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Capítulo 20.

Eu respirei fundo e fui para o banheiro, tentando processar tudo o que havia acabado de acontecer. Meu coração ainda estava disparado, e meu pescoço parecia arder com a marca que Jungwon havia deixado. Assim que entrei, empurrei a porta com mais força do que deveria, deixando o som ecoar pelo espaço vazio.

Caminhei até o espelho e inclinei o rosto, afastando a gola da camisa para dar uma boa olhada. A marca estava lá, pequena, avermelhada, mas impossível de ignorar. Esfreguei com os dedos, mas não adiantou nada.

— Droga... — murmurei, encarando meu reflexo, frustrado.

Jungwon tinha mesmo que ser tão... imprevisível? Ele fazia o que queria, como se soubesse que podia me deixar confuso desse jeito. Isso me irritava, mas eu odiava admitir que também me atraía.

Dei um suspiro pesado, ajeitando a camisa para esconder a marca, e voltei para a mesa onde todos estavam. Para minha surpresa, Jake não estava mais lá e nem um sinal de Jungwon também.

Sunghoon, Sunoo, Heeseung e Niki conversavam na mesa, sem cerimônia alguma.

— Cadê o Jake? — perguntei, olhando para Niki, que estava mais próximo.

Ele ergueu os olhos do celular e deu de ombros, como se não fosse grande coisa.

— Jungwon apareceu aqui e saiu puxando ele. Acho que foi há uns dois minutos.

Franzi o cenho, confuso.

— O quê? Por quê?

— Sei lá. Ele parecia apressado. — Niki respondeu, voltando a atenção para o celular.

Heeseung se inclinou para frente, cruzando os braços sobre a mesa.

— Algum problema? Você tá meio estranho.

— Não... — Eu hesitei, tentando não parecer afetado. — Só é estranho eles terem saído assim, do nada.

— Do nada não. — Sunghoon se inclinou na cadeira, um sorriso travesso nos lábios. — O Heeseung ainda ia descer o cacete no Jake.

— O quê? — Olhei para Heeseung, que revirou os olhos, claramente exasperado.

— Sunghoon, dá pra não exagerar? — Heeseung rebateu, a voz cheia de irritação.

— Exagerar? — Sunghoon riu, provocativo. — Você tava literalmente pronto pra voar no pescoço dele antes do Jungwon aparecer.

Niki, que até então parecia desinteressado, ergueu os olhos do celular, o rosto assumindo uma expressão de curiosidade.

— Eu tenho uma leve impressão de que vocês se conhecem.

Sua fala pairou no ar como uma bomba, e eu imediatamente percebi o desconforto no rosto de Heeseung. Ele desviou o olhar, passando a mão na nuca, enquanto Sunoo observava a cena com os olhos semicerrados, como se analisasse cada movimento de Heeseung.

— Eu não já disse que ele apareceu no meu antigo trabalho? — Heeseung tentou disfarçar, mas seu tom era tenso.

— Não é o que parece, você nunca age assim com as pessoas. — Niki cruzou os braços, fixando o olhar nele. — Porque, sei lá, parece que vocês têm alguma coisa mal resolvida.

— Niki... — Heeseung começou, mas parou, suspirando profundamente. Ele passou os olhos pela mesa, claramente incomodado com toda a atenção.

— Então vocês já se conhecem. — Sunoo comentou, a voz baixa, mas firme.

— Não é tão simples assim. — Heeseung finalmente admitiu, mas não deu mais detalhes, depois se levantou de repente.

— Vou pegar um ar.

Ele saiu sem olhar para trás, deixando todos na mesa em silêncio por alguns instantes.

— Tá, o que foi isso? — perguntei, tentando aliviar a tensão.

— Isso, Jay, foi o clássico sinal de que alguém tá escondendo algo grande. — Niki respondeu, antes de voltar sua atenção para o celular, como se aquilo não fosse nada demais.

Minutos depois, Heeseung voltou dizendo que chamou um táxi e ele já estava chegando. Sem questionar muito, nos levantamos e seguimos até a saída, o mais velho veio mais atrás depois de pagar tudo, eu ainda me ofereci para lhe ajudar, mas ele negou com a cabeça.

Assim que chegamos em nosso apartamento, já sem a presença de Sunoo, a atmosfera estava carregada de um silêncio incômodo. Cada um foi para o seu quarto sem trocar muitas palavras, e eu me joguei na cama após um banho, exausto, mas incapaz de desligar a mente.

Revirei-me por horas, encarando o teto, minha cabeça, um turbilhão de pensamentos: a marca no meu pescoço, e a tensão evidente entre Heeseung e o resto do grupo. Nada fazia sentido, e eu odiava isso.

Por fim, desisti de tentar dormir e saí do quarto, andando pela casa na penumbra. A luz fraca da lua iluminava o corredor, e os sons suaves da noite preenchiam o silêncio. Quando passei pelo quarto de Niki e Heeseung, algo chamou minha atenção: a cama de Heeseung estava vazia.

Franzi o cenho, hesitando por um momento. Será que ele ainda estava perturbado por tudo que havia acontecido mais cedo?

Continuei andando até a sala, onde me joguei no sofá, olhando para o teto. O tempo parecia se arrastar enquanto minha mente insistia em criar cenários. Minutos se transformaram em horas, e o silêncio da casa foi quebrado apenas pelo som da porta de entrada se abrindo lentamente.

Sentei-me de imediato, o coração disparando, e vi Heeseung entrar. Ele congelou ao me ver ali, seus olhos arregalados pelo susto. Estava vestido com um casaco escuro, o capuz puxado sobre a cabeça, como se tentasse passar despercebido.

— Jay? — Ele sussurrou, claramente não esperando me encontrar.

— Onde você estava? — Perguntei, sem rodeios. Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia, mas a preocupação falou mais alto.

Ele hesitou, tirando o capuz e passando a mão pelos cabelos bagunçados. Seu rosto estava sério, mas havia algo mais ali... cansaço? Culpa?

— Precisava de um tempo. — Respondeu evasivamente, tentando seguir para o quarto.

Levantei-me rapidamente, bloqueando sua passagem.

— Um tempo, Heeseung? Você sumiu no meio da madrugada! Eu fiquei preocupado com você. — Minhas palavras saíram mais carregadas de preocupação do que de acusação, mas ele ainda assim desviou o olhar.

— Jay, eu tô bem. — Ele disse, mas a firmeza em sua voz era ensaiada. — Só não consigo dormir com... tudo isso na minha cabeça.

— E o que exatamente tá na sua cabeça? — Pressionei, cruzando os braços.

Por um momento, achei que ele fosse explodir, mas em vez disso, soltou um suspiro cansado e olhou para o chão.

— Não é tão simples, cara... — Ele murmurou, quase inaudível. — Eu queria poder te contar, mas... não posso. Ainda não.

O nó no meu peito apertou. Não era a primeira vez que ele me deixava no escuro, mas, dessa vez, parecia mais grave.

— Heeseung, eu não tô aqui pra te julgar. Você sabe disso, né? — Minha voz saiu mais baixa agora, tentando quebrar a barreira que ele havia erguido.

Ele me olhou, e por um breve segundo, pareceu vulnerável. Depois, balançou a cabeça.

— Eu sei, Jay... Eu sei. Só... me dá tempo, tá?

Ele passou por mim, mas minha fala o impediu de seguir até seu quarto.

— Eu quero te contar algo. — deixei escapar.

Heeseung parou no meio do corredor, os ombros tensos. Ele se virou lentamente, o olhar indecifrável enquanto caminhava de volta para o sofá. Sentou-se e me puxou para que eu me sentasse ao lado dele, a expressão séria.

— Fala, Jay. O que tá acontecendo? — Ele perguntou, a voz calma, mas firme.

Eu hesitei, passando as mãos pelos cabelos, sentindo o peso das palavras que estavam presas na garganta. Era difícil organizar tudo, mas eu precisava contar.

— É sobre o Jungwon. — Comecei, desviando o olhar para minhas mãos, inquieto. — Eu... eu me sinto estranho em relação a ele. Não sei se é algo bom ou ruim, mas ele me deixa... confuso.

Heeseung permaneceu em silêncio, me observando atentamente, então continuei, tentando colocar tudo para fora de uma vez.

— Na sexta-feira, eu vi ele com o Jake. Eles estavam saindo do hospital, e, naquela hora, Jungwon não parecia estar mancando. Mas hoje, na escola, ele tava. E, pra piorar, a Hanna veio me dizer que ouviu que ele estava agindo estranho lá no hospital.

Heeseung franziu o cenho, inclinando-se levemente para frente. Eu podia ver o nervosismo crescendo em seus olhos, mas ele ainda estava tentando manter a calma.

— Tem mais uma coisa... — Admiti, a voz falhando. — Hoje, ele confessou que sente algo por mim. Não sei o que fazer com isso. Quer dizer, ele é... misterioso. Ele parece... perigoso, mas ao mesmo tempo... eu sinto que quero saber mais sobre ele. É como se ele soubesse exatamente como mexer comigo.

As palavras saíram rápidas, como se eu estivesse tentando me livrar delas antes que mudasse de ideia. Heeseung piscou algumas vezes, processando tudo, antes de passar a mão pelo rosto. O silêncio que se seguiu foi sufocante.

— Jay... — Ele começou, mas parou, a voz baixa, quase um sussurro. — Você precisa tomar cuidado com ele.

Eu franzi o cenho, confuso com a seriedade dele.

— Por quê? O que você sabe sobre ele?

Heeseung hesitou, claramente lutando com algo. Ele parecia prestes a dizer algo importante, mas então balançou a cabeça, desviando o olhar.

— Só confia em mim, tá? Ele não é quem você pensa que é. — Ele finalmente disse, a voz carregada de preocupação.

— Como assim? — Pressionei, o coração disparando.

— Eu não posso te explicar agora. — Heeseung admitiu, levantando-se abruptamente. Ele começou a andar de um lado para o outro na sala, como se tentasse encontrar as palavras certas. — Só... se afasta dele, Jay. Por favor.

— Você tá me assustando, Heeseung. — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia. — Você sabe de alguma coisa sobre ele, não sabe? Porque você não diz logo?

Ele parou de andar, virando-se para me encarar. Havia algo em seu olhar que fez um arrepio percorrer minha espinha. Ele parecia... apavorado.

— Eu conheço o Jake. — ele soltou, parecia em busca de palavras.

