sim todo o resto sem que ela percebesse. Era comum ela acordar e o marido já ter ido para o trabalho, então levantar da cama sozinha se tornou parte do dia-a-dia. Ela seguiu sua manhã como qualquer outra pessoa seguiria, mas ao tentar preparar seu café da manhã, Alessandra acabou cortando seu próprio dedo. Não era um corte preocupante, ou sequer grande, mas ela não queria que o sangue pingasse em sua comida. Ao abrir a gaveta de esparadrapos, curativos e sprays para dor, ela pegou algum band-aid qualquer e o colocou em seu dedo.

A manhã passou e Alessandra começou a perceber que havia algo de errado. Talvez fosse o "instinto de mãe", mas ela sentiu que algo havia acontecido com seu filho. Ela correu até o quarto do filho apenas para perceber que ele não estava lá, mas o quarto estava todo arrumado. Ele não estava em lugar algum da casa. Aquela não era a primeira vez, por várias vezes o pai da criança o levava para sair sem avisar a esposa, então a preocupação de Alessandra diminuiu um pouco. "Talvez ele o levou para o trabalho mais uma vez" foi o pensamento que fez com que a mãe preocupada conseguisse descansar.

Seis horas se passaram sem nenhuma notícia do pai e filho, mas o que não faltava eram ligações de Alessandra para o marido. Ligações que nem sequer chamavam. Ela tentou se acalmar e se distrair com tudo que havia em casa, mas a casa já estava toda arrumada e nem sequer a louça ela tinha para lavar, até que decidiu que sair de casa seria uma opção menos torturante.

Enquanta caminhava pelo centro de Sexto Paraíso, o dedo da mãe preocupada voltou a sangrar, não por causa do corte, mas sim pelas inúmeras vezes que Alessandra mordeu o dedo por nervosismo, então ela precisou ir até uma farmácia para comprar um novo curativo. Lá ela encontrou uma velha amiga, dona de uma loja famosa na cidade e tendo a vida totalmente oposta da dela. Raquel, a amiga conhecida como "esposa perfeita" bombardeou Alessandra com perguntas do dia-a-dia, perguntas que não foram criadas para machucar, mas para essa mãe elas eram mais cruéis do que ver o próprio filho chorar depois de apanhar. A atendente da farmácia entrou na brincadeira cruel de perguntas pessoais e perguntou porque Alessandra nunca mais havia comprado curativos com eles. Elas estavam sendo impiedosas com sorrisos no rosto. A entrevistada involuntária não estava mais aguentando aquilo, então sem ligar para o que pensariam dela depois, ela saiu correndo daquela farmácia sem nem ao menos pagar pelo curativo.

A ligação com o marido ainda não conectava e a esposa começou a tremer de medo, mas ainda não o suficiente para chamar a polícia.

Cinco dias pareciam ter passado desde o sumiço do filho de acordo com Alessandra, mas era difícil contar quando não se dorme. A mãe preocupada começou a ligar para todos da família e conhecidos do casal para tentar localizar o marido. A única coisa que a poupava do total pânico era ainda não ter recebido a notícia de que algo pior havia acontecido com os dois. Àquele ponto Alessandra já tinha quase certeza de que o marido havia apenas fugido dela e com isso, sequestrado seu filho.

Por diversas vezes ela tentou ligar para a polícia, mas eles disseram que não a ajudariam, talvez por acharem que aquilo era apenas uma briga entre casal. Ela tentou investigar sozinha para onde os dois teriam ido ou quem da família do marido tinha entrado em contato com ele, mas todos fingiam ignorar a preocupação dela, alguns até mesmo chamaram ela de louca e falaram para ela ser internada em um manicômio. A mãe em pânico achava que em todos esses anos o marido transformou ela em uma antagonista para a família dele, assim ninguém seria contra quando ele finalmente se separasse e ficasse com o garoto.

