Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Olá, pessoal. Espero que gostem deste capítulo e deixem suas opiniões que sempre me animam com seu carinho e incentivo. Muito obrigada. Beijos.
ANNE
O ar do quarto era sufocante quando Anne abriu os olhos naquela madrugada de quinta-feira. Ela sentou-se na cama, com a testa suada, respirando fundo para acalmar as batidas de seu coração que podiam ser ouvidas a quilômetros pela sua intensidade, enquanto um calor excessivo tomava conta de seu corpo, fazendo com que o pijama de algodão que ela usava grudasse em seu corpo apesar da temperatura gelada do inverno.
Ela respirava muito rápido, ao mesmo tempo em que seu cérebro tentava livrá-la do efeito do pesadelo que tivera, fazendo-a perceber que estava em seu quarto com Gilbert a seu lado dormindo, e que o medo que sentira não era real, era apenas uma ilusão gerada por seus pensamentos nada positivos em torno de Peter Bells.
Não saber o que se passava na cabeça dele a deixava com aquela sensação de que uma nova catástrofe estava prestes a acontecer, só não sabia quando ou onde. Ele estaria vigiando-a novamente? Seguindo seus passos? Em que momento aquele rapaz que podia ter o mundo a seus pés se tornara um monstro?
Quando estavam juntos, Anne percebera que sua vaidade excessiva era a maior causa de seu alto ego, mas nunca pensara que sua recusa em continuar um relacionamento nocivo o transformaria a tal ponto de fazê-la seu alvo. Ela não acreditava no amor que ele dissera sentir por ela, aquilo era uma doença, uma compulsão obsessiva por tê-la rendida e indefesa em seus braços depois de ter-lhe dito um sonoro não, o que deveria se constituir a ele na pior das ofensas.
Nenhuma mulher resistira a ele, mas Anne sim, e era isso que talvez se constituísse toda aquela obsessão. A recusa da ruivinha em se juntar a sua enorme lista de conquistas. Peter Bells era patético no sentido amplo da palavra. Queria forçá-la a ter sentimentos por ele, quando no passado ele pouco fizera para despertar-lhe uma afeição genuína. Qualquer sentimento verdadeiro que Anne pudesse sentir em seu coração era direcionado a Gilbert que desde sempre lhe dera da maneira mais pura e completa o seu amor, e Anne apenas sentia ter demorado a admitir que também se sentia totalmente entregue a ele, e se tivesse feito isso muitos anos antes, talvez nunca sequer tivesse olhado para aquele idiota arrogante que resolverá fazer dela o objeto do seu desejo mais obscuro.
Anne olhou para Gilbert, e suspirou aliviada ao perceber que não o tinha acordado com seu pesadelo. Ele andava trabalhando muito nos últimos dias, e a última coisa que queria era que ele perdesse o sono por sua causa. Percebendo que não voltaria dormir tão cedo, ela se levantou devaga, tentando não fazer barulho, pegou o roupão acolchoado que estava dobrado na cadeira de sua penteadeira, o vestiu, e também calçou as pantufas para proteger os próprios pés do chão frio, e foi até a cozinha em busca de um copo de água. Sua garganta estava seca, e as mãos tremiam um pouco, mas, Anne estava decidida a não se deixar impressionar pelo sonho, colocando em sua cabeça cheia de ideias férteis, o pensamento de que aquilo seria uma espécie de premonição. Ela até acreditava que havia pessoas que podiam adivinhar o que aconteceria no futuro, mas, aquele não era o seu caso, portanto, os pesadelos que tinha eram apenas fruto de suas emoções desestruturadas pelos hormônios da gravidez, e tensão psicológica, e nada tinha a ver com visões mediúnicas do que estava por vir.
Ela abriu a geladeira e se serviu de um copo de água gelada, pois precisava do gelo descendo por sua garganta para afastar aquele calor desagradável de si mesma. Os cabelos soltos começaram a incomodar, por isso ela os prendeu no alto da cabeça com um elástico que encontrou na mesinha da sala de estar, quando estava indo para a cozinha, e sentiu um alivio imediato em seu pescoço suado. Sem vontade de voltar ao quarto onde ela sabia que seu sono não seria conciliado rapidamente, Anne se sentou na mesa da cozinha, fechou os olhos e ensaiou um tipo de meditação, em uma tentativa de afastar de sua mente qualquer vibração negativa. Não queria se entregar a pensamentos depressivos, e nem sentir que estava oscilando novamente entre a alegria e a tristeza, a euforia e a angústia. Estava a pouco tempo de seu casamento, e precisava de paz para organizar suas ideias, para cuidar de si mesma e de seus bebês.
Como sempre fazia, quando pensava neles, Anne levou as mãos a barriga, envolvendo-a com seus braços como se pudesse proteger os embriões com eles. De tudo aquilo, o que a preocupava era os seus filhos. Não queria que nascessem no meio daquele caos que sentia dentro de si. Se pudesse os colocaria em uma redoma de cristal, e não deixaria que nenhum mal os tocasse, e daria o seu sangue para que nunca fossem magoados ou feridos. Anne pendeu para frente, suas pálpebras pesando, mas ainda assim sem nenhuma evidência de que conseguiria dormir. Ela estava cansada, e estaria um bagaço quando o dia amanhecesse, mas, infelizmente não conseguia relaxar o suficiente para conseguir descansar, assim, ela começou a balançar o corpo para frente e para trás como se estivesse em uma gangorra imaginária, e só parou o movimento repetitivo quando sentiu as mãos grandes de Gilbert em seu ombro.
- Fugindo da cama de madrugada novamente, meu amor?- ele disse com um sorriso charmoso.
- Não era para você ter acordado.- Anne disse bocejando, sentindo seus olhos ardendo de cansaço.
- Você se esqueceu que sempre sei quando você não está na cama comigo? Bastou você se levantar para que eu acordasse. É esse meu sexto sentido ao seu respeito que nunca me deixa baixar a guarda. Então, por que está aqui quando por motivos óbvios deveria estar enroscada em mim e dormindo feito um anjo?- Gilbert perguntou, mantendo suas mãos no ombro dela.
- Tive um sonho ruim e não quis acordar você. - Anne disse sentindo as mãos dele subirem até sua cabeça e soltar as mechas presas pelo elástico. Ela devia saber que ele faria isso, Anne pensou, ao sentir os fios se ondularem ao seu redor e caírem livremente pelas suas costas.
- Não os prenda assim, isso é um pecado.- Gilbert disse afundando o rosto no meio da cabeleira macia, e sentindo-lhe o cheiro de pêssego com mistura de morango.
