Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

4. sentença

oioi 🤟🏻

esse é um daqueles capítulos de transição para um acontecimento "maior", então fiquei bem insegura, mas tem diálogos muito importantes (e várias cenas dos taekook rs), espero que gostem!!! Adoraria o feedback aqui nos comentários e na tag #anterostk lá no twitter.

🏹

Jieun sentia que era a última a saber das coisas, em qualquer situação. Estava pensando, naquele momento específico, que foi a última a notar que seu casamento não estava bem.

O acontecimento com os Erotes foi um mero detalhe, se olhasse cuidadosamente para seu passado. Taehyung era um excelente pai, isso conseguia ser o suficiente, na maior parte do tempo, a dinâmica entre os dois fluía. Mas havia uma diferença entre ser um bom pai e um bom marido.

Lembrou do seu casamento, uma cerimônia simples, composta somente pelos familiares. Jieun e Taehyung não conseguiam manter amizades sólidas, como se não houvesse conexão com outras pessoas. A família de Taehyung era distante, pensou que a indiferença era herdada, já que desde que Hayun nasceu os avós não fizeram uma única visita. Jieun sabia parte do passado, por isso entendia e respeitava Taehyung por ele ser, de certo modo, frio. Mesmo sendo compreensiva, isso não resolvia o problema.

Jieun sentia-se sozinha e era angustiante.

Desde que Taehyung a pediu em casamento sentiu algo errado e ignorou. A expectativa era alta desde o início, se o namoro ia bem, o casamento deveria ir também, mas algo mudou no instante em que decidiram firmar o compromisso. Jieun pensou que Taehyung não estava preparado, algo que ele negava com convicção, mas havia algo. Pode-se chamar de intuição, sexto sentido, qualquer coisa, Jieun sentiu.

Não sabia sobre os sentimentos dele, não todos. Não sabia e não o tinha em suas mãos. E pelo visto, nem o corpo dele também. O que teria, então?

— Por que está me encarando?

Taehyung chegou do plantão percebendo que Jieun não estava de bom humor.

— Você pensa em se divorciar?

Essa era uma palavra que Taehyung não gostava: divórcio. Sentia aflição apenas em escutar, não gostava de pensar sobre isso.

— Por que isso do nada, Jieun? – perguntou, ríspido.

— Do nada? – riu soprado. — Taehyung, quando você fez algo para mim, assim, só por fazer? Só para me agradar? Não gosta que eu toque em você, não gosta de estar comigo! Até certo ponto eu entendia você não saber demonstrar muitos sentimentos, mas agora… você é só frio!

— Eu já expliquei isso pra você. – disse, sem paciência. — Eu não gosto do modo que você direciona todas as coisas para o lado sexual, às vezes eu só quero conversar.

— Às vezes? – Controlou o tom de voz para Hayun não acordar. — Você sempre quer conversar, e só isso. Se não me deseja mais, é só dizer.

— Jieun…

— Não, se não me deseja é muito específico, se você não me quer mais, fale de uma vez. Fui obrigada a escutar até mesmo deuses jogando na minha cara que você não me quer, isso é humilhante.

— Você mesma disse que ele se retratou. – Lembrou. — Ele também falou comigo, está tudo bem, esqueça aquilo.

— Por que está casado comigo?

Essa era uma pergunta que Taehyung não sabia responder. E esse silêncio tirou Jieun do sério.

— Você tem medo de perder o que tem, não é? O que nós temos. – Não esperou ele responder.

O tom de voz dela mudou tanto que Taehyung sentiu uma sensação muito ruim. Ela estava o ameaçando.

— Cuidado com suas escolhas, Taehyung, é melhor você cuidar da família que tem, antes que perca tudo.

Taehyung mal acreditava no que ouviu. Ela o encurralou usando a própria filha, sem nenhum remorso por isso. Estava ali, intimado. Precisava da ajuda dos Erotes mais do que imaginava.

🏹

O tratamento de silêncio usado por Jieun durou a semana toda. Não é como se incomodasse Taehyung, ele era taciturno, se não havia nada bom para falar, que não falasse nada.

Seu esforço foi para Hayun não perceber como ambos estavam, a distraindo constantemente. Brincava, jogava, assistia desenhos com ela, porém, ainda era sufocante a presença de Jieun. Ela não chegava perto o suficiente para interagir, olhava de longe, não de uma maneira amigável.