Talvez por piedade, Sexto Paraíso deu uma dica para que ela pudesse sair de seu tormento de mãe. Enquanto ela procurava por mais dinheiro em casa para comprar comida - mesmo tendo suas refeições sempre servidas nos horários certos - ela percebeu que uma certa chave não estava no lugar de sempre. A chave da primeira casa deles, o pequeno cômodo que os pais do marido deu à eles por dó havia desaparecido da casa. Alessandra saiu correndo de casa, carregando apenas um estilete para caso ela precise se defender do marido. Ela estava, enfim, pronta para trazer seu filho de volta.

Quatro litros de gasolina eram tudo que havia no carro de Alessandra e aquilo teria que ser o suficiente, porque ela não havia dinheiro algum para colocar mais. Naquele momento, dinheiro era a última coisa que passava pela cabeça da mãe desesperada, afinal, ela avançou alguns sinais vermelhos sem se importar com a própria vida. "Meu filho é a minha vida e se ele morrer, eu morro junto" foi o que Alessandra gritou quando o filho precisou tomar a primeira vacina, então o que ela estava fazendo agora era algo que ela já sentia dentro de si desde que a criança foi concebida.

A antiga casa ficava cada vez mais próxima, mas ela sentia que toda a sua felicidade que ela sentiu nos últimos anos ia ficando cada vez mais longe. Enquanto ela pensava em arrependimentos, pela primeira vez nesses últimos dias, Alessandra viu que o marido a estava ligando.

Três minutos foi o tempo que ficaram no telefone. Durante toda a ligação, Alessandra sentia como se o tempo tivesse ficado mais lento, dando à ela um tempo maior de pensar no seu próximo plano. Ignorando tudo que o marido dizia, a mãe conseguiu depois de muito esforço, convencer o pai a se encontrar com ela sozinho em algum lugar pouco longe da casa. Ela contou que estava dirigindo apenas para ir ao hospital, então o marido achou que ela ainda estava longe da casa.

O plano de Alessandra era aproveitar que o marido havia deixado o garoto sozinho e ir tomá-lo de volta. Ela sabia que o garoto com certeza havia sido manipulado e torturado psicologicamente - e talvez fisicamente - pelo pai a ponto dele acreditar que a mãe era a vilã, mas ela teria que ser forte e ignorar as vontades falsas do filho.

Dois quarteirões de distância da casa onde essa família plantou seu amor, Alessandra viu o marido pela janela do carro, mas ela não parou. Ela achou que ele não havia a visto, então ela acelerou ainda mais. A ansiedade estava tomando controle de todo o seu corpo. Ela não estacionou no lugar certo quando chegou na casa, nem ao menos desligou o carro quando saiu, tudo que ela queria naquele momento era o filho. Sirenes podiam ser ouvidas à distância, mas isso não fez a mãe parar de gritar pelo nome de seu filho para que ele abrisse a porta para ela.

Dentro de casa, o garoto estava assustado, Alessandra falava com ele atrás da porta com uma voz que ela acreditava ser carinhosa e doce, apesar do desespero dela. O garoto tremia a cada palavra dita por sua mãe e ele começou a chorar no momento que ela começou a bater na porta violentamente, do mesmo modo que ela batia na porta do quarto dele quando ela estava pronta para o surrar. Alessandra era o motivo do filho ter pesadelos quase todas as noites, dele ter curativos por quase todo o corpo e por ele ter implorado para o pai para fugirem da própria mãe há alguns meses.

Um delírio levado longe demais fez com que Alessandra acreditasse em coisas que apenas ela acha que viveu. Ela nunca foi agredida por seu marido, nunca foi deixada de lado e nunca nem sequer foi expulsa de casa quando engravidou, tudo foram criações de uma mente desequilibrada.

Após anos sofrendo abuso e vendo o filho ser espancado periodicamente, Joaquim, o marido, chamou a polícia, um advogado e decidiu morar longe da esposa por um tempo. O marido sempre acreditou no amor e no início não se abalava pelos transtornos da esposa, sempre à ajudando pagando consultas ao psiquiatra e à todos os remédios que ela precisava. Ele acreditou que ela melhoraria, mas após ver abuso atrás de abuso ao seu próprio filho e à si mesmo, ele precisou chamar a polícia.