- Estão compridos demais, e estava com calor.- Anne respondeu suspirando ao sentir os dedos de Gilbert deslizarem por entre os fios.
- Eles parecem seda, tão macios em meus dedos.- Gilbert sussurrou ainda aspirando a fragrância deliciosa. Depois, mirou-a nos olhos e tornou a perguntar;- O que a fez se levantar às duas da manhã, Anne? Pensei que já estivesse curada desse hábito pouco saudável.
- Já disse, tive um sonho ruim.
- Peter Bells de novo?- Gilbert perguntou preocupado.
- Sim.- Anne olhou para Gilbert que se ajoelhou do lado dela para que seus rostos ficassem na mesma altura e disse sério:
- Eu sabia o que isso causaria em você no momento em que soubesse desse canalha. Foi por isso que não queria te contar.
- Eu precisava saber, Gil. Não ia adiantar esconder isso de mim.- Anne disse com as mãos fazendo um carinho em seus cachinhos desfeitos.
- Odeio te ver tensa assim. E os bebês? Como estão?- Anne sorriu ao ver a preocupação dele e disse.
- Sossegue, Dr. Blythe. Seus filhos estão bem. Eu estou bem.- os dedos dele alcançaram os dela entrelaçando-os.
- Quer que eu te faça um chocolate quente? Talvez te ajude a dormir.-
- Eu vou adorar.
Enquanto ele lhe preparava a bebida quente, Anne observava Gilbert se mover pela cozinha eficientemente, e se perguntou se havia alguma coisa que Gilbert não soubesse fazer bem. Ela enumerou um milhão de coisas em sua mente, e em todas ela teve que dar nota máxima. Como alguém podia ser tão perfeito assim e tão gostoso ao mesmo tempo? E era todinho dela, cada pedacinho daquele corpo que a enlouquecia, cada olhar que ela amava, aquele homem inteiro era dela, e que presentão ganhara, além de ser sua noiva, e estar grávida de gêmeos? Ela não via a hora de ver os rostinhos só para buscar características parecidas com Gilbert. Que espetáculos de bebês eles seriam se tivessem metade da beleza do pai? Ela suspirou alto diante daquele pensamento, e Gilbert a olhou interrogativamente:
- O que foi? Está sentindo alguma coisa?
- Não, eu só estava pensando.- Anne respondeu envergonhada. Quase tinha sido pega e um daqueles seus momentos de devoção por Gilbert Blythe. Que droga! Por que não conseguia pensar em outra coisa a não ser no físico dele quando estavam no mesmo cômodo do apartamento? Que atração era aquela que a fazia quase salivar por aquele homem? Tinha perdido completamente seus princípios de boa garota de família, e fora reduzida a uma mulher insaciável pelos atributos de seu noivo. Ela realmente estava perdida e não havia mais volta, pois Gilbert Blythe se tornara sua religião.
- Experimente e veja se está adoçado o suficiente. Eu usei açúcar mascavo que é natural ao invés do industrializado.- Anne assentiu pensando que até às duas da manhã ele conseguia se importar com aqueles detalhes.
- Está ótimo.- ela respondeu ao provar a bebida se surpreendendo com o sabor.- Não vai tomar também?
- Não, fiz só para você que está com problemas para dormir. Acha que consegue conciliar o sono depois disso?- ele perguntou vendo-a terminar de tomar o chocolate e colocar a xícara sobre a mesa.
- Posso tentar. Você me ajuda?- ela perguntou se levantando.
- É claro. Vamos voltar para o quarto.- ele colocou sua mão no ombro direito dela e a conduziu para o quaro.
Uma vez lá, Anne se sentou na cama, e ficou esperando Gilbert desligar a luz, acender a do abajur e se sentar ao seu lado.
- Vem cá.- ele disse acomodando-a em seu peito enquanto acariciava o alto da sua cabeça.
- Eu tenho Pilates amanhã. Você vai comigo?- Anne perguntou apoiando todo os eu peso contra o peito masculino.
- Claro, eu quero fazer todas essas coisas com você. Vai ser divertido, além de te ajudar bastante no parto.
- E sei que ainda falta bastante tempo, mas, eu estou ansiosa por esse momento.- Anne disse olhando para Gilbert que lhe sorriu.
- Eu também.- ele confessou.
- Eu também estou ansiosa pelo nosso casamento. Já pensou que faltam apenas algumas semanas?- Anne disse com ar sonhador.
- Para quem vivia fugindo de mim, você está bem animadinha para se tornar a Sra. Blythe.- ele disse brincando.
- Eu não fugia de você, eu apenas fazia de conta que fugia, e no fim acabei exatamente onde deveria estar.
- Então você confessa que desde que nos reencontramos, você me queria o tempo inteiro, e só se fazia de difícil.- ele disse provocando-a.
- Não inverta a situação, você é que me queria o tempo inteiro, e depois me afastava só para me ver me rendida pelos seus encantos.- ela disse passando o dedo indicador pelo contorno do queixo dele.
-E deu certo. Agora está caidinha por mim.- ele disse com ousadia.
- Não seja abusado, Dr. Blythe. Nós sabemos quem é caidinho por quem.
- Eu sou abusado? Pois, eu vou te mostrar o que é um real abuso.- ele disse deitando-a sobre o travesseiro enquanto a encarava.- Esse rosto de anjo é um abuso- ele disse fazendo carinho em suas bochechas.- Esse olhar azul é um abuso maior ainda.- Gilbert disse olhando-a com uma pequena chama queimando em seus olhos castanhos, que fez Anne se sentir aquecida imediatamente.- E sabe qual é o maior de todos os abusos? Essa boca maravilhosa que me deixa viciado.- e assim, segurando o rosto dela entre as mãos, Gilbert iniciou um beijo calmo e longo que fez Anne relaxar totalmente.
- Acha que consegue dormir agora?- Gilbert perguntou no minuto em que separou sua boca da dela.
- Com certeza. Eu já disse que você é meu sonífero preferido? - Gilbert riu alto, apagou o abajur e aconchegou Anne junto a si, que adormeceu quase que imediatamente com seu rosto enterrado no ombro dele.
GILBERT
A manhã de inverno estava incrível, pois o aspecto cinzento dos últimos dias tinha dado passagem a um sol brilhante e acolhedor, cujos raios enfeitavam a cidade de Nova Iorque intensificando o colorido dos carros e das pessoas que passavam pelo centro animadas pela ausência da neve que as tinha confinado dentro de suas casas por dias seguidos.