— Princesa, o que acha de ir no templo após a creche?

Taehyung não se imaginava sugerindo isso, mas ali estava. Preferia estar no templo junto aos deuses do que em sua casa. Hayun não havia esquecido Anteros um único dia, continuava falando dele, continuava com sua borboleta de estimação, só não pedia para ir ao templo por lembrar do acordo com seu pai.

Foi só perguntar que os olhos dela brilharam.

Não convidou Jieun para ir junto e nem convidaria. Perguntou alto o suficiente para ela escutar e saber para onde iriam, e isso bastava. Arrumou Hayun para a creche, sabendo que ela preferia quando ele a vestia e fazia os penteados.

Hayun preferia o pai em quase tudo. O apego com a mãe não era nada excepcional, beirava o comum, e ter ciência disso deixava Taehyung ainda mais incomodado sobre o divórcio. Jieun não parecia ter tato para criá-la, não conseguia manter uma conexão profunda, era quase cômico, visto que ela achava Taehyung frio.

Taehyung não era frio de forma alguma.

Chorou quando Hayun nasceu, chorou com os primeiros passos e as primeiras palavras dela, cada conquista dela o emocionava. Hayun tinha acesso direto ao coração de Taehyung, despertava as emoções mais fortes dele, e era isso que Jieun não entendia.

Cativar alguém vai além de todos os mundos que possam existir. Em apenas um momento, uma conversa, um olhar, é possível se envolver para sempre. Dizer a coisa certa, ter o aconchego certo, marca as pessoas e elas não esquecem, nem se tentassem. Viver é um apanhado de experiências onde algumas pessoas nos encantam mais do que outras, porque elas parecem nos conhecer de outras vidas, de outros lugares.

Emocionar é se conectar com a fragilidade.

Jieun nunca emocionou Taehyung pois nunca o acessou de tal forma.

A frieza era só um escudo para quem não o enxergava direito. Se não conseguia ver além disso, do que era ali, seu corpo físico, nunca alcançaria seu coração.

Era natural com Hayun, ou ao menos deveria ser para todos os pais. É sua filha, se conectaram desde que soube da existência dela. E o que não era natural? É construído, que vai devagar, pegando cada detalhe seu e transformando em algo insubstituível.

Taehyung se perguntava se, algum dia, alguém o enxergaria assim.

🏹

O trajeto para o templo estava começando a ter a sensação familiar. A sensação de conhecer o caminho e os sentimentos que o lugar traz. Hayun cantarolava sentada no banco traseiro, e Taehyung a acompanhava na música infantil.

A vida poderia ser fácil assim. Apenas estar com quem ama, fazendo o que ama, trocando afetos. Se sentir leve, sem precisar pensar muito sobre o depois, só viver.

Taehyung moveria os céus para isso não ser tirado dele.

Enquanto paravam na frente do templo, Hayun pôs a borboleta em seu ombro e saiu do carro, pronta para encontrar os deuses, ou pelo visto, seus amigos. Taehyung segurou a mão dela, e como sempre acontecia ao entrar no templo, respirou fundo.

Desta vez, se possível, eles pareciam ainda mais “deuses”. Quatro cadeiras, que pareciam tronos, estavam postas na parte superior do templo, e os Erotes estavam nelas. Conversavam entre si, um tanto alheios ao redor.

Anteros foi o primeiro deus notado por Taehyung. Ele não estava com as costumeiras roupas pretas, vestia roupas claras, assim como os irmãos. Seu rosto permanecia sério, a beleza divina, mas como um todo, parecia um humano comum.

Antes de pensar demais sobre o que a visão causou em seu peito, Hayun chamou a atenção dos Erotes.

— Olha só, quem está nos visitando novamente! – Eros sorriu, levantando-se da cadeira. — Como você está?

— Eu tô bem, Jin! – Hayun lembrava bem dos nomes humanos. — Já viu minha borboleta? – A exibiu na ponta do seu dedo indicador.

— Ah, eu vi sim. Aliás, vejo muitas borboletas por causa dele. – Olhou para Anteros, que sorria contido. — Senti sua falta, Hayun!

— Eu também! Papai não queria me trazer porque achava que vocês iam me fazer chorar de novo!

Quem não conteve a risada foi Himeros.

— A sinceridade das crianças é fascinante, não é? – Himeros estalou os dedos e de repente não havia cadeiras, nem estavam na parte superior. Ficaram de frente para Hayun e Taehyung.