Heeseung congelou ao ouvir o som dos passos no corredor, e antes que eu pudesse digerir suas últimas palavras, um feixe de luz invadiu a sala. Niki estava parado na entrada, com a lanterna do celular iluminando nossos rostos. Ele piscou algumas vezes, claramente tentando entender a cena.

— O que vocês tão fazendo aqui no escuro? — Ele perguntou, a voz carregada de sono e curiosidade.

Heeseung deu um passo para trás, cruzando os braços como se tentasse disfarçar a tensão. Já eu, ainda sentado no sofá, senti meu coração disparar. Eu não queria que Niki percebesse que estávamos discutindo algo sério.

— Não conseguia dormir — respondi, tentando parecer casual. — E o Heeseung apareceu por aqui também. Acho que a insônia tá geral.

Niki arqueou uma sobrancelha, desconfiado, enquanto abaixava o celular e apagava a lanterna.

— Sei... — Ele disse devagar, olhando de mim para Heeseung. — Mas vocês dois parecem tensos demais pra uma simples conversa de madrugada.

— Eu já estava indo deitar. — Heeseung diz.

Heeseung não esperou mais nenhuma palavra. Apenas passou por Niki e foi direto para seu quarto, a expressão dura e carregada. O silêncio ficou no ar por alguns segundos, até Niki suspirar e coçar a nuca, ainda sonolento.

— Sei lá o que tá acontecendo aqui, mas só espero que vocês resolvam isso logo. — Ele disse, antes de voltar para o quarto.

Fiquei sozinho na sala, sentindo o peso do que acabara de acontecer. Heeseung sabia algo sobre Jungwon e Jake, isso era claro. Mas ele não queria compartilhar, e isso só me deixava mais ansioso. Eu precisava descobrir o que estava acontecendo.

Nos dias seguintes, a ausência de Jungwon começou a se destacar. Ele não aparecia na escola, não respondia mensagens e, pelo que eu sabia, ninguém sabia onde ele estava.

Durante o intervalo, o grupo parecia mais disperso do que nunca. Eu, Sunghoon, Niki, Hanna e Sunoo estávamos sentados à mesa habitual, mas a conversa era mínima. Até mesmo Sunghoon, que normalmente falava sem parar, estava mais calado.

— Alguém tem notícias dele? — Sunghoon perguntou de repente, quebrando o silêncio. Seus olhos estavam fixos no celular, e ele tinha uma expressão de preocupação.

— Nada. — Sunoo respondeu, passando a mão pelos cabelos. — Ele não responde às minhas mensagens. — Tentei ligar, mas só dá fora de área.

Niki, que até então estava quieto, suspirou pesadamente.

— Talvez ele só precise de um tempo. Ou talvez tenha acontecido algo. — Ele disse, mas seu tom não era convencido

Os dias continuaram passando, e Jungwon continuava desaparecido. Eu me vi cada vez mais obcecado por respostas, mas parecia que quanto mais tentava, mais longe elas ficavam. Sunoo também parecia inquieto, sempre verificando o celular, na esperança de alguma mensagem.

Até que em uma tarde de uma quinta-feira, Kim Sunoo me liga dizendo que queria conversar comigo na recepção do prédio. Então, deixei a casa antes que algum dos caras começassem um interrogatório, principalmente Heeseung que não queria me dar respostas e estava me evitando.

Ao chegar à recepção, a luz dourada do fim da tarde iluminava o ambiente, dando à sala de espera um ar mais acolhedor do que o normal. Sunoo estava sentado em um dos bancos, de braços cruzados, parecendo inquieto. Ele olhou para mim assim que entrei, e algo em sua expressão me deixou tenso. Era raro vê-lo tão sério.

— O que tá pegando, Sunoo? — Perguntei, me aproximando. Eu não conseguia evitar que minha voz soasse mais cansada do que o esperado. Os últimos dias haviam sido desgastantes.

Ele suspirou, apontando para o banco ao lado dele.

— Senta aí, Jay. É sobre o Jungwon.

Meu peito apertou com a menção do nome, mas mantive a fachada. Não queria que Sunoo percebesse o quanto isso mexia comigo. Sentei-me ao lado dele, tentando parecer indiferente.

— O que tem o Jungwon? — Perguntei casualmente, mesmo que meu coração estivesse disparado.

Sunoo virou o celular na minha direção, exibindo foto no perfil de Jungwon. Era uma foto simples: um gato sentado em uma janela, com a luz do sol iluminando seu pelo listrado. Em segundo plano, a vista da rua mostrava uma casa grande, elegante, quase escondida por árvores.

— Ele mudou a foto de perfil ontem. — Sunoo disse, mantendo os olhos fixos na tela. — Olha aqui, no canto inferior da foto.

Eu me inclinei para olhar mais de perto, e foi então que percebi: havia algo familiar na imagem. Era um suéter azul claro, o mesmo que Jungwon costumava usar quase sempre. Estava pendurado ao lado da janela, como se ele tivesse tirado a foto rapidamente, sem perceber que estava na cena.

— Tá, mas o que isso significa? — Perguntei, mesmo que já sentisse a resposta chegando.

Sunoo sorriu, mas não de um jeito divertido. Era mais o sorriso de alguém que havia descoberto algo importante.