Enquanto dirigia para o trabalho, Gilbert pensava com que facilidade tinha se adaptado a vida em Nova Iorque, depois de anos vivendo em um lugar onde ele conhecia a metade da população desde pequeno, e chamava cada um pelo próprio nome.
É claro que ele reconhecia que Nova Iorque era a cidade das oportunidades, e tudo acontecia com uma velocidade incrível, e podia-se encontrar o que precisava em cada esquina, sem ter que dirigir quilômetros para comprar uma camisa para uma festa, ou aquele brownie favorito. Ainda assim, ele sentia falta de casa, e da familiaridade que tinha com cada detalhe que o cercava, a calmaria de sua fazenda, as festas regionais onde todo mundo se encontrava e tagarelava sobre sua própria vida, a fraternidade que havia entre cada habitante que se ajudava nas piores situações.
Ele se mudara para Nova Iorque porque lhe fora oferecido uma oportunidade de crescer em sua profissão, aprender métodos novos, e trabalhar em um grande hospital onde suas habilidades como cirurgião tinham se tornado mais afiadas. Porém, Gilbert tinha que reconhecer que viera por Anne também. Estar perto dela depois de sua longa viagem fora do país, se tornara uma prioridade, mesmo que na época seu relacionamento estivesse estremecido, e ele sequer tivesse certeza de que se acertariam, e assim, ele mudara sua vida por ela, e não se arrependia.
A poucos dias de se tornarem marido e mulher e com filhos gêmeos a caminho, Gilbert se sentia no auge da sua felicidade. Quando ele poderia imaginar que conseguiria alcançar tudo o que desejava em tão pouco tempo? Sentia-se realizado, e tão ansioso pelo casamento que se aproximava quanto Anne, embora não o demonstrasse como ela, porém, sentia seu coração bater mais forte toda vez que pensava em seu anjo ruivo como a Sra. Blythe. Ela era a realização de um sonho que acalentara na adolescência, e agora em seus vinte cinco anos de vida, ele tinha certeza de que ela nunca mais iria embora, porque estavam ligados demais pelos seus laços do passado que se estreitaram no presente, e continuariam assim rumo ao futuro que queriam construir juntos. Ele se sentia pleno, completo, e cheio de vida, e a sensação de que estava a um passo de se tornar pai era a melhor do mundo.
A única coisa que o estava aborrecendo era as crises de tensão vividas por Anne por conta de Peter Bells. A polícia estava à sua procurava, mas, o rapaz parecia ser bastante esperto e não se deixaria apanhar com facilidade, e isso irritava Gilbert profundamente. Ele não queria que ela tivesse qualquer aborrecimento naquele período e que estava lidando com os preparativos do casamento, e fora realmente uma falta de sorte ela ter descoberto sobre aquele crápula antes que ele fosse preso, pois agora ela estava tendo que lidar com uma gravidez dupla, seus surtos de ansiedade por conta de sua necessidade de controlar tudo o que acontecia a sua volta, e os pesadelos que não deixavam que ela tivesse uma boa noite de descanso, e que com certeza tinham a ver com seu medo de ter que encontrar Peter pelo caminho.
Gilbert nunca tinha odiado tanto alguém na vida como odiava aquele rapaz que tivera a petulância de colocar a vida de sua garota em perigo, e ele sabia que se Peter tentasse uma segunda vez, o jovem médico o faria pagar caro por isso, e de forma nenhuma ele sairia impune de qualquer mácula que causasse em Anne.
Algum temo depois, ele chegou no hospital, e ainda mantilha seu ar preocupado com seus pensamentos presos na mulher ruiva que deixara dormindo no apartamento antes de vir para o trabalho. Como ela não dormira bem durante a noite, ele não quis acordá-la do sono profundo ao qual se entregara após ter finalmente conseguido fechar os olhos e descansar. Em seu atual estado, qualquer cuidado era importante, por isso, Gilbert, ao invés de despertá-la para dar-lhe um beijo de bom dia como era de sua vontade, ele simplesmente saíra deixando-lhe o café da manhã pronto com um bilhetinho amoroso lhe desejando um ótimo dia até a sua volta quando iriam ao Pilates juntos.
Fora ele que convencera Anne a começar a fazer aquele tipo de exercício ao descobrir os benefícios que aqueles movimentos traziam para uma gestante na hora do parto. A ginástica fortalecia pontos no corpo da mulher essenciais para que ela tivesse uma boa dilatação e conseguisse dar à luz de maneira mais segura. Felizmente, Anne acatara sua ideia de pronto, e assim se matriculara em uma academia perto do apartamento onde Gilbert se comprometera a ir com ela, e ele faria isso não só porque ela lhe pedira, mas também porque queria ser um pai presente desde o princípio, e assim lhe parecera uma boa oportunidade para começar.
Ele passou pelo corredor e viu Denise conversando com uma enfermeira. Ele apenas a cumprimentou com a cabeça e foi direto para o seu consultório. Gilbert estava evitando muito contato direto com ela por dois motivos. O primeiro era que Anne não se simpatizava com ela e desconfiara de suas intenções desde o início, e a segunda era que Anne não estava totalmente errada já que a garota não perdia a oportunidade de lhe dar alguma indireta sempre que podia. Gilbert sempre escapava de suas investidas de maneira espirituosa educadamente, deixando claro que era apaixonado por sua noiva e que não estava a procura de uma aventura
Porém, a psicóloga devia se julgar irresistível, pois não largava do seu pé, e Gilbert já estava a ponto de lhe jogar-lhe na cara que por mais bonita que ela fosse, jamais superaria sua mulher grávida e linda. No entanto, não queria causar um mal estar generalizado entre colegas de trabalho se pudesse evitá-lo, e só usaria daquele argumento em último caso, se a situação se tornasse intolerável.
Gilbert estava completamente concentrado em um trabalho de pesquisa e o horário de almoço já ia longe quando Daniel e Gabriela apareceram em sua porta.
- E então, Blythe. Você resolveu ficar escondido no seu consultório hoje? Nem o vimos sair para o almoço. - Daniel disse parando na frente da mesa de Gilbert.
- Eu estou me preparando para a cirurgia do garoto que estou tratando. Os pais deram a permissão para o procedimento afinal.
- Parece que Denise fez um bom trabalho em convencê-los.- Gabriela disse sorridente.
- É o que parece. - Gilbert respondeu usando um tom irônico que deixou Gabriela intrigada.
- Qual é o problema, Gilbert? Não gosta de Denise?
- A questão não é essa. - Gilbert respondeu encarando a médica.
- É qual é a questão então?