— Não vamos te fazer chorar, Hayun. – Pothos afirmou. — Não é, Anteros?

Pothos, ou Yoongi, era um dos mais calados, mas era o que mais alfinetava os irmãos, principalmente Anteros.

Hayun nem prestava atenção na conversa por causa do “teletransporte” que aconteceu. Ficou de boca aberta, puxando a camisa do pai.

— Ela se impressiona que nem você com os nossos truques. – Anteros finalmente falou, direcionado a Taehyung. Se referia a sua falsa queda do prédio, é claro.

— Não me impressiono mais, Jeongguk.

Os demais Erotes se olharam, confusos. “Jeongguk”? Taehyung falou com tanta naturalidade, e um teimoso sorriso no canto dos lábios que eles não entenderam o que estava acontecendo.

— Como fez isso? – Hayun seguiu ignorando as conversas e direcionou a pergunta para Himeros.

— Ah, é um segredo! – Himeros disse. — Quer ver outra coisa?

— Quero!

Himeros olhou rapidamente para Taehyung, como se pedisse sua permissão. O humano acenou positivamente.

De repente, com outro estalo, todas as luzes acenderam. Hayun admirou encantada todos aqueles lustres acesos.

— Por que parece que só nós visitamos vocês? – Taehyung perguntou com humor, pois novamente o templo encontrava-se quase vazio.

— É isso que você vê, não o que é. – Eros respondeu.

— Como assim? – Perguntou, confuso. — Não tem mais ninguém.

— Mostre para ele, Anteros. – Eros permitiu.

Não era novidade que Taehyung se sentia um pouco ansioso pela presença de Anteros, principalmente quando ele se aproximava. O deus andou poucos passos para chegar perto o suficiente, e posicionou sua mão como se fosse tocar o coração do humano.

— Posso? – Anteros perguntou.

— Se não for me matar. – respondeu, tenso.

— Ainda pensa o pior de mim? – ironizou.

Taehyung não respondeu, mas Anteros sabia. Ao tocar, sentiu o corpo retrair, aflito, e o coração acelerado. Ele estava com os olhos fechados, a sobrancelha franzida, e de repente, relaxou.

Anteros sincronizou as batidas com o seu toque, batendo seu dedo indicador até o coração de Taehyung seguir o mesmo ritmo.

Pothos, ou Yoongi, olhou intrigado. Não estranhou seu irmão usar o poder, estranhou como ele usou. Não precisavam tocar diretamente o coração para acalmar alguém.

Quando Taehyung abriu os olhos, pôde ver várias pessoas andando pelo templo.

— Isso é real? – indagou, assustado.

— Isso é a realidade, sim. É como está, nesse exato momento. Era como estava quando vocês vieram a primeira vez também. – Eros esclareceu. — Nós criamos barreiras invisíveis para os humanos não nos verem, e podemos fazer só que certos humanos nos enxerguem aqui.

— O quê…? – Taehyung continuava confuso, porém foi interrompido por Hayun.

— O que é, papai? Eu quero ver também! Mostra pra mim, Joguk!

Anteros ficou aflito com o pedido. Conversou com Taehyung sobre as questões pendentes e as acusações feitas no calor do momento, mas ainda estava receoso em suas interações com Hayun.

— Mostre para ela, Jin.

Dando alguns passos para trás, Anteros deixou Eros passar em sua frente e apenas com um toque do deus do amor, Hayun viu o mesmo que seu pai.

Tantas pessoas, tantas conversas, tanta movimentação. Hayun queria dizer algo, e não conseguia. Taehyung ainda processava suas emoções, desde o toque de Anteros. Ele se aproximava e logo depois se afastava, isso o incomodava mais do que devia.

— Por que a gente pode ver, Jin? – Hayun perguntou, animada. — A gente tem poder também agora?

— Bom… você e seu pai podem ver nossa casa, então isso é um poder, sim. – Eros sorriu. — Nós moramos aqui, por isso nos protegemos com as barreiras.

— Mas… – Taehyung estava confuso. — Desde o primeiro dia nós não vimos os outros, e sim vocês.

— Nós já dissemos que gostamos de crianças. – Yoongi disse. — Está vendo alguma por aqui? Só há Hayun. Nós vimos ela correndo na entrada e permitimos que nos conhecesse. Anteros tocou em você e Hayun foi tocada por Eros para vocês verem nossa casa, a outra parte do templo.