— Eu fiquei pensando onde essa foto foi tirada. Lá atrás, nem no fundo da imagem, tem uma casa, no canto da janela . Então, joguei a imagem no Google e usei a pesquisa reversa. — Ele disse, com um tom que misturava orgulho e urgência. — Consegui rastrear o local. Essa casa aqui... — Ele ampliou a foto no mapa que apareceu na tela. — Fica em Seul. É um bairro nobre.

Fiquei em silêncio por um momento, tentando absorver a informação. O que diabos Jungwon estava fazendo em um bairro nobre de Seul? E por que ele havia sumido sem dar explicações? Algo parecia fora do lugar.

— E daí? — Perguntei, tentando manter o ceticismo. — Isso não prova nada. Pode ser a casa de um amigo, ou até mesmo de alguém que ele conhece.

— Ou pode ser a casa dele. — Sunoo rebateu, a expressão séria. — Jay, ele sumiu. Não responde ninguém, e agora aparece alterando a foto como se nada tivesse acontecido? Isso não te parece estranho?

Eu não sabia o que dizer. Sunoo estava certo: aquilo era estranho. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia entender o porquê de Jungwon esconder algo tão simples. Ainda assim, algo dentro de mim se recusava a ignorar aquilo.

— E o que você quer fazer? — Perguntei finalmente, cruzando os braços.

Sunoo me olhou nos olhos, decidido.

— Quero ir até lá. Descobrir o que tá acontecendo. E você vai comigo.

Engoli em seco. Parte de mim queria recusar imediatamente, mas a outra parte, aquela que bem curiosa, sabia que não conseguiria dizer não.

— Tá bom. — Concordei, tentando parecer menos ansioso do que estava. — Mas a gente tem que ser cuidadoso, Sunoo. Não precisamos ser vistos por ele.

Ele assentiu, com uma determinação que eu raramente via nele.

— Não se preocupa, Jay. Só precisamos de algumas respostas. — Ele disse, antes de levantar e me puxar para fora do prédio.

Pegamos um carro de aplicativo logo depois de Sunoo me arrastar para fora do prédio. O motorista era um homem de meia-idade, simpático, mas parecia desconfiado de nós dois. Talvez fosse o nervosismo estampado na nossa cara ou o fato de estarmos indo para um endereço tão afastado. O trajeto foi silencioso, com apenas a música baixa do rádio preenchendo o carro. Sunoo olhava pela janela, enquanto eu apertava o tecido da minha calça, tentando acalmar minha mente.

Quando o carro entrou no bairro, uma mudança no ambiente ficou evidente. As ruas ficaram mais largas, ladeadas por árvores altas e impecavelmente podadas. As casas eram enormes, cada uma maior e mais imponente que a outra, separadas por vastos jardins e portões altos. Parecia outro mundo, completamente diferente do que estava acostumado.

— Chegamos, pessoal. — O motorista anunciou, parando em frente a um condomínio.

O portão de entrada era imenso, com barras de ferro que brilhavam sob a luz do entardecer. Havia uma guarita, mas parecia vazia. O motorista nos lançou um último olhar curioso antes de sair, deixando-nos sozinhos.

— E agora? — Perguntei, cruzando os braços.

Sunoo olhou ao redor, com a determinação brilhando nos olhos.

— A gente caminha. — Ele disse, apontando para uma pequena entrada lateral.

Passamos pela lateral, tentando não fazer barulho. O condomínio era silencioso demais, quase opressor. As poucas pessoas que poderiam estar ali estavam dentro de suas casas, protegidas por altos muros e janelas escuras. O sol estava quase se pondo, e as sombras das árvores projetavam-se pelas calçadas largas.

— Isso parece um cenário de filme de terror. — Murmurei, enquanto seguíamos por uma rua sem movimento.

— Relaxa, Jay. — Sunoo respondeu, embora seu tom de voz estivesse longe de ser tranquilo. — Só precisamos encontrar a casa.

Depois de quase dez minutos andando, Sunoo parou abruptamente, puxando meu braço.

— É ali. — Ele sussurrou, apontando para frente.

Eu segui o olhar dele e vi a casa. Era exatamente como na foto. Mas a que estava em frente delas era grande, luxuosa, com paredes em tons de preto e branco e um jardim perfeitamente cuidado. As luzes internas estavam acesas, e uma cortina leve balançava na janela do andar de cima. O portão de entrada era alto, mas dava para ver parte da fachada.

— Uau. — Foi tudo o que consegui dizer.

Sunoo assentiu, os olhos fixos na casa.

— Ele deve estar aqui.

Ficamos ali, escondidos atrás de uma árvore, observando. O silêncio do lugar era quase assustador, interrompido apenas pelo som distante de grilos e o ocasional uivo do vento.

— E agora? Vamos tocar a campainha? — Perguntei, tentando soar sarcástico, mas a ideia ser visto por Jungwon agora não me parecia boa.

Sunoo balançou a cabeça imediatamente.

— Claro que não. Só quero ter certeza de que ele tá aqui. Se a gente tocar a campainha e ele nos ver, não vai adiantar nada.

Concordei com um aceno. Apesar da tensão, algo dentro de mim estava inquieto, como se algo muito maior estivesse acontecendo e eu não conseguisse enxergar.

De repente, Sunoo segurou meu braço, apertando com força.

— Olha ali! — Ele sussurrou.

Segui o olhar dele e vi um vulto se mover pela janela do segundo andar. Era difícil identificar detalhes por conta da distância, mas o movimento foi rápido e direto. Depois disso, a luz do cômodo apagou, mergulhando o andar superior na escuridão.

— O que fazemos agora? — Perguntei, minha voz saindo mais baixa do que eu pretendia.

Sunoo não respondeu de imediato. Ele parecia perdido em pensamentos, como se tentasse decidir o próximo passo.

— A gente espera mais um pouco. Só quero ter certeza de que ele tá aqui antes de irmos embora.

E assim ficamos, escondidos nas sombras, observando aquela casa imponente enquanto a noite caía.

Até que Sunoo olhou para mim com um brilho desafiador nos olhos. Ele deu dois passos à frente, analisando o portão de ferro alto como se fosse apenas um obstáculo menor.

— Se queremos respostas, vamos ter que entrar. — Ele anunciou, como se fosse a decisão mais lógica do mundo.

Eu arregalei os olhos, completamente incrédulo.

— Você tá louco? A gente pode ser preso! — Rebati, cruzando os braços. — Ou pior, podem nos confundir com ladrões! Isso é invasão de propriedade, Sunoo!

Mas ele nem parecia ouvir. Seus olhos estavam fixos em uma parte da cerca lateral, onde uma árvore alta parecia oferecer cobertura suficiente para alguém ágil o bastante.

— Não tem outra forma. — Ele concluiu, mais para si mesmo do que para mim, enquanto já começava a caminhar pela calçada escura.

— Sunoo! — Chamei, a voz quase implorando. — Não faz isso, cara. Sério. A gente pode voltar amanhã, de dia, sei lá... inventar uma desculpa decente pra falar com ele.

Ele parou apenas por um segundo, virando-se para mim com um sorriso que misturava teimosia e determinação.

— Relaxa, Jay. Tá tudo sob controle. — E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele já havia se enfiado por um caminho mais estreito, ao lado de outra casa.

Suspirei, sentindo a raiva e o nervosismo se misturarem. Eu odiava o fato de que, mesmo quando Sunoo fazia algo tão idiota, eu não conseguia simplesmente deixá-lo sozinho. Bufando, segui o rastro dele.

— Isso é tão estúpido... — Resmunguei, apertando o passo para alcançá-lo.

Quando o encontrei, ele já estava avaliando o terreno. A grade lateral da casa tinha uma pequena brecha onde parecia possível passar, mas o espaço era apertado, e o chão de pedrinhas ao redor não ajudava.

— Sunoo, isso não tá nem perto de ser uma boa ideia. — Eu disse, tentando manter a voz baixa, mas firme.

Ele me ignorou, já puxando um galho que bloqueava o caminho.

— Você pode ficar aí reclamando ou me ajudar, Jay. — Ele respondeu sem nem olhar para mim.

Minha paciência estava se esgotando. Cruzei os braços e fiquei parado, encarando-o.

— Não. Eu tô fora. Isso é um limite pra mim. Você tá obcecado com isso, e eu... — Mas antes que pudesse terminar, ele já havia começado a passar pelo espaço estreito entre as grades.

— Sunoo! — Sussurrei, minha voz carregada de frustração.

— Relaxa, eu já disse! — Ele respondeu, a voz abafada enquanto atravessava.

Eu observei, indignado, enquanto ele desaparecia do outro lado. Fiquei ali por alguns segundos, ponderando minhas opções. Poderia esperar, talvez? Mas e se ele se metesse em algum tipo de problema? O pensamento de Sunoo em apuros me fez soltar um palavrão baixinho.

— Maldito teimoso... — Murmurei antes de me abaixar e começar a segui-lo.

A passagem era ainda mais apertada do que parecia, e minhas roupas prenderam em um ou dois galhos. Quando finalmente cheguei ao outro lado, encontrei Sunoo parado, escondido atrás de um arbusto próximo ao jardim da frente.

— Você é um pé no saco, sabia? — Sussurrei, olhando para ele com raiva.

Ele apenas sorriu, sem a menor vergonha.

— E você é previsível. Sabia que viria. — Ele respondeu, apontando para a casa.

Olhei para onde ele estava indicando. As luzes do andar de baixo agora estavam acesas, e podíamos ver sombras se movendo lá dentro. Eu não conseguia distinguir quem era, mas o fato de que havia movimento me deixou ainda mais inquieto.

— O que exatamente você espera descobrir? — Perguntei, cruzando os braços, minha raiva ainda borbulhando.

— Qualquer coisa. Uma pista. — Ele disse, os olhos fixos na casa. — Algo que explique por que ele tá agindo assim.

Soltei um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos. Eu sabia que não conseguiria convencer Sunoo a desistir. Ele era como um cachorro com um osso quando colocava algo na cabeça.

— Tá. Mas se der errado, é tudo culpa sua. — Resmunguei.

Ele sorriu novamente, dessa vez um pouco mais divertido.

— Relaxe, Jay. Só segue o plano.

— Que plano? — Perguntei, sentindo meu estômago afundar.

Sunoo me lançou um olhar determinado, ignorando completamente meu ceticismo.

— Vamos até a janela que apareceu na foto. É provavelmente o quarto do Jungwon. — Ele disse como se fosse óbvio.

— Sunoo, isso não faz o menor sentido. — Retruquei, cruzando os braços. — Você tá ficando paranóico. Isso já passou do limite de preocupação.

