(🏁) . capitulo dezessete.
Marli Mancini.
modelo.
Era um momento de frustração, onde as coisas pareciam não dar certo. Ayrton, tão determinado e focado, não havia conseguido a vitória, e a pressão na McLaren parecia estar pesando mais do que nunca. Eu, por outro lado, estava sobrecarregada com meu trabalho, constantemente viajando, fazendo sessões de fotos, e me distanciando ainda mais de tudo e de todos, inclusive dele.
A distância parecia cada vez maior. Mesmo com o desejo de estar ao lado dele, os compromissos profissionais e a pressão de nossas vidas estavam se tornando um obstáculo difícil de superar. A saudade, a frustração, e as expectativas não atendidas eram um peso difícil de carregar.
Estávamos em momentos tão diferentes, e por mais que tentássemos, o que nos conectava parecia não ser suficiente para manter a paz entre nós.
A voz de Ayrton do outro lado da linha estava carregada de frustração, o tom grave refletindo uma mistura de desejo e impotência.
——— Você não consegue vir mesmo? ——— perguntou, o que restava da paciência diluindo-se em cada sílaba.
Eu fechei os olhos, respirando fundo, sabendo que o que diria a seguir não era o que ambos queríamos ouvir. O trabalho, os compromissos, a distância... tudo se tornava uma barreira impossível de passar.
——— Eu queria, muito... mas eu vou pro México. ——— Minha voz tremia levemente, mesmo que eu tentasse disfarçar a angústia que aquela separação estava causando.
Do outro lado, o silêncio se arrastou por um instante, como se ele estivesse processando as palavras, tentando entender o peso delas.
——— A gente não se vê a quatro meses, Marli. ——— O tom dele agora estava mais firme, uma pressão crescente que eu sentia até no meu peito. Ele estava tentando manter a calma, mas a irritação começava a vazar em cada palavra.
Eu olhei para a parede à minha frente, sem saber o que dizer. O silêncio pairava no ar entre nós, e eu sabia que ambos sentíamos a mesma coisa — uma saudade insuportável, misturada com a raiva de não podermos fazer nada a respeito.
——— Eu sei... eu sei ——— falei, as palavras soando vazias, como se tentassem preencher um abismo. ——— Mas o trabalho, Ayrton, não dá... você sabe como é.
——— Eu sei, Marli. Mas isso não vai mudar nunca, vai? ——— A irritação na sua voz ficou mais evidente. Ele estava no limite, e a frustração dele era a mesma que se formava dentro de mim.
Eu queria estar ali com ele, mais do que tudo, mas a realidade parecia nos arrastar para lados opostos, como se estivéssemos sendo forçados a viver em um tempo que não era o nosso.
Eu não soube o que responder. Eu só queria estar com ele, mas sentia que algo maior do que nós dois estava decidindo o rumo de nossas vidas.
( . . . )
A voz no telefone estava cheia de incerteza, uma mistura de frustração e saudade que eu não conseguia mais esconder. Eu sentia o silêncio entre nossas palavras, como se a distância fosse mais forte do que qualquer coisa que eu pudesse dizer.
——— Onde você tá, Beco? ——— perguntei, tentando manter a calma, mas a voz tremendo no final da frase.
O som do telefone ainda vazio, sem resposta, aumentava a distância entre nós. Eu sabia que ele estava ocupado, que a pressão da corrida, os treinos e os compromissos da McLaren tomavam todo o tempo dele. Mas aquela ausência começou a me engolir aos poucos, como uma sombra que parecia me seguir onde quer que eu fosse.
Eu olhei para o telefone , esperando por algo — um fax, uma ligação, um sinal de que ele ainda se importava, mas não havia nada.
Dei um suspiro pesado, como se estivesse tentando liberar a ansiedade que tomava conta de mim. A cada dia que passava, a realidade parecia mais difícil de lidar, e tudo o que eu queria era ouvir sua voz, sentir que ele ainda estava ali, apesar de tudo.
O telefone finalmente tocou, mas não era ele. Era o eco do silêncio, que só fazia aumentar a saudade que me apertava o peito.
( . . . )
——— Tá me ouvindo, Beco?
A ligação estava quebrada, como um fio que tentava se manter intacto, mas estava prestes a se romper. Eu mantive o telefone contra o ouvido, esperando por algo, qualquer coisa que fosse vir do outro lado. A voz de Ayrton, finalmente, surgiu, um pouco distante, quase abafada pelo som da TV que eu conseguia ouvir ao fundo.
——— Marli? ——— ele perguntou, e eu quase pude imaginar o olhar distraído dele, como se o som da televisão fosse mais urgente do que qualquer outra coisa no momento. Eu me senti pequena diante daquela distância.
Suspirei profundamente, o cansaço apertando meu peito. A saudade, a frustração, tudo se misturava em mim de uma forma difícil de controlar. Eu sabia que ele estava ocupado, que a rotina dele era exaustiva, mas ainda assim, sentia o vazio de não poder compartilhar os momentos, as palavras, o afeto.
——— Boa noite, Beco ——— respondi, minha voz mais suave do que eu gostaria que fosse, quase como um suspiro. Eu queria ter algo mais a dizer, mas tudo parecia tão distante agora, como se ele estivesse tão longe, mesmo ali, do outro lado da linha.
O silêncio se estendeu por alguns segundos, e a distância que eu sentia não era só física, mas algo mais profundo, algo que nos separava de um jeito que eu não sabia como consertar. Eu esperava que ele me ouvisse, que ele soubesse o quanto era difícil, mas a voz da TV parecia mais alta do que as palavras que tentávamos compartilhar.
( . . . )
No dia seguinte, enquanto as revistas chegavam, um certo peso já tomava conta de mim antes mesmo de ver o que estava ali. Eu sabia que, em algum momento, algo relacionado ao Ayrton e ao meu nome iria aparecer, mas não esperava que fosse daquele jeito.
Estava prestes a voltar para casa, o que já me deixava inquieta. Quando vi a capa da revista brasileira, uma sensação estranha se espalhou por todo o meu corpo. A foto era nítida, tirada em um restaurante.
Ayrton, com sua postura sempre séria e imponente, estava ao lado de Xuxa. Eu podia ver o sorriso dela, aquele que ela usava quando estava em boa companhia, e ele... ele estava ali, ao seu lado, como se fosse natural.
O título estampado logo abaixo da foto não me deixou respirar por um momento: Novo romance no ar, Xuxa é vista com seu amor secreto, Ayrton Senna. Aquelas palavras foram como um golpe que me paralisou por alguns segundos. A cena se desenrolava na minha cabeça enquanto eu segurava a revista, lendo novamente o trecho, tentando digerir aquilo.
A Xuxa? A Xuxa? O sorriso dela na foto, a forma como ela parecia confortável ao lado dele, como se fosse a coisa mais normal do mundo... eu senti uma pontada no peito.
Eu não queria acreditar.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro