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Capítulo 92- Impasse

Olá, pessoal, mais um capítulo de Corações em jogo. Epero que gostem e me deixem seus comentários. Beijos


GILBERT

A madrugada parecia uma péssima companhia naquele momento, em que Gilbert Blythe contava as estrelas no céu como passatempo de mais uma noite insone. Fazia exatamente sete dias que Anne o condenara a essa solidão forçada, e por sua própria culpa, somente lhe restava obedecer a distância que ela colocara entre os dois. Ela se fechara em seu próprio mundo o deixara do lado de fora quando fechara a porta do quarto na sua cara, e agora o jovem médico sentia que estava vivendo em uma dimensão à parte, onde não tinha direito sequer de olhá-la nos olhos.

Estavam seguindo suas vidas separadas, e a quem ele deveria responsabilizar por essa realidade que ele não previra? Denise, por entrar na sua vida sem ser convidada, e bagunçá-la de um jeito que ele não conseguia mais colocar em ordem, ou a si mesmo por sua ingenuidade em achar que tudo acabaria bem, e que Anne o perdoaria tão facilmente ao contar que ele fora vítima de uma mulher obsessiva e amoral? Anne estava se sentindo traída, não porque realmente pensasse que ele se envolvera com outra mulher, mas, sim por achar que ele não lhe contara porque apesar de não ter nenhum relacionamento com a psicóloga em questão, ele apreciara suas atenções especiais, e dera corda para que continuasse assim por pura vaidade masculina, e tal comportamento seria difícil de sua esposa o perdoar.

Ele segurou com força sua xícara de café quase vazia nas mãos, e sentiu seu peito arder com tal pensamento. Ele sabia que não fora isso que acontecera, mas, convencer Anne de que ela estava sendo injusta, e que não estava dando-lhe chance nenhuma de fazê-la mudar de ideia estava sendo extremamente desgastante, no entanto, não podia forçá-la a encarar a dor desnecessária que estava infringindo aos dois, porque se tinha alguém que era totalmente isento de culpa nessa história era sua esposa.

"Sua esposa", essas duas palavrinhas que à meses lhe causara uma felicidade extrema, agora parecia criar dentro dele uma arsenal de amargura, pois, sim, Anne continuava sendo sua esposa, mas apenas por conta do papel que assinaram e a aliança que carregavam em seus dedos, mas, em todo o resto, ela fizera questão de privá-lo de cada coisa maravilhosa que partilharam antes dentro daquele casamento, mas, ele continuava amando-a incondicionalmente.

Gilbert suspirou alto, não havia nada mais que pudesse fazer para que Anne o perdoasse. Tudo fora dito naquele dia fatídico quando Denise resolvera que acabaria com sua vida matrimonial. E o pior fora que ela não fizera aquilo por amá-lo e sim por vingança. Ele não aceitara entrar em seu jogo de sedução, e uma rejeição assim para uma mulher que usava cada fibra de seu corpo para chamar a atenção de um homem, fora realmente um tiro em seu ego do tamanho do mundo. Ela não entendia que a beleza exterior não significava nada em uma pessoa quando ela não tinha nada a oferecer por dentro, e um interior vazio era o mesmo que procurar por flores em terreno arenoso, e Denise Williams era tão oca por dentro quanto seus encantos femininos do lado se fora que não possuíam atrativo nenhum para Gilbert..

Ele saiu da sacada do apartamento, e pensou em voltar para o quarto onde uma cama fria e sem o corpo se Anne para aquecê-lo durante a noite o esperava, mas quando passou pela sala, seus pés o levaram até a porta do quarto que até poucos dias ambos dividiam, e ele parou em frente à ela, sentindo-se tentado a bater só para se certificar de que talvez Anne o deixasse entrar, e acabasse de vez com aquela sensação doentia em seu peito de não conseguir respirar sem ela.

Gilbert tocou a madeira com a ponta dos dedos, desejando poder com força dos seus pensamentos trazê-la de volta para seus braços, onde sempre fora o lugar dela. Ele deu mais um passo e encostou sua testa no batente da porta, não querendo acreditar que estava perdendo Anne mais uma vez. Ela parecia não compreender o quanto ele era louco por ela, e o que toda aquela frieza que ela vinha demonstrando estava fazendo com ele. Se ela queria castigá-lo e vê-lo no chão, ela tinha conseguido, pois ele estava a um passo de cair de joelhos e implorar que Anne voltasse para ele da forma como fosse, pois estava cansado de se sentir sozinho, de dormir e acordar com aquela dor que lhe atravessava o coração e que não o deixava ter paz.

- Ah, Anne. - Ele disse baixinho. - Por que está fazendo isso comigo? Você não faz ideia do quanto sinto sua falta. Por favor querida, volta para mim. - Ele sabia que Anne não o estava ouvindo, e mesmo assim não se importou de estar falando sozinho. Tudo o que desejava era colocar em palavras a sua mágoa mais profunda por não ter a sua esposa participando de sua vida como antes. Duas lágrimas escorreram lentamente por seu rosto, e Gilbert as enxugou com o dorso das mãos, um último suspiro saiu de seus lábios, antes de ele dar meia volta e ir para o quarto de hóspedes.

Apesar de a cama não lhe oferecer nenhum consolo, ele se deitou nela completamente distraído por seus pensamentos que constantemente massacravam seu ânimo, e pela vigésima vez naquela semana, ele desejou que tivesse agido totalmente diferente naquela situação, pois assim não veria a decepção nos olhos de Anne, e nem como ela parecia sair do quarto toda manhã, pálida e com os olhos inchados como se tivesse passado cada noite daqueles dias chorando desconsoladamente. O pior era vê-la se sentar na mesa do café da manhã, mal lhe dirigia a palavra, tomar seu desjejum em um silêncio doloroso como se o laço que sempre os mantivera juntos tivesse se afrouxado irremediavelmente.

A dor não era parecida com nenhuma outra que já tivesse sentido antes, era uma agonia lenta, sofrida e sem alívio. Se ele pensara que a morte de seu pai ou a perda de Sarah fora triste, ele jamais imaginara que ter Anne tão perto fisicamente, mas tão distante em suas emoções, era tão infinitamente terrível. Ela se afastava dia a dia, não lhe sorria mais, fugia de seu toque, de seus olhos, mantinha a cabeça baixa em sua presença, e não permitia nunca que Gilbert soubesse o que estava pensando. Era como viver com um fantasma dentro da mesma casa, e ele estava a ponto de enlouquecer tendo que encarar as paredes de seu quarto provisório todas as noites, se alimentando das lembranças dos dias felizes. Gilbert não queria entregar os pontos, mas, que sentido havia em continuar daquele jeito, se Anne não lhe dava garantia nenhuma de que eles voltariam a intimidade de antes? No entanto, mesmo sentindo que não suportaria mais os longos silêncios, a falta de diálogo, e as incertezas, ele não se deixava desistir, pois se desse as costas para o único amor de sua vida, ele estaria fechando as portas de seu coração para sempre, e nunca mais a abriria novamente . E ainda tinha os gêmeos a considerar. Como poderia ficar longe de seus dois cristaizinhos tão amados? Pelo menos, isso Anne dissera que não tiraria dele, e Gilbert esperava que ela não voltasse atrás nessa promessa também.

Ele olhou pela janela que se mantinha aberta, e percebeu que o dia estava amanhecendo. O sono não viria de qualquer maneira, e estava completamente sem vontade de correr naquele dia. Apesar da carga de tensão que vinha sentindo pesar em cima de si mesmo, ele mantivera os exercícios como uma válvula de escape, mas, da forma como estava se sentindo, nada o faria se sentir melhor, e mesmo que corresse dez quilômetros em vez de três ou quatro, ainda assim aquela sensação agonizante permaneceria dentro dele.

Um banho pareceu-lhe uma boa ideia, e logo estava embaixo de um mundo de água quente. Anne lhe fazia falta ali também, pois eles criaram o hábito de relaxarem juntos na banheira, algo que ele não fazia a dias, desde o momento em que Anne se afastara para pensar em qual atitude tomar em relação aos dois. Uma raiva súbita o fez tremer por dentro, e Gilbert socou o ar tentando liberar a ira que tomava conta de sua corrente sanguínea. Ele errara, e admitia seu erro, mas, Anne tinha mesmo que fazê-lo rastejar por isso? Ela não o queria por perto, mas, também não ao afastava totalmente, cozinhando-o em banho marinha, se recusando a libertá-lo, mas também não lhe dava o que mais queria.

Sem conseguir sentir a calma que esperava, ele se enxugou e se vestiu em um espaço de cinco minutos e no segundo seguinte já estava na cozinha se servindo de sua quarta xícara de café, somando com as que tivera durante a madrugada. Tanta cafeína não era nada saudável, pois o mantinha acordado e em estado de alerta quando deveria estar dormindo, mas, a qualidade de seu sono sem Anne do outro lado da cama era péssima, então, entre rolar a noite inteira sobre o colchão sem encontrar uma posição favorável para descansar, e ficar em claro sentado no sofá da sala olhando para o nada, a segunda opção era mais atraente, embora não fosse a ideal no seu caso.

Assim, ele tomou um gole de sua bebida quente, e se encaminhou novamente para a sacada, pois era o único lugar do apartamento que lhe dava um pouco de paz, pois a paisagem do lado de fora distraía sua mente, e iludia seu senso de realidade lhe dando a falsa impressão de que a vida fluía em seu ritmo normal, quando na verdade dentro dele tudo estava um caos. Mas, antes que alcançasse a porta de ligação entre a sala e seu ponto de observação, ele ouviu a porta do quarto se abrir, e Anne sair dele quase correndo e ir em direção ao banheiro, sem sequer tomar conhecimento de sua presença quando passou por ele.

Preocupado, Gilbert a seguiu, pois o aspecto do rosto dela não lhe agradou, e ao se aproximar do banheiro, e ouvir o ruído lá dentro, ele soube que Anne estava tendo uma de suas náuseas matinais. Sem pedir permissão, ele entrou no banheiro, segurou os cabelos dela enquanto ela colocava para fora o que parecia não existir em seu estômago, já que ele a vira comer muito pouco na noite anterior, o que começava a preocupá-lo enormemente de novo. Ela não era irresponsável com sua saúde, portanto, se ela não estava comendo, era porque toda aquela situação a estava deixando doente assim como ele, e Gilbert precisava colocar um fim naquilo antes que os bebês também fossem prejudicados por causa daquela separação absurda entre os dois.

- Anne, respire fundo. – Ele disse ao vê-la se sentar no chão com a cabeça entre as mãos. Ela fez o que ele disse, e logo Gilbert perguntou:- Sente-se melhor?

- Sim. - A voz dela saiu fraca, e Gilbert percebeu que ela estava mentindo, pois, seu rosto continuava pálido, e ela não parecia melhor que dois minutos antes. Ela se levantou, mas, não conseguiu dar um passo, e o rapaz percebeu que ela preferiria se arrastar de volta ao quarto do que pedir-lhe ajuda. Sua ruivinha continuava orgulhosa, e de alguma forma aquilo o fez sorrir por dentro, ao mesmo tempo em que ele ignorava seus protestos, e a pegava no colo, levando-a para o quarto, onde a colocou com cuidado sobre a cama.

- É tão difícil assim me pedir ajuda, Anne? - ela não respondeu, e ele continuou:- Por que finge que não precisa de mim quando sabe que precisa?

- Porque eu não suporto que me toque. - Ela respondeu, e Gilbert sentiu seu coração se despedaçando ao ouvir aquilo. Outra rejeição de Anne era mais do que ele aguentaria naquela semana, e para rebater o que ela dissera, ele retrucou:

- Não era isso que dizia quando a gente se amava nesse mesmo quarto. - Ele a viu engolir em seco, como se tais pensamentos lhe trouxessem lembranças perturbadoras, mas, logo ela se recuperou e disse:

- Isso foi antes de eu saber que outra mulher tocava você.

- Anne, vai mesmo continuar com isso? Você sabe que Denise nunca me tocou da maneira que esta pensando. - Ele estava irritado e não era pouco.

- Não foi o que eu vi no seu consultório. - Ela disse isso, e Gilbert a encarou para confrontá-la de novo, mas o sofrimento nos olhos azuis o fez repensar o que ia dizer e falou:

- Anne.

- Por favor, Gilbert. Eu não estou com disposição para discutir. - Ela disse apoiando sua cabeça no travesseiro.

- Está bem. - Ele disse sentando-se na cama ao lado dela. - E os bebês, como estão?

- Estão bem. - Ela respondeu secamente, e sem pensar Gilbert levou as mãos ao ventre dela, sentindo Anne estremecer ao seu toque, e para não o encarar, ela virou o rosto para parede, enquanto o rapaz fazia um carinho suave na barriga dela, e depois, Gilbert retirou a mão, sentindo-se pesaroso por fazê-lo.

Ele saiu do quarto e foi até a cozinha onde encheu uma bandeja das coisas que Anne mais gostava de comer, voltou para o quarto, colocou a bandeja aos pés da cama e disse:

- Eu trouxe o seu café, por favor coma, se não for por você, faça-o pelos bebês.- ela balançou a cabeça concordando, ainda sem olhá-lo.- Vou deixá-la descansar.- e logo em seguida , Gilbert saiu do quarto, deixando Anne sozinha com seus pensamentos, mas dentro dele seu mundo estava desabando.

ANNE

Fechar os olhos, dormir, se levantar, comer e trabalhar, por que era tão difícil fazer coisas comuns que a uma semana conseguia realizar de olhos fechados? Sua vida tinha tomado um rumo que não estava esperando, mas como poderia saber que depois de meses de felicidade quase total, ela perderia tudo no espaço de um dia?

Fora esse o preço que pagara por amar demais, a consequência de ter se entregado a um amor desmedido que passara a ser o que a fazia ver a vida com seus óculos cor de rosa, mas que na última semana se tornara cinza total. Ela nunca fora boa de disfarçar seus sentimentos, e sabia bem como Gilbert podia enxergar cada uma de suas mágoas escrita nas linhas do seu rosto, e se antes reagiria a isso com seu orgulho ditando todas as suas regras de conduta, naquele momento, Anne realmente não se importava que Gilbert visse o estrago que suas más escolhas tinham feito com ela. Isso não era vingança nem queria fazê-lo sofrer, era apenas porque estava vulnerável demais para se esconder por trás de suas camadas falsas de indiferença.

A gravidez a deixava emotiva, e talvez por isso, o baque do que lhe acontecera foi maior do que ela pensava que teria sido em outra ocasião. Ver Gilbert com outra mulher abalara suas estruturas femininas, e nunca ela se sentira tão inadequada, tão imensa, e tão pouco atraente. Eram inseguranças comuns que acometiam mulheres muito mais bonitas ou experientes que ela, e no entanto, observar Denise colocar as garras em seu marido, sentada em seu colo cuja posição era a mesma que Anne costumava ficar quando estavam juntos, fazendo confidências de amor, ou falando sobre os bebês, tivera um impacto destruidor em sua autoestima, e só ela sabia o quanto lhe custava se olhar no espelho, pois odiava cada uma de suas sardas, os cabelos ruivos a incomodavam mais que tudo, seu rosto pálido e cansado lhe causava repulsa, e o seu corpo, era melhor nem pensar, porque ela sabia que seus bebês cresciam ali, então não queria odiar cada mudança semana a semana, pois seria como rejeitar a existência deles, e Anne os amava mais que tudo.