Entendendo a situação psicológica de Alessandra, a polícia e o marido combinaram de à internarem por alguns meses. Talvez pela primeira vez na vida, nesses meses o filho nunca precisou colocar um curativo em seu corpo, mas os traumas causados por sua mãe já haviam se tornado profundos. A polícia fez um acordo de nunca levar as coisas que ela diz muito à sério, pois já haviam entendido os limites que essa mulher não tinha. Após ela voltar de seu tratamento, mesmo não morando mais com a esposa, Joaquim voltava em casa diariamente para cuidar das medicações, arrumar a casa e dar uma ajuda financeira, mas Alessandra agia como se nunca o visse. Até mesmo no dia em que ela dizia que o filho havia sido sequestrado, o marido estava lá o tempo todo fazendo o trabalho de casa para que a esposa não precisasse fazer um esforço maior do que o necessário.

Por anos vivendo do lado de uma pessoa ilógica, Joaquim aprendeu como amenizar as crises de Alessandra, mas em algum momento as coisas saíram bastante do controle. Diversas vezes a esposa tentou matar o marido ou o próprio filho, e sempre que falhava, tentava tirar a sua própria vida, por isso era sempre necessário ter diversos curativos e remédios em casa. Quando Alessandra criou em sua cabeça o suposto sequestro, já haviam feito meses desde que o marido havia se mudado com o filho. Aquela havia sido a primeira crise dela em semanas, então Joaquim não achou que seria algo grande de início.

Após finalmente admitir a existência do marido, Alessandra começou a orquestrar seu plano para "salvar" seu filho. Joaquim, um coitado apaixonado, acabou se animando demais com a ideia da esposa parar de ignorá-lo e finalmente falar com ele, que ao ir comprar o bolo favorito da esposa na padaria ali perto, se descuidou e acabou deixando as chaves do carro de fácil acesso para Alessandra. Desesperadamente o pai ligou para a esposa, tentando de todas as maneiras parar o avanço dela até o garoto. Ele achou ter conseguido marcar com ela em um lugar pouco longe dali, mas sabendo do que sua esposa é capaz, ele também ligou para a polícia de imediato. Mesmo ele chegando no local o mais rápido possível usando aplicativos de transporte, a esposa mais uma vez o ignorou completamente e não parou o carro.

O devaneio de alguns dias - ou anos - de Alessandra foi mais do que tempo necessário para que ela tratasse o ódio pelo marido e pelo filho como sua realidade. No mundo que sua cabeça criou, o marido dela era o grande vilão que deveria ser morto no ato final, mas ela sabia o que faria sofrer como ela sofreu por todos esses anos. Dia após dia ela precisava ver o rosto da criação de todo o abuso e sofrimento que ela achou aturar. Ela faria o oposto com o marido.

Poucos minutos depois que Alessandra chegou na casa, a polícia chegou no local junto com Joaquim. Ele havia chamado a polícia logo após de ligar para ela, mas quando ele a viu passando de carro, o marido começou a correr o mais rápido possível em direção à casa. Sexto Paraíso tentou ajudá-lo fazendo-o encontrar com a polícia no meio do caminho, mas quando chegaram, viram que o carro de Alessandra tinha sido jogado na entrada da casa, derrubando a porta e deixando a casa aberta para a mãe alucinada.

Enquanto o marido corria em direção à sua família, ele sentiu o peso de todo a vida que Sexto Paraíso havia lhe dado. O marido vivia como Afrodite, enquanto a esposa vivia como Eris. Ele sempre soube que algo iria acontecer, mas decidiu acreditar no seu sentimento e no seu otimismo. Era como a contagem regressiva de uma bomba que ele não deixaria explodir. O mundo parou para o marido e todos os pensamentos dele desapareceram assim que eles viram através da porta do quarto do filho. O número de pessoas vivas naquele quarto ficaria para sempre na cabeça do marido, assim como aquela família ficará para sempre na história de Sexto Paraíso.

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