Isso explicava muita coisa. Taehyung achava toda a estrutura do templo grande demais para o que aparentava ser, e após Pothos falar, reparou como a profundidade do ambiente mudou, reparou em mais corredores, salas, parecia não ter fim.

Himeros, ou Jimin, apontou para uma das salas e pediu para todos entrarem nela. Hayun foi pulando, acompanhada por sua borboleta, e Taehyung a seguiu. A sala parecia comum, como uma sala de estar, tinha mais cores que a parte visível do templo.

— Então, Taehyung… – Himeros sentou ao lado do humano, passando seu braço pelo ombro dele. — Gostou de conhecer nossa casa?

Anteros foi para o canto da sala, vendo Hayun brincar com a borboleta e o que encontrava pela frente. Alternava o olhar entre ela e o pai silenciosamente.

— Ah… sim?! – Ficou nervoso com a aproximação repentina. — Acho que isso é um sinal que vocês confiam em nós.

— Confiamos, sim. – Himeros sorriu, mas não parecia contente. — Deixamos vocês entrarem, nos conhecerem, e agora está sentado em nossa sala pronto para pedir um favor.

Jimin o encarava sem hesitar um segundo, não desviava. Taehyung se remexeu, notando Eros e Pothos parados em sua frente.

— Não é bem um favor… – Não sabia para quem olhar, todos pareciam intimidadores. — Anter- Jeongguk disse que vocês ajudariam.

— Está pedindo uma ajuda direta aos deuses do amor, querido humano… – Jimin segurou o rosto dele, o aproximando mais. — Por que está pedindo ajuda para criaturas que você detesta tanto?

— O quê? – Taehyung desviou do toque e olhou imediatamente para Jeongguk, procurando por respostas. Não recebeu um olhar de volta.

— Ele não contou, Taehyung. – Eros esclareceu. — Nós sabemos o que as pessoas sentem, Jeongguk ficou muito diferente esses dias. Eu conheço meu irmão melhor do que todos aqui, pela forma que ele agiu, imagino o que você tenha dito.

Taehyung não gostava daquela atmosfera. Se sentia encurralado, julgado. Uma vontade de chorar começou a surgir. “Pela forma que ele agiu”? Não pensou que Anteros iria ficar afetado ao ponto dos irmãos perceberem.

— Além dele negar a benção, não houve mais nada. – Pothos disse, sério. — E sabemos que ele foi pedir desculpas. Você nem foi ferido por ele, de nenhuma forma, até porque não podemos fazer isso, e mesmo se pudéssemos, Anteros não teve ou tem intenção alguma de machucar você ou sua família. Nossa aparência é humana, mas nunca se esqueça que somos deuses, não somos como vocês, e você deveria ter o mínimo de respeito por isso.

— Espere! – Taehyung pediu, atordoado. — N-não é assim, eu conversei com ele!

— Ele já pediu desculpas. – Anteros se juntou aos irmãos. — Como ele disse, nós conversamos e ele se desculpou.

— Jeongguk-

— Está tudo bem, Taehyung, eu aceitei suas desculpas. – Cortou a fala dele, percebendo a voz embargada. — Deixe isso para lá, fale do seu casamento.

Jeongguk aceitou o que sentiu, não o que ouviu. Ambos sabiam que as desculpas não foram ditas, mas Anteros o resguardou, de novo, para não ser pressionado pelos seus irmãos. Pela firmeza nas palavras de Anteros, os Erotes acreditaram, decidindo ajudá-lo.

— Eu sei que não mereço a confiança de vocês. – Taehyung respirou devagar, organizando seus pensamentos. — Eu sei que… tudo isso começou errado, quero me redimir. E se vocês puderem me ajudar… eu não sei o que fazer.

— Está falando de nós ou da sua mulher? – Himeros riu, levantando do sofá e deixando Taehyung à vontade.

— Os dois. – Admitiu, derrotado. — Não vai ser ruim falar disso aqui? – Olhou para Hayun, que parecia alheia à conversa.

— Criei uma barreira entre nós, ela não está ouvindo. – Eros disse, indicando com a mão onde estava, por mais que não fosse visível. — Anteros pode distraí-la enquanto conversamos.

E lá estava, novamente, Anteros o olhando como se pedisse permissão para chegar perto de Hayun. Taehyung acenou positivamente, com um sorriso triste. Como se arrependia de ter dito aquelas coisas sobre ele.