Sua vaidade como mulher fora ferida, ela sabia que isso era o que mais estava pesando em seu coração, e o ciúme era um veneno vagaroso, mas letal, e mesmo assim, com toda aquela raiva que queimava em seu íntimo por Gilbert não ter sido honesto a respeito do que estava se passando entre ele e aquela mulher atrevida, seu amor por ele não tinha diminuído nem um milímetro. Parecia ainda maior apesar da mágoa, e manter-se firme em sua decisão de não o deixar se aproximar dela era uma tarefa quase impossível.

Quantas vezes naquela semana, ela acordara e instintivamente o procurara do seu lado na cama, chorando desesperada ao se lembrar que ele estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe? E quantas vezes ela fingira não notar o olhar dele sobre ela no café da manhã, e não tivera que manter seus olhos baixos, pois caso contrário teria se atirado nos braços dele ao notar qualquer fagulha de afeição naquele olhar castanho que tanto amava?

Anne não tinha dúvidas do amor dele por ela, mas, como dissera no outro dia, às vezes só isso não bastava quando eram colocados a prova como agora. No entanto, ela não queria acreditar que tinha acabado, e nem que teria que abrir mão de Gilbert. Só de pensar em vê-lo saindo de sua vida causava-lhe um medo fenomenal, mas, ela não conseguia encará-lo ao se lembrar do que acontecera, e perdoá-lo ainda parecia algo muito difícil de se fazer. Ela estava em uma encruzilhada que a impedia de saber de pronto que caminho seguir, mas, de uma coisa ela tinha certeza, nada valia a pena se seu homem não estivesse lá com ela.

Ela dissera a ele que odiava seu toque, mas, se ele soubesse o quanto sentia falta das mãos dele em seus cabelos, do seu sorriso de manhã logo após acordar, o jeito que ele falava com os bebês em sua barriga, aquele amor que via brilhar nos olhos dele quando estavam juntos, e os momentos de paixão intensa que sempre a deixavam sem palavras pela perfeição de sua conexão que não era apenas física. Anne sentia-se morrendo por dentro sem ele, e chorar não a consolava mais, mas, ao mesmo tempo, a ruivinha não conseguia esquecer o que vira no consultório dele, e isso por si só, já era um demônio interno difícil de enfrentar. Se conseguisse apenas perdoar, e seguir em frente com ele a seu lado, ela sabia que ainda poderiam salvar o que tinham, entretanto, pensar que ele tocara em outra mulher que não fosse ela lhe dava uma sensação de que não fora suficiente para ele, apesar de sua dedicação, de seu amor, de sua entrega, então, como podia acreditar que isso não tornaria a acontecer no futuro?

Cansada de pensar, ela comeu o café da manhã que ele lhe preparara, e quando fora para a cozinha, percebeu desolada que Gilbert já tinha saído para o trabalho. Não gostava quando ele ia para o hospital sem se despedir, e não fizera isso nenhuma vez nos último sete dias em que estavam nesse impasse. Ele sempre ia até o quarto dizer que estava saindo, e mesmo que mal estivessem se falando, Anne podia sentir o carinho dele por ela em sua voz. Ela quase ficava maluca com tanta mistura de sentimentos dentro de si, pois havia momentos que não queria que Gilbert sequer se aproximasse, e outros nos quais isso era tudo o que desejava.

Com tais pensamentos perturbando-lhe a paz, ela se vestiu e foi para o trabalho. Apesar daquela semana estar sendo difícil de todas as formas, pois estar no estúdio, posar para fotos, ter contato com gente fora de seu apartamento a estava salvando de se trancar dentro de si mesma, como normalmente faria se lhe dessem espaço para isso, e o bom de trabalhar para Ralph Lauren era que não tinha grandes amigas ali dentro, portanto, ninguém questionava sobre a dose extra de base que maquiador estava tendo que aplicar no rosto dela em todas as sessões de fotos para esconder suas olheiras mais recentes, e o rosto completamente pálido. Ali, ninguém queria saber de sua vida pessoal, desde que ela fosse totalmente profissional no que dizia respeito ao trabalho, isso ao mesmo tempo em que a deixava aliviada por não ter que colocar o dedo na ferida, também a deixava agoniada por não ter com quem conversar a respeito da fase pela qual estava passando em seu casamento, e o pior de tudo era que nem podia contar com Cole, pois ele continuava viajando a trabalho, e Anne não falara nada para ele nas mensagens que enviara o que tinha ocorrido entre ela e Gilbert , pois sabia que ele ficaria preocupado, e Anne preferia contar quando ele voltasse. Precisava tanto de um ombro amigo para derramar suas mágoas, e ouvir os conselhos tão reconfortantes que só Cole sabia dar em um momento tenso como esse que Anne estava vivendo, mas, teria que lidar com tudo sozinha já que seu amigo não podia segurar em sua mão dessa vez.

O táxi que costumeiramente a levava ao trabalho chegou pontualmente às oito e meia, e perto das nove ela já chegara no estúdio. Assim que entrou, Anne foi direto para a sessão de maquiagem. Seu rosto estava péssimo, isso ela pôde perceber no momento em que se viu no espelho, mas, a forma como se sentia em seu íntimo era ainda pior. Talvez tivesse sido melhor ter pedido o dia de folga, pois já se arrependia de ter saído de casa. Seu estômago estava enjoado, em parte, por não estar comendo direito naqueles dias, e a pressão em sua nuca a deixava totalmente desconcentrada. Porém, uma vez que estava ali, seria profissional, e faria o que se esperava dela.

Assim, ela se vestiu e esperou que o maquiador fizesse alguma mágica com suas olheiras profundas, e o rosto quase sem nenhum rosado. Em seguida a sessão de fotos começou, e o mal-estar de Anne foi aumentando a um ponto em que ela não conseguia mais prestar atenção nas instruções do fotógrafo, e de repente, em uma virada de cabeça, sua vista escureceu e ela não viu mais nada, perdendo completamente os sentidos.

Quando voltou a si, ela estava deitada em uma cama improvisada no estúdio, e várias pessoas a sua volta, além do médico que o estúdio mantinha por ali em caso de alguma eventualidade, e que a olhava com simpatia e preocupação:

- Como se sente, Sra. Blythe? - ele perguntou, observando seus batimentos cardíacos, e pulsação.

- Estou me sentindo zonza. - Ela respondeu.

- Seus batimentos cardíacos estão rápidos, isso significa que sua pressão está baixa. Acho melhor ir para casa e descansar, sra. Blythe. Ainda mais por conta de sua gravidez, é melhor não colocar em risco sua saúde. - Anne assentiu.

Assim que se sentiu melhor, ela se levantou devagar, vestiu suas próprias roupas, e se encaminhou para a saída onde um carro do estúdio a esperava para levá-la para casa. Durante todo o caminho, ela controlou as lágrimas, desejando ardentemente que Gilbert estivesse com ela, pois se sentia tão frágil e doente que não queria de forma nenhuma ficar sozinha, por isso, quase ligou para ele no hospital e pediu para que ele viesse para casa ficar com ela. Anne precisava dele para fazê-la se sentir melhor, ela queria se deitar no colo dele, e tê-lo afagando seus cabelos até que ela pegasse no sono. Entretanto, ela não o fez, pois não queria atrapalhar o trabalho dele e nem o incomodar com suas mudanças de humor. Por isso, assim que entrou em casa, foi direto para o quarto e talvez pela fraqueza que sentia, acabou dormindo a tarde inteira.

Quando acordou mais tarde, Anne já se sentia melhor, por isso, se levantou e foi para a cozinha preparar o jantar. Gilbert vinha fazendo isso a semana inteira, e ela achou que não tinha nada demais em retribuir de alguma maneira. Ele chegou no horário de sempre, e se espantou de vê-la ali cozinhando macarrão com molho ao sugo, e com um sorriso tímido ele lhe perguntou:

- Quer ajuda?

- Não, estou quase terminando. Falta apenas preparar um suco. - Ela disse tentando não olhar para ele, e deixar que ele percebesse o quanto a afetava estarem tão próximos assim, e quase suspirou quando Gilbert respondeu bem próximo dela:

- Eu preparo o suco. - Ela balançou a cabeça, fingindo estar interessada na textura do macarrão. No entanto, enquanto ele cortava pedaços de morango, colocando-os dentro do liquidificador para preparar o suco, ela não conseguiu evitar de olhá-lo.

Os cabelos estavam revoltos como sempre, dando-lhe aquele ar descontraído que ela amava, as mangas da camisa haviam sido dobradas, dando-lhe uma visão exata dos músculos de Gilbert naquela região conforme ele os flexionava enquanto preparava o suco para o jantar. Ela engoliu em seco, e passou a ponta da língua pelos lábios, tentando controlar a urgência que sentiu em tocá-lo. Uma semana sem nenhum contato físico a estava deixando carente, e tão necessitada por Gilbert que ela quase jogou tudo para o alto, e se entregou à aquela vontade insana de empurrá-lo por cima da mesa, e saciar seu desejo de senti-lo por inteiro, mas ela se controlou, desviando o olhar dele e se fixando em qualquer outro ponto ali na cozinha.

Juntos, eles arrumaram a mesa, e logo estavam jantando. Nenhuma conversa foi iniciada, e assim o silêncio de todos os dias se repetiu novamente naquele instante, deixando-os completamente desconfortáveis um com o outro. Anne sentia falta dos momentos descontraídos que tinham antes. Gilbert sempre chegava em casa louco para falar com ela e lhe contar como tinha sido o seu dia, enquanto Anne também descrevia cada uma das atividades que realizara no estúdio ou no apartamento. Agora o que parecia restar entre eles era aquele constrangimento sem precedentes que nenhum do dois conseguia quebrar. Ainda assim, no final da refeição, Anne encontrou forças para fazer a Gilbert um pedido especial. Ela passara o dia pensando sobre isso, e achou que não seria justo privá-lo de algo que era importante para ele. Assim, ela clareou a garganta e disse:

- Amanhã eu tenho pré-natal com a Gabriela. Gostaria de ir comigo?

- É claro. Você sabe que eu não perderia isso por nada no mundo. - Ele respondeu sorrindo, e Anne se esforçou para não corresponder, pois não queria entrar na onda de seus sentimentos por Gilbert, ainda mais porque sua mágoa por ele ainda não tinha sido superada.

- Obrigada. - Foi tudo o que ela disse, e em seguida começou a tirar a louça suja da mesa e levá-la para a pia, e quando ia começar a lavá-la. Gilbert segurou seu pulso e disse:

- Deixa que eu faço isso. - Ela concordou e disse.

- Eu vou para o quarto então. A consulta amanhã é às nove horas.

- Estarei pronto à sua espera- Gilbert respondeu, e depois com suavidade ele disse:- Boa noite.

- Boa noite. - Anne respondeu, seguindo para o quarto, sabendo de antemão que aquela noite, assim como as outras o sono seria a última de suas companhias.

ANNE E GILBERT

O amanhecer chegou depois de mais uma noite que passara devagar, e com Anne encarando o teto, e sentindo na pele a ausência de Gilbert, cuja presença, ela sabia que estava a apenas alguns metros longe dela.

A quem queria enganar? Continuava louca por ele, apesar de querer odiá-lo por tê-la machucado, quando ela estava grávida dos filhos dele e se sentindo insegura em relação a praticamente tudo. Seu corpo continuava viciado nele, e aquela abstinência toda estava deixando-a tão tensa que podia sentir seus músculos todos retesados como se não os exercitasse a semanas. Ela acabou se levantando assim que ouviu o barulho da porta da sala se abrindo, e ela sabia que era Gilbert retornando de sua corrida diária.

Anne consultou seu relógio de cabeceira naquele momento, e viu que ele marcava sete e meia. Desta forma, ela se arrumou rapidamente e se encaminhou para a cozinha onde o barulho de café sendo preparado chamou sua atenção. Anne encontrou Gilbert já vestido como ela, e o rápido olhar que ele lhe lançou assim que ela entrou na cozinha, deu-lhe a certeza de que ele aprovava seu vestido de lã azul soltinho que lhe chegava aos tornozelos, e marcava levemente sua barriga de grávida, e o casaco grosso creme que ela colocara por cima pra mantê-la aquecida nos últimos dias de inverno que se mantinham muito gelados para o gosto de Anne que não via a hora da primavera chegar, e poder usar roupas mais leves que não a fariam se sentir feito um enorme balão inchado.

- Bom dia. - Ele disse de um jeito tão formal que desagradou Anne. Nem parecia que estavam casados e se conheciam a vida inteira. Mas, também sabia que não podia culpar Gilbert por isso, já que fora ela que impusera a eles aquela distância toda.

- Bom dia. - Ela respondeu sem olhá-lo de fato, pois sua imaginação com certeza a colocaria em uma situação difícil, como se já não bastasse o perfume dele adentrar suas narinas deixando-a inquieta com a familiaridade que a atingiu.

Então, ela se sentou na mesa, olhando para o seu prato onde Gilbert acabara de colocar suas panquecas favoritas, e não sentiu vontade nenhuma de comê-las, brincando com o garfo sem de fato levar nada à boca, o que chamou a atenção de Gilbert que lhe perguntou:

- Não vai comer, Anne?

- Estou sem fome. - Ela respondeu, odiando a nota e preocupação na voz dele. Ela não desejava que ele comovesse seu coração sendo o marido dedicado, já era difícil para ela ignorar a presença dele mesmo sem isso.

- Seus enjoos a estão incomodando de novo? - ele perguntou de novo.

- Sim.

- Talvez fosse uma boa ideia conversar com Gabriela sobre isso. - Ele sugeriu.

- Vou falar sim. - Ela concordou, e voltou a seu mutismo anterior. Ela ouviu Gilbert suspirar, e perceber-lhe a frustração ao tentar conversar com ela e fracassar novamente, mas a ignorou mesmo assim, tentando comer minimamente o que Gilbert preparara para ela.

- Acho melhor irmos, ou vamos chegar atrasados com todo o trânsito nesse horário até lá, ele disse, assim que terminaram de comer.

- Está bem. - ela respondeu, e de novo Gilbert a olhou com frustração mais não disse nada. Anne não podia saber que falar com Gilbert por monossílabos o estava deixando mais irritado do que ele esperava, mas, não cobraria nada dela, pois sentia que não tinha esse direito.

Chegaram finalmente ao seu destino, depois de ficarem presos no trânsito por longos quinze minutos. Gabriela os recebeu no mesmo instante, e uma única olhada para Anne, ela não gostou nenhum pouco de seu aspecto pálido, porém, não disse nada, pois queria primeiro analisar os exames feitos naquela semana, para depois emitir sua opinião. Ela sabia que Gilbert e Anne estavam tendo problemas, mas, isso não justificava o que a amiga vinha fazendo consigo mesma.

- Tire suas roupas, e coloque o avental aberto na frente que vamos fazer o ultrassom mensal para sabermos como andam nossos dois bebezinhos. - Ela disse, e Anne fez exatamente o que ela pediu, voltando em seguida para o exame preparado por sua médica.

- Deite-se aqui. - Ela pediu, e assim que Anne estava na posição adequada ela passou o gel sobre a barriga da ruivinha, e em seguida, o aparelho do ultrassom começou a ser deslizado pelo ventre de Anne. Em poucos segundos, o som dos coraçõezinhos se fez ouvir, e Anne começou a chorar como acontecia todas as vezes que ouvia aquele sinal de vida tão intenso de seus bebês. Ela sentiu Gilbert pegar em sua mão e apertá-la com força, e quando olhou para ele, seu marido também chorava, e pela primeira vez naquela semana, Anne sentiu a velha conexão entre eles criar uma ponte entre seus sentimentos, e pelo menos naquele instante estavam novamente na mesma vibração em seus corações.

- Bem, aí estão nossas duas joias. Fortes e lindos. Muito bem, mamãe. Se vista e vamos conversar. - Gabriela disse, sentando-se em sua mesa junto com Gilbert que esperaram Anne voltar para começarem a falar sobre os resultados dos exames.

- Anne, precisamos conversar seriamente sobre algumas coisas importantes.- A ruivinha olhou para sua amiga e médica preocupada e assentiu, e assim Gabriela continuou:- Eu sei que você e Gilbert tem tido algumas problemas conjugais, e sinto muito por isso, mas eu tenho que te falar como sua médica, e espero que me escute antes que cause um grande mal a si mesma.- Sem pensar, Anne olhou para Gilbert, que segurou sua mão de novo, e a manteve entre as suas enquanto Gabriela continuava em seu tom grave:- Sua taxa de ferro está baixa de novo, isso quer dizer que temos outro início de anemia, e para uma grávida isso é péssimo. Pelo que vejo não tem se alimentado como eu venho te orientando, e eu esperava que você tivesse entendido, quais os riscos para os bebês se continuar assim, por isso, eu vou ser bem franca com você. Os riscos de um parto prematuro são  imensos, e também pode afetar a saúde dos bebês ao nascerem em relação ao seu desenvolvimento, portanto, vou ser mais severa com você dessa vez, e vamos retornar à dieta do início, com medicamento que ajudem você a curar essa anemia antes que seja tarde. Seu peso também está baixo em relação ao que seria recomendável, portanto, espero que você e Gilbert conversem e entrem em um acordo em relação aos seus problemas pessoais, e juntem forças para que esses bebês venham ao mundo saudáveis, pois eles não podem ser afetados negativamente por conta do desentendimento dos pais. Seria uma grande irresponsabilidade dos dois. – Anne não disse nada, mas sabia que a amiga estava certa. Precisava deixar para trás qualquer sentimento de raiva e rancor em relação a Gilbert, para se focar nos bebês. Ela era a mãe deles e responsável pelo seu bem-estar. Se deixara levar pela dor de ter sido traída pelo homem de sua vida, e esquecera que aqueles dois seres maravilhosos eram as coisas mais preciosas que tinha, mas aquilo acabaria naquele instante, e deixaria de lado seu próprio sofrimento para cuidar deles com devia ter feito desde o início.

A volta para casa foi feita em silêncio assim como a ida até o consultório, e Anne chorou o caminho todo com cabeça apoiada no vidro da janela do carro. Gilbert podia sentir a angustia dela, porém, não sabia o que fazer. Ele também era responsável pelo estado de Anne, pois não prestara atenção em como ela vinha se sentindo nos últimos dias, ele se afundara em sua própria autopiedade e deixara sua esposa sozinha com os bebês. Droga! Ele a amava tanto quanto amava seus filhos, e tudo o que queria era tê-los de volta em sua vida, porém, ele sabia que não era o momento de confrontar a Anne sobre seu relacionamento, ou sua decisão sobre o que fariam dali em diante em relação a sua vida matrimonial. Ele se dedicaria a ajudá-la a ficar bem fisicamente e emocionalmente, e depois poderiam conversar novamente sobre tudo o que acontecera entre eles.

Assim que chegaram em casa, Anne foi para o quarto sem falar com Gilbert. Ele sabia que ela estava arrasada com as notícias de seu real estado físico, e por isso, ele resolveu deixá-la um pouco sozinha para processar tudo o que Gabriela lhe dissera, respeitando dessa maneira sua privacidade. Por esta razão, ele foi pra a cozinha preparar o almoço com a dieta receitada por Gabriela, tentando deixar os alimentos pouco apreciados por Anne um pouco mais apetitosos e agradáveis ao paladar delicado dela.

Quando terminou, ele esperou que ela aparecesse, mas, isso não aconteceu. Preocupado, Gilbert foi procura-la no quarto e ia bater na porta quando percebeu que ela não estava trancada. Assim, ele entrou, e ficou paralisado ao ver Anne saindo do banheiro enrolada apenas em uma toalha de banho enorme, os cabelos molhados, e perfume dela torturantemente doce chegando até ele como uma tentação difícil de ignorar. Seus olhares se encontraram, e Anne parecia estar tão perturbada quanto ele e assim, Gilbert se aproximou dela devagar atraído por aqueles olhos azuis, e aqueles lábios carnudos que ela mordia de canto sem perceber. Suas mãos alcançaram o rosto dela, e acariciaram suas bochechas, e depois desceram para a cintura feminina e a puxou para ele, sem que ela sequer protestasse. Assim, suas bocas se encontraram, e Anne entreabriu os lábios, deixando que a língua de Gilbert traçasse um mundo inteiro de desejo em cada canto dela, fazendo-a enlouquecer com seu sabor excitante.

E de repente, as mãos dele escaparam da cintura subindo até a nuca, acariciando parte das costas dela que a tolha não escondia, grudando ainda mais seus corpos. Sem pensar mais, Anne deixou a toalha escorregar até o chão, exibindo sua nudez sem qualquer traço de vergonha para o único homem que já a vira assim tantas vezes, e que a achava simplesmente deslumbrante. Os braços dela rodearam o pescoço de Gilbert, e ela sentiu sua sede por ele aumentar. Ela o queria como nunca, e precisava dele como sempre, e naquele instante de fraqueza, ela pouco se importava onde aquilo a estava levando.

Embriagado por ela, Gilbert traçou a linha do pescoço com sua língua, sentindo-a estremecer quando mordiscou-lhe o ombro. A camisa dele foi arrancada por Anne que não aguentava mais a necessidade de tocá-lo também, enquanto sentia seus seios se arrepiarem com os dedos dele que o pressionavam sem parar. O desejo dele ditava o ritmo, e a maneira como queria tocá-la, as unhas dela arranhando suas costas o fizeram arfar, assim como os gemidos de Anne eram sussurrados em seus ouvidos como um incentivo a mais.

- Deus, como eu quero você. - Ele disse entre beijos, incapaz de parar de tocá-la. A pele nua dela fazia seu corpo pegar fogo, e os lábios dela em seu pescoço estavam deixando-o maluco.

Ele fez uma trilha de beijos pelo rosto dela, descendo pelo queixo, e iniciaram mais um beijo sem que tivessem qualquer intenção de parar, mas, quando Gilbert fez um movimento, tentando empurrar Anne em direção a cama, ela pareceu acordar daquele magia toda que se criara entre os dois disse:

- Gilbert, eu não quero.

- Não quer o que? – ele se perguntou tentando beijá-la nos lábios

- Eu não quero ir além isso. - Ele abriu os soltos e encarou o mar azul que o fitava com seriedade, e respondeu:

- Por favor, Anne. Não me afaste, eu preciso tanto de você. - A voz dele era uma súplica, mas, Anne não queria correr o risco de se entregar e se arrepender depois:

- Não posso, Gil. Eu sinto muito. Eu ainda preciso de tempo.

- Eu entendo. - Ele disse em um fio de voz. Não ia implorar, e muito menos pressioná-la a fazer algo que não quisesse. Assim, ele desfez o abraço e Anne pegou a toalha que estava no chão e se enrolou nela, enquanto Gilbert observava todos os seus gestos com um olhar impenetrável que ela não conseguiu entender.

- Desculpe-me, Gil. Eu não devia ter permitido que isso fosse tão longe. - Ela disse se lamentando, e de novo Gilbert a olhou de um jeito estranho antes de responder:

- Não precisa se desculpar, eu é que passei dos limites. Você deixou bem claro da última vez que não suporta mais meu toque, por isso, não vou mais impô-lo a você.

- Gilbert, não se trata disso. - Anne protestou.

- Então, do que se trata? Eu te pedi desculpa mil vezes por não ter contado sobre Denise, e você age como se fosse a única que sofre com tudo isso. Será que não entende, Anne? Eu amo você, e te quero de volta, e tenho feito de tudo para que você enxergue essa verdade, mas, sua raiva por mim deve ser maior que o seu amor.

Cada palavra de Gilbert conseguia encontrar caminho certo para o seu coração. Ela sabia que ele estava certo, mas como fazê-lo compreender que a imagem de Denise Williams em seu colo não saía de sua cabeça, e estava arruinando cada sentimento bom que pudesse ter por ele?

- Eu espero que você entenda a situação na qual me encontro, eu estou tentando esquecer mais não é fácil.

- Eu entendo mais do que imagina, Anne. Talvez fosse melhor eu ir para um hotel. - Anne sentiu parte dela se afundar ao ouvir essas palavras, e tratou de responder:

- Não precisa fazer isso. Eu já te disse que a casa também é sua.

- Não é mais, por isso, que sair daqui é a melhor opção para mim agora.- lhe doía falar tudo isso para Anne, mas doía mais nele, pois não conseguia mais ficar ali, e ver-se perdendo-a sem conseguir alcançá-la.- O almoço está pronto quando quiser comer fique a vontade.- ele fez menção de sair, e ela chamou-o de volta dizendo:-

- Gil, eu te amo. - Ele sorriu de leve, e deu o mesmo tipo de resposta que ela havia esfregado na sua cara a uma semana.

- Eu sei, mas, como você mesma me disse uma vez, às vezes, só isso não basta.- e assim, ele saiu, voltando para a cozinha e deixando Anne completamente sozinha, e dessa vez , ela constatou que estava a um passo de perder o homem de sua vida. Foi então que ela se atirou na cama, e começou a chorar, seus soluços enchendo o quarto, mostrando assim para quem quisesse ver o tamanho de seu desespero.


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