(🏁) . capitulo trinta e quatro.
Marli Mancini.
modelo.
Apoiada nos travesseiros, enquanto o telefone descansava entre meu ombro e o rosto, ouvi a voz da minha mãe do outro lado, cheia de carinho, mas também de preocupação.
——— E quando o bebê nascer, Marli? Você acha que o Ayrton vai parar de correr?
Soltei um suspiro baixo, já esperando essa pergunta. Era algo que todos pareciam querer saber, mas eu já tinha minha resposta.
——— Não, mãe. Ele não vai parar... e sabe de uma coisa? Eu não me importo.
Houve um silêncio momentâneo do outro lado da linha, como se ela estivesse processando minhas palavras.
——— Tem certeza disso? A Fórmula 1 é perigosa, minha filha. E com um bebê, as coisas mudam.
Olhei para o teto por um momento, tentando escolher as palavras certas.
——— Eu sei, mãe. Mas o Ayrton nasceu pra correr. É a paixão dele, o que o faz ser quem ele é. E eu acredito que, mesmo com o bebê, ele vai continuar sendo dedicado. Acho que ele vai ser como o meu pai.
Ela soltou um riso suave, mas nostálgico.
——— Seu pai... Ele sempre conseguia equilibrar as coisas, não é? A paixão dele pelo trabalho e o amor pela família.
——— Exatamente. Papai nunca deixou de amar o que fazia, mas sempre esteve presente pra gente. E acho que o Ayrton vai ser igual. Ele vai dar o máximo de si pra ser o melhor piloto, mas também vai ser o melhor pai.
Minha mãe suspirou de leve, e sua voz veio mais suave, como se já aceitasse o que eu dizia.
——— Eu espero que você esteja certa, minha filha. Você sabe o quanto eu quero que vocês sejam felizes.
Sorri, segurando a emoção.
——— Vamos ser, mãe. Ele já ama esse bebê tanto quanto ama correr. Eu sei disso.
E naquele momento, mesmo com todas as incertezas, eu senti uma confiança silenciosa no futuro que estávamos começando a construir juntos.
Desliguei o telefone, ainda sorrindo das palavras da minha mãe, quando Ayrton se acomodou ao meu lado. Ele se deitou, descansando a cabeça na minha perna, e me olhou com aquele brilho tranquilo no olhar que só ele tinha.
——— Como vai a senhora Senna e o bebê Senna?
Passei a mão pelo cabelo dele, deixando meus dedos deslizar entre os fios, enquanto meu coração parecia aquecer só de ouvir o jeito carinhoso como ele falava.
——— A senhora Senna está bem... E o bebê Senna também.
Ele sorriu, aquele sorriso de canto que me derretia, e virou um pouco a cabeça para me encarar melhor.
——— O bebê já falou com você hoje? Alguma novidade?
Ri baixo, balançando a cabeça. ——— Ainda não, mas acho que ele ou ela já está começando a achar que tem o pai mais bobo do mundo.
Ele soltou uma risada leve, fechando os olhos por um instante, como se estivesse tentando absorver cada palavra.
——— Bobo nada. Só muito apaixonado.
E naquele momento, com ele ali, deitado ao meu lado, parecia que o mundo lá fora não importava. Éramos só nós três. ——— E seus pais? O que eles disseram sobre a novidade?
Ayrton abriu os olhos e me olhou com um sorriso meio tímido, aquele que ele fazia quando estava escolhendo as palavras certas para falar.
——— Minha mãe tá animada. Disse que vai começar a comprar umas coisinhas, já até me perguntou se a gente prefere azul ou rosa.
Soltei uma risada baixa, imaginando a dona Neyde completamente animada com a ideia de ser avó novamente.
——— E seu pai?
Ele hesitou por um instante, mas depois riu de leve. ——— Meu pai foi... meu pai. Disse que é uma ótima notícia, mas que eu preciso manter o foco nas corridas.
Revirei os olhos, rindo. Era tão típico do Milton.
——— Claro que ele disse isso.
——— Mas, no fundo, sei que ele está feliz. Ele até comentou que o bebê vai ter gasolina correndo nas veias.
Sorri, imaginando como seria nosso pequeno, cercado por tanto amor — e, claro, pelo mundo das corridas que Ayrton tanto amavam.
——— Bem, pelo jeito, o bebê Senna já tem um fã-clube antes mesmo de nascer.