Jeongguk se aproximou de Hayun, mostrando um pequeno arco para ela, como se fosse de brinquedo. Entregou a pequena flecha também, e Taehyung não escutava, mas sabia que ele estava a ensinando como disparar.

Hayun ficou contente, mirando todos os lados da parede e disparando, de primeira, sem sucesso. Devagar, Jeongguk foi ensinando como ela deveria segurar, mirar, disparar.

Taehyung podia ficar horas observando aquilo.

— Você já pode falar. – Eros chamou sua atenção.

— Ah… é. – Pigarreou. — Por onde eu começo?

— Explicando o motivo de estar casado. – Entre os quatro irmãos, Himeros era o que menos rodeava os assuntos, seus poderes tinham uma certa influência sobre isso. — Já sabemos que não é mútuo, queremos saber o porquê.

— Tente não mentir. – Pothos pediu, com humor. — Nós percebemos isso.

Era difícil falar. Taehyung ficou um tempo em silêncio, assimilando o que vinha em sua mente, tentando achar um início.

— Nos conhecemos desde a adolescência, Jieun era uma ótima amiga. Eu gostava da companhia dela, de sair, fazer algo juntos, só não pensava… assim, de uma forma romântica. Sendo um adolescente, você é meio forçado a enxergar as coisas dessa forma, meus colegas viam nossa relação e perguntavam o que a gente era, diziam que eu deveria pedir logo em namoro. Ela não parecia incomodada, mas… acho que ela concordava com eles.

— Se sentiu pressionado a pedir? – Eros questionou.

— Um pouco. Eu não queria me afastar, então fiquei em um dilema. Cheguei a conclusão que não seria tão ruim, se eu gostava da companhia dela, namorar não seria um problema, era só aprender.

— Aprender a gostar dela? – Pothos perguntou, estreitando seus olhos, que já eram pequenos. — É assim que você enxerga isso?

— Isso o quê? Amor? – Recebeu a confirmação de Pothos. — Sim, acho que aprendemos a amar, não acredito que há uma força maior sobre isso.

Devido a situação, era algo até desrespeitoso para falar, e Taehyung percebeu assim que disse.

— Não estou desacreditando no poder de vocês! – adiantou. — É só que, pra mim, nunca senti algo dessa forma, então pra mim, não existe. Você conhece alguém, decide ter algo com ela e faz dá certo. Até agora isso estava funcionando, eu aprendi a conviver, a ter uma rotina, nós funcionamos, e isso pra mim bastava.

— E isso mudou desde o aniversário da Hayun? – Himeros deduziu.

— É, acho que foi o que faltava para Jieun se incomodar de verdade. Ela me acompanhava, seguia meu ritmo, estava sendo compreensiva, mas eu temia isso… que ela percebesse essa distância que eu venho tentando diminuir.

— Você nunca se apaixonou, Taehyung? – Pothos parecia incomodado com a informação, afinal, era o deus da paixão.

— Não.

— Desejo, atração? – Himeros se interessou ainda mais pelo assunto. — Nunca sentiu nada?

— Claro que já… – disse, baixo. — Não foi tantas vezes.

— Você a ama como uma amiga. – Eros afirmou. — Foi isso que percebemos. Nós vimos seu amor, só não sabíamos qual era. É normal amigos se tornarem amantes, mais comum do que você imagina. Nessas situações, há uma atração, mesmo que não seja recíproca no início, a tendência é acontecer. Você não estranha isso?

O rumo da conversa estava começando a ficar delicado. Taehyung olhou ao redor, percebendo o olhar de Jeongguk. Ele parecia querer ouvir a resposta tanto quanto seus irmãos.

— Se vocês querem saber, eu consigo fazer sexo, também não é um problema. Eu penso como um dever, se estou casado isso deve acontecer, então faço. Somos adultos, o casamento é um compromisso, há coisas que precisam ser feitas para o todo funcionar, eu não reclamo disso, nunca reclamei. Eu só não sou uma pessoa romântica, eu acho. Não acredito em nada muito fantasioso sobre o amor, acredito que as pessoas fazem o que têm vontade de fazer, o que elas escolheram fazer.

Himeros estava se divertindo muito escutando. Como deus do desejo sexual, sua intuição era bem acima da média em relação aos seus irmãos.

— Já sentiu atração por um homem?

