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Crime

╋ THEO WEST - UMA SEMANA ATRÁS ╋

Eu havia desistido de contar os dias e já não sabia há quanto tempo estava ali. Era um quartinho minúsculo com uma privada, uma pia e uma cama com um colchão fino nada confortável. Havia também uma janela pequena com grades, mas não era possível ver nada através dela, pois o vidro era fosco.

Ouvi um barulho na porta e meu coração acelerou. Permaneci com uma expressão neutra, mesmo que meu coração estivesse acelerado; observei a maçaneta mover-se. 

Quando ele entrou, com aqueles passos pesados conhecidos, aquela barriga enorme e suor escorrendo por seus braços, manchando o tecido, quase vomitei. Por um momento pensei que fosse meu pai, uma assombração, e foi o suficiente para me fazer lembrar.

No seu último dia eu o havia encurralado e ele, cambaleando como o bêbado patético que era, riu e achou que eu estivesse buscando seus dedos nojentos e sua aproximação doentia. Quando me viu virou a garrafa de vodka na boca e engoliu um gole grande da bebida, limpando os cantos da boca com a mão. Fiquei o analisando seus movimentos e tomando coragem, pensando nas possibilidades de confrontá-lo. Eu havia ido até ali com um propósito. Ele tinha me machucado tanto no dia anterior que eu havia passado a noite gemendo e tremendo de dor.

Quando ele se aproximou o suficiente senti o bafo alcóolico perto demais da minha boca. Segurei a garrafa da sua mão.

━Quer beber agora, Theo? -meu pai riu e me ofereceu a bebida

Eu sorri ao pegá-la, entrando no jogo dele. Dez anos de idade e eu já era cínico daquele jeito. Quando peguei a garrafa, ele passou as mãos em minha cintura e inclinou-se para baixo; foi quando tive minha chance. Com toda a raiva que consegui, segurei a garrafa com força, a maior que consegui. 

Bati com ela na sua cabeça. 

Ele cambaleou para trás, gritando e tentando pegar o que quer que houvesse lhe atingido. 

Movi meu braço para cima e para baixo, batendo novamente, apenas para ter certeza de que ele não levantaria. Quando finalmente caiu o sangue escorreu por sua nuca, manchando a camisa branca que usava.

Coloquei o que restou da garrafa em sua mão direita e, antes de ir embora, retirei um caco de vidro grande que estava enterrado em sua cabeça. O levantei para o céu escuro e o posicionei em frente à lua. Cinco minutos depois pude ouvir os fogos de artifício no céu e gritos de felicidade na rua. Era o ano novo que chegava, junto com a minha liberdade. 

Lembrei-me do quanto eu havia adorado quebrar aquela garrafa na cabeça dele. Claro, não havia sido fácil, pois eu tive que fingir gostar dos toques dele... Mas o local havia sido perfeito: um beco escuro, perto do bar preferido dele. No dia eu estava tão cansado... Os hematomas enchiam meus braços, principalmente nos pulsos, por onde ele me segurava para impedir meus movimentos... Fechei os olhos ao recordar, com asco, do seu hálito de álcool.

William fechou a porta e me encarou.

━Você me ameaçou, Theo, não tive alternativa. -ele falou como se tivesse corrido uma maratona, de maneira ofegante. 

Passou um pano na testa oleosa

━Eu não te ameacei, seu velho nojento. -praticamente cuspi as palavras

━Ameaçou sim, Jean viu.

Quase ri com aquela frase. Jean, claro, ela era esperta.

━Foi você que me sequestrou? -perguntei, o encarando com raiva

━Não, eu não poderia, sou o prefeito. -William deu uma risadinha - Foi Jean.

Aquela rata. Bufei com irritação e quis matá-lo. Eu tinha motivos o suficiente para fazê-lo. Conhecia seus segredos porque havia pesquisado muito para o próximo assassinato. William era um dos que merecia, assim como meu pai, uma morte horrível. Muitas denúncias da ex-mulher, agressões que a polícia havia deixado passar, queixas da filha menor de idade sobre seu comportamento estranho... Eu conhecia muito bem aquela realidade.

━Jean sabe onde está se metendo? Ela sabe o quão abusivo você é?

Notei que havia uma protuberância em sua cintura e ele, ao reparar para onde meu olhar ia, pegou a arma que escondia ali, apertada na calça social, e sorriu. Seu rosto estava vermelho e aquele bigode horroroso o deixava mais ridículo ainda. Parecia um porco. 

━Ela está comigo e será primeira-dama na próxima eleição.

Eu tive que gargalhar com aquela afirmação. Jean era mais esperta do que ele imaginava. Com certeza havia descoberto meu plano para o prefeito e havia dado um jeito de alertá-lo, antes que sua eleição corresse risco.

━E o que planeja fazer comigo?

Ele não respondeu e pressenti que não sabia como, pois quem coordenava tudo ali era Jean. Antes que eu pudesse argumentar e tentar convencê-lo a me deixar ir embora, ouvi passos no corredor. Vi a maçaneta girar e o rosto dela, sempre tão nervoso, estava retorcido numa carranca séria de desprezo.

━Não é óbvio? Alguém precisa parar você, seu assassino.