Ele riu, apertando levemente minha perna com a mão e fechando os olhos de novo, como se aquele momento fosse o suficiente para ele. E, para mim, também era. Enquanto Ayrton parecia relaxar na minha perna, decidi tocar em um assunto delicado, mas necessário.
——— E a Viviane? O que ela achou?
Ele imediatamente mudou de postura, ficando um pouco inquieto. Evitou me olhar nos olhos e começou a brincar com a costura da minha roupa, o que já me dizia tudo.
——— Ah... você sabe como ela é, né?
Suspirei, já esperando por isso. A relação com Viviane nunca tinha sido fácil. Ela sempre foi protetora com Ayrton, e eu sabia que a ideia de ele ter um filho comigo não era exatamente a melhor notícia para ela.
——— Ela não gostou, né?
Ele hesitou por um momento antes de responder, tentando ser cuidadoso com as palavras.
——— Não é que ela não gostou... ela só... tá preocupada. Quer dizer, acha que eu deveria focar mais na carreira, que ter um filho pode... desviar minha atenção.
Balancei a cabeça, sentindo uma leve pontada de tristeza.
——— Mas ela não percebe que você pode ser bom nas duas coisas?
Ele finalmente me olhou, seus olhos brilhando com um misto de gratidão e culpa. ——— Ela vai entender com o tempo. Você sabe como a Viviane é... às vezes demora um pouco pra aceitar as coisas, mas no fundo ela só quer me proteger.
——— Proteger você de quê? Da sua própria felicidade?
Ele riu baixinho e apertou minha mão, um gesto que parecia dizer para eu não me preocupar tanto.
——— Ei, não deixa isso te afetar.
Ayrton sorriu daquele jeito travesso e apaixonante, enquanto eu ainda estava absorvendo a ideia da casa.
Mesmo ainda sentindo a pontada de chateação, Ayrton, como sempre, soube como desviar meu foco. Ele se aproximou com aquele olhar que misturava carinho e travessura e acariciou meu rosto, me desarmando completamente.
——— Tenho um presente pra você.
Franzi a testa, intrigada, enquanto ele se afastava.
——— O que é?
Sem responder, ele pulou da cama com energia, como uma criança prestes a revelar uma surpresa.
——— Fecha os olhos.
Deixei escapar uma risada leve, mas obedeci. Ouvi seus passos indo e voltando até ele se sentar ao meu lado de novo. ——— Pode abrir.
Quando abri os olhos, vi algumas fotos nas mãos dele. Em cada uma delas, uma casa deslumbrante se destacava. Era enorme, com varandas espaçosas, uma piscina cristalina e um quintal tão grande que parecia perfeito para uma família. E o melhor de tudo: ficava na beira da praia, com o mar azul como vizinho.
——— Beco... o que é isso?
Ele sorriu como quem já tinha planejado tudo.
———— Nossa casa. Pensei que a gente poderia começar uma vida ali. Você, eu, nosso bebê... uma casa só nossa.
Olhei novamente para as fotos, tentando absorver a grandiosidade do gesto. Meu coração apertou, não só pela beleza da casa, mas pela intenção por trás do presente.
——— É perfeita...
Ele inclinou a cabeça, parecendo satisfeito com a minha reação, e segurou minha mão.
——— Você merece o melhor, a gente merece o melhor. Quero que esse seja o nosso lugar, o lar onde nossos filhos cresçam, onde a gente possa se refugiar do mundo quando tudo parecer demais.
Minha emoção começou a transbordar, mas consegui sorrir antes que as lágrimas viessem. Ayrton sempre sabia como transformar qualquer momento, mesmo os difíceis, em algo cheio de esperança e amor.
——— E adivinha só... ——— ele fez uma pausa dramática, me fazendo erguer uma sobrancelha curiosa.
——— O quê?
——— Tem uma pista de kart perto de casa.
Ele sorriu ainda mais, como se tivesse acabado de planejar o futuro inteiro.
———— Perfeita pros nossos filhos aprenderem desde cedo.
Soltei uma risada, balançando a cabeça enquanto olhava para as fotos novamente.
——— Então é isso? Você já planejou que nossos filhos vão seguir seus passos?
——— Claro! Mas só se quiserem. Quem sabe um deles não seja o próximo campeão mundial?
Ele acariciou minha mão, os olhos brilhando de expectativa e amor. A ideia de criar uma família ali, cercados por tudo que importava, era mais do que eu podia pedir.
——— Você pensou em tudo, não é?
——— Cada segundo.
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