- Acontece que ela é um tanto indiscreta quando demonstra seu interesse por alguém.
- O que quer dizer comisso, Blythe? Ela está dando em cima de você?-
Daniel perguntou espantado
- Sim.- Gilbert se sentindo um pouco desconfortável por abordar aquele assunto com seus amigos
- A Anne sabe disso?- Gabriela perguntou:
- Bem, no dia da festa do Dr. Philips ela notou certo interesse da parte de Denise, e no outro dia que ela apareceu aqui no hospital de surpresa e me encontrou tomando café com Denise, pois estávamos justamente falando sobre o garoto da cirurgia, ela teve um ataque de ciúmes. Mas, não toquei nesse assunto com ela. Anne já anda estressada o suficiente com os bebês e as coisas do casamento. Não quero deixá-la pior com um assunto que não vale a pena. - Gilbert desligou o computador para dar mais atenção aos amigos que o olhavam com uma expressão incrédula no rosto.
- Se quiser posso colocá-la no lugar dela. Você sabe que Denise e eu fomos amigas na faculdade, e que fui eu quem a indicou para esse trabalho. Ela sempre foi atrevida dessa maneira, mas, eu pensei que com a maturidade, ela tivesse aprendido alguma coisa, mas, creio que me enganei. Eu só não sabia que agora ela também dava em cima de homens comprometidos. - Gabriela disse com ar aborrecido.
- Gabriela, a culpa não é sua, e deixe esse assunto para lá. Ela pode dar em cima de mim o quanto quiser, mas, não vai conseguir nada.
- O que ele quer dizer, querida é que Anne tem completo acesso ao coração dele, e nenhuma outra mulher tem chance com Gilbert Blythe.- Daniel disse colocando seu braço em volta do ombro de Gabriela.
- Bem, já que você não quer que eu interfira, vamos deixar esse assunto para depois. Vamos tomar um café, Gilbert? Ou ainda tem pesquisa para fazer?- Gabriela perguntou.
- Aceito o convite. Preciso sair um pouco daqui. Fiquei a manhã toda preso no meio desse trabalho. - Gilbert apontou para a montanha de papéis em cima de sua mesa.
- Então, vamos. Eu tenho um a hora antes do meu próximo paciente. - Daniel disse, e tanto Gilbert quanto Gabriela assentiram.
Eles decidiram ficar nas salas dos médicos onde teriam mais privacidade para conversarem à vontade, pois naquela hora o lugar estava praticamente vazio, porque a maioria dos médicos ou estava atendendo ou estava na cantina. Assim, se serviram de café instantâneo e Gabriela cortou três pedaços da torta de maçã que tinha trazido de casa e as quais entregou para Gilbert e Daniel, e conservou para si mesma a terceira fatia.
- Amanhã, eu espero você e Anne para o exame de ultrassonografia. - Gabriela afirmou.
- Estaremos lá com certeza. Eu e Anne não vemos a hora de saber o sexo dos bebês. Isso tudo parece um sonho. A algum tempo, eu nem pensava que isso pudesse acontecer. Pensei que nunca mais reencontraria Anne, acabaria me casando com Sarah e levando minha vida de cirurgião do interior, e olha só o que a vida me preparou. - Gilbert disse com seus olhos castanhos brilhando. Ele sempre sentia um sentimento bom no lado esquerdo do seu peito quando pensava em tudo aquilo. Era por isso que planejar um futuro inteiro era bobagem. As surpresas apareciam sem que se estivesse esperando por elas, e todo o mundo que se conhecia mudava drasticamente, portanto, era melhor viver o presente de maneira consistente, sem se prender demais ao dia de amanhã. Ele aprendera isso com a morte de seu pai, a morte de Sarah, o sequestro de Anne, e agora com a vinda dos bebês, que de todas fora a surpresa mais maravilhosa e inesperada que recebera nos últimos tempos, e isso ele devia a Anne por dar-lhe a oportunidade de ser um homem mil vezes melhor.
- Gilbert, eu estava procurando por você.- Denise disse entrando na sala os médicos com um sorriso insinuante.
- Precisa de alguma coisa, Denise?- Gilbert perguntou deixando seu sorriso morrer no instante em que seus olhos cruzaram com o da psicóloga.
- Temos que falar sobre a cirurgia do garoto.- ela disse continuando a sorrir sem notar a expressão séria de Gilbert em sua direção.
- Podemos falar disso mais tarde? Estou em minha pausa para o café.
- Claro. Já que estou aqui, vou aproveitar e tomar um café com vocês.- ela disse, ao mesmo tempo em que Gilbert, Daniel e Gabriela trocavam olhares entre si imaginando que o momento de relaxamento tinha chegado ao fim.
- Gilbert, você pode vir ao meu consultório? Tenho que te mostrar algo. - Daniel disse para Gilbert dando-lhe uma piscada, e o rapaz entendeu na hora a estratégia do amigo de tirá-lo dali.
- Claro, Daniel.- ele respondeu seguindo o amigo para fora da sala, deixando Gabriela sozinha com Denise.
- Meu Deus, que homem lindo! Você não acha Gabriela?- Denise perguntou tomando um gole de seu café expresso.
- Realmente Gilbert é um belo homem, mas, é comprometido e isso você deve saber.- Gabriela disse com a voz dura.
- E daí? Esse são os mais interessantes.- Denise respondeu dando de ombro.
- Você não tem vergonha , Denise? Dar em cima de um homem quase casado. Francamente, é muita cara de pau.
- Só por que eu tenho coragem de admitir que um homem me interessa não me torno uma pessoa pior do que você.- ela respondeu com um sorriso que deixou Gabriela ainda mais irritada.
- Será que não entende que não tem chance nenhuma ali? Gilbert é completamente apaixonado pela noiva, e vão se casar em breve.
- Pelo que sei ela está grávida de gêmeos, e logo não será tão atraente. - Denise disse com um cinismo que deixou Gabriela indignada.
- Você se engana se pensa que Gilbert é o tipo de homem que se deixa levar pela aparência.
- Todo homem é igual, Gabi. Basta apenas que a oportunidade se faça presente, e eu duvido que essa tentação em forma de Dr. Blythe seja feita de outra matéria.
- Como você é inacreditável. - Gabriela disse inconformada com a atitude de sua antiga amiga.
- Não querida, eu só sei reconhecer um homem que vale a pena quando vejo um.- Denise disse com uma risadinha.
- Gilbert Blythe não está disponível, Denise.
- Isso é o que veremos. - ela disse, terminando seu café e saindo da sala deixando Denise mais irritada do que antes.
Gilbert terminou seu expediente naquele dia e foi para casa, pois Anne o esperava para irem juntos para a academia. Quando chegou em casa, ela já estava adequadamente vestida com roupas de ginástica, os longos cabelos presos em um rabo de cavalo, e calçando um par de tênis confortável.
- Olá, ruiva maravilhosa.- ele disse em tom brincalhão, beijando Anne na boca.
- Oi, amor, como foi seu dia?- Anne respondeu se pendurando no pescoço de Gilbert.
- Bastante cansativo, mas, tudo vale a pena quando chego em casa e encontro minha noiva e meus filhos esperando por mim.- Anne riu das palavras dele e respondeu.
- Senti sua falta o dia todo. Você foi para o trabalho sem se despedir de mim.
- Não podia acordá-la depois da noite que teve. Dormiu bem?- ele perguntou ajeitando um fio de cabelo que escapava do rabo de cavalo de Anne.
- Muito bem, e acordei quase na hora do almoço.
- Que bom. Você estava mesmo precisando descansar.- ele deu um beijo suave no rosto dela e perguntou-: Você me espera? Vou trocar de roupa e volto em questão de minutos.
- Claro, amor.- Anne respondeu, se sentando no sofá.
Em poucos minutos, Gilbert estava pronto, e em seguida saiu com Anne em direção a academia que ficava a apenas a alguns passos do apartamento, assim, eles foram andando mesmo de mãos dadas e conversando por todo o caminho, e logo se viram na frente de uma construção elegante onde havia várias pessoas se exercitando em diferentes posições e aparelhos. Assim que entraram foram recepcionados por uma moça alta e simpática que os levou para a sala onde os exercícios para gestantes eram ministrados, e onde já havia várias mulheres acompanhadas de seus maridos e outras sozinhas ou com amigas. A professora começou a ministrar os exercícios, e Gilbert acompanhou Anne em cada movimento, pois a maioria deles deveria ser auxiliada pelo marido. Depois de certo tempo realizando cada exercício em perfeita sincronia, Gilbert ouviu Anne dizer baixinho:
- Eu não acredito.
- O que foi?- Gilbert perguntou também em tom baixo.
- Cada mulher desse recinto não para de te lançar olhares furtivos. Santo Deus, Gilbert Blythe, você só me dá trabalho. - Gilbert quase gargalhou ao ver o olhar indignado de Anne que não escondia uma pontada de ciúme. Ele nem teria reparado naquele detalhe se ela não lhe dissesse.
- Para de ser tão ciumenta, amor. Eu não tenho olhos para nenhuma delas se ainda não percebeu.- ele disse segurando na cintura dela como indicado pela professora.
- Até posso ver a dor de cabeça que vou ter quando seus filhos já forem crescidos.
- Você nem sabe se os bebês são meninos, e se forem duas meninas?
- Aí, quem terá trabalho será você.- Anne disse rindo.
- O que quer dizer com isso? - Gilbert perguntou, mantendo a bola de Pilates firme para que Anne se sentasse sobre ela e fizesse alongamento.
- Você é quem terá que espantar fila de pretendentes da nossa porta.
- Se forem tão lindas quanto a mãe delas tenho certeza de que eu terei que bancar o pai ciumento e protetor.
- Vocês estão tendo alguma dificuldade para realizar os movimentos? - a professora perguntou atenciosamente.
- Não, professora, apenas estamos tendo uma conversa muito importante sobre nossos filhos. - Gilbert disse com um sorriso.
- Filhos? - a professora perguntou curiosa.
- Sim, seremos pais de gêmeos. - enquanto falava, Gilbert viu Anne revirando os olhos.
- Parabéns, precisamos reforçar os exercícios então, para que o parto de sua esposa seja o mais natural possível.
- Obrigado, professora. - Gilbert disse e depois se virou para Anne que o olhava com ar de brava. - O que foi agora?
- Nada, apenas pensando que terei que passar a vida inteira espantando cada mulher que se derrete por você.
- Você sabe que não precisa, pois é a única que tem minha atenção. - Gilbert disse dando-lhe um selinho que Anne retribuiu com gosto, e depois respondeu:
- Acho bom mesmo, pois você sabe quais são as consequências quando me provoca.
- Você sabe que só te provoco quando faz o mesmo, minha linda ciumenta. Quando chegarmos em casa vou dar-lhe um tratamento cinco estrelas do qual você não terá nenhum motivo para reclamar.
Logo que a aula terminou, eles foram para casa, e ao entrarem no apartamento., Anne parou na porta, e Gilbert perguntou:
- O que foi?
- Estou esperando o tratamento cinco estrelas que você me prometeu. - Gilbert apenas riu balançando a cabeça, a pegou no colo, e foi com ela para o chuveiro, de onde só saíram uma hora depois com Anne exibindo um enorme sorriso nos lábios.
ANNE E GILBERT
Anne acordou antes de Gilbert naquela manhã que prometia ser a mais emocionante de sua vida. Ela correu para o banheiro, fez suas higienes matinais, preparou o café rapidamente, e foi chamar Gilbert que praticamente jazia desmaiado na enorme cama de casal que dividia com Anne todas as noites. Ela se aproximou, deitando seu corpo sobre o dele, beijou-o na boca e disse bem próxima aos lábios dele;
- Amor, acorda. Temos que ir na consulta com a Gabriela.- as pálpebras masculinas tremeram, enquanto as mãos de Gilbert subiam pelas costas de Anne, afundando seus dedos na nuca dela, puxando-a por um daqueles beijos que lhe tiravam o ar, depois ele abriu os olhos e disse sonolento:
- Bom dia.
- Bom dia.- Anne respondeu dando vários selinhos em Gilbert que a olhou com seus olhos incrivelmente castanhos e falou;
- Você literalmente acabou comigo ontem à noite.
- Está reclamando?- Anne disse com a sobrancelha levantada.
- Nem um pouco, meu amor. Você está cada vez melhor.- Gilbert a abraçou apertado, o qual Anne correspondeu e depois falou:
- Você está se lembrando que hoje vamos descobrir o sexo de nossos bebês, não é?
- É claro que não. Estou tão ansioso quanto você. Vou tomar um banho, me vestir e te encontro na cozinha para o café daqui a pouco.
- Está bem. - Anne respondeu, se levantando e se encaminhando para fora do quarto.
Gilbert se juntou a ela pouco tempo depois, e após um café da manhã rápido, ele foram para a clínica de Gabriela que os esperava parecendo ansiosa também.
- Já fiz isso tantas vezes, e é a primeira vez depois de tanto tempo que me sinto nervosa por saber o resultado. - ela disse abraçando Anne e Gilbert.
- Então, vamos até lá e acabar com nossa ansiedade. - Gilbert disse apertando a mão de Anne que tremia sem parar. Ela estava emocionada demais. Ia finalmente descobrir o sexo de seus filhinhos, e ela nunca ficara tão feliz com algo quanto agora.
Ela entrou no banheiro e colocou a camisola de exames, se deitou na cama que Gabriela indicou, e esperou com seus olhos grudados nos de Gilbert enquanto a médica passava gel em sua barriga e depois começava a deslizar o aparelho por toda a extensão de seu ventre. A primeira batida de um coraçãozinho fez uma lágrima escorrer pelo rosto de Anne que viu os olhos de Gilbert também marejarem, e depois uma segunda batida de outro coraçãozinho infantil fez Anne soluçar alto, e Gilbert começou a chorar abertamente sem se importar que qualquer pessoa o visse assim.
- Bem, Sr. E Sra. Blythe, creio que temos um garotinho e uma garotinha a caminho. - Gabriela disse sorridente. Nesse momento, Anne começou a chorar alto, pois ela não conseguia controlar suas emoções assim como Gilbert que a abraçou e soluçou junto com ela. Eles teriam um menino e uma menina, como algo poderia ser mais perfeito que aquilo? Era uma benção dupla que recebiam dos céus.
- Então, meus amores. Estão felizes? - Gabriela perguntou assim que viu a ambos enxugando as lágrimas um do outro e parecendo mais calmos.
- Você ainda pergunta? Eu me sinto incapaz de descrever como me sinto. É maravilhoso demais. - Gilbert disse com um sorriso tão grande no rosto que deixou Anne encantada, enquanto ela só assentia concordando com as palavras dele pois falar naquele instante estava um pouco difícil para ela.
- Por que não comemoramos hoje à noite? - Tem um restaurante no centro da cidade que acabou de abrir e tem karaokê. Eu estou doida par ir, mas, Daniel e eu ainda não tivemos a oportunidade. O que acham? - Gabriela sugeriu empolgada com a ideia.
- Eu topo. Vou gostar de comemorar essa linda notícia com vocês. - Anne disse pela primeira vez depois do exame que a deixou literalmente no chão de tão emocionada.
- Eu também gostei da ideia. Faz tempo que não saímos juntos.- Gilbert disse abraçando Anne pela cintura.
- Então, está combinado. Eu falo com o Daniel hoje à tarde. Tenho certeza de que ele vai gostar muito de sairmos para jantar todos juntos.- Gabriela concluiu.
Assim, logo que Anne trocou de roupa, eles voltaram para o apartamento. O clima entre eles era tão mágico que nenhum dos dois ousou dizer nada por medo de acordarem daquele sonho incrível que era a realidade mais linda de suas vidas.
Eles se deitaram no sofá da sala e ficaram abraçado o resto do dia, como se nada mais fosse importante além daquele momento. Anne acariciava o rosto de Gilbert enquanto seus olhos estavam fixos no teto e ela mantinha um sorriso bobo no rosto que não se apagava de jeito nenhum, e Gilbert beijava-lhe as mãos distraidamente perdido na mesma nuvem de pensamentos que Anne.
- Já tem algum nome em mente? - Gilbert perguntou de repente fazendo Anne fita-lo com os olhos um pouco enevoados como se viesse de muito longe viajando em outro planeta
- Ainda não, e você
- Também não consigo pensar em nenhum nome no momento.- ele disse beijando os dedos dela de novo
- Ainda temos bastante tempo, e podemos fazer uma lista depois..- Anne disse unido a palma da sua mão com a de Gilbert. De repente, ele disse
- Acha que poderíamos chamar nosso menininho de John? Seria uma homenagem a meu pai. Se você não importar.
- Claro que não me importo. John é um nome bonito e eu também amava seu pai .- Anne concordou com um sorriso.
- Obrigado, amor. O nome da nossa garotinha você escolhe.- Gilbert disse beijando o topo da cabeça de Anne.
- Acho que também quero fazer uma homenagem a uma pessoa. - Anne respondeu olhando dentro dos olhos castanhos de Gilbert.
- Tudo bem. Como vai chamar nossa bebê
- Sarah.
- Tem certeza? - Ele perguntou olhando-a espantado
- Sim. Eu gosto desse nome, e Sarah acabou se tornando uma boa amiga. Eu quero muito homenageá-la assim.
- Isso é lindo amor. Eu não poderia esperar outra coisa de uma pessoa
incrível como você.- Gilbert disse com um sorriso.
Está feliz com nossos bebês?- Anne perguntou deitando sua cabeça no ombro de Gilbert
- Demais. Agora estou ansioso para ver os rostinhos deles, e ver o que a mistura de nossos genes criou. - Gilbert sorriu ao pensar nisso e quase chorou de emoção de novo. Ele não chorava fácil, mas, desde o sequestro de Anne ele ficara emotivo feito um moleque e já chorara tantas vezes que estava se acostumando com seu novo lado, e sabia que choraria de novo quando seus filhos nascessem.
- Eu também. Fico sonhando com isso o tempo todo, e pensar que ainda faltam seis meses para esses pequeninhos nascerem. - Anne disse pegando a mão de Gilbert e colocando sobre sua barriga, onde o rapaz acariciou com carinho.
- Que pena que ainda não podemos senti-los se mexendo. Isso vai ser incrível quando acontecer. - Gilbert disse olhando para Anne encantado com tudo o que estavam vivendo juntos. - Que diria que nós dois chegaríamos até aqui. Duas crias de Avonlea, melhores amigos no passado e amantes apaixonados no presente, quase casados e futuros pais.
- Eu fico tão feliz que tudo tenha acontecido com você. Não consigo me ver vivendo essa felicidade toda ao lado de outro homem.- Anne disse beijando a palma da mão de Gilbert.
- Eu também não consigo ver outra mulher do meu lado com quem eu gostaria que partilhasse todo esse amor.- Gilbert a beijou, e eles ficaram assim trocando carinhos e pensamentos por horas até que a noite chegou e eles foram se arrumar para o jantar que tinham combinado com Gabriela.
Anne se vestiu de maneira casual, pois o ambiente exigia algo mais confortável que suas roupas de festas sociais. Por isso, ela colocou uma saia preta que chegava até abaixo do joelho que pouco marcava sua barriguinha que ficava saliente a cada dia, uma blusa azul estilo cigano que deixa os ombros a mostra, sapatilhas baixas e macias, pois até ter os bebês nascerem, Anne abolira os saltos que a cansavam demais. Os cabelos, ela resolveu deixar soltos, porque Gilbert gostava assim, embora eles estivessem longos demais. Ela sabia que se os prendesse, até o final da noite, Gilbert teria dado um jeito de acabar com seu penteado. Sua sorte, era que no dia a dia, ela podia contar com sua cabelereira particular, que vinha até o apartamento uma vez por semana para cuidar de suas mechas ruivas, e por isso, eles se mantinham sedosos e brilhantes, assim ela não se estressava por ter que lidar com todo aquele comprimento sozinha.
Anne terminou sua maquiagem, pegou o casaco de lã que usuaria sobre sua roupa até o restaurante, e saiu do quarto para esperar por Gilbert que estava no banho. Quando ele se juntou a ela, a primeira coisa que Anne notou foi sua colônia deliciosamente amadeirada. Era o único odor que não a deixava enjoada agora, pois até mesmo seu perfume Chanel cinco, ela deixara de usar por conta daquele incômodo. Gilbert deslizou o olhar para todo o corpo dela no momento em que se aproximou e o único comentário que fez foi:
- Não preciso dizer o quanto está maravilhosa, e como amo seu cabelo assim.
- Eu sei, por isso decidi deixá-lo dessa maneira. Pois da última vez que os arrumei em um penteado complicado, eles não duraram nem meia hora por sua causa, então, achei que ficariam melhor deste modo..
- Eu aprovo totalmente. Seu cabelo é lindo demais para ficar escondido. Você tem que mostra-lo ao mundo, meu amor. - Gilbert apanhou uma mexa e acariciou com cuidado. Anne sorriu ao ver-lhe o gesto e disse;
- Acho que está na hora de irmos. Gabriela me mandou uma mensagem agora a pouco dizendo que ela e Daniel nos esperariam no restaurante.
- Então, vamos. Eu acho que essa noite vai ser bem divertida.- Gilbert disse, pegando sua jaqueta, e abraçando Anne enquanto trancavam a porta do apartamento.
O restaurante não era muito grande, mas, tinha uma ótima localização , e serviço de primeira. A comida era maravilhosa e os acompanhamentos também , e embora Anne comesse pouco por conta do seu estômago sensível, ela apreciou imensamente o jantar, assim como Gilbert e seus amigos que naquele momento estavam entretidos em uma conversa bastante descontraída. Em um dado momento, o gerente do restaurante que era um rapaz bastante jovem subiu em um palco improvisado que existia ali e disse:
- Boa noite, pessoal, eu agradeço a presença de todos essa noite, e espero que estejam apreciando sua refeição e o ambiente que preparamos com tanto carinho para vocês. Como de costume, às sextas-feiras, temos a noite do karaokê, por isso, eu convido os cantores amadores de plantão a subirem em nossa palco e mostrarem seu talento. Obrigado.- o rapaz disse ao terminar seu pequeno discurso.
Várias pessoas subiram ao palco, mais para se divertir do que por terem talento de verdade. Depois de muito rirem das diferentes performances que passaram por ali, Daniel disse Gilbert:
- Vamos subir lá e relembrar nossos tempos de Faculdade?
- Não sei. Acho que não sou mais tão cara de pau. - Gilbert disse com um sorriso meio sem jeito.
- Vai lá, Gil. Vou gostar de ver você e o Daniel pagando mico. - Gabriela disse com uma gargalhada divertida.
- Está me desafiando mulher? Agora é questão de honra, amigo. - Daniel disse para Gilbert que acabou topando apenas para fazer-lhe companhia.
Assim, ambos subiram no palco e cantaram With or Without you do U2, e foram bastante aplaudidos, inclusive por Anne e Gabriela a quem eles mandaram inúmeros beijinhos durante a canção. Quando foram deixar o palco, Gilbert deu uma piscada para Daniel, se sentou em um banquinho e disse:
- Bem, pessoal. Eu tenho uma coisa para declarar e como não sou muito bom com as palavras vou tentar ser o mais breve possível.- Gilbert limpou a garganta antes de continuar, e depois falou:- Daqui a algumas semanas vou me casar com aquela ruiva espetacular sentada na mesa perto da lareira.- Anne sentiu o rosto queimar de vergonha ao ver vários olhos se virarem em sua direção enquanto Gilbert continuava a dizer:- Ela está grávida de bebês gêmeos cujos sexo só descobrimos hoje. Então, eu quero oferecer a próxima música desse karaokê para ela, e dizer que todas as palavras o mundo não seriam o bastante para descrever o quanto eu estou feliz, e que o meu amor por ela triplicou de tamanho, e também quero agradecer por esse presente maravilhoso que a coisa mais linda que eu poderia receber na minha vida. Então, amor, essa é para você e para os nossos dois cristaizinhos.- Gilbert terminou sem tirar os olhos dela, e começou a cantar Can't take my eyes off you:
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
You'd be like heaven to touch
I wanna hold you so much
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
Pardon the way that I stare
There's nothing else to compare
The sight of you leaves me weak
There are no words left to speak
But if you feel like I feel
Please, let me know that is real
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
I love you, baby
And if it's quite all right
I need you, baby
To warm the lonely nights
I love you, baby
Trust in me when I say
Oh, pretty baby
Don't bring me down, I pray
Oh, pretty baby
Now that I've found you, stay
And let me love you, baby
Let me love you
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
You'd be like heaven to touch
I wanna hold you so much
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
Can't take my eyes off You
I love you, baby
And if it's quite all right
I need you, baby
To warm the lonely nights
I love you, baby
Trust in me when I say
Oh, pretty baby
Don't bring me down, I pray
Oh, pretty baby
Now that I've found you, stay
Oh, pretty baby
Trust in me when I say
I need you, baby
Well, won't you come my way?
Oh, pretty baby
Now that I've found you, stay
And let me love you, baby
Let me love you
Você é linda demais para ser verdade
Não consigo tirar meus olhos de você
Te tocar seria como tocar o céu
Eu quero tanto te abraçar
Finalmente, o amor chegou
E agradeço a Deus por estar vivo
Você é linda demais para ser verdade
Não consigo tirar meus olhos de você
Perdoe o jeito como eu te olho
Não existe nada mais para se comparar
A sua visão me deixa fraco
Não sobram palavras para falar
Mas se você se sente como eu me sinto
Por favor, me deixe saber que é real
Você é linda demais para ser verdade
Não consigo tirar meus olhos de você
Eu amo você, querida
E se estiver tudo bem
Eu preciso de você, querida
Para aquecer as noites solitárias
Eu te amo, querida
Acredite em mim quando eu digo
Ah, minha linda
Não me deixe deprimido, eu imploro
Ah, minha linda
Agora que eu te encontrei, fique
E me deixe te amar, querida
Me deixe te amar
Você é linda demais para ser verdade
Não consigo tirar meus olhos de você
Te tocar seria como tocar o céu
Eu quero tanto te abraçar
Finalmente, o amor chegou
E agradeço a Deus por estar vivo
Você é linda demais para ser verdade
Não consigo tirar meus olhos de você
Eu amo você, querida
E se estiver tudo bem
Eu preciso de você, querida
Para aquecer as noites solitárias
Eu te amo, querida
Acredite em mim quando eu digo
Ah, minha linda
Não me deixe deprimido, eu imploro
Ah, minha linda
Agora que eu te encontrei, fique
E me deixe te amar, querida
Me deixe te amar
Eu preciso de você, querida
Bem, você não virá até mim?
Ah, minha linda
Agora que eu te encontrei, fique
E me deixe te amar, querida
Me deixe te amar
Anne nunca pensara que Gilbert pudesse fazê-la chorar de tanta felicidade. Aquele homem a emocionara até sua última gota de sangue, e ali em meio a tantas pessoas que não tiravam os olhos do casal tão evidentemente apaixonado, ele a fizera se sentir nas nuvens mais uma vez, envolvida por todo os sentimentos que sentiam em seus corações. Ele cantara a música toda olhando para ela, e nos últimos acordes, Anne se levantou e o aplaudiu de pé como todos no restaurante, com seu rosto úmido de lágrimas, e quando ele voltou para a mesa, ela o abraçou e o agradeceu pela surpresa linda.
Eles passaram o resto da noite de mãos dadas, e foram direto para casa assim que o o jantar entre casais terminou. Logo que entraram no apartamento, Anne puxou Gilbert para o quarto, o empurrou para a cama e disse:
- Agora eu vou fazer algo que estou com vontade desde a hora que te vi naquele palco. - e assim, ela enlaçou o pescoço dele, se sentou no colo dele, e devorou os lábios masculinos, mostrando a Gilbert o quanto já estava excitada por ele. E quando a falta de ar os impediu de continuar, ela sussurrou no ouvido dele:
- De repente eu descobri que além de meu noivo ser inteligentíssimo, muito talentoso, gostoso demais, ainda sabe cantar como um anjo. Qual mulher pode resistir a um homem como esse? Gilbert Blythe você tem de mim o que quiser, porque eu sou totalmente louca por você.- Gilbert puxou blusa dela para baixo, deixando-lhe os seios expostos e antes de beijá-los, ele respondeu:
- Não mais do que eu sou louco por você.- e então, ele desceu os lábios até os seios de Anne que esperavam por ele ansiosos pelo toque quente, e quando Anne sentiu a língua de Gilbert envolver cada um deles, sugando-os com avidez, ela suspirou alto, agarrando a nuca dele, já se entregando por completo, pois além de seu pescoço, ali era o local onde ela mais tinha sensibilidade, ainda mais agora que estavam mais cheios por conta da gravidez.
Em questão de segundos, ela estava sem a saia junto com a lingerie que ela nem percebeu que tinha sido tirada também, e fez o mesmo com Gilbert, e só se dando por satisfeita quando sentiu o corpo esculpido e firme dele grudado no seu. Eles se enroscaram completamente, pernas, braços e coração. Cada beijo mais quente que o outro, cada sussurro cheio de sensualidade e desejo que apenas inflamou mais a vontade que um tinha do outro. Anne disse eu te amo muitas vezes naquela noite, e Gilbert fez o mesmo, pois tinham essa necessidade de deixar as palavras fluírem entre eles a cada carícia, entre beijos, pequenas mordidas, e movimento de seus corpos que se moldavam perfeitamente. O desejo se expandia, o vai e vem de seus quadris aumentou de intensidade, e antes de se tronarem um só, Anne saboreou cada ondulação daquele corpo masculino desenhado pelos deuses. Gilbert Blythe era uma perfeição de encher os olhos, e poder tocá-lo daquela maneira que ela gostava e o deixava a ponto de se perder de si mesmo era um privilégio somente dela, e por isso, Anne se esbaldava na ousadia dos toques, descobrindo a cada momento como amava tê-lo assim, sem uma peça de roupa, permitindo que ela corresse seus dedos e lábios livremente por onde quisesse, saboreando a pele inteira dele como um fruto proibido do qual só ela podia provar.
Perdido em seu desejo, Gilbert também descobria uma nova Anne todas as noites, pois quando estavam no auge de seus sentidos, ela se transformava, e mostrava a ele até onde podia ir em sua paixão por ele. Era por isso que jamais se cansaria daquele toque inebriante em seu corpo, daquela pele macia perfumada em sua própria fragrância, do gosto dela que era divino demais. Ela era um tormento e também a sua a paz, um furação de sentimentos e tão doce quanto mel. Ela era indomável em sua essência mais profunda, e maleável ao seu toque como se precisasse dele para sobreviver. Anne era totalmente emoção, ela não pensava muito quando estavam assim e fazia o que tinha vontade sem reservas. É lógico que nem sempre fora assim, mas, com o tempo ela descobriu que era muito mais prazeroso fazer amor com Gilbert sem se impor limites do que se policiar a cada segundo. Ela era uma mulher consciente de seu poder de sedução sobre o homem amado, e fazia bom uso dele, pois sabia exatamente como levar Gilbert a loucura e fazê-lo desejá-la cada vez mais.
Assim, Gilbert a preencheu com sua masculinidade latente, fazendo Anne se agarrar a ele, intensificando assim as sensações. Senti-lo dentro dela era outro prazer que ela desfrutava completamente extasiada pela força dele, e assim como Gilbert sentia seu prazer aumentar ao ver nos olhos de Anne o mesmo desejo, a mesma vontade, e a mesma insanidade que os levava para bem longe de tudo o que era real ou sólido, misturando dessa forma suas almas e corações, sangue e respiração.
Quando o mundo voltou a se materializar para eles, Anne sentiu seu corpo relaxado, e a necessidade de fechar os olhos e mergulhar em um sono reparador se fez presente, ela murmurou para Gilbert que acariciava seus cabelos também parecendo exausto.
- Você pode cantar para mim de novo? - sorrindo, ele assentiu e começou a cantarolar baixinho no ouvido dela, a mesma música daquela noite e assim Anne adormeceu feito um anjo.
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