Jin e Yoongi sabiam que Jimin perguntaria aquilo. E não podiam julgar o irmão, pois queriam saber o mesmo.

Taehyung, por outro lado, não estava esperando por aquela pergunta.

— O que isso tem a ver? – Levantou totalmente sua guarda.

— Bom, vou falar de uma forma bem simples. – Jimin cruzou os braços, andando até parar na frente de Taehyung. — Ou você não sente atração por ninguém, ou não sente atração por ela, pelo que ela tem. Se você já disse que sentiu atração, por quem foi?

— Eu não vim para falar disso! – exclamou, alto. — Esse não é o problema da relação, eu já disse, nós temos uma filha, eu consigo fazer… o que você está dizendo?! Eu quero saber como a convenço sobre meus sentimentos, e só isso!

Os Erotes não reagiram à exaltação de Taehyung, era como se fosse esperado. Todos eles sentiam, ele estava incomodado, nervoso e na defensiva. Himeros tinha um sorriso, mesmo que contido, em seu rosto; Eros parecia compadecido, quase com pena; Pothos se esforçou para entendê-lo, e não conseguiu. Como alguém conseguia achar normal não ser apaixonado por quem escolheu passar a vida ao lado?

E tinha Anteros. Mesmo entretido com Hayun, escutou tudo que foi dito, e Taehyung sabia disso pois ele carregava a mesma expressão dos irmãos: de que sabia algo.

Por algum motivo, o olhar de Anteros foi o que mais incomodou. Taehyung conseguia decifrar os demais Erotes, mas não Anteros. O que ele estava pensando? Ele não sorria, mas também não olhava como Eros, como se compreendesse a situação e quisesse ajudar. Era como o olhar presunçoso de quando o conheceu.

— Você a ama, isso é um começo. – Eros o confortou. — O amor pode se transformar em tudo o que você quiser, e nisso eu não posso discordar de você, as pessoas que fazem suas próprias escolhas. Só que, para o amor se transformar, depende de como se sente e como faz o outro se sentir. Não aprendemos a gostar das pessoas, Taehyung, se fosse assim, seria fácil demais. Só é possível sentir o que você oferece e o que lhe é oferecido. E tudo isso depende de um grande detalhe: você querer.

Taehyung abaixou a cabeça, como se levasse um sermão. Eros parecia muito mais divino naquele momento.

— Você não a quer, e todos esses anos em que estiveram juntos é a prova disso. Não é possível mudar de repente. Não sei se é assunto sensível, porém, as pessoas não escolhem ter filhos quando não se tem essa conexão, engravidá-la parece ser um ato impulsivo seu para sentir algo, que pelo visto, não aconteceu. Se ela já ofereceu tudo o que tem, e você não retribuiu… – Eros levantou a mão e fez surgir uma flecha dourada. — Sua saída é isso.

A flecha brilhava como a borboleta de Hayun, Rubi. Como algo mágico, poderoso. Dourada como o próprio ouro, reluzente, e fez Taehyung se intimidar ainda mais.

— Se Anteros não tivesse interrompido, eu teria usado isso em você quando nos conhecemos. Temos diferentes flechas, cada uma com sua função, essa é flecha da paixão. Eu e Pothos usamos quando vemos que é necessário, se percebemos que há uma razão e uma determinação. Eu vejo isso em você, então se quiser, usarei.

Ao lado de Eros, Himeros discordava discretamente do irmão. Não apoiava aquela decisão, visto que era um deus movido pelo desejo, e que se não houvesse essa vontade, de nada valeria a pena.

Pothos concordou em partes. Isso resolveria o problema de Taehyung, mas criaria outro.

— Devemos avisar de que isso é um poder, ou magia, como você queira chamar. – Yoongi decidiu falar. — A flecha é poderosa, como já avisamos, você não vai ter domínio do seu corpo ou suas emoções. Não vai mais agir com razão, e sim por impulso, sendo tomado pela paixão. Quando vi Hayun chorar, sugeri dar uma benção menor, eu iria fazer você se apaixonar momentaneamente, isso seria uma alavanca, caso você quisesse. Porém, isso não é momentâneo, vai perdurar até sua morte.

Taehyung queria responder, mas sentia o nó em sua garganta. Uma decisão que afetaria sua vida inteira estava prestes a ser tomada, e lhe apavorava pensar em ficar preso num sentimento que nem era seu. Era inventado.

