(🏁) . capitulo vinte e um.
Ângelo Mancini.
engenheiro automobilístico.
Em 1990, o mundo se rendia ao futebol de Diego Maradona. Ele não era apenas o capitão da seleção argentina, ele era o coração e alma do time, o cara que poderia virar uma partida com um único toque na bola. Maradona era, sem dúvida, o melhor jogador da sua geração. Seu nome estava em todas as manchetes, sua presença em campo era hipnotizante, e ele carregava nas costas a esperança de uma nação inteira.
Eu não sabia bem o que pensar quando soube que Marli estava com Diego Maradona.
O relacionamento entre eles foi mantido em segredo, como tantos outros na vida dela. Mas logo percebi que ela estava se entregando a esse romance secreto, mantendo tudo em sigilo, talvez até para proteger sua própria imagem, para proteger a imagem da mulher que todos conheciam como aquela que foi de Ayrton Senna.
Maradona era um reflexo perfeito disso. O melhor jogador do mundo, mas, para Marli, ainda uma distração temporária.
Ele era o melhor no que fazia, sem dúvidas, mas eu sabia que ela ainda estava à procura de algo que não podia ser substituído por ninguém, por mais lenda que fosse. O que Maradona representava para o mundo era muito diferente do que ele representava para ela.
Em 1990, Diego era uma lenda, mas para Marli, a lenda que realmente habitava seu coração ainda vestia o macacão da Fórmula 1.
( . . . )
Eu nunca cheguei a conversar com o Maradona. Na verdade, ele nunca foi sequer apresentado a nós, a família Mancini. Tudo o que sabíamos sobre ele vinha de boatos, dos jornais e das revistas, mas nunca tivemos a chance de realmente entender o que estava acontecendo entre ele e a Marli.
Eu sempre soube que ela estava se afastando, que ela estava tentando encontrar algo novo na Argentina, e, de certa forma, Diego foi esse algo. O futebol, a fama, o carisma dele... tudo isso atraiu a Marli para um mundo diferente, um mundo distante do que ela conhecia, mas eu ainda acreditava que ela estava tentando lidar com algo muito maior e mais profundo: a ausência de Ayrton.
O relacionamento deles nunca foi algo aberto. Eles se mantiveram bem longe dos holofotes, o que para Marli, naquela época, parecia ser fácil. Eu acho que, no fundo, ela não queria mostrar a ninguém que estava tentando se curar de uma dor.
Quando começamos a escrever a biografia da Marli, sabíamos que havia capítulos da sua vida que seriam difíceis de acessar. O relacionamento com Diego Maradona foi um desses. A história deles, apesar de ter sido algo mantido em segredo por tanto tempo, não podia ser ignorada. Então, decidimos tentar entrar em contato com ele, na esperança de que, com o tempo e com a distância, ele estivesse disposto a falar sobre o que havia acontecido entre eles.
Na época fizemos a tentativa de entrar em contato com o Maradona, esperando que ele fosse ao menos oferecer sua versão dos fatos, como muitos outros já haviam feito. Mas ele se recusou a participar. Não quis dar nenhum depoimento, nem mesmo confirmar ou negar o relacionamento.
Anos depois, durante uma reforma no antigo apartamento de Marli na Argentina, algo surpreendente foi encontrado: uma coleção de objetos pessoais que ela havia deixado para trás. O local, que já havia sido desocupado e aparentemente esquecido, revelou um pedacinho do passado que ninguém esperava encontrar.
Entre as coisas jogadas nas caixas e os móveis cobertos de poeira, estavam fotos, cartas e até peças de roupa que Maradona havia deixado ali.
As fotos eram íntimas, mostrando momentos descontraídos, felizes, como se nada tivesse a ver com o tumulto da mídia ou as intrigas que envolviam o relacionamento deles na época. As cartas, escritas à mão, continham palavras carregadas de emoção, algumas de amor, outras de despedida. Elas não eram apenas palavras de um ídolo futebolístico para uma modelo famosa; eram registros de um amor que, por mais secreto que fosse, tinha sido genuíno.
Havia também peças de roupa que ele havia deixado por lá, camisas e jaquetas, que, com o tempo, se tornaram símbolos de algo que Marli havia deixado para trás.
Marli, ao descobrir aquilo, não demonstrou surpresa.
Esses registros, guardados e então revelados ao mundo, mostraram uma Marli que não era apenas uma modelo ou a esposa do piloto, mas também uma mulher que vivera intensamente, com seus amores e desamores, suas perdas e reconciliações, e agora, com os anos passados, essas lembranças eram tudo o que restava daquela história.
"Marli, cuide-se, por favor, e se algum dia precisar de algo, pode contar comigo. Sempre.
Com carinho, Diego."
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