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Capítulo 9 - A Promessa

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As horas pareciam minutos para Lola e Denis, e agora, subiam um elevador privado do jardim do hotel, que os levariam ao topo da Torre Eiffel. Óbvio que não era a mesma de verdade, e sim uma réplica menor. Contudo, a ideia do hotel era transmitir o romance de Paris e seu ambiente natural. Por isso a torre foi construída.

Quando chegaram ao topo, Denis disse:

— Era aqui que eu gostaria de conhecer.

— É lindo! — Lola exclamou.

O pôr do sol se encontrava ao norte ao lado de inúmeras nuvens espalhadas pelo céu. Havia vários prédios e dava para ver a movimentação da cidade de Las Vegas. Na torre, não havia nada de especial a não ser barras de ferro para segurança. Os dois apoiaram-se nas barras com os ombros relaxados e contemplaram o entardecer juntos. Talvez este tenha sido o momento mais sincero de suas vidas, onde eles se conheceram profundamente e puderam dizer a diferença um do outro. Foi um momento marcante e importante.

— De volta ao que eu estava dizendo, Denis. Ainda não me abri totalmente com você. — ela o olha e ele retribui. — Eu te amo, Denis. Sei ser muito cedo, mas é que eu nunca fui tão aberta assim com mais ninguém na minha vida. Parece que já nos conhecemos há tanto tempo! Gostamos exatamente das mesmas coisas, porém, temos nossas diferenças. — ela fala.

Talvez estivesse sob o efeito do álcool, mas estava sendo verdadeira de coração e alma.

— Eu sei, Lola. Eu também te amo. Quero que você siga sua vida mesmo que eu não esteja nela, e mesmo que não fiquemos juntos, espero que para sempre tenhamos a amizade um do outro, porque perder um vínculo tão especial com alguém como você, me faria uma pessoa infeliz.

Lola lhe retribuiu com um olhar de pena.

— Eu nunca vou te abandonar, Denis. Perto ou longe, sabe que você sempre terá a minha amizade! — ela cola seu rosto com o dele. Ambos fechando os olhos e guardando aquele momento em suas mentes.

— Você também sempre terá a minha amizade! — ele lhe garante. Envolveu-a em seus braços e eles ficaram por um tempo desse jeito.

Lola lhe deu um beijo e aquele era de fato diferente. Um beijo triste, mas cheio de paixão e sentimentos. Talvez fosse um beijo de recordação. No fundo, sabiam que o futuro não seria fácil. Ela ainda pensava se ele a pediria em namoro, e então ela induziu ao assunto:

— Denis, o que você pensa que vai acontecer daqui há cinco anos? O que você planeja? — ela o pergunta, com os olhos suplicantes.

— Se fosse planejar um futuro com você, eu iria querer ter uma família.

Ela se sentiu lisonjeada e surpresa. Nunca quis ter filhos, disso ele já sabia, mas ela nunca rejeitou a opção de poder adotar uma criança. Lola sorriu, mas depois perguntou, séria:

— E se fosse sem mim? O que você faria?

— Eu... — ele pensou. — Sem você eu iria me concentrar no trabalho. Iria me formar e abrir uma empresa, ou trabalhar como design gráfico ou não sei. Só sei que, se eu conhecesse outra pessoa, provavelmente não sentiria o mesmo com ela do que sinto com você.

Aquelas palavras eram gasolinas alimentando cada vez mais o desejo e o amor de Lola. Era como se ele conseguisse fazê-la se derreter por ele a cada segundo, e não parecia tentar seduzi-la. Suas palavras eram reais e sentimentais.

— O quê você imagina que vai acontecer? — ele rebate.

— Acredito que você vai se apaixonar por outra melhor que eu, porque tenho muitos defeitos e sou difícil de se lidar, e eu, bem... Ainda não sei o que eu quero na vida. — ela disse, um pouco triste.

— Lola, você não pode me julgar desse jeito. Acho que tudo acontece por um motivo e, mesmo que você vá, ainda podemos continuar nos falando, certo? Eu teria um relacionamento à distância com você.

Ele tocou exatamente no ponto-chave.

— Eu também teria um relacionamento à distância com você! — ela o cortou, pois, ele ia continuar a falar.

Os olhos de Denis brilharam.

— Você não se importa com a distância? Seriam 6 horas.

— Eu acho que quando realmente se ama, a distância não é um problema.

Denis sorriu. Agora ele tinha certeza de que ela aceitaria!

— Lola, não quero partir seu coração e não quero que você parta o meu. Faremos um acordo, pode ser? — ele a pediu.

Lola estranhou. — Acordo? Que acordo?

— Eu quero que você seja a minha namorada, mas não posso privar você de conhecer novas pessoas em San Diego. Provavelmente, haverá caras interessados em você.

