(🏁) . capitulo vinte e oito.
Marli Mancini.
modelo.
Era março de 1993, e o Brasil celebrava mais uma vitória de Ayrton no Grande Prêmio. A festa estava vibrante, as luzes iluminavam o local e a energia era contagiante. As pessoas ao redor estavam eufóricas, mas para mim, naquele momento, tudo parecia irreal, como se a noite fosse só nossa.
Ayrton estava radiante, com aquele sorriso dele que só ele tinha, o tipo de sorriso que sabia que podia me fazer derreter, me fazia sentir que, mesmo em meio à multidão, era só nós dois. A vitória dele era algo grandioso, mas a felicidade dele de ter me ao seu lado naquela festa era ainda maior.
Ao chegarmos perto do bar, avistamos Ron, que estava sentado em um canto, bebendo e olhando para a televisão. Ele levantou a mão e nos chamou, com aquele sorriso irreverente que já conhecíamos bem.
——— Olha se não é o senhor e a senhora Senna ——— disse ele, apontando para a tela da TV.
Nos aproximamos um pouco mais e seguimos seu olhar.
Na tela, estava a reprise da vitória de Ayrton na segunda temporada de 1993. A emoção daquela conquista estava ali, de volta, no brilho das imagens que a TV exibia, e a sensação de triunfo se renovava no ar.
Ayrton sorriu para Ron, já se acostumado com esse tipo de saudação, mas seu olhar logo se voltou para a tela, observando com atenção a si mesmo, como se revivesse aquele momento. Para ele, cada vitória era única, mas ver sua própria corrida sendo reprisada tinha algo especial.
——— É engraçado como essas vitórias nunca saem de cena ——— ele comentou, com um tom leve. ——— Cada vez que vejo essas imagens, me sinto renovado, como se estivesse começando tudo de novo.
Eu o olhei, sabendo o quanto essa vitória significava para ele. Sabia que, embora para o mundo fosse apenas mais uma corrida, para nós, naquela noite, era um lembrete de como tudo tinha mudado, como nossa vida juntos estava se desenrolando em meio às vitórias, à luta e ao amor.
——— Você continua brilhando, Beco ——— respondi, com um sorriso. ——— Sempre vai ser assim.
Ele riu, um riso tranquilo, e, com a mão ainda entrelaçada com a minha, voltamos a prestar atenção na TV, onde sua imagem continuava, imortalizada no momento da vitória.
Ron se virou para Ayrton, segurando um copo de whisky com firmeza, embora o tom de sua voz denunciasse uma mistura de seriedade e exasperação.
——— Você é o piloto mais caro da Fórmula 1 ——— começou ele, sem rodeios. ——— E é merecido. Eu quero que você fique na equipe, mas o melhor piloto precisa do melhor carro.
Era um discurso que não era novidade para nenhum de nós. Desde a temporada passada, Ron vinha mostrando sinais de inquietação com a situação contratual de Ayrton. Ele adorava tê-lo na McLaren, isso era inegável, mas também sabia que Ayrton, com seu talento e ambição, precisava explorar outros horizontes.
Ayrton manteve sua postura tranquila, mas seus olhos revelavam que ele já tinha ponderado sobre tudo aquilo antes. Ele respondeu, direto como sempre.
——— Eu assinei com você.
Ron soltou um riso seco e balançou a cabeça, apontando para Ayrton com o copo.
——— É, um contrato de uma corrida só. Um contrato por etapa. Você acha que isso me dá tranquilidade, Ayrton? É como se eu precisasse te reconquistar a cada GP.
Eu observava em silêncio, ao lado de Ayrton, sentindo o peso daquela conversa, mas sem intervir.
——— Ron ——– respondeu Ayrton, com um tom calmo, mas firme. ——— Eu sei o que estou fazendo. Quando não fizer sentido para mim, você será o primeiro a saber.
Houve um momento de silêncio. Ron não era de se calar facilmente, mas também sabia que Ayrton sempre tinha suas razões, mesmo que nem sempre as revelasse.
———— Eu só quero que você tenha o carro que merece, Ayrton.
Ayrton olhou para Ron, um sorriso de canto surgindo em seu rosto, enquanto segurava minha mão. Ele brincou, mas com aquele tom característico de provocação.
——— Ainda não perguntou o que á minha mulher acha disso, Ron.
Ron virou-se para mim, o copo ainda na mão, levantando uma sobrancelha como se já soubesse a resposta.
——— Ela concorda, tenho certeza. Não é porque é sócia da McLaren que vai discordar. Se há alguém que entende a importância de você ter o carro certo, é a senhora Senna.
Eu ri baixinho, mas não disfarcei o tom irônico na resposta. ——— Você está certo, Ron. Eu concordo. Ayrton merece o melhor carro, e eu quero o melhor para ele. Mas isso não significa que ele não sabe exatamente o que está fazendo.
Ron balançou a cabeça, dando um gole em seu drink.
——— Vocês dois... sempre jogando no mesmo time. É por isso que funciona.
Ayrton apertou minha mão com firmeza e me lançou um olhar de cumplicidade antes de responder.
——— É por isso que vencemos, Ron.
( . . . )
Enquanto a música preenchia o ambiente e as luzes da festa refletiam nos copos e nos sorrisos ao redor, eu estava distraída, girando lentamente meu drink na mão, até sentir a presença familiar ao meu lado. Ayrton, com aquele ar charmoso e olhar travesso, inclinou-se ligeiramente na minha direção, fingindo não me conhecer.
——— Você é muito bonita... Está sozinha?
Sorri, já sabendo onde ele queria chegar, mas entrei no jogo. Levantei a mão, exibindo minha aliança reluzente.
——— Eu sou casada.
Ele fez uma expressão exagerada de surpresa, como se a notícia o tivesse desarmado.
——— Casada? Com quem?
Meu sorriso aumentou, e eu respondi com um ar de orgulho. ——— Com o melhor piloto daqui! O Senna, conhece ele?
Ayrton inclinou a cabeça, fingindo pensar por um instante, e depois abriu aquele sorriso irresistível. Ele se inclinou um pouco, como se quisesse criar suspense na resposta.
——— Senna, hein? Ouvi falar dele, sim. Dizem que é rápido... mas será que ele é tudo isso?
Eu ri, brincando junto, enquanto girava a aliança no dedo, ostentando com orgulho. ——— Ele é ainda melhor. Ganhou no Interlagos de 1991 e 1993, acredita?
——— Poxa, e eu aqui achando que tinha alguma chance. Mas sabe de uma coisa? Ele é um cara de sorte.——— Ayrton colocou a mão no peito, fingindo indignação.
——— Ah, é? Por quê?
Ele deu um passo mais perto, os olhos brilhando com aquela intensidade que só ele tinha, e murmurou.
——— Porque ele é casado com a mulher mais bonita dessa festa.
Antes que eu pudesse responder, ele se inclinou e me beijou, nossos lábios se encontraram. O beijo foi suave, cheio de afeto e cumplicidade, como se o tempo ao redor tivesse parado.
Por um momento, a música e as vozes ao nosso redor desapareceram, deixando apenas nós dois ali, conectados. Quando nos afastamos, ele segurou meu rosto com as mãos, os olhos brilhando de felicidade.
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