Ele me ignorou, começando a andar com cuidado pelo jardim. Rolei os olhos, mas, claro, segui atrás dele. Eu sabia que ele não desistiria até conseguir o que queria, e deixar Sunoo sozinho ali parecia uma péssima ideia.

Chegamos à janela em questão, e, como esperado, era alta demais para enxergarmos algo sem alguma ajuda.

— Tá escuro. — Disse, apontando para o vidro que parecia opaco. — Não dá pra ver nada, e isso é ótimo, porque significa que a gente pode ir embora.

— Calma, ainda não. — Ele murmurou, olhando para a janela. — Me dá um impulso.

Pisquei, incrédulo.

— O quê?

— Você me ouviu, Jay. Me dá um impulso, preciso olhar lá dentro.

Balancei a cabeça, exasperado.

— Isso é loucura! E se ele estiver lá? E se a gente for pego?

— Você não queria respostas? Então deixa de ser covarde e me ajuda.

Respirei fundo, já prevendo que isso terminaria mal.

— Tá bom. Mas depois não reclama se a gente acabar em alguma delegacia.

Me agachei, entrelaçando as mãos para que ele pudesse subir. Sunoo, com uma agilidade impressionante, escalou minhas costas.

— Rápido, isso tá começando a doer. — Murmurei, tentando manter o equilíbrio.

Ele segurou a borda da janela, se inclinando para enxergar melhor.

— Ainda não vejo nada... — Ele começou, mas foi interrompido quando, de repente, a luz do quarto se acendeu.

Sunoo ficou cara a cara com Jungwon, que estava parado no meio do cômodo.

— AHHHH! — Os dois gritaram ao mesmo tempo, a voz de Sunoo uma oitava acima da de Jungwon.

O susto me fez perder o equilíbrio, e nós dois despencamos no chão.

— Que ótimo. — Murmurei, me levantando enquanto esfregava o ombro.

— Levanta, Jay! — Sunoo disse, apressado, puxando meu braço com mais força do que o necessário.

— O que foi agora? — Perguntei, irritado, antes de olhar para cima e finalmente entender.

Jungwon estava na janela, olhando diretamente para nós. Mas algo estava errado. Ele parecia nervoso, quase apavorado, e estava cobrindo o olho direito com a mão, como se tentasse escondê-lo.

— Mas que... — Comecei, mas Sunoo me interrompeu.

— Vamos sair daqui agora! — Ele sussurrou, puxando meu braço enquanto olhava rapidamente para a janela novamente.

Antes que eu pudesse argumentar, ele já estava me arrastando de volta pelo jardim, deixando a casa e Jungwon para trás.

Enquanto corríamos pelo jardim, minha mente ainda estava tentando processar o que acabara de acontecer. Jungwon, a janela, o olhar assustado e, mais estranho ainda, ele cobrindo o olho.

— Sunoo, você tá louco? — Eu perguntei, mas minha voz estava ofegante. — O que tá acontecendo?

Antes que ele pudesse responder, um som grave de latidos ecoou à nossa frente. Paramos bruscamente, nossos olhos se arregalando ao mesmo tempo.

De um arbusto grande, surgiu Jake, carregando uma coleira de couro em uma das mãos e, ao seu lado, um enorme cachorro preto. Um cane corso. Ele era maior do que qualquer cachorro que eu já tinha visto, com músculos aparentes e olhos brilhantes e ferozes. O som do latido era profundo, quase como um trovão.

Meu corpo congelou, e, ao meu lado, percebi que até mesmo Sunoo estava imóvel, os olhos fixos na fera que agora nos encarava como se fôssemos intrusos — o que, tecnicamente, éramos.

— Estou avisando. Não deem mais nenhum passo. — A voz de Jake era baixa, mas carregava uma ameaça implícita.

Sunoo deu um passo para trás, quase tropeçando em mim, enquanto o cane corso rosnava, puxando a coleira que Jake segurava com firmeza.

— O que vocês estão fazendo na minha casa? — Jake perguntou, o tom agora mais frio.

Minha mente parecia girar em círculos. Então eles moravam juntos como haviam comentado?

— Jake, eu... nós... — Comecei, mas minha voz falhou quando o cachorro deu outro passo à frente, os dentes brilhando sob a luz fraca do jardim.

— O que foi, Jay, não é? Ficou mudo? — Ele continuou, um leve sorriso surgindo no canto da boca, mas não havia humor ali. Ele parecia irritado.

Sunoo engoliu em seco, finalmente encontrando sua voz.

— A gente só... queria ver se Jungwon tava bem. — Ele disse, mas o tom era fraco, quase uma desculpa.

Jake arqueou uma sobrancelha, o sorriso se ampliando de maneira perturbadora.

— Jungwon tá bem. Mais do que vocês dois estarão se continuarem aqui. — Ele respondeu, os olhos faiscando.

— Olha, Jake, a gente não queria causar problemas. Foi um mal-entendido. — Eu disse, tentando soar calmo, mesmo com meu coração batendo forte.

Jake soltou um riso curto, mas nada nele parecia menos ameaçador.

— Um mal-entendido? Invadindo o jardim da minha casa? Com certeza. — Ele disse, seu tom pingando sarcasmo.

— Espera... então... essa é sua casa? — Sunoo perguntou, a voz saindo mais fina do que o normal.

Jake apenas lançou a ele um olhar que fez até o mais corajoso dos seres humanos tremer.

— Acho que eu já disse isso. — Ele respondeu friamente. — Porque não ligaram pra ele? Como descobriram o endereço?

Jake balançou a cabeça em desgosto, o cão ao seu lado ainda rosnando baixo.

— Vocês não têm mais nada a dizer? Ótimo. Acho que vou chamar a polícia. — Ele disse, já colocando a mão no bolso para pegar o celular.

— Não! Não precisa disso! — Sunoo finalmente falou, quase gritando, as palavras saindo mais rápido do que ele conseguia controlar. — A gente só... Não sabia que era sua casa, sério!

Jake arqueou a sobrancelha, claramente não convencido.

— Não sabia que era minha casa, mas mesmo assim acharam que seria uma boa ideia invadir o jardim no meio da noite? — Ele retrucou, a frieza em sua voz fazendo Sunoo se encolher ainda mais.

— É invasão domiciliar, sabiam? — Jake continuou, a expressão sombria enquanto o cachorro parecia pronto para avançar a qualquer momento.

Eu troquei um olhar com Sunoo, mas antes que um de nós pudesse tentar explicar mais alguma coisa, passos apressados ecoaram de dentro da casa.

— Jake, para com isso! — A voz de Jungwon cortou o silêncio, e ele apareceu na porta da frente, mas com a expressão mais séria que eu já tinha visto nele.

Jake suspirou, irritado, mas não tirou os olhos de nós.

— Eles invadiram o jardim. Achei que fosse lidar com isso do jeito certo.

— Não precisa disso. — Jungwon disse firmemente, descendo os degraus da varanda com pressa. Ele parecia mais irritado do que assustado agora.

Sunoo, ao vê-lo se aproximar, deu mais um passo para trás, quase se escondendo atrás de mim.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Jungwon perguntou, a voz firme, mas carregada de confusão.

Sunoo hesitou, sua voz vacilando quando finalmente respondeu:

— Eu... fiquei preocupado. Você não respondia minhas mensagens... me ignorava. Eu só queria saber se você tava bem.

Jungwon piscou, claramente surpreso com a explicação. Sua expressão suavizou um pouco, mas ele ainda parecia desconfiado.

— Eu tava ocupado. Não precisava vir até aqui. — Ele disse, olhando diretamente para Sunoo, que abaixou os olhos, claramente desconfortável.

Jake bufou, passando a mão livre pelos cabelos.

— Ocupado ou não, não é motivo pra invasão. Eles deviam saber disso.

— Eles já entenderam, Jake. — Jungwon disse, sua voz agora mais baixa, mas ainda carregada de firmeza.

Jake semicerrou os olhos, observando cada movimento nosso como se estivéssemos a um passo de cruzar a linha novamente. A tensão no ar era tão palpável que até o cane corso parecia sentir, agora imóvel ao lado de Jake, embora ainda rosnando baixo.

Sunoo, mesmo tremendo, tomou coragem para abrir a boca novamente.

— O que aconteceu com o seu olho, Jungwon? — Ele perguntou, sua voz mais firme do que eu esperava, mas claramente carregada de nervosismo.

Jungwon congelou por um momento, o olhar desviando rapidamente para Jake, como se estivesse procurando uma resposta. Aquilo não passou despercebido.

— Eram só lentes. — Jungwon disse, sua voz um pouco apressada, mas tentando soar casual. — Não tem nada de errado.

Sunoo balançou a cabeça, sua expressão endurecendo.

— Não era isso. Eu vi... Era só um olho. O outro tava normal. — Ele disse, apontando com um dedo trêmulo para Jungwon.

A mudança na postura de Jungwon foi imediata. Ele cruzou os braços, uma tensão visível nos ombros enquanto o olhar dele ficava mais intenso.

— Eu gosto de usar esse tipo de coisa, ok? — Ele respondeu, agora soando mais defensivo. — Jay sabe que eu uso lentes, não é?

A súbita menção do meu nome me pegou de surpresa. Por um momento, me perguntei se ele estava tentando desviar o foco, mas então lembrei da nossa conversa na barraca.

— É... É verdade. Ele usa lentes. — Confirmei, minha voz soando estranhamente incerta enquanto a memória daquela conversa voltava. Ele tinha mencionado isso.

Sunoo, no entanto, parecia menos convencido, seus olhos ainda fixos em Jungwon como se tentasse encontrar algo além daquela resposta.

— Por que você tá tão nervoso, então? — Ele perguntou, cruzando os braços e encarando Jungwon, apesar do leve tremor em sua voz. — Se é só isso, por que parece que você tá escondendo alguma coisa?

— Isso já tá ficando cansativo. — Jake interrompeu, sua voz firme e cheia de autoridade. Ele deu um passo à frente, fazendo o cane corso acompanhá-lo.

Sunoo recuou novamente, levantando as mãos em um gesto de defesa enquanto seus olhos passavam do cão para Jake.

— Fica longe de mim com esse bicho! — Ele exclamou, sua voz aguda com uma mistura de medo e irritação.

Jake riu, um som frio e desdenhoso, enquanto cruzava os braços e inclinava a cabeça para o lado, como se se divertisse com a reação de Sunoo.

— Não é o cachorro que vai morder você, cara. — Ele respondeu, um sorriso ameaçador brincando nos lábios.

Senti o corpo de Sunoo tremer ao meu lado, e sem pensar muito, estendi a mão para segurar seu braço, como se pudesse protegê-lo de algo que estava claramente além do nosso controle.

— Ei, chega. — Eu disse, tentando soar mais confiante do que realmente estava. — Só nos deixe ir embora, ok? Não queremos confusão.

Jake nem sequer olhou para mim.

Jungwon parecia dividido. Seus olhos passaram de Jake para mim e depois para Sunoo, que mal conseguia manter a compostura. Finalmente, ele suspirou e deu um passo à frente.

— Jake, para com isso. — Ele pediu, sua voz soando cansada, mas firme.

Jake soltou uma risada curta e sarcástica, claramente ignorando o pedido. Ele se aproximou, e o cane corso seguiu-o como uma sombra ameaçadora.

Foi instintivo. Eu me coloquei na frente de Sunoo, sentindo meu coração disparar como se estivesse prestes a pular do peito.

— Eu já pedi para você nos deixar ir. — Minha voz saiu mais forte do que eu esperava, mas meu corpo ainda tremia.

Jake parou, me observando com um olhar que misturava curiosidade e desprezo. Por um momento, pensei que ele fosse recuar, mas ele apenas balançou a cabeça e disse com um tom divertido:

— Você tem coragem, Jay. Mas isso não vai levar vocês muito longe.

Jungwon se mexeu rapidamente, colocando-se entre nós e Jake, o que foi um alívio momentâneo.

— Eu falei para parar! — Jungwon gritou, a autoridade em sua voz pegando todos de surpresa, inclusive Jake, que arqueou uma sobrancelha.

Jake parou, mas não do jeito que eu esperava. Ele inclinou a cabeça para Jungwon, com um sorriso que fazia minha espinha gelar.

— Se ele não permite que eu vá até ele... — Jake disse, pausando como se saboreasse as palavras. — Vou fazer com que ele venha até mim.

— Se você machucar eles, ele vai te odiar ainda mais. — Jungwon alertou.

A confusão foi instantânea. Olhei para Sunoo, que parecia tão perdido quanto eu, seus olhos se arregalando. Antes que pudéssemos processar o que aquilo significava, Jake deu mais um passo, a ameaça palpável no ar.

Foi nesse momento que uma voz grave e familiar cortou a tensão como uma faca:

— Eu acho que você já foi longe demais, Jake.

Me virei na direção da voz e vi Heeseung. Ele estava parado na entrada do jardim, a luz da lua projetando uma sombra intensa em seu rosto. Seus olhos, geralmente calmos, agora brilhavam com uma intensidade assustadora. Era como se o tempo tivesse parado.

A tensão no ar parecia eletrizar cada célula do meu corpo. Assim que Heeseung levantou a mão em um gesto autoritário, Jake hesitou por um momento. A luz da lua iluminava os traços firmes de Heeseung, e seu olhar parecia carregar algo além de simples determinação. Jake respirou fundo, quase com relutância, antes de dar três passos lentos para trás.

Fiquei boquiaberto, assim como Sunoo, que segurou meu braço com força enquanto observávamos a cena incrédulos.

— Não ia machucar ninguém. — Jake murmurou, desviando os olhos de Heeseung e cruzando os braços, sua postura ainda carregada de tensão.

Antes que mais alguma palavra fosse dita, Sunoo tomou a iniciativa. Ele largou meu braço e correu na direção de Heeseung, puxando-me junto, como se toda a coragem que ele não tinha antes tivesse retornado de uma vez.

— Heeseung! — Sunoo gritou, sua voz cheia de alívio e desespero ao mesmo tempo. — Que bom que você viu minha mensagem.

Eu tropecei um pouco, mas consegui acompanhá-lo. Jake ficou imóvel, observando tudo com um olhar indecifrável.

Foi então que o som do rosnado profundo voltou a ecoar pelo ar. O cane corso se soltou das mãos de Jake, disparando em nossa direção como uma sombra veloz.

— Heeseung! O cachorro! — Eu gritei, minha voz saindo mais alta do que eu pretendia.

O cane corso parou bruscamente na frente de Heeseung, sua postura imediatamente mudando de agressiva para amigável. Ele balançou o rabo vigorosamente, emitindo um som que mais parecia um gemido de felicidade enquanto se aproximava de Heeseung, que, para minha total surpresa, abaixou-se e começou a acariciar o animal como se fossem velhos amigos.

— Ei, garoto, quanto tempo... — Heeseung disse, com um sorriso suave no rosto enquanto esfregava a cabeça do cachorro. A cena era tão inesperada que minha boca permaneceu aberta, incapaz de formular qualquer palavra coerente.

— Não acredito que tô vendo isso. — Jungwon disse, cruzando os braços enquanto balançava a cabeça. — Esse cachorro me odeia! Ele nunca deixa ninguém chegar perto.

Olhei para Jungwon, confuso, mas minha atenção logo voltou para Jake, que permanecia parado, observando a cena. Para minha surpresa, ele estava sorrindo. Não um sorriso sarcástico ou ameaçador como antes, mas algo mais... divertido, talvez até nostálgico.

— Eu pensei que nunca mais iria ver isso novamente. — Ouvi o rapaz loiro dizer enquanto observava a cena.

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