Epílogo
╋ ARTHUR WEST ╋
Os fogos de artifício, naquele dia, foram cancelados.
A cidade, desde aquele evento, estava tão silenciosa que eu tinha arrepios toda vez que a noite caía.
Na rua apenas os grilos eram ouvidos.
Eles haviam pegado o assassino sem nem ao menos saber.
Eu só conseguia pensar que havia um outro criminoso solto, o que havia matado meu irmão.
Por dias fiquei em meu quarto de hotel pensando em Theo, no quanto ele devia ter sofrido nas mãos do nosso pai ao ponto de fazer aquelas coisas. Passei horas na mais profunda introspecção, refletindo e lembrando a nossa infância.
Desde o primeiro assassinato eu já havia desconfiado. Quando divulgaram o modo como aqueles homens estavam sendo mortos e suas idades, que batiam com a idade de nosso pai antes de morrer, tive quase certeza. Mas também sempre nutri esperança de que ele não fosse capaz daquilo.
Quando descobriram o terceiro corpo, tomei uma atitude e fiz uma ligação anônima para a polícia.
O quarto do hotel estava quieto, como toda Tolson. Na TV, uma coletiva de imprensa começou, com a foto do prefeito em destaque. Estranhei aquela reportagem e aumentei o volume, aproximando-me da tela com medo de perder alguma informação importante. A voz da repórter preencheu meus ouvidos:
"O corpo do prefeito foi encontrado em casa, pela secretária do gabinete, Rita Pold. Ao não ter notícias de Ress, Rita foi até a casa dele. O prefeito nunca faltava ao trabalho e, quando o fazia, sempre avisava com antecedência. Frente a uma situação incomum, a secretária tomou a atitude certa de acordo com a polícia, que está investigando o caso. Jean, amiga próxima de Ress, mostrou-se extremamente abalada com a perda do amigo..."
Em seguida o rosto dela apareceu na tela, inchado e com a maquiagem borrada. Revirei os olhos com aquela atuação, desconfiando de sua tristeza e suas palavras tão bem ensaiadas. Sentei-me na cama e ouvi um barulho no laptop, que alertava achegada de um e-mail. Quando li o remetente, um endereço formado por letras e números aleatórios, estranhei, mas cliquei para abrí-lo.
Eu estava tão cansado daquela confusão na cidade que nada mais me deixaria surpreso. Mesmo que Theo e eu não fôssemos próximos, sua perda doía intimamente em mim; ele era a lembrança daquela infância conturbada e problemática e eu apenas esperava que estivesse em paz.
No corpo do e-mail, haviam fichas policiais de homens que eu não conhecia. Franzi o cenho, achando aquilo absurdo esem nexo. Sem entender, resolvi pesquisar os nomes deles na internet. Deparei-me com as vítimas do meu irmão. Voltei para as fichas e, ao lê-las, pela primeira vez na vida, entendi Theo.
Por alguns minutos fiquei encarando o vazio daquele quarto, admirando a noite silenciosa através da janela. Olhei para o noticiário silenciado e o rosto de Sam apareceu. Ele tinha olheiras profundas, os cabelos desalinhados e parecia cansado também, como eu, apenas ao emitir algumas palavras sobre o prefeito.
Ao olhá-lo, soube quem havia me enviado aquelas fichas. Ele não queria que eu pensasse em Theo apenas como um assassino.
Então pensei nele como uma alma atormentada e triste, que buscou um jeito ruim de lidar com suas mágoas. Chorei pela última e pela primeira vez por Theo naquele quarto decadente de hotel, numa cidade repleta de fofoqueiros e pessoas medrosas. Quando ergui minha cabeça novamente, decidi que iria descobrir quem havia assassinado meu irmão. A investigação estava em curso e a polícia não havia conseguido encontrar um suspeito, mas talvez eu conseguisse.
Olhei para a TV uma última vez e, ao desligá-la, soube que, quem quer que o houvesse matado tinha algo a ver com a morte do prefeito. Eram muitos acontecimentos macabros em pouco tempo numa cidade tão pequena. Quem eles iriam culpar pelos assassinatos? Eu estava muito curioso para saber.
Em outra reportagem algumas pessoas comemoravam o novo ano que havia recém começado.
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