(🏁) . capitulo vinte e sete.
Marli Mancini
modelo.
Quando criança, meu maior sonho era casar em um castelo, com um vestido de princesa que arrastasse pelo chão. Imaginava meu príncipe encantado chegando em um cavalo branco, sorrindo pra mim como nos contos de fadas. Depois, partiríamos para o castelo da Cinderela, onde viveríamos felizes para sempre. Era uma fantasia doce, daquelas que a gente cria quando ainda não entende o que é o amor de verdade.
Eu não tinha um castelo, nem um vestido pomposo naquela pequena capela em Angra dos Reis, mas, assim que entrei e vi Ayrton no altar, esperando por mim ao lado do padre, me senti exatamente como a menina que sonhava com aquele dia.
Não havia cavalo branco, só o som suave do mar ao fundo, mas o olhar dele... O olhar dele tinha tudo o que eu precisava.
Aquele instante foi o meu felizes para sempre. Não pelas flores ou pelo cenário perfeito, mas porque ali, com ele, tudo fazia sentido. O Ayrton não era um príncipe encantado das fantasias, mas ele era meu. Meu amor, meu parceiro, meu lar. Eu olhei para ele e soube que, em qualquer lugar do mundo, com ou sem castelo, ele seria o único com quem eu quisesse dividir a vida inteira.
Algum tempo depois, Ayrton me contou o quanto estava nervoso naquele dia. Ele falava com um sorriso tímido no rosto, daquele jeito único que só ele tinha, misturando a seriedade com um encanto juvenil.
Disse que, enquanto esperava na capela, mal conseguia se manter parado. Olhava para o chão, depois para o teto, como se cada detalhe do ambiente fosse capaz de distraí-lo, mas seus olhos sempre acabavam voltando para a porta de entrada.
Ele ria enquanto relembrava, dizendo que tinha medo de que eu mudasse de ideia, que eu decidisse não entrar. Cada vez que ele olhava para o relógio, parecia que o tempo estava mais lento. "E se ela não vier?", ele confessou ter pensado, meio brincando, meio sério.
Quando cheguei ao altar, o mundo pareceu desaparecer ao meu redor. A única coisa que existia era Ayrton, ali na minha frente, me olhando com tanta intensidade que eu sentia como se ele estivesse me vendo por completo.
O padre começou a falar, e eu segurei a respiração enquanto ele se dirigia a Ayrton.
——— Amado filho, diante de Deus, você se compromete a amar, ser fiel, honrar e proteger sua esposa, respeitando-a em todas as circunstâncias da vida, seja na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença?
Ayrton respondeu sem hesitar, sua voz firme e cheia de certeza.
——— Sim.
Então foi minha vez. O olhar dele estava em mim, a intensidade só aumentava. O padre me olhou nos olhos, e a pergunta parecia pesar tanto quanto a primeira.
——— Amada filha, diante de Deus, você se compromete a amar, ser fiel, respeitar e honrar seu marido, em todos os momentos de sua vida, seja na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença?
Eu respirei fundo, e com uma calma inesperada, respondi.
——— Sim.
O padre sorriu, uma expressão serena e tranquila, e então disse as palavras finais:
——— Eu os declaro marido e mulher, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O que Deus uniu, que o homem não separe. Até que a morte os separe.
As alianças foram colocadas, e antes mesmo de o padre terminar as palavras, Ayrton me puxou para perto de si, sem hesitar, e me beijou com a intensidade de quem já havia esperado tanto por esse momento. Não havia mais palavras a serem ditas; o gesto falava por nós dois.
Casamos sozinhos, sem grandes cerimônias, apenas com a presença de duas pessoas que, para nós, eram tão importantes quanto o próprio ato: Ângelo e Galvão, nossas testemunhas. A capela silenciosa foi nossa única testemunha além deles.
Eu poderia ter imaginado um casamento mais grandioso, com muitas pessoas ao redor, mas naquele instante, com ele ao meu lado e a promessa de uma vida juntos, não havia nada mais perfeito.
( . . . )
Ficamos naquela chalé aconchegante de frente para o mar, com o som das ondas quebrando suavemente contra a areia. O clima era tranquilo, como se o mundo lá fora não existisse, e só nós dois importássemos. Ayrton, com seu sorriso leve, já não me chamava mais pelo nome, apenas de "senhorita Senna".
Às vezes, falava em tom de brincadeira, fazendo piadas sobre o novo título que agora eu carregava, mas eu achava tudo uma graça.
A brisa suave da praia trazia um aroma salgado enquanto o som das ondas quebrando suavemente embalava a cena. Eu estava na pequena varanda coberta de areia, com o olhar perdido no horizonte, quando de repente ouvi a voz de Ayrton, suave e carregada de cumplicidade.
——— Senhorita Senna...
Ele murmurou essas palavras de forma brincalhona, com aquele sorriso que sempre conseguia fazer meu coração bater mais rápido.
Antes mesmo de eu responder, ele se aproximou e, com um movimento suave, me envolveu em um abraço por trás. Senti o calor do seu corpo contra o meu, e por um instante, o tempo pareceu desacelerar, como se o mundo ao nosso redor fosse irrelevante.
Eu, ainda com o sorriso no rosto, brinquei. ——— Será que já devo trocar meu nome nas revistas?
Ayrton, riu baixinho, mas com aquele brilho de diversão nos olhos. ——— Com certeza.
Ayrton, com um sorriso travesso, não me deu tempo de protestar. Sem aviso, me pegou no colo com uma facilidade que parecia natural para ele. A sensação de ser envolvida pelos seus braços fortes me fez rir, mas o que veio a seguir foi totalmente inesperado.
Ele começou a correr pela areia da praia, seus pés tocando levemente o chão enquanto o som das ondas e o vento tornavam tudo ainda mais mágico.
Eu, rindo e gritando seu nome, não consegui evitar o desespero divertido de não saber o que ele planejava.
——— Beco! ——— exclamei, rindo e me agarrando a ele, mas já sabia que estava perdida na alegria daquele momento.
Quando ele finalmente parou à beira da água, sem hesitar, ele nos jogou dentro da água gelada.
A água salgada nos envolvia enquanto nos segurávamos, e o calor da nossa proximidade superava o frio do oceano. O som das ondas quebrando no litoral parecia um pano de fundo perfeito para as palavras que saíam de seus lábios.
Eu me afastei um pouco, olhando nos olhos dele, sentindo o coração bater mais rápido.
——— Diz que é real, que você é real ——— pedi, como se aquela realidade pudesse se dissipar a qualquer momento, como um sonho bom que eu não queria acordar.
Ayrton, com seu sorriso confiante e tranquilo, me puxou mais para perto e respondeu com a certeza que sempre trazia consigo.
——— Casa comigo de novo.
Eu ri, sem acreditar no que estava ouvindo.
——— Acabamos de casar ——— respondi, tentando, talvez, encontrar alguma lógica naquele pedido, mas sem querer deixar de acreditar que ele realmente falava sério.
——— Eu quero casar de novo, eu quero te ver vestida de noiva todos os dias ——— ele disse, com um tom tão genuíno que meu coração se derreteu.
Eu sorri, e minha voz saiu suave, como um sussurro entre nós dois. ——— Vamos casar todos os dias?
——— Vamos! ——— Ele respondeu, com a convicção de que, sim, seria possível transformar todos os dias em uma celebração do nosso amor, sem fim.
E assim, naquele momento, com o som das ondas ao fundo e a suavidade do pôr do sol, eu soube que ele estava falando a verdade: para nós, o casamento não era uma única data, mas uma promessa eterna, renovada a cada dia.
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