A vozinha esganiçada dela me irritou e levantei-me da cama. A arma que William segurava ergueu-se em direção ao meu rosto e parei de me movimentar.

━Não foi difícil entrar naquela casa, já que Sam, quando dorme, não acorda com nenhum barulho. Uma característica nada boa para um policial, não acha?

━Se sabe sobre os assassinatos também deve saber o tipo de homem que eu matei. -praticamente rosnei as palavras, fechando os dedos em punho enquanto tentava pensar em como sair daquele lugar

━Tipo de homem? Pais de família com esposas, filhos! -ela gritou e vi as veias em seu pescoço se dilatarem, deixando seu rosto vermelho- Sam estava desconfiado. Ele viu o histórico de pesquisas do banco de dados da polícia, mas não sabia quem estava mexendo na conta dele. Em algum momento a ficha dele caiu. Aquele idiota gosta de você! E por isso demorou para falar com o delegado e, mesmo quando o fez, nunca citou seu nome. Apenas disse que tinha suspeitas sobre alguém estar usando a conta dele. -ela cruzou os braços e deu alguns passos pelo quarto- Claro, o delegado, -Jean respirou fundo e sorriu- sendo muito nosso amigo, compartilhou conosco suas suspeitas. No histórico apareceram todas as vítimas cujos corpos foram encontrados. Muita coincidência, não? Então nos perguntamos: quem está sempre junto ao Sam?

Encarei o prefeito e apertei os olhos.

━Você sabe que eles eram estupradores, que batiam nas esposas e que maltratavam os filhos! Não eram vítimas, eram agressores! -gritei com raiva, sentindo meu corpo inteiro tremer com aquela injustiça- Ou omitiu essa informação dela? -apontei para aquela mulher que me enojava

William guardou o pano com o qual secava a testa no bolso e a encarou com uma expressão ridícula, fingindo-se de inocente.

━Ele está mentindo, Jean.

━Claro que está. Meu tio não era nada disso. -seu olhar quase perfurou minha pele e vi seus dedos se fecharem ao lado do corpo

O tio dela. O homem que havia sido preso por agressão à esposa, que tinha aparecido no hospital quando os filhos mostraram para a enfermeira alguns machucados estranhos nos braços e pernas. 

Eu sabia tudo sobre todos eles. 

Eu acreditava estar fazendo um bem para a humanidade, livrando-a de seres que causavam tanto sofrimento nas pessoas que os rodeavam. No entanto, também sabia que havia algo estranho dentro de mim, evidenciado por aquela adrenalina gostosa que eu só sentia quando os encontrava, fosse num beco escuro ou num lugar mais afastado.

━E então recebemos uma pista anônima indicando que você era o assassino. -Jean continuou, entrelaçando os dedos na frente do corpo e dando-me um sorriso amargo

Uma pista anônima? Quem poderia ter me entregado? Eu sempre era extremamente cuidadoso. 

Mas havia um padrão nas mortes. 

E minha ficha finalmente caiu, ali. 

Lembrei daquela noite, há tantos anos, quando Arthur me viu mexer naquele estilhaço de vidro. Dias depois o vi vasculhando minha gaveta em busca do fragmento ensanguentado. Arthur. Ele era o único capaz de ligar os pontos. Mas será que sabia o tipo de homens que eles eram? Não queria ser odiado pelo meu irmão.

━William -tentei chamar sua atenção, enquanto engolia a mágoa por saber que meu irmão havia me entregado- ela não te ama e não será primeira-dama. Ela não quer ficar com você, ela quer o seu cargo.

Ela ajeitou o terninho que usava, de cor azul marinho, como uma aeromoça feia e irritante. O prefeito a encarou com um semblante cheio de dúvidas, como se já desconfiasse daquilo. Jean retribuiu seu olhar, mas logo deu um sorrisinho charmoso, que eu conseguia perceber ser repleto de cinismo, e sussurrou em seu ouvido:

━Querido, ele está tentando nos confundir. Quando eu sair, o mate. Precisamos fazer o corpo dele aparecer logo. Soube que o irmão dele anda pela cidade, perguntando coisas.

Sua voz era tão baixa que quase não consegui escutar, mas ao ouvir a palavra "irmão", meu coração apertou. Será que ele estava me procurando? Sorri com tristeza ao lembrar de nossa infância tão conturbada.

━Não posso fazer isso, Jean. -William murmurou com pavor, enquanto suor escorria e manchava sua camisa nas axilas e no colarinho

Jean olhou-o com raiva e pegou a arma da mão dele. Quando apontou o revólver para mim, soube que era o fim. Com William eu podia tentar argumentar, mas com ela, que era tão cínica e cega pelo poder, seria impossível.

O estampido no meus ouvidos foi ensurdecedor. 

Minha cabeça, subitamente, estava quente demais e algo vazava de dentro de mim. Escorria por minha camiseta, manchava os lençóis, deixando o ambiente com um cheiro pegajoso, metálico e ocre. 

Quando olhei para baixo, vi apenas um mar vermelho escuro e minha visão ficou escura. Lembrei de Arthur sorrindo para mim e Sam me beijando com carinho. Não havia sido tudo fingimento, eu nutria carinho por Sam. E sentia saudades de Arthur. Lamentei o fato de que não não teria a chance de explicar tudo para os dois. 

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