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Capítulo 23.

— O Jungwon estava estranhamente muito quieto e reservado. — Sunghoon começou, com um tom mais sério agora. — Ele nem se juntou a gente na hora do intervalo. Passou o tempo todo na biblioteca.

Eu franzi o cenho, intrigado com a mudança de comportamento de Jungwon.

— Na biblioteca? — Repeti, tentando processar. — Ele sempre parece tão... social. Conosco, é claro.

Sunghoon deu de ombros, seus olhos vagando pela sala como se estivesse tentando organizar os pensamentos.

— É, foi estranho. Sunoo até tentou falar com ele, se desculpar... — Ele fez uma pausa, franzindo a testa levemente. — Mas Jungwon disse que tava tudo bem. Só que, sabe... dava pra ver que não tava.

Eu mordi o lábio, a preocupação crescendo dentro de mim. Era raro ver Jungwon tão introspectivo, logo com Sunoo.

— E o Sunoo? Como ele reagiu? — Perguntei, tentando juntar as peças.

Sunghoon suspirou.

— Ficou incomodado, dava pra ver. Mas ele também não insistiu muito. Acho que respeitou o espaço dele.

Eu fiquei em silêncio, absorvendo as informações. Não fazia sentido. Algo estava definitivamente errado com Jungwon, mas o quê? Estava cansado de perguntas sem respostas.

Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, Heeseung voltou para a sala.

Sunghoon imediatamente fechou a boca, a expressão de seriedade desaparecendo num piscar de olhos.

— Podem continuar o assunto, eu só quero saber onde Niki está? — Heeseung falou sem cerimônias.

— Ele foi ao zoológico com o Sunoo. — Sunghoon respondeu.

Heeseung arqueou uma sobrancelha, surpreso. — No zoológico? Por que eles foram pra lá?

Eu já estava pensando em dá uma resposta sarcástica, mas lembrei que nossa amizade não estava em um dos melhores momentos, então fiquei quieto.

— Sunoo disse que precisava distrair a cabeça e achou que seria uma boa ideia. — Sunghoon explicou, dando de ombros. — E o Niki, bom... ele nunca recusa uma saída com Sunoo.

— Interessante, Niki não gosta de zoológico. — Heeseung murmurou, antes de balançar a cabeça. — Certo, vou deixar vocês terminarem aí.

Assim que ele saiu, minha mente voltou ao assunto principal:  Jungwon não era de evitar o Sunoo. Talvez esteja chateado por conta da visita inesperada que recebeu, acho que ele não gostou nem um pouco. Estava confuso se deveria me desculpar ou não. Mas tudo foi ideia de Sunoo e Jungwon também tem culpa por sumir daquele jeito sem dá explicação.Foi o que coloquei na minha cabeça antes que ficasse maluco de tanto pensar.

No dia seguinte, enquanto eu atravessava o portão da escola ao lado de Sunoo, Sunghoon e Niki, meu coração estava inquieto.

Eu odiava isso. Odiava como meus olhos varriam o pátio, procurando Jungwon sem que eu pudesse evitar. Era irritante. E ainda pior era como meu coração acelerava a cada rosto familiar que eu encontrava, apenas para ser seguido por uma onda de desapontamento quando não era ele.

"O que está acontecendo comigo?"

— Jay! — A voz animada de Hanabi me tirou dos pensamentos. Ela se aproximou do grupo com um sorriso no rosto.

— Oi, Hana. — Respondi, forçando um tom casual enquanto tentava parecer menos ansioso.

— Você tá melhor hoje? — Ela perguntou, me olhando com atenção. — Sunoo disse que você não tava muito bem ontem.

Ah, é. A dor de cabeça.

— Sim, sim. — Respondi, forçando um sorriso despreocupado. — Foi só uma dor de cabeça. Já passou.

— Que bom. — Ela disse, antes de se virar para Sunoo e começar a perguntar sobre o zoológico.

Enquanto eles conversavam, eu me distraí com o movimento ao nosso redor. Meu olhar continuava a vagar, involuntariamente procurando Jungwon. Não gostava disso, mas parecia que meu corpo já tinha sua própria vontade.

Na sala, o barulho dos outros alunos parecia distante, abafado pelos meus próprios pensamentos. Eu olhava para o quadro, mas não enxergava nada além do vazio. Jungwon não estava nos corredores. Ou, pelo menos, eu não o vi. Talvez ele nem tenha vindo hoje.

Essa possibilidade me incomodava mais do que deveria. Eu deveria estar aliviado por não precisar lidar com aquele dilema estranho entre querer falar com ele e odiar a ideia de ser ignorado.

Mas, claro, minha mente não facilitava.

"Se ele estivesse aqui, o que eu faria? Será que ele ainda tá chateado? E se eu disser alguma coisa e ele só me ignorar?"

Esses pensamentos rodavam na minha cabeça como um ciclo infinito, e eu já estava cansado. Quando o sinal tocou, indicando o intervalo, Sunghoon e Hanabi me chamaram para o refeitório.

— Não tô com fome. Vou dar uma volta. — Menti, levantando antes que eles pudessem insistir.

Eles trocaram olhares rápidos, mas não disseram nada.

Eu saí da sala, desviando do fluxo de alunos que iam para o refeitório. Meus pés me levaram quase automaticamente para o pátio, e de lá, para o beco da escola. O lugar onde, semanas atrás, eu tinha visto Jungwon ameaçar Seonjoon.

O ar ali parecia diferente, pesado. O silêncio era quase opressor, quebrado apenas pelo som distante de risadas e vozes do outro lado do muro. Encostei na parede e deixei minha cabeça cair para trás, fechando os olhos por um instante.

Por que eu estava ali, afinal?

Talvez porque, naquele dia, foi a primeira vez que eu vi um lado de Jungwon que ninguém mais parecia notar. A calma calculada, os olhos firmes, quase frios. E ainda assim... algo nele me atraía, mesmo quando eu sabia que deveria me manter longe.

Abri os olhos ao ouvir passos, meu coração disparando sem minha permissão. Por um segundo, achei que fosse ele.

Mas o beco continuava vazio.

— Ridículo. — Murmurei para mim mesmo, empurrando o muro com as costas para me afastar. Eu precisava parar com isso.

Mas enquanto saía dali, uma sensação estranha me percorreu. Como se alguém estivesse me observando.

Eu saí do beco com um suspiro frustrado, com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco. O silêncio de lá não tinha ajudado em nada; se alguma coisa, só deixou meus pensamentos mais barulhentos.

Decidi então ir até o refeitório, mesmo sem fome. Talvez a presença dos outros me distraísse. Assim que entrei, o som caótico de vozes e risadas me envolveu, e por um momento, me senti deslocado.

Foi quando meu olhar encontrou o dele.

Jungwon estava sentado à mesa com meus amigos, a cabeça levemente inclinada enquanto ria de algo que um deles tinha dito. Ele parecia despreocupado, quase como se nada estivesse errado. Mas, por um segundo, seus olhos encontraram os meus, e o breve contato visual me fez desviar rapidamente.

Eu caminhei até a fila, pegando um suco qualquer antes de me aproximar da mesa onde eles estavam sentados.

— Cansou de pensar e resolveu vir comer? — Sunghoon perguntou assim que me sentei ao lado dele, um sorriso de canto nos lábios.

Apenas assenti, evitando um comentário mais elaborado.

Sunoo, que parecia estar animado, retomou o assunto sobre o zoológico. Ele gesticulava com entusiasmo, descrevendo os animais que viu e como Niki quase caiu no tanque das lontras enquanto tentava tirar uma foto.

Eu ri com a imagem mental, a leveza da conversa me distraindo, mas a sensação não durou muito.

Era como se uma presença invisível pairasse sobre mim, quente e insistente. Mesmo sem olhar, eu sabia que Jungwon estava me observando. Podia sentir o peso de seu olhar queimando em mim, cada vez mais intenso, como se estivesse esperando algo.

Fiz de conta que não percebi, me forçando a focar nas palavras de Sunoo. Quando ele contou que Niki gritou ao ver um pássaro voando em sua direção, minha risada saiu antes que eu pudesse evitar ao olhar a cara que Niki fez.

Foi aí que eu percebi: o olhar de Jungwon ainda estava em mim. Mesmo com toda a conversa ao redor, era como se estivéssemos presos em algum tipo de jogo silencioso.

E, por mais que eu quisesse ignorar, parte de mim queria olhar de volta.

Mas não olhei. Fiquei encarando o suco na minha mão, mexendo a caixinha sem realmente beber, como se isso fosse suficiente para ignorar a pressão invisível que Jungwon parecia exercer sobre mim.

— Jay, você não acha engraçado? — Sunoo perguntou, inclinando-se para me cutucar no braço.

— Hã? O quê? — Pisquei, tentando focar nele.

— Sobre o pássaro, você nem tá ouvindo, né? — Sunoo revirou os olhos, fingindo estar ofendido.

— Tô ouvindo sim. Você gritou, Niki correu e, de alguma forma, o pássaro virou o vilão. — Dei de ombros, arrancando uma risada de Sunghoon e Niki.

— Não foi Sunoo quem gritou, foi Niki. —  Hanabi apontou para Niki, que balançou a cabeça em negação.

— Você não pode provar nada. — Niki retrucou com um sorriso travesso.

Enquanto os dois discutiam, meus olhos finalmente traíram minha determinação. Fingi que estava apenas esticando o pescoço, mas acabei olhando na direção de Jungwon.

Ele ainda estava me encarando.

Dessa vez, não disfarçou quando nossos olhares se encontraram. Havia algo nos olhos dele que eu não conseguia decifrar. Uma mistura de curiosidade, provocação, e talvez... um toque de arrependimento?

Antes que eu pudesse interpretar o que vi, Jungwon sorriu de leve, o tipo de sorriso que parecia saber demais. Meu estômago revirou, e eu voltei meu olhar para a mesa, sentindo o calor subir pelas minhas bochechas.

— O que foi isso? — Sunghoon perguntou, inclinando-se para perto de mim.

— O quê? — Perguntei, tentando parecer despreocupado.

— Você tá vermelho. Tá passando mal ou é outra coisa? — Ele estreitou os olhos, claramente desconfiado.

— Tô ótimo. — Respondi rápido demais, me levantando com o suco na mão. — Na verdade, acho que preciso de mais alguma coisa pra comer.

Antes que ele pudesse responder, já estava a caminho da fila novamente, tentando controlar a bagunça de pensamentos na minha cabeça. Jungwon estava me provocando. Só podia ser isso. E, pior, estava funcionando.

O som estridente do sinal ecoou pelo refeitório, interrompendo a conversa descontraída e sinalizando que era hora de voltar às aulas. Todos começaram a se levantar, recolhendo bandejas e papéis enquanto o ambiente se esvaziava aos poucos. Sunghoon, no entanto, foi o único que permaneceu na mesa comigo, recostado na cadeira e observando meu ritmo lento enquanto terminava o mini hambúrguer que havia pego na segunda ida à fila.

— Você não tá com pressa, né? — Ele perguntou, cruzando os braços.

— Nem um pouco. — Respondi, dando uma mordida preguiçosa no sanduíche.

Sunghoon riu baixo, mas continuou esperando. Quando finalmente terminei, empurrei o prato vazio para o lado e limpei as mãos em um guardanapo.

— Vou passar numa loja antes de ir pra casa. — Comentei casualmente enquanto me levantava.

— Loja? — Sunghoon arqueou uma sobrancelha, levantando-se também. — Vai comprar o quê?

Hesitei por um momento, não querendo parecer sentimental demais. Mas era Sunghoon, ele provavelmente entenderia.

— Algo pro Heeseung. — Admiti, coçando a nuca. — A gente tá meio... distante ultimamente.

Sunghoon inclinou a cabeça, me observando como se tentasse ler algo além do que eu disse, mas apenas deu um pequeno sorriso e concordou.

— Boa ideia. Ele vai gostar, com certeza.

— Espero que sim. — Respondi, suspirando enquanto pegávamos nossas coisas e começávamos a sair do refeitório.

Caminhamos pelo corredor em direção às salas de aula, o som de conversas e passos enchendo o espaço ao nosso redor. Mas minha mente já estava focada na loja. Eu precisava escolher algo que realmente mostrasse ao Heeseung que eu me importava, e que estava disposto a ouvi-lo.

Durante a saída, dixei o último aceno para Sunoo, Niki, Sunghoon e Hana com um misto de pressa e alívio. Não fazia questão de prolongar a despedida, certamente iriam me encher de perguntas.Também não vi Jungwon. Para ser honesto, não sei se queria vê-lo ou se preferia evitar qualquer possibilidade de cruzar com aquele olhar novamente. Apenas me virei e segui andando, sem rumo, deixando a sensação de cansaço pesar nos ombros.

As ruas do centro estavam vibrantes, com enfeites que dançavam ao vento. Passei por vitrines que exibiam de tudo, desde roupas elegantes até pequenos presentes que gritavam “escolha-me”. Meus olhos vagavam entre as luzes, mas minha mente estava distante. Até que uma pequena loja me chamou atenção. O letreiro piscava suavemente, como se me convidasse a entrar.

Assim que pisei dentro, fui envolvido pelo cheiro de madeira e algo levemente adocicado, como baunilha. Não era um lugar grande, mas cada canto parecia transbordar cuidado e significado. Meu olhar passou por relógios antigos, bijuterias delicadas, esculturas minimalistas, até que algo prendeu minha atenção: uma caixa de música.

Era pequena, simples, mas havia algo nela que me fez parar. A tampa era decorada com uma gravura de galhos entrelaçados, formando algo que lembrava uma floresta. Não resisti e a abri. A melodia que saiu era suave, quase melancólica, mas ao mesmo tempo… reconfortante. Fiquei ali ouvindo, enquanto minha mente vagava por memórias que não queria encarar agora. Antes que pudesse me convencer a largá-la, paguei por ela e guardei-a cuidadosamente na mochila.

Lá fora, o ar estava gelado, bem que Sunghoon havia dito sobre a temperatura diminuir pela tarde, o tipo de frio que queimava o rosto e fazia o corpo querer se encolher. Depois de comer dois bolinhos de trigo, puxei o celular do bolso, chamei um carro e esperei na calçada, abraçando a mochila como se ela pudesse me proteger daquilo que eu não conseguia nomear. O motorista chegou rápido. Entrei no carro sem dizer muito, apenas informando o destino: Forest Seoul Park.

Não sei o que me levou a escolher aquele lugar naquele momento, talvez porque a lembrança mais forte que tinha do meu pai era naquele lugar.
Talvez fosse o silêncio que ele prometia. Talvez eu precisasse da distância. Enquanto o carro avançava pelas ruas, algumas luzes da cidade passavam como borrões na janela, mesmo que a noite ainda não tivesse chegado. A melodia da caixa de música ainda estava na minha cabeça, e, pela primeira vez naquela tarde, senti uma espécie de calma.

O carro parou na entrada do parque, um ótimo lugar para estar em família. Desci, e a quietude me envolveu. Aquele lugar parecia outro mundo. Guardei o celular no bolso, ajeitei a mochila e respirei fundo. Sem pensar duas vezes, dei o primeiro passo.

O parque parecia mais vivo do que qualquer memória que eu tinha dele. As árvores altas balançavam suavemente com o vento, seus galhos quase se tocando como se guardassem um segredo. As folhas caídas no chão formavam uma espécie de tapete dourado e, entre os canteiros de flores, tulipas em tons de vermelho e amarelo davam um contraste vibrante ao cenário. Havia uma leveza naquele lugar, como se o tempo corresse mais devagar.

Caminhava sem pressa, tentando absorver cada detalhe enquanto o frio da tarde me fazia apertar o casaco contra o corpo, minhas mãos estavam extremamente frias. Por mais que o ambiente fosse encantador, minha mente estava longe. Pensava em como abordar Heeseung. Era engraçado como isso parecia algo bobo, mas, ao mesmo tempo, me importava mais do que eu gostaria de admitir. Ele sempre foi mais do que apenas meu amigo; Heeseung era como um irmão mais velho, alguém que sempre soube o que dizer, o que fazer, e me fazia sentir que tudo ficaria bem, mesmo nos piores dias. Era impossível pensar em perder essa conexão.

Passei por um canteiro de tulipas e estremeci quando uma rajada de vento gelado me atingiu. Respirei fundo e segui em frente, os pés me levando até uma ponte de madeira no centro do parque, que cruzava um pequeno lago. Assim que alcancei o meio da ponte, parei e olhei para baixo. A água cristalina refletia o céu, pontuado por nuvens suaves que se moviam lentamente. Era como olhar para outro mundo.

De repente, vi meu reflexo na superfície da água. Por um momento, fui transportado para outro tempo. Eu era menor, talvez uns oito ou nove anos, e meus pais estavam comigo. Lembrei-me de como eles seguraram minhas mãos naquela mesma ponte, me incentivando a olhar para a água e imaginar histórias sobre o que poderia existir no fundo do lago. Senti um aperto no peito com a lembrança.

Aquele reflexo, o mesmo que eu via agora, parecia mais confuso, mais perdido. Suspirei e deixei minha cabeça cair um pouco, o vento frio passando pelos fios do meu cabelo. Tentei afastar o peso dos pensamentos, mas eles voltavam em ondas. Heeseung estava sempre lá quando eu precisava, e agora que parecia ser minha vez de retribuir, eu me sentia meio perdido sobre como fazer isso.

A água brilhava levemente com os raios do sol da tarde, mas, mesmo com toda aquela beleza ao meu redor, minha mente não parava de rodar. Eu sabia que precisava encontrar as palavras certas para dizer a ele, mesmo que isso significasse me expor de um jeito que evitava há muito tempo. Afinal, ele era importante demais para eu não tentar.

O som de um choro suave cortou o silêncio ao meu redor, e meus sentidos despertaram instantaneamente. Levantei a cabeça tão rápido que o vento gelado pareceu cortar minha pele. Meus olhos procuraram pela origem do som, e foi quando o vi.

Não muito longe de onde uma criança chorava, lá estava ele. Jungwon.

Meu coração disparou no mesmo segundo. O choque foi instantâneo, mas rapidamente substituído por uma onda de emoções difíceis de nomear. Era como se o mundo tivesse parado por um momento, e tudo o que eu pudesse enxergar fosse ele. A camisa branca que ele usava na escola parecia ainda mais nítida sob a luz da tarde, contrastando perfeitamente com a calça jeans preta e o cenário verde em sua volta. Agora, ele também vestia uma jaqueta que combinava com o tom escuro da calça, tornando-o ainda mais... encantador.

Havia algo nele que me deixava completamente fora do eixo, como se ele tivesse o poder de bagunçar o equilíbrio que eu me esforçava tanto para manter. Meu peito apertou, e o calor subiu pelo meu rosto, mesmo com o frio que envolvia o parque. Era um misto de nervosismo, surpresa e uma pontada de algo que eu não queria admitir.

Ele me viu. Claro que me viu. Mas o que chamou minha atenção foi o jeito como ele reagiu. Jungwon tentou se esconder. Virou o rosto e deu um passo para trás, como se quisesse fugir do meu olhar, mas não foi rápido o suficiente. Eu o vi a tempo. Vi a expressão que ele fez — um misto de culpa e surpresa, como alguém que foi pego no meio de algo que não deveria estar fazendo.

Aquela expressão era quase... adorável. Um sorriso involuntário começou a se formar nos meus lábios, mas o engoli antes que ele pudesse crescer. Meu coração, no entanto, não parecia disposto a desacelerar tão cedo.

O que ele estava fazendo ali? Por que parecia tão nervoso? E, mais importante, por que parecia que o simples fato de vê-lo fazia tudo ao meu redor desaparecer?

Eu deveria dizer algo. Fazer algo. Mas tudo o que consegui fazer foi ficar parado, olhando para ele, enquanto meu coração batia forte o suficiente para me fazer questionar se ele podia ouvir.

Jungwon começou a caminhar em minha direção, com os passos leves e cautelosos. Ele tinha a mochila nas costas, o que fez uma parte de mim se perguntar: ele nem foi para casa? Conforme se aproximava, o coração que já estava acelerado parecia querer sair do peito. Ele parou ao meu lado, encostando-se no mesmo apoio da ponte, o olhar fixo no lago, exatamente como eu estava há alguns segundos.

Nenhuma palavra foi dita. Eu podia sentir a presença dele ao meu lado como uma corrente elétrica, como se a simples proximidade fosse suficiente para bagunçar ainda mais meus pensamentos. Ele estava ali, perto o bastante para que eu sentisse seu perfume misturado ao ar frio da tarde, mas ainda assim parecia que havia um muro invisível entre nós.

— Você tá me seguindo? — perguntei, finalmente quebrando o silêncio. Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas meu peito ainda estava em caos.

Ele continuou olhando para a água, como se estivesse pensando na melhor resposta.

— Não — respondeu simplesmente, sem desviar o olhar.

Mas foi então que notei. Ele colocou as mãos no apoio da ponte, com os dedos cruzados de maneira quase sutil. Era um detalhe pequeno, mas não para alguém que o observava como eu. Senti um misto de surpresa e algo mais difícil de explicar.

— Você está mentindo — eu disse, minha voz soando mais suave dessa vez, quase desarmada. — Está cruzando os dedos.

Finalmente, Jungwon virou o rosto na minha direção, e nossos olhos se encontraram. Havia algo em sua expressão — um misto de constrangimento e leve diversão. Ele me olhou por um momento, como se estivesse decidindo o que fazer, e então confirmou com um leve aceno de cabeça.

— Tudo bem— ele admitiu, a voz baixa, mas com um tom casual. — Estou te seguindo.

Ele fez uma pausa, o canto dos lábios ameaçando um sorriso.

— E acabei sendo pego.

Eu fiquei olhando para ele, sem saber como reagir. Parte de mim queria rir, mas a outra estava completamente mexida. Jungwon não tentou justificar ou se explicar. Ele simplesmente admitiu, sem cerimônias, e continuou ali, como se fosse a coisa mais natural do mundo. E, por algum motivo, isso mexeu ainda mais comigo.

— Por que você tá fazendo isso? — perguntei, tentando soar sério, mas minha voz carregava mais curiosidade do que qualquer outra coisa.

Jungwon desviou o olhar do lago e me encarou, os olhos escuros refletindo algo entre calma e provocação.

— Pelo mesmo motivo que você e o Sunoo invadiram minha casa.

Eu congelei. As palavras me atingiram como um golpe inesperado, e, por um instante, senti meu rosto esquentar. Não esperava que ele fosse direto assim, e muito menos que trouxesse aquilo à tona tão casualmente.

— Eu... — comecei, mas as palavras me escaparam. Suspirei e abaixei a cabeça. — Desculpa.

Ele não respondeu de imediato. Apenas assentiu levemente com a cabeça, como se aceitasse meu pedido de desculpas, mas sem dar muita importância ao assunto. Ainda assim, aquele silêncio me incomodava, e eu sentia que precisava dizer algo mais.

— Por que você está me seguindo, Jungwon? — perguntei novamente, tentando não parecer tão afetado.

Ele manteve o olhar fixo no lago, e, por um momento, pensei que fosse ignorar a pergunta. Decidi continuar antes que ele tivesse a chance de fugir.

— Eu só fui até sua casa por insistência do Sunoo. Ele tava preocupado porque você tinha sumido.

Finalmente, Jungwon virou o rosto para mim, os olhos um pouco mais suaves agora, mas ainda carregando aquele mistério que sempre o cercava. Ele não parecia surpreso com o que eu disse, mas também não havia nenhuma acusação em seu olhar.

— Sunoo se preocupa demais — respondeu, sua voz baixa e calma, como se fosse mais um pensamento em voz alta do que uma resposta direta.

Eu respirei fundo, esperando que ele dissesse mais alguma coisa. Mas, como sempre, Jungwon parecia estar no controle da conversa, mesmo em silêncio. E isso só fazia minha curiosidade crescer ainda mais.

— Eu também fiquei preocupado com você — soltei, sem pensar. A frase escapou dos meus lábios antes que eu pudesse segurá-la.

Jungwon, que estava olhando para o lago, desviou o olhar, parecendo... tímido? Seus olhos se voltaram brevemente para o chão, e eu juro que vi suas bochechas corarem levemente.

Meu coração deu uma cambalhota tão violenta que eu achei que ele fosse sair do peito. O silêncio que se seguiu pareceu durar uma eternidade, até que resolvi arriscar novamente.

— Foi errado da minha parte... me preocupar com você? — perguntei, minha voz mais suave dessa vez, mas carregada de sinceridade.

Ele ficou quieto por um momento, como se estivesse pensando. Então, lentamente, balançou a cabeça em negativa, sem me olhar diretamente.

Eu deveria dizer algo, mas as palavras simplesmente não vinham. Era como se aquele gesto fosse o suficiente para bagunçar completamente minha mente. Ficamos em silêncio novamente, mas dessa vez não era desconfortável. Era quase... íntimo, de um jeito estranho.

Enquanto a brisa fria passava por nós, algo veio à minha mente, e eu não consegui evitar. Lembrei-me do dia em que Sunoo e eu invadimos o jardim da casa de Jungwon. Lembrei de como Heeseung ficou furioso comigo quando descobriu, como se aquilo fosse algo pessoal para ele. A conexão entre Jungwon e Heeseung tinha me deixado intrigado desde então.

— Você conhece o Heeseung há muito tempo? — perguntei, tentando soar casual, mas sabendo que minha curiosidade transparecia.

Jungwon paralisou. Seu corpo, até então relaxado, ficou rígido de repente, como se eu tivesse ativado algum tipo de alarme. Ele demorou alguns segundos antes de responder, e quando o fez, sua voz estava mais baixa, quase cautelosa.

— Não... só conheci ele recentemente.

Havia algo na maneira como ele disse isso que não soava completamente honesto. Não era exatamente uma mentira, mas parecia... incompleto. Jungwon evitava me encarar agora, e o mistério ao seu redor só parecia crescer. Eu queria perguntar mais, mas ao mesmo tempo, tinha medo de empurrá-lo demais.

E, mais do que tudo, eu não conseguia entender por que aquilo importava tanto para mim.

Hesitei, mordendo o lábio antes de decidir falar. Era algo que vinha me atormentando há algum tempo, e talvez, de alguma forma, Jungwon pudesse me ajudar a entender.

— Eu... não sei o que aconteceu entre Heeseung e o Jake, mas desde que o Jake voltou, o Heeseung mudou completamente. Ele parece mais... distante, como se estivesse sempre com a cabeça em outro lugar. E, ao mesmo tempo, ele virou um tipo de protetor exagerado com a gente, como se precisasse nos manter seguros o tempo todo.

Jungwon não respondeu, mas percebi que ele ficou mais atento, os dedos tamborilando levemente no apoio da ponte.

— Eu sei que tem algo incomodando o Heeseung — continuei, tentando manter minha voz firme. — Algo que ele não quer me contar, mas eu vou descobrir.

Jungwon abaixou a cabeça, apoiando-a no corrimão da ponte. Ele parecia agora perdido em seus próprios pensamentos, como se minhas palavras tivessem desencadeado algo dentro dele. O silêncio foi tão longo que eu quase desisti de esperar uma resposta, até que ele falou, sua voz baixa e hesitante.

— O Heeseung parece ser uma boa pessoa.

Eu assenti, confuso sobre para onde aquela conversa estava indo.

— Talvez... você devesse mesmo ouvir ele, quando diz pra vocês se manterem distante do Jake... e de mim.

As palavras dele me atingiram como um golpe. Franzi o cenho, completamente desnorteado.

— O quê? Por que eu deveria me afastar de você?

Jungwon não me olhou. Ele manteve os olhos fixos no lago, e colocou o capuz, escondendo um pouco seu rosto. Sua expressão estava fechada, como se estivesse travando uma batalha interna.

— Só ouça o Heeseung — murmurou, sua voz quase um sussurro.

Meu coração disparou, agora tomado por uma confusão que só fazia aumentar. Não fazia sentido. Por que ele, de todas as pessoas, diria algo assim?

— Jungwon... — comecei, mas as palavras morreram na minha boca. Eu não sabia o que dizer, como lidar com aquilo.

Ele continuava ali, mas de repente parecia tão distante que era como se estivéssemos separados por quilômetros.

— Me dá pelo menos um motivo para fazer isso, Jungwon — pedi, minha voz saindo mais firme do que eu esperava.

Ele apenas balançou a cabeça, recusando-se a responder. Eu suspirei, frustrado, e estremeci quando uma nova rajada de vento gelado passou por nós. Abracei a mim mesmo, tentando me aquecer.

— Não acha que já é tarde demais pra pedir isso? — perguntei, meu tom desafiador.

Jungwon finalmente me olhou novamente, seus olhos carregados de algo que eu não consegui identificar.

— Nunca é tarde pra tomar a escolha certa — respondeu, a voz baixa, mas firme.

As palavras dele me irritaram mais do que eu gostaria de admitir. Não porque estavam erradas, mas porque pareciam tão... definitivas.

— Então é isso que você acha que é certo? Que eu me afaste de você? — perguntei, inclinando-me levemente na direção dele. — Se é isso que você quer, por que você me seguiu até aqui?

Ele desviou o olhar, ajustando sua postura e voltando à posição de antes, com as mãos no apoio da ponte. Era óbvio que estava tentando evitar a pergunta, mas o silêncio dele dizia mais do que qualquer resposta.

— Jungwon? — insisti, meu tom agora mais suave, quase implorando.

Ele mordeu o lábio inferior, ainda evitando me encarar, e por um momento pareceu que iria dizer algo. Mas então, nada. Ele simplesmente ficou ali, como se estivesse preso em um conflito interno que não conseguia resolver.

Eu queria ficar bravo, queria exigir uma resposta, mas a maneira como ele parecia perdido... Desarmou completamente a raiva que começava a crescer em mim.

Eu assenti com a cabeça, tentando esconder o quanto aquilo tudo me afetava. O céu estava ficando mais escuro a cada segundo, as nuvens se acumulando de maneira pesada, sem estrelas à vista. O ar frio cortava minha pele, mas a sensação mais forte era a do peso em meu peito, o peso das palavras que não saíam, daquilo que eu queria dizer, mas não sabia como.

Fiquei ali, esperando, mas Jungwon não disse nada. O silêncio entre nós foi se arrastando como um peso crescente. Eu olhei para o horizonte, tentando encontrar alguma resposta no céu nublado, mas a verdade era que nada ali parecia fazer sentido. Quando percebi que não havia mais nada a ser dito, virei as costas, decidido a ir embora. Não sabia o que estava me prendendo ali, mas a frustração era forte demais.

No entanto, antes que eu desse um passo, senti o toque firme no meu braço. Me virei rápido, surpreso. Não esperava que ele me segurasse, mas ali estava Jungwon, de olhos baixos e expressão indecifrável.

— Você não acha que é tarde demais para me pedir isso? — Não pensei muito antes de falar, o impulso saindo de mim como se eu não conseguisse controlar. — Quando eu não consigo passar um minuto sozinho, sem que minha mente se perca pensando em você. Você não sabe o quanto mexe comigo, com suas palavras, com suas atitudes. E depois age como se fosse algo sem importância pra você...

Eu esperava alguma reação, uma palavra, qualquer coisa. Mas Jungwon apenas abaixou o olhar. Meu coração vacilou, e por um momento, pensei em pedir desculpas. Contudo, antes que pudesse abrir a boca, ele me puxou. Foi suave, quase hesitante, mas ao mesmo tempo irresistível, como se ele soubesse exatamente o que estava fazendo.

Seus lábios tocaram os meus em um selar delicado, e tudo ao meu redor desapareceu. O mundo, os sons, o peso das dúvidas, tudo se dissolveu naquele instante. O beijo começou lento, tímido, como se ele estivesse explorando algo novo, algo desconhecido. Eu hesitei, congelado, mas a doçura daquele toque me fez relaxar, me entregando ao momento.

Logo, o beijo mudou. O que começou como um gesto cuidadoso tornou-se mais firme, mais intenso. Era como se Jungwon quisesse falar comigo através daquele contato, expressar algo que as palavras não fossem capazes de transmitir. Suas mãos subiram para minha nuca, os dedos deslizando pelos fios do meu cabelo, me puxando para mais perto. O calor que irradiava de seu corpo me envolvia, fazendo meu coração bater tão alto que parecia ecoar entre nós.

A intensidade crescia a cada movimento de seus lábios. Ele explorava os meus com cuidado, mas havia uma urgência contida, como se precisássemos consumir aquele instante antes que escapasse. Minha respiração se tornou irregular, e, mesmo sem saber ao certo o que fazer, meu corpo parecia entender o momento de maneira instintiva. Meus dedos deslizava para seus ombros, buscando segurá-lo como se temesse que ele desaparecesse.

Então, nossas línguas se encontraram, hesitantes no início, como uma dança delicada. Mas, rapidamente, a hesitação deu lugar a uma conexão mais profunda, mais voraz. A cada deslizar, a cada toque, uma faísca parecia acender entre nós, incendiando algo dentro de mim que eu não sabia que existia. A suavidade inicial foi substituída por algo mais intenso, um desejo compartilhado que nos consumia.

O sabor dele era inebriante, uma mistura de calor e doçura que me fazia querer mais. Ele aprofundou o beijo, e meu corpo respondeu sem reservas. Era como se nossas bocas conversassem, trocando perguntas e respostas em silêncio. Suas mãos firmes deslizavam pela minha nuca, segurando-me com força, enquanto o espaço entre nós desaparecia. Eu podia sentir seu coração acelerado, pulsando em sincronia com o meu.

O beijo era uma colisão de mundos, lento no início, mas agora cheio de paixão. Ele parecia querer explorar cada canto da minha boca, e eu correspondia com a mesma intensidade. O toque das nossas línguas era uma mistura perfeita de curiosidade e necessidade, criando um ritmo que eu não queria quebrar. Minhas mãos, quase sem controle, desceram por suas costas, trazendo-o ainda mais para mim.

A cada instante, o calor aumentava, o contato se aprofundava, e a realidade parecia se afastar cada vez mais. Tudo o que importava era ele, ali, comigo, naquele momento que parecia não ter fim. E eu sabia, com toda a certeza que meu coração podia carregar, que jamais esqueceria aquele beijo - lento, intenso, e absolutamente arrebatador

Quando abri os olhos, preparei-me para encarar Jungwon, mas o que vi me deixou completamente pasmo. Meu coração, que já batia acelerado, pareceu parar por um momento. Seu olhar... não era o mesmo. Um de seus olhos ainda era negro como a noite que se instalou, mas o outro... o outro estava mudando completamente naquele instante, assumindo um vermelho ardente, pulsante, quase hipnótico. Era tão real, tão intenso, que eu não conseguia desviar o olhar.

Senti um calafrio percorrer minha espinha, e minhas mãos, começaram a tremer levemente. Era bonito, inegavelmente bonito, mas também assustador. Parecia algo que eu só havia visto em pesadelos ou histórias que nunca acreditei serem reais. O contraste entre as duas cores era quase surreal, como se me convidasse a olhar mais fundo, a entender algo que estava muito além da minha compreensão.

— J-Jungwon? — minha voz saiu quase em um sussurro, trêmula, sem eu conseguir disfarçar o medo e a confusão que começavam a crescer dentro de mim.


. . .

O que vocês estão achando da história?

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