— Mas eu não vou estar interessada neles... — Lola tentou dizer, mas Denis interrompeu. Ele estava inseguro.

— Todos tem uma pequena atração por alguém. Eu não sou o cara mais bonito do mundo, e existem tantas pessoas por aí que ainda não conhecemos e estão para cruzar com o nosso caminho... Eu acho que Deus está reservando incríveis momentos para você, Lola. Sinto isso em mim, aqui dentro. — ele coloca sua mão em seu coração.

— E o quê tudo isso quer dizer? — Lola lhe perguntou com os olhos carregados de lágrimas, mas nenhuma se atreveu a cair.

— Eu quero que seja da vontade de Deus. Preciso saber que você será feliz sem mim, e se um dia retornar vou saber que ficaremos juntos. Eu acredito em Deus, e acredito no destino. Se for para que meu amor lhe ensine algo, quero que ensine isto. — Denis disse com a maior gentileza e pureza possível.

Lola ainda não entendia muita coisa, então concluiu:

— Você pensa que o destino irá nos juntar de novo? Você não acha que é provável que nós mesmos tenhamos que lutar para ficarmos juntos? — ela lhe pergunta.

Denis assentiu. — Não quero que se apaixone por ninguém, Lola. Você ainda não me conhece tão bem...

— Me fale todas as coisas que eu deveria saber sobre você... — ela lhe pede, com disforia.

— Sou egoísta, orgulhoso e possessivo, mas eu nunca, nunca, te magoaria ou te machucaria.

— Pois é, Denis, eu posso não gostar desses defeitos, mas eu sei que eu te quero! Eu sei que existem muitas pessoas por aí, mas agora, somos só eu e você. — ela pega em sua mão. — Eu também tenho meus defeitos e você os conhece.

— Eu acredito que amo até seus defeitos, Lola. Não acho que sejam tão ruins quanto os meus.

Ela sorri. — Vai me dizer que você adoraria cuidar de alguém tão irritante como eu?

— Não vejo problema nenhum... Mas, voltando ao assunto. Esqueça o acordo, veja isso como uma promessa.

Promessa... — ela pensou.

— Vamos colocar na mão de Deus. Você vai morar em San Diego e seguir com a sua vida e tentar se apaixonar. Terá uma vida normal. Eu também vou viver normalmente, me concentrando no que eu sempre quis fazer. Vamos manter a amizade, porque eu ouvi falar que sem amizade, não existe o amor.

Lola começou a aderir à ideia.

— Concordo com você. Mas essa promessa deve ter um prazo! — ela o adverte.

— Claro! — ele concordou e pensou. — Vamos esperar que você tenha idade o suficiente, torne-se uma adulta.

— Acredito que idade não condiz com a maturidade.

— Mas julgo que você ainda não é madura o suficiente, Lola. Acredito que há coisas em você, que sentem curiosidade de viver ao máximo.

Lola sentiu isso dentro de si, também. Era incrível como ele a conhecia completamente. Não sabia exatamente o que exploraria, mas talvez supôs que fosse melhor esperar o tempo lhes dizer, e ela não se sentiu ofendida por Denis. 

— E você julga que você é maduro o suficiente? — ela duvidou.

— Não. Ainda tenho 17. Não saí do orfanato e ainda não conheci pessoas de fora. Sei que Deus também guarda muitas coisas para mim.

Ela assentiu, com um pequeno aperto em seu coração.

— Eu tive uma ideia. Vamos nos dar um tempo e continuar nossa amizade. Se você continuar sendo você quando sair do orfanato, me mande uma carta. — ela lhe dá uma dica.

— Eu escreveria para você todos os dias. — seu olhar sedutor lhe entregou.

— E eu o responderia sempre! — ela lhe garantiu.

— Então, se por acaso nós sentirmos falta um do outro, podemos nos reencontrar um dia. — Denis falou enquanto fazia carinho nos ombros de Lola.

— Claro! Aonde?

— Que tal... — ele ia dizer, mas ela o interrompeu.

— Deixa eu adivinhar: Na praia! — ela exclama com entusiasmo.

— Pode ser. — ele ri.

— Se você realmente me quiser, vai ter que se esforçar mais que isso, Denis. — arqueia uma sobrancelha. — Vai ter que estar lá antes do entardecer. Não vou te esperar quando anoitecer... — ela lhe dá um sorriso galanteador e orgulhoso, mas estava adorando a promessa.

— Isso virou uma promessa, ou aposta? — ele ri.

— Um pouco dos dois...

Os dois riem. Ela só estava jogando com as mesmas cartas.

— Eu aceito essa promessa! — ele disse, pegando em suas mãos.

— Que bom, porque eu também aceito... — ela aproxima seu rosto do dele e os dois beijam-se até que a tarde vai embora e a lua começa a ficar mais aparente.

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