— Só tenho essa alternativa? – Foi o que conseguiu perguntar.

Antes de Eros responder, Himeros tomou à frente.

— Ainda pode acontecer naturalmente, mas requer um esforço seu. Isso não deve importar, já que você vem se esforçando há tempos. – Parecia estar tirando sarro, e de certa forma, estava. — Vamos ajudar você com coisas simples, acontecimentos do dia a dia, construir um sentimento depende de vários fatores, então você deve saber do que ela gosta e o que você gosta nela.

— Mas eu já sei dessas coisas.

— Sabe mesmo? – Jimin perguntou, irônico. — Se soubesse não estaria pedindo ajuda. Gostar não é tolerar. E com todo o respeito, Taehyung, você só a tolera.

Ali estavam suas opções e a verdade jogada em sua cara. Taehyung olhou para seu corpo sentado, olhou em volta, olhou para os deuses, e olhou para Jeongguk. Ele desenhou vários alvos na parede e instruía Hayun para acertá-los. Taehyung nunca tinha visto Hayun tão concentrada em uma atividade, tão imersa que nem percebeu que não escutava seu pai, apesar de estarem próximos. Mesmo nas vezes que ela errava, Jeongguk batia palmas, incentivando a continuar.

E como se tivesse sentido o olhar queimando em si, Jeongguk o olhou de volta. Taehyung o encarava como se buscasse respostas, e Jeongguk não queria dá-las tão facilmente. Alternando entre a flecha e Taehyung, Jeongguk mostrou que ouviu tudo o que foi dito, e que também o dava o poder de escolha. Ele prometeu que não iria mais interferir, então tudo o que Taehyung teve foi um longo suspiro. Entre aqueles infinitos segundos onde estavam fixos um no outro, também ficaram expostos.

— Não quero a flecha.

Parecia a melhor opção, todos os Erotes demonstraram alívio por isso.

— Faça o seu dever de casa. – Jimin o lembrou. — Os cupidos entram em ação amanhã.

Foi como sair de uma longa sessão de tortura. Taehyung estava suando, apesar do ambiente frio, e mesmo a sala sendo tão grande, sentia abafado, pequeno.

A barreira devia ter sido retirada, pois ao fundo escutou a voz de Hayun o chamar.

— Olha, papai! Eu acertei!

Estava bem longe do alvo, porém ela acertou a parede, o que era um avanço. Taehyung levantou, tentou engolir todo o misto de sensações que o assolava e sorriu para Hayun, batendo palmas para ela.

— Se despeça deles, princesa, temos que ir.

Ela não aceitou de primeira, não queria ir embora. Mas Anteros prometeu uma visita e disse que a ensinaria quantas vezes ela quisesse. Após se despedir dele e sair acompanhada da Rubi para falar com os demais Erotes, só ficou Taehyung e Jeongguk para trás.

— Não me olhe mais daquela forma. – Taehyung disse tão baixo que parecia um segredo.

— Qual o problema dessa vez? – Jeongguk o mediu dos pés à cabeça.

— Você. – Soou rude. — Não me olhe desse jeito… como se soubesse de tudo, como se me conhecesse. Você não conhece.

— Seu problema é só comigo, então? – riu fraco. — Meus irmãos também estavam olhando para você. O que eu tenho de diferente, Taehyung?

Taehyung virou abruptamente, se aproximando tão rápido que surpreendeu Jeongguk.

— Você não sabe o que eu quero, então não olhe como se soubesse!

— Taehyung… – saiu como um aviso. Anteros percebeu que Hayun logo perceberia que o pai ficou para trás e o chamaria, então puxou Taehyung mais perto. — Eu já disse que, com minha presença ou não, você vai ser assombrado. Você pode fugir ou se entregar. Eu estarei aqui para ver qualquer um dos rumos, e você se sentir tão atormentado só de olhar para mim, mostra que já sabe o que deve fazer.

Estavam tão perto um do outro que as respirações se misturaram. Jeongguk foi soltando o braço de Taehyung, não havia apertado de fato, a aproximação aconteceu porque Taehyung quis. Nenhum dos dois sentia raiva, era algo desconfortável, inoportuno, algo inominável para a mente do humano.

Ao mesmo tempo que Taehyung tentaria salvar seu casamento, precisaria lidar com a personificação de todos os segredos sórdidos que encobria em seu íntimo: Anteros.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro