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14-Petúnia

Lais suspirou profundamente, olhando para o volante do carro com um misto de frustração e desânimo. Não acreditava que isso estava acontecendo. Não agora, pensava. O céu, nublado e pesado, parecia refletir seu estado de espírito. Ela tinha a sensação de que a qualquer momento tudo ao seu redor poderia desabar, e, ali estava ela, sozinha, em meio a uma estrada deserta. A situação não poderia ser mais improvável. Quando já estava quase se entregando ao desespero, ouviu o ronco de um motor distante.

A moto surgiu na curva, aproximando-se lentamente até parar ao lado do fusca. Lais levantou os olhos e viu o loiro, que sorriu de forma amigável.

— Precisa de ajuda aí? — perguntou ele, a voz carregada de curiosidade.

— Acredito que sim.

O olhar de Gabriel percorreu o fusca antigo, parado como se também estivesse exausto da viagem.

— Eu achei que já tinha aposentado essa lata velha.

— Não fale assim da Petúnia, ou você vai ferir os sentimentos dela — Lais retrucou com um sorriso divertido. Gabriel riu, com um brilho de nostalgia nos olhos, lembrando-se de quando a avó de Lais ainda estava viva e o fusca sempre estava por perto, com seu nome carinhoso que a velha senhora dera ao carro.—

— Certo, certo... Não falo mais nada — disse ele, levantando as mãos em sinal de rendição. — Mas vamos ver se consigo detectar o problema.

Lais observou Gabriel enquanto ele descia da moto, ajeitando o capacete com um movimento rápido e, logo em seguida, se abaixava para dar uma olhada no motor do fusca. Ele examinou o capô com atenção, mexendo aqui e ali, murmurando palavras desconexas sobre carburação e velas, como se a máquina estivesse apenas esperando um toque mágico para voltar à vida. Lais se sentou no banco do motorista, observando-o em silêncio.

— Eu realmente não sei o que aconteceu — ela disse, mais para si mesma do que para ele. — O carro estava funcionando perfeitamente ontem. Só parei para pegar algo rápido na loja e agora... nada.

Gabriel se levantou e olhou para ela, seu rosto sério, mas com um sorriso brincando nos lábios.

— O fusca tem a mania de ser temperamental, já percebeu isso? Ele não gosta de ser ignorado. Talvez precise de um pouco de atenção, como todos nós.

Lais riu baixo, um pouco aliviada pela leveza na conversa, e se levantou para dar uma mãozinha. Eles começaram a trabalhar juntos no fusca, com Gabriel explicando o que ele estava fazendo. Mesmo com as mãos sujas de graxa e a tensão no ar, algo na situação parecia... confortável. As palavras entre eles se tornaram cada vez mais frequentes, com pequenas piadas e risadas escapando de vez em quando. À medida que o tempo passava, Lais sentia como se a estrada deserta e o céu cinza não importassem tanto assim.

Depois de alguns minutos, Gabriel se afastou e deu um tapinha no capô do fusca, que de repente fez um barulho característico, como se tivesse acordado de um longo sono.

— Aí está! Acho que o problema era só uma falha na bobina de ignição — disse ele, sorrindo satisfeito, mas com uma expressão seria.—

Lais olhou para ele, surpresa, antes de soltar uma risada aliviada.

— Você é bom no que faz, hein?

Gabriel deu de ombros, com um sorriso tranquilo.

— Eu sou bom em muitas coisas querida.

— Convencido!

— Às vezes, a gente só precisa de um empurrãozinho. O importante é que você vai conseguir seguir viagem.

Ela olhou para o fusca, agora funcionando perfeitamente, e então para ele, com um brilho nos olhos.

— Eu devia te agradecer por isso. Mas, acho que já sei como te recompensar... — ela fez uma pausa, o tom mais brincalhão, como se sugerisse algo.

Gabriel a olhou com curiosidade, o sorriso se alargando.

— E o que você sugere, então?

Lais se aproximou, os olhos fixos nos dele, antes de dar um sorriso misterioso.

— Um café? Só porque você salvou a Petúnia, e acho que ela merece uma recompensa também.

Ele riu, e os dois seguiram até a moto, com uma nova conexão entre eles, como se a estrada deserta não fosse tão solitária depois de tudo.

— Ok, eu vou aceitar... Assim podemos conversar com calma... tem duas coisas que eu preciso falar com você.— disse Gabriel, subindo na moto e ajustando o capacete. — Eu vou te seguir devagar, por precaução. Não quero ver a Petúnia desolada do nada, por sentir saudades da minha beleza.

Lais soltou uma risada divertida e revirou os olhos, mas não pôde deixar de sorrir.

— Muito engraçadinho... — ela respondeu, antes de entrar no fusca. Ligou o motor e olhou para trás, vendo Gabriel atrás dela, como um protetor improvisado da velha Petúnia.

Com o ronco do fusca e o som suave da moto, ambos começaram a seguir pela estrada. A viagem foi tranquila, o som do motor misturado ao barulho da chuva fina que começava a cair, criando um ambiente quase melancólico, mas confortável. A cidade parecia cada vez mais distante, e o ritmo dos dois, um mais lento e cuidadoso, o outro ágil e seguro, parecia equilibrado.

Logo, o restaurante El Touro apareceu à frente, uma construção simples, mas de aparência acolhedora. Lais estacionou nos fundos, perto da garagem privada da casa, e desligou o motor do fusca. Gabriel fez o mesmo, estacionando a moto ao lado dela. O clima estava mais frio, e a chuva fina que começara a cair tornava o ambiente ainda mais tranquilo.

Ele desceu da moto rapidamente, procurando abrigo, e Lais, com um gesto gracioso, abriu a porta da casa e entrou, sinalizando para que ele a seguisse.

Gabriel se acomodou no banco e Lais foi logo colocando agua no fogo para fazer o café.

— Então, o que te trouxe até uma estrada deserta com um fusca teimoso? — ele perguntou, quebrando o silêncio que se instalara.

Lais olhou para ele, um sorriso leve nos lábios.

— Eu tinha esquecido o fusca lá no estacionamento do concurso, e me ligaram para pegar ou ele seria guinchado... Esse fusca era a relíquia da minha avó, ela ganhou do meu avó como pedido de casamento.

— Acho que já ouvi essa historia... Sua avó me falou quando eu trabalhei na padaria. — Gabriel falou com um amplo sorriso.—

— Mas então, o que você queria falar comigo? Você disse que tinha duas coisas para falar comigo.

— Na verdade são três. — disse sorridente para a morena que tinha os olhos vidrados no café.—

— E oque seriam?

— Primeiro... Você precisa de um carro novo e decente para andar pela cidade. Não pode ficar andando de um lado para o outro com a doida da Petúnia. Ela não tem mais idade para tantas emoções e aventuras. Precisa de uma boa manutenção, porque as peças dela estão todas antigas... Vai ser um gasto. — Gabriel suspirou. — Segundo, quero falar sobre a reforma da padaria.

— O que houve? Algum problema? — Lais perguntou, preocupada.

— Como já discutimos, a sua propriedade é antiga, um patrimônio histórico, mas boa parte da estrutura foi danificada... Eu, meu pai e a Milena nos reunimos para avaliar a situação, e como já tínhamos comentado, a melhor solução vai ser a demolição.

— Eu já imaginava isso. — Ela respondeu, com calma, como se já estivesse se preparando para essa notícia.

— Pois é... Mas tem um detalhe. Se demolirmos, talvez não consigamos o financiamento da prefeitura para o projeto. Então eu queria propor algo diferente. Eu gostaria de bancar a reforma da padaria.

Lais olhou para Gabriel, surpresa, com os olhos arregalados, tentando processar o que acabara de ouvir. Não esperava essa oferta.

— Bancar a reforma? Você está falando sério? Isso é uma ajuda... enorme. Eu não posso aceitar uma coisa assim.

— Eu sei. — Gabriel assentiu com um sorriso. — Mas a padaria também tem um valor sentimental para mim. Eu cresci lá, com a sua avó, com você. A reforma seria algo importante, e se eu puder ajudar com isso, seria um prazer. Não seria uma doação, mas um investimento. E você ficaria responsável por toda a parte administrativa e pelas decisões. Eu vou cuidar de toda a reforma, vou contratar a melhor equipe, e você não vai precisar se preocupar com nada. E quando tudo estiver pronto e o negócio começar a prosperar, aí a gente senta para conversar sobre isso de novo.

Lais estava sem palavras. A ideia de ele financiar todo o projeto parecia um sonho distante, algo que ela nunca imaginaria que pudesse acontecer. Ela respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos.

— E o que mais? 

Gabriel sorriu, dessa vez com um toque mais misterioso.

— O terceiro ponto... Eu estava pensando em algo mais pessoal. Algo que não tem nada a ver com a padaria ou o carro, mas com você e comigo. Acho que podemos retomar o que ficou pendente, o que nunca teve fim. Se você estiver disposta... Mas, claro, eu sei que você tem muito com o que se preocupar neste momento. Sei que ficar pensando em um loiro chato da infância, que roubava seus beijos no jardim da padaria, deve ser a última coisa na sua cabeça.

Lais corou imediatamente ao lembrar daqueles momentos, surpresa com o comentário de Gabriel, que parecia ter voltado no tempo. Ela não sabia o que responder e ficou um tempo em silêncio.

— Gabriel, eu... — Ela começou, mas não conseguiu terminar a frase.

— Eu sei que você vai inventar mil desculpas, e mil pretextos, mas eu te dou o tempo que você precisar para pensar em todas as minhas propostas. — Ele sorriu, enquanto se levantava e ia desligar o fogo do café. — Agora, eu queria te pedir um favor.

Lais o observava com uma expressão confusa.

— Um favor? — Ela perguntou, sem entender.

— Isso. — Gabriel disse com um sorriso descontraído. — Amanhã à tarde, eu preciso me encontrar com um cliente importante em San Tarantino. Ele é italiano, e a esposa dele é brasileira... O meu português não é dos melhores, e eu sei que você pode me ajudar. Será que você poderia ir comigo? Assim, você pode fazer companhia para a esposa dele, enquanto um amigo e eu tratamos dos negócios.

O comentário de Gabriel pegou Lais totalmente de surpresa. Ela piscou algumas vezes, sem saber o que dizer. A ideia de estar com ele novamente, depois de tantos anos, parecia algo inesperado, mas ela também sabia que seria difícil recusar.

— Eu... Não sei o que dizer. — Ela respondeu, pensativa. — Isso é realmente... inesperado.

— Eu sei. — Gabriel deu um sorriso travesso, como se estivesse esperando por essa reação. — Mas você não precisa se preocupar com nada... Vai ser um jantar onde vamos falar exclusivamente de negócios... Mas seria importante se tivesse alguém que falasse português fluente, para me ajudar, e me acompanhar.

Lais hesitou por um momento. O que ele estava sugerindo parecia simples, mas ao mesmo tempo carregava uma certa tensão, como se fosse um passo a mais em algo que ela não sabia se estava pronta para dar.

—Tudo bem, sem problemas... Eu posso ir com você até San Tarantino... É o mínimo depois de tudo o que tem feito por mim.

Gabriel sorriu, aliviado, e deu um leve aceno com a cabeça, como se aquele pequeno acordo fosse uma vitória. Lais ainda estava tentando processar tudo o que havia acontecido nos últimos minutos. O convite para ir com ele a San Tarantino parecia uma desculpa para reavivar uma conexão que, até então, ela pensava que já estava enterrada no passado. Mas havia algo no jeito de Gabriel que a fazia querer se abrir, mesmo sem saber exatamente o que isso significava.

— Obrigado, Lais. Você não tem ideia de como isso vai me ajudar. — Ele disse com um tom sincero, quase como se estivesse reconhecendo o quanto ela estava fazendo por ele, mais uma vez. — Eu te mando as informações mais tarde, tudo direitinho. Não se preocupa com mais nada.

Ela assentiu, ainda sem saber muito bem o que pensar. O que parecia ser uma simples ajuda com a língua tinha muito mais camadas, e ela não podia deixar de se questionar se Gabriel também estava se preparando para algo mais.

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