Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Olá, pessoal. Espero que gostem do capítulo, e me desculpem se não ficou tão agradável quanto esperavam . Tive uma semana muito cansativa, e embora não me faltasse inspiração, o cansaço foi imenso, então, fiz o melhor que pude dentro das minhas condições. Espero que comentem e me digam o que acharam. Os erros vou corrigir mais tarde. Obrigada por tudo., Beijos.
ANNE
Um mês para o casamento, e Anne se sentia literalmente louca. Revisar cada detalhe a deixava com os hormônios nas alturas, e embora tivesse prometido a Gilbert que faria tudo com calma, os preparativos geravam uma tensão em seu corpo que por mais que tentasse, não conseguia relaxar como precisava e deveria, por isso, teve que recorrer a Gabriela para que a ajudasse a passar por aquele período sem surtar de todo, ou começasse a ter problemas com o estômago novamente.
Ainda mais, porque a gravidez de gêmeos sempre deixava a mãe mais sensível. Eram dois corpos dentro de sua barriga que cresciam dia a dia, e lidar com a carga emocional do casamento, e dois bebês que triplicavam sua taxa hormonal certamente era demais para ela.
No entanto, ela estava amando aquele período. Desde que recebera a notícia de que teria dois bebês de uma só vez , ela sentia-se encantada e ficava imaginando como seriam, pois quando pensava em si mesma e em Gilbert, ela se pegava pensando o que uma mistura de personalidades tão diferentes e características físicas poderiam transferir geneticamente a seus filhos gêmeos.
Ela ficaria em êxtase se fosse um menino e uma menina, mas era lógico que amaria seus filhos com Gilbert se pertencessem ao mesmo sexo da mesma maneira. Era uma realidade doce a que estaca vivendo naquele momento, mesmo ela tendo que recorrer a medicações naturais para aguentar a pressão dos acontecimentos que estavam por vir, e Anne não mudaria nada porque na sua concepção de futura mamãe de gêmeos e mulher apaixonada tudo estava perfeito demais.
Gilbert parecia ter sido tomado por um sentimento maior do que ele mesmo, pois a emoção com a qual ele a fitava muitas vezes quando estavam em silêncio realizando alguma atividade paralela era muito maior do que antes. Ele parecia não encontrar palavras que a deixassem saber a extensão do seus sentimentos agora. Anne podia sentir o amor dele em cada gesto, assim como seu cuidado e consideração. Não havia um só instante em que Gilbert não deixasse claro o quanto estava amando ver a barriga dela crescer. Esse era um ponto em que tanto o amor dele quanto o seu desejo andavam juntos .
Gilbert a amava com mais paixão, embora com mais cuidado. Era como se a consciência de que ela lhe daria dois bebês ao invés de um tivesse reforçado aquele fogo dentro dele que se expandia quando faziam amor, e não era nada do que ela tivesse que reclamar pessoalmente, porque ela sentira seu desejo por Gilbert aumentar também, e mesmo tendo ouvido tantas histórias de suas amigas que diziam ter perdido o interesse por seu parceiro durante o período de gravidez, Anne percebera que no caso dela, isso não se aplicava.
Talvez fosse Gilbert o único responsável por ela manter essa paixão imensa incubada dentro de si mesma pois a maneira com .ele a olhava ou tocava mesmo quando não estavam entre quatro paredes, a fazia sentir o quanto era desejada mesmo agora quando seu corpo mudava a olhos vistos.
Esse fato parecia excitá-lo mais ao invés de afastá-lo como normalmente acontecia com alguns homens quando olhavam para suas mulheres grávidas, mas, seu noivo não fazia segredo nenhum de que seu apetite sexual por ela não tinha diminuído nem um pouco, e se aquilo não fosse uma dádiva que Anne recebia dos céus, ela não sabia então o que aquilo significava.
Se alguém lhe perguntasse se ela se sentia insegura em relação a como seu corpo estava mudando, ela diria que não, mas no fundo, ela sentia-se sim um pouco desconfortável ao notar que quase não cabia mais nas roupas de antes, pois ninguém preparava o psicológico de uma mulher grávida quanto ao se ver fisicamente tão diferente do que estava acostumada antes, principalmente ela, que sempre tivera a sua imagem pela qual zelar, contudo, ela também entendia que era um processo necessário, e jamais abriria mão de ser mãe por conta de manter-se esbelta o resto da vida.
Ela como mulher tinha todas as neuroses comuns ao seu sexo, e às vezes ainda mais, porque sua beleza sempre estivera em foco por conta de seu status de modelo Internacionalmente conhecida, mas ela tentava não se deixar influenciar por isso, muito embora quando se tratava de como Gilbert a via, sua insegurança dobrava de intensidade, pois seu lado ciumento a fazia ver fantasmas onde não tinha, e por isso, ela sofria um pouco ao pensar que ele poderia de uma hora para outra mudar a visão que tinha dela agora.
Anne sabia que muitas vezes esses pensamentos eram absurdos, pois Gilbert sequer olhava para outra mulher que não fosse ela, mas, havia um demoniozinho dentro dela que em certos momentos a instigava a cultivar o lado mais negativo da situação toda, principalmente naqueles dias em que se olhava no espelho e não conseguia encontrar um ponto positivo a seu favor. Gilbert costumava rir de suas reclamações a respeito da própria aparência, e curava sua baixa estima com beijos que lhe provavam o quanto ele continuava a querê-la, mesmo seus quadris se tornando maiores a cada dia, e o rosto dela estar mais rechonchudo que de costume. Ele dizia que aquelas mudanças não a desfavoreciam em nada, pelo contrário, ela estava cada vez mais linda e irresistível aos seus olhos.
Anne levou às mãos aos cabelos presos no alto da cabeça em um coque malfeito, e puxou o lápis grafite que ela usava para segurá-los, e um suspiro de alivio subiu aos seus lábios ao senti-los caírem soltos pelos seus ombros, relaxando seu couro cabeludo dolorido. Ela manteve os olhos fechados por alguns segundos massageando a nuca enquanto se mantinha sentada em posição de ioga na cadeira da cozinha, com uma enorme xícara de chá à sua frente. De repente, mãos enormes e carinhosas seguraram seus cabelos por trás', e enterraram seus dedos neles, enquanto os afastava de seus pescoço onde um beijo quente foi plantado. Anne inclinou o pescoço mais para o lado, deixando Gilbert ter completo acesso à ele. Ali era seu ponto fraco, e seu noivo o sabia muito bem.
- Como foi o seu dia? - ele perguntou perto do seu ouvido, sem parar de acariciar sua nuca.
- Perdida no meio dos preparativos do casamento. - Anne respondeu ainda de olhos fechado. Aquele toque sutil de Gilbert tinha o poder de relaxá-la tanto que ela não tinha a intenção e sair daquela posição tão cedo.
- Posso perceber pela rigidez de seus músculos do ombro. - ele disse, deslizando seus dedos pelos nós de tensão que se formavam naquela região, fazendo Anne gemer baixinho ao sentir a pressão dos dedos de Gilbert sobre a pele dolorida. – Está incomodando muito? - dele perguntou
-Estava, até você chegar. Você tem mãos deliciosas, meu amor.
- Só as mãos? - ele disse malicioso, mordiscando a pele do pescoço dela, fazendo Anne arfar.
- Você quer que eu reafirme o que já está cansado de saber? - ela disse abrindo os olhos e olhando-o sobre o ombro.
- Talvez eu precise que me comprove com mais do que palavras. - ele disse descendo as mãos pelas costas dela continuando a massageá-la.
- E como quer que eu comprove isso? - Anne disse arqueando a sobrancelha. Sem responder, ele a virou em sua direção, e a carregou no colo até o sofá da sala, onde ele se sentou e a colocou sentada sobre ele com uma perna de cada lado.
- Agora me mostre o quanto me acha gostoso. - Gilbert disse desfiando-a com o olhar, e como Anne não era de fugir de um desafio, ela simplesmente atacou-lhe a boca ferozmente, beijando-o até que ambos não conseguissem respirar enquanto sua língua dava voltas dentro da boca de Gilbert enroscando-se na dele que a saboreava com a mesma sofreguidão. Quando ela se afastou seus lábios dos dele, as mãos dela passearam pelo peito coberto pela camisa polo de algodão que ele colocara de manhã para ir ao trabalho, e quando chegou a barra dela, Anne introduziu suas mãos por baixo do tecido, dando especial atenção para o abdômen definido de seu noivo que era um dos lugares mais sexys de todo o corpo maravilhoso dele. A respiração de Gilbert se acelerou, fazendo com que Anne se animasse para continuar a carícia até arrancar a camisa dele, e deixá-lo parcialmente nu, completamente à mercê de seus dedos.
Anne o olhou por um segundo, vendo-lhe o dorso brilhar na luz fraca da sala de estar, os pelos escuros do peito eriçados por conta de suas carícias descuidadas, o olhos castanhos incrivelmente brilhantes presos nos dela enquanto ele mordia o próprio lábio inferior fazendo-a ter mais vontade de tocá-lo do que antes. Anne aproximou sua boca da dele novamente, enquanto dizia a meio caminho de beijá-lo:
- Acha que estou sendo convincente? - ele segurou em seus pulsos e respondeu:
- Você está sendo bem mais que convincente. Agora é minha vez de te mostrar o quanto eu te acho gostosa. - antes que Anne tivesse tempo de dizer algo, ela já estava sem a camiseta que usava como vestido dentro de casa por ser mais confortável do que as roupas convencionais. Como o apartamento tinha aquecimento central, esse conforto lhe permitia se vestir como queria totalmente à vontade, o que Gilbert agradecia também, porque não tinha que se mover por milhares de camadas de roupas até alcançar a pele nua de Ane que era o que lhe interessava naquele momento. Ele olhou para o sutiã que ela usava, agora um número maior do que costumava usar, pois assim como outras partes de seu corpo, seus seios também estavam bem maiores, e Anne percebeu o quanto Gilbert estava louco para arrancar a peça de seu corpo também. Porém antes de fazê-lo, ele apenas a provocou, apertando-os sobre o tecido. Anne arqueou seus quadris involuntariamente, enquanto sua imaginação já a fazia se sentir completamente úmida ao mentalizar o que aconteceria a seguir.
Naquele instante seu telefone tocou, e ela quase deixou-o sem resposta, mas, ao olhar de relance para o visor, ela viu que era Cole, e por isso atendeu.
- Alô. - ela disse enquanto Gilbert prosseguia com as carícias, deixando-lhe pouco espaço para raciocinar.
- Oi, Anne, por que está ofegante? - Cole perguntou ao ouvir-lhe a voz abafada, e ela tentou deixá-la mais firme quando respondeu:
- Eu estava fazendo alguns exercícios para gestante. - ela mentiu, e rezou para que ele acreditasse naquela desculpa esfarrapada, ao mesmo tempo em que sentia as mãos de Gilbert no fecho do seu sutiã, libertando os seu seios e beijando cada um, fazendo-a se arrepiar da cabeça aos pés. Ela tentou se livrar do toque dele, mas, Gilbert não permitiu segurando-a firmemente pela cintura, por isso, ela teve que se controlar a fim de que Cole não percebesse o que estava acontecendo do outro lado da linha. Era uma situação complicada, mas, tão deliciosamente proibida que estava lhe causando mais prazer do que constrangimento.
- Eu vi sua mensagem. Como assim vai ter gêmeos? Eu quase surtei com a notícia. - ele parecia genuinamente feliz com a novidade, e Anne quis responder, mas as mãos de Gilbert já estavam descendo pelo seu tronco tão perto de sua calcinha, e quando sentiu os lábios dele úmidos em sua virilha, ela reprimiu um gemido, e respondeu rapidamente.
- Eu sei.
- E o Gilbert está feliz?
- Sim. - foi tudo o que conseguiu dizer quando sentiu os dedos dele descendo sua calcinha. Ele a estava enlouquecendo com toda aquela ousadia, e ela não conseguia evitar o seu corpo de responder a todo aquele estímulo.
- Precisamos marcar para conversarmos assim que eu chegar. Minhas férias terminam no fim dessa semana, portanto estarei ai na próxima segunda feira. - o rapaz disse todo animado.
- Claro. – ela respondeu reprimindo outro gemido ao sentir as mãos de Gilbert no meio de suas coxas. Deus! Ela mal se controlava, e se não encerrasse logo aquela conversa com o amigo no telefone certamente o deixaria perceber o que se passava com ela.
- Por que você está respondendo só por monossílabos?
- Eu não estou. - ela disse.
- Essa foi a única frase de três palavras que me disse até agora. Está tudo bem com você? – o amigo perguntou e ela não conseguiu responder, pois o toque de Gilbert em sua intimidade a fez arfar alto.
- Anne, o Gilbert está aí com você? - - ela ia negar, mas, então o seu noivo respondeu por ela de um jeito malicioso.
- Sim.
- Tudo bem. Eu entendi. - a risada de Cole do outro lado era pura malícia, e Anne soube que ele percebera tudo naquele instante. -Te mandou uma mensagem depois combinando tudo. - Cole disse apressadamente e desligando o telefone em seguida sem esperar pela resposta dela. Em uma outra ocasião, Anne teria ficado envergonhada, mas, naquele momento em que se sentia completamente entregue as mãos experientes de seu lindo noivo, ela mal teve consciência do que acabara de acontecer. E quando Gilbert a levou para o quarto para terminarem o que tinham começado na sala, ela não protestou se deixando levar pela paixão selvagem e louca que fervia em seu íntimo, e que somente se saciou depois que ela e Gilbert se entregaram finalmente a paz de seus corpos cansados e satisfeitos.
Momentos depois, Anne descansava sua cabeça no peito de Gilbert, enquanto o rapaz mantinha suas mãos repousando na barriga dela. Ele deu-lhe um beijo no ombro e disse:
- Espero não ter te deixado em uma situação embaraçosa com seu amigo.
- Cole Mackenzie é mundano demais para que algo assim o choque. - Anne respondeu sorrindo ao se lembrar da reação do amigo ao telefone. Na próxima vez que se encontrassem, ele com certeza não deixaria aquele assunto passar, e ela podia até imaginar todas as coisas que ele lhe diria. Para quem tinha sido tímida a respeito desses assuntos no passado, Anne tinha mudado bastante. Ela amadurecera de todas as maneiras, como pessoa e como mulher, e isso lhe fizera um bem enorme. Era bom deixar para trás certos preconceitos, era bom conseguir enxergar além das aparências, era bom ser também uma mulher do mundo onde sua capa de garotinha reprimida não lhe servia mais. Conviver com Gilbert lhe dera uma percepção nova da pessoa que queria ser, como queria ser amada e como queria amar alguém, e cada momento que vibrava nos braços dele, ela sabia que ali estava alguém genuíno e sem máscaras, assim como também sabia que seu antigo eu não existia mais.
- Cole parece ser realmente alguém livre das convenções. - Gilbert disse pensativo.
- Se ele não fosse assim, Cole não seria a pessoa incrível que é.- Anne disse passando seu polegar pelo queixo de Gilbert. - Eu nunca conheci coração mais puro. Apesar de a ironia fazer parte de sua personalidade, ele nunca foi o tipo de pessoa que tem a cobiça nos olhos. Tudo nele é autêntico, sem fingimentos. Se convivesse mais com ele, entenderia do que eu estou falando. - Anne se aconchegou mais ao peito de Gilbert, enquanto ele continuava a circular sua cintura com seus braços musculosos.
- Se ele não gostasse do sexo masculino, juro que sentiria ciúmes dele somente pelo jeito que o elogiou.
- Você é um tolo, Dr. Blythe. Achei que apenas eu era predisposta a sofrer de insegurança. - ela disse beijando o queixo dele.
- Não é insegurança. - ele protestou.
- É claro que não é.- Anne concordou rindo. E logo em seguida mudou de assunto. - Que tal se fôssemos para o nosso banho relaxante e depois partíssemos para o jantar?
- Ótima ideia. Pensei que nunca iria me convidar. - Gilbert disse com um pequeno sorriso, indo em direção ao banheiro para onde Anne o seguiu sem protestar.
GILBERT
O sol de inverno já estava alto quando Gilbert se levantou, fez suas higienes matinais, e preparou o seu café da manhã e de Anne. Ele já tinha voltado ao trabalho na semana anterior, e Anne também para a sua não completa satisfação, embora a carga horária dela fosse bem menor do que antes, Gilbert se arrependia de ter concordado com a ruivinha quando ela quisera assinar o contrato com a agência de roupas infantis, pois naquele tempo, ele não sabia que teriam gêmeos, e a carga de duas gestações a deixava exausta mesmo estando no início
A barriga de Anne tinha crescido mais alguns centímetros naquele mês, e era maravilhoso presenciar aquele milagre. Em mais duas semanas saberiam o sexo dos bebês, e ele estava mais ansioso do que ela. Não que Gilbert se importasse realmente se seria menino ou menina, mas, saber com certeza já lhe dava uma ideia de como imaginá-los e isso era o que mais ele fazia desde que soubera da gravidez de sua noiva. Que dádiva fantástica ter criado aqueles dois seres junto com Anne, e quando olhava para trás e se lembrava dos amigos que tinham sido quando criança, e a paixão adolescente que os fizera tomar consciência do que cada um representava na vida um do outro, ele não imaginara naquele tempo que estaria a alguns anos à frente vivendo com Anne o sonho de uma vida. Gilbert estava simplesmente amando a ideia de ser pai, de gêmeos principalmente, e o cientista que até ali se ocupara com apenas suas pesquisas práticas, agora se tornara um tremendo pai coruja que babava por sua noiva cada vez que ela exibia seu ventre arredondado quando estavam deitados na cama, e ele tinha plena certeza de que ali estava o resultado de todo o seu amor.
Como se atraída pelo pensamento dele, Anne surgiu na cozinha vestindo um pijama confortável, e pantufas de coelhinho cor de rosa, e por mais que Gilbert soubesse que à sua frente estava a mulher mais linda que ele já conhecera, ele não podia deixar de pensar em como ela se parecia com sua garotinha do passado quando se vestia assim.
- Bom dia. Já preparou o café da manhã? - Anne perguntou, beijando-o rapidamente e dando uma espiada na mesa que Gilbert acabara de arrumar.
- Sim, eu já ia te acordar. Que horas começa sua sessão de fotos? – ele perguntou, puxando uma cadeira para que ela se sentasse ao lado dele.
- Às nove. - Anne disse bocejando.
- Ótimo. Meu turno começa às nove também, assim, posso te levar. - ele disse se servindo de café com leite, enquanto Anne apenas tomava um iogurte.
- Está sem fome? -
- Acordei enjoada, mas, não se preocupe já vai passar.- ela disse ao vê-lo franzir a testa com preocupação.
- Acha prudente ir trabalhar assim? Por que não liga para a agência e diz que não está passando bem hoje, e fica em casa?
- Porque é apenas um enjoo matinal comum que vai passar logo como todas as outras vezes. Eu estou grávida, Gil, e não doente. - ela o repreendeu com carinho.
- Não me agrada vê-la ir trabalhar assim, Anne. Você sabe que não precisa trabalhar se não quiser.
- Acontece que eu quero. Vou morrer de tédio se ficar trancada em casa enquanto você está no hospital. - Anne disse beliscando uma torrada.
- Por que tem que ser tão teimosa, meu amor? - ele disse acariciando o rosto dela com o dorso da mão. Ela estava tão maravilhosa naquela manhã como em qualquer outra em que acordava ao lado dele. Aquela mulher o deixava zonzo só de olhá-la com a luz que vinha da janela brilhando em seus cabelos.
- Você concordou com o contrato quando eu te mostrei. Por que parece que está chateado com isso agora? - ela perguntou segurando a mão dele que estava sem eu rosto entre as suas.
- Eu não estou chateado, apenas preocupado. Essa é sua primeira gravidez, e vai ter gêmeos. Eu sei que está saudável, e tem se alimentado direito. Porém, estamos a um mês do casamento, e tenho te visto estressada demais. Outro dia eu te vi chorando porque estava exausta, e mentiu para mim quando te perguntei. Você sabe que não precisamos do dinheiro que ganha com essas campanhas, então, eu não entendo, por que você tem que se expor a uma adrenalina imensa quando isso é totalmente desnecessário?
- Não é pelo dinheiro, amor. Eu me sinto produtiva quando estou trabalhando. Não tira isso de mim, por favor. - ela implorou tocando o rosto dele com carinho.
- Eu jamais te tiraria algo que te dá prazer, Anne. Você tem liberdade de escolha. Eu posso ser ciumento e possessivo, mas, isso se aplica apenas ao seu amor, e não à sua vida. Sou seu noivo e em breve seu marido, mas, isso não me dá o direito de decidir por você. Estou apenas expressando a minha preocupação com seu bem-estar, mas, se você acha que dá conta sem se prejudicar física e mentalmente, eu não vou impedi-la de fazer o que quer que seja.
- Obrigada, meu amor. Já te disse o quanto você é maravilhoso? - ela se levantou e se sentou no colo dele.
- Hoje ainda não. - ele disse alisando os cabelos dela tão compridos agora que chegavam abaixo da cintura. Aquilo era um obra de arte, e apesar de Anne ameaçar cortá-los, principalmente quando eles brigavam, Gilbert não permitia, pois seria um crime deixar que qualquer cabelereiro usasse uma tesoura neles.
- Você é maravilhoso. - ela disse beijando-o suavemente.
- Você é mais do que maravilhosa, você é deslumbrante. - Gilbert disse colocando seu indicador na pontinha do nariz bem feito de Anne.
- Mesmo rechonchuda desse jeito? - ela apontou para seus quadris fazendo uma careta.
- Principalmente por causa disso.
- Se você diz, eu acredito. – Anne disse enterrando suas mãos nos cachos de Gilbert já completamente bagunçados pelos seus dedos.
- E por que não acreditaria? Não existe mulher mais linda que você em todo o mundo.
- Você diz isso porque me ama. - Anne disse, beijando-o no rosto.
- Não sou o único que acha isso, amor. Você se lembra que me mostrou a primeira edição das fotos que tirou para a agência a duas semanas? E no quanto foi elogiada nas redes sociais e revistas por sua beleza autêntica sem retoques? Você nasceu para brilhar, Anne, e mesmo que não fosse assim, você continuaria sendo a única que possui o meu coração.
- Isso basta para mim. Não quero ser bonita para mais ninguém a não ser para você. As pessoa que falam sobre mim não me conhecem, ao passo que você sabe absolutamente tudo de mim. Então, o seu elogio é o único que conta. - Anne disse enterrando sua cabeça no ombro de Gilbert que massageou a base de sua coluna, fazendo-a relaxar.
- Você me fez me sentir importante agora.
- Você é muito importante para mim. - Anne afirmou e Gilbert sorriu feito bobo com aquelas palavras.
- Vou para o nosso quarto me arrumar. Você me espera? - Anne disse saindo do colo dele.
- Claro. Enquanto isso vou dar um jeito nessa louça aqui. - ele disse arregaçando as mangas de sua camisa branca e começando a lavar a louça suja do café.
- Esse sim é o marido perfeito. - Anne disse em tom de brincadeira andando em direção quarto.
Ela não demorou a voltar, e quando entrou novamente na cozinha, Gilbert já tinha enxugado e guardado todos os pratos e talhares usados no café da manhã.
- Podemos ir se quiser. - ela disse.
E assim, eles saíram juntos para o trabalho no carro de Gilbert que encontrou um trânsito relativamente calmo para àquela hora da manhã quando a maioria das pessoas estava indo para o trabalho. Quando ele chegou na portaria da agência onde Anne faria as fotos, ele lhe disse:
- Promete para mim que se sentir mal vai me ligar na mesma hora. - Gilbert disse ajudando-a a abrir o cinto de segurança.
- Eu prometo. – Anne disse beijando-o ao se despedir e depois limpando com o polegar a mancha de batom vermelha que ficou nos lábios de Gilbert.
- Eu te amo. - ele disse assim que a viu sair do carro.
- Eu te amo mais. - Anne respondeu e com um último aceno, ela entrou na agência.
Gilbert chegou no hospital ainda pensando em Anne. Ele não conseguia deixar de se preocupar mesmo ela dizendo que estava tudo bem com ela. Ele entrou no consultório e pegou nas mãos um retrato dela que estava sobre sua mesa, e o estava admirando como sempre fazia todos os dias que chegava ali quando o Dr. Phillips entrou.
- Bom dia, Gilbert.
- Bom dia, Dr, Phillips. - o rapaz disse sorrindo.
- Soube que vai ser pai de gêmeos e queria te dar os parabéns.
- Obrigado. Isso é um presente e tanto.
- Como pai de três filhos, devo lhe dizer que a paternidade é a coisa mais maravilhosa na vida de um homem e a maior responsabilidade também. - o médico mais velho disse sentando-se na frente de Gilbert.
- Concordo com o senhor. O meu pai me dizia a mesma coisa. - Gilbert disse sentindo um aperto no peito ao pensar que seu pai não veria seus netinhos nascerem, e ele daria tudo para dividir com ele aquela alegria.
- Gilbert, eu vim até aqui para te falar sobre o caso do garoto que você está tratando.
- Sim. Eu recebi os novos exames dele, e o tumor parece ter estacionado. - Gilbert disse franzindo o cenho sem saber realmente se aquilo poderia ser considerado algo bom.
- Você sabe que nesse caso o recomendado é a cirurgia. - Dr. Phillips o alertou.
- Sim, não há' outra maneira de eliminar o problema de vez.
- Acontece que os pais do menino estão relutantes, pois têm medo que o menino não resista a cirurgia. – O bom médico disse com ar de preocupação.
- O que é bastante compreensível nesse caso.
- Mas não é nada inteligente. Eu entendo que eles estejam preocupados e querem todas as garantais de que o menino sairá das cirurgia ileso. Porém, nós dois sabemos que toda cirurgia por mais simples que seja tem um risco, e não podemos dar a eles garantias vazias.
- Eu penso da mesma maneira. Talvez se déssemos mais algum tempo a eles, poderiam refletir sobre assunto com mais calma. - Gilbert disse pensativo. Como médico ele sabia que a cirurgia era a única esperança do garoto ficar realmente bom, mas, como futuro pai, ele compreendia que os pais do garoto queriam vê-lo curado, porém seguro, e naquele caso específico não poderia enganá-los e dizer que a cirurgia era algo simples, porque não era. A sinceridade era sempre a melhor escolhas em situações assim para se evitar problemas futuros.
- Não sei se temos muito tempo assim. Eu analisei os exames e como deve ter percebido, eles exigem ação imediata.
- Por que não pede para Denise falar com eles? Ela é a psicóloga da ala de Oncologia, e talvez possa convencê-los por meio de uma conversa franca e equilibrada. - Gilbert sugeriu.
- Tem razão. Vou seguir o seu conselho e falar com ela agora mesmo. Mais tarde conversamos novamente- O Dr. Phillip disse saindo da sala de Gilbert apressadamente.
O rapaz ficou pensativo por alguns instantes. Ele ainda sentia um certo frio no estômago por estar lidando com aquele assunto de novo. Gilbert tinha esperanças que o garoto se livrasse do mal que o afligia com aquela cirurgia, mas não podia te certeza como não tivera no tratamento de Sarah. A boa notícia era que o tumor, apesar de ser do mesmo tipo de Sarah, era menos agressivo, então, as chances de recuperação total eram maiores. Porém, ele tinha medo de se enganar, e se decepcionar novamente, e não sabia, se algo contrário ao que esperava acontecesse, como ele lidaria com seus sentimentos. Fora difícil demais na época que Sarah morrera, e mesmo ele já ter se recuperado quase que totalmente desse fracasso em sua carreira, aquilo ainda o incomodava.
Anne detestava quando ele se referia à morte de Sarah como seu fiasco pessoal. Ela dizia que todo médico perdia pacientes, e que ninguém era um semideus para vencer a morte quando ela escolhia alguém, porém, Gilbert não se conformara completamente dessa ferida em seu peito, porque Sarah não fora uma paciente como as outras. Ela fizera parte da vida dele de maneira especial, e não ter podido salvá-la ainda fazia-o ter vontade de chorar às vezes, contudo, ele se lembrava das palavras dela na carta que deixara a ele antes de morrer, e então encontrava ali forças para continuar fazendo o que nascera para fazer.
Ele se levantou e se serviu de um pouco de água, e enquanto olhava para o líquido transparente, ele pensou nossa pais do garoto. Ele também entendia a relutância deles em acreditar em uma possível melhora por meio de uma cirurgia que não podia garantir com segurança que isso aconteceria. Gilbert tentou se imaginar no lugar deles, e como se sentiria se um de seus bebês ainda por nascer tivesse um problema de saúde sério, como ele agiria, mesmo sendo um médico. Ele não sobre responder a própria pergunta de pronto, contudo, admitiu que mesmo acreditando na ciência, um pai sempre agiria como um pai, e sua primeira reação sempre seria de proteger seus filhos, e não foi difícil reconhecer que também hesitaria.
Uma batida em sua porta o fez deixar seus pensamentos de lado, e Gilbert sorriu ao ver o rosto de Denise surgir em seu consultório. Ela era uma mulher bastante agradável, e muito competente em sua área. Eles sempre conversavam bastante sobre seus pacientes quando estavam na sala dos médicos fazendo uma pausa em seu expediente.
- Bom dia, Gilbert. Será que podemos sair para um café? Eu queria falar sobre o seu paciente e os pais dele. Como eu ainda não conheço o caso a finco, eu gostaria que me desse algumas informações mais consistente sobre ele para que eu me prepare para falar com os pais sobre a cirurgia.
- Claro será um prazer. - o jovem médico respondeu, e então saíram pelo corredor conversando animadamente enquanto se encaminhavam para a cafeteria do hospital.
ANNE E GILBERT
Anne tinha acabado de chegar em casa depois de mais uma manhã cheia de sessão de fotos, e se sentia exausta. Assim que entrou no apartamento, ela arrancou os sapatos e deitou com as pernas para cima, suspirando aliviada. A campanha para a qual ela estava fotografando era relativamente simples, não tinha que fazer poses complicadas, e a maioria ele realizara sentada, porém, tivera que repetir as mesmas posições várias vezes, e fora isso que a deixara esgotada. Tudo o que desejava era se atirar na cama e dormir por horas seguidas, mas do jeito que se sentia pesada, ela mal conseguia dar dois passos até o quarto, por isso resolveu que cochilaria no sofá, mesmo, sabendo que Gilbert ralharia com ela, por Anne ficar encolhida em uma posição nem um pouco confortável, contudo o sono que sentia era tanto que estava bem pouco inclinada a se preocupar com a bronca de Gilbert.
Ela estava feliz por ter voltado ao trabalho, pois já estava começando a se sentir entediada por estar inativa por algum tempo. Ficar em casa tinha sido divertido quando Gilbert estava de férias e ficara o tempo todo com ela, porém, agora que ele tinha voltado ao trabalho, suas férias forçada tinham se tornado terrivelmente enfadonhas. Ela levou a mão à própria barriga, e sorriu sonolenta ao pensar no quanto desejava que pudesse sentir seus bebezinhos mexendo em sua barriga. Gabriela dissera que isso só aconteceria na décima oitava semana de gestação, mas Anne já se sentia ansiosa com essa possibilidade.
Deveria ser algo sublime ter aquela experiência, pois era quando a mãe tinha o seu primeiro contato real com seu filho através de algo tão simples e doce, e era quando o bebê se manifestava deixando claro a sua presença física dentro do corpo de sua genitora, e Anne sabia que choraria horrores quando isso acontecesse pela primeira vez, ela apenas esperava que Gilbert estivesse com ela, pois cada nova fase pela qual sua gestação passasse Anne queria partilhar com ele, pois como pais e primeira viagem que eram, ela achava importante que se apoiassem no passo a passo do desenvolvimento de seus filhos. Ela até se matriculara em uma academia onde havia aula de Pilates para gestantes, e Gilbert dissera que participaria com ela. Ele realmente era um companheiro e tanto, sempre interessado em tudo que tinha relação com ela, e Anne se sentia completamente protegida por ele de todas as maneiras.
A campainha tocou e Anne gemeu com a ideia de que teria que se levantar e ir até a porta para abri-la, mas, como não tinha escolha, ela se arrastou até lá, e se animou imediatamente ao ver Cole parado no corredor com um enorme sorriso no rosto.
- E aí, querida, sentindo saudades e mim?
- Cole, quando foi que voltou? - Anne perguntou dando um abraço carinhoso no amigo.
- Ontem à noite. - ele deu uma espiada para dentro do apartamento e perguntou:- O Gilbert está por ai?
- Não, por que?
- Não quero dar de cara com o homem que transformou minha amiga tão pura em uma safada. - Cole disse com um ar de riso, e Anne acabou gargalhando.
- Cole, você sempre me surpreende. Quer dizer que agora virei uma safada?
- E não? Você se esqueceu do dia em que te telefonei? - Cole viu Anne corar antes quer ela respondesse:
- Eu não podia adivinhar que você me ligaria bem naquela hora. Desculpe-me se te chocamos.
- Eu não fiquei chocado, e sim surpreso pela sua cara de pau e a de Gilbert. Mas, não posso dizer que não me agrada essa versão de Anne Shirley Cuthbert mais avançadinha. A gravidez de gêmeos te deixou tão desinibida assim?
- Não, Gilbert é que me deixa desinibida demais. Quando estou com ele todo o meu decoro vai para o espaço,
- Eu percebi. Nem reconheci mais minha amiga antiquada. - Cole disse com uma mão no ombro de Anne que o levou até o sofá da sala.
- Não vai me dizer que sente falta daquela garota chata e rabugenta? – Anne disse fazendo uma boa descrição de como se via a si mesma no passado.
- Você não era chata ou rabugenta. Só não conhecia o amor de um certo rapaz de cabelos cacheados escuros
- Você quer dizer que Gilbert é o responsável por eu me tornar uma libertina? - Anne disse sorrindo.
- Não, eu estou dizendo que ele é o responsável por todo esse brilho nos seus olhos. Eu devo reconhecer que você está cada dia mais radiante. E que noticia maravilhosa foi essa de que terá gêmeos? Isso quer dizer que vou ganhar mais um sobrinho de brinde. Estou amando a novidade. - Cole disse todo empolgado.
- Eu e Gilbert também. - Anne disse contagiada pelo humor dele.
- Por isso, eu vim até aqui para te levar para um comemoração só entre nós dois. – Cole disse já se levantando.
- Ah, Cole, tem certeza? Estou exausta. - Anne declarou.
- Vamos, querida. Se anime, eu prometo que vai gostar, e nem terá que andar muito. - Anne queria recusar, mas, ao ver a alegria de Cole, ela não teve coragem de decepcioná-lo.
- Tudo bem, mas, apenas me prometa que não vamos demorar.
- Eu prometo.
E assim, ela foi com ele, sem saber muito bem onde estavam indo, mas, não se importou muito com aquele fato, pois confiava plenamente em Cole Mackenzie, pois, pelo que conhecia dele, o rapaz jamais a levaria para algum lugar enfadonho ou ruim.
E para sua surpresa maior, Cole estacionou na primeira vaga do shopping Center do centro de Nova Iorque, e olhando para ele espantada, Anne perguntou:
- É aqui que pretende fazer nossa comemoração?
- Sim, por que? Está decepcionada? – ele perguntou com uma sobrancelha erguida.
- Não, é que pensei que me levaria a algum café ou algo assim, mas, se quer comemorar seus sobrinhos gêmeos aqui não vou me importar nem um pouco. Eu topo o que quiser.
- Vamos, então. Você vai adorar o que planejei. - ele disse com um braço em volta de seu ombro.
Anne o seguiu pelos corredores do shopping até entrarem em uma loja onde havia acessórios para bebês. Ela parou na porta surpresa e perguntou:
- Cole, o que está aprontando?
- Venha comigo e verá. - ele disse puxando-a para dentro da loja.
Quando chegaram na seção dos bebês, Anne o olhou com os olhos marejados quando viu o bercinho que ele apontava para a vendedora.
- Cole, você não fez isso.
- Claro que fiz. Sou o tio desses bebês e seu irmão postiço, então nada mais justo que eu te presentei com mais um berço. Quero meus sobrinhos bem acomodados. - Ele disse enxugando as lágrimas dela com o polegar.
- Mas, é caro demais, Cole.
- Você sabe que posso pagar por ele. É o meu presente. Me deixe fazer isso por você e por eles.
- Está bem. - Anne concordou sorrindo.
- Você gostou mesmo dele?- Cole perguntou ao ver o olhar dela encantado pelo berço branco exatamente como o outro. Apenas os enfeitinhos que estavam pregados no véu eram diferentes. Naquele ali, havia muitas estrelas, além de uma lua e sol, e quando as luzes estavam apagadas à noite, as estrelas se acendiam dando a impressão de que se estava em um céu estrelado durante a noite. Ele não quis comprar um berço exatamente igual ao outro, pois não concordava com a ideia de que gêmeos deveriam se vestir igual e ter todas as suas coisas do mesmo tipo. Em sua concepção, os bebês poderiam até ser idênticos, mas, suas personalidades seriam distintas e por isso, eles deveriam preservar sua individualidade durante a vida para não serem apagados um pela personalidade do outro.
Quando saíram da loja, Cole disse:
- Que tal um sorvete?
- Boia ideia. Adoro sorvete no inverno. - Anne disse.
Ele se sentaram em uma sorveteria bem popular naquele shopping e apesar do dia estar bastante frio, havia muitas pessoas por ali saboreando a sobremesa gelada. Cole escolheu uma mesa perto da janela, pois gostava de olhar o movimento enquanto conversava com Anne.
- Você tem tido muitos desejos? - ele perguntou assim que seus pedidos chegaram.
- Não, pelo menos até agora não senti vontade de comer ou beber nada diferente.
- Talvez isso não seja algo que se aplique a todas as grávidas.
- Acho que não. - Anne concordou enquanto levava uma colherada do seu sorvete de morango aos lábios. .
- E os preparativos para o casamento? Falta apenas um mês, não é?
- Sim, e estou ficando maluca. Tento não surtar para não preocupar Gilbert, mas, nem sempre consigo. - Anne disse suspirando.
- Agora que estou aqui vou te ajudar. Eu prometo. - Cole disse tocando o braço dela com carinho.
Eles terminaram o sorvete, e depois de pagar a conta, os dois amigos caminharam até o carro de Cole, porém, no meio do caminho, Anne estacou e ficou como que paralisada no chão. Cole a olhou preocupado e perguntou:
- Anne, está sentindo alguma coisa? - ela não conseguia responder. Sua garganta secou e seu coração disparou de um jeito que ela achou que teria um ataque ali mesmo. A poucos metros deles, ela havia avistado um rosto que pensara que nunca mais veria. Peter Bells estava parado perto de uma loja, e olhava par ela com tanto desdém e ódio, que Anne pensou sentir aquele olhar penetrar sua alma. Ela fechou os olhos, tentando respirar fundo, enquanto ouvia Cole falar com ela cada vez mais preocupado Quando ela abriu os olhos novamente e encarou com coragem o lugar que Peter estava antes, o local estava vazio e de repente, ela se perguntou se não tinha começado a imaginar coisas de novo como da outra vez.
Desde que soubera que Peter estava solto, ela evitava pensar nisso, não queria despertar toda aquela paranoia novamente, e voltar a viver em uma prisão com o medo sempre à espreita em cada esquina. Mas, isso não queria dizer que ela não ficasse atenta sempre que saía na rua sozinha ou que não tivesse mais receio, somente não estava mais deixando que o terrorismo de Peter Bells invadisse sua vida. Porém, naquele dia, ela não pudera deixar de se sentir amedrontada, e por isso, uma vontade imensa de ver Gilbert a acometeu, então ela disse com a voz trêmula:
- Por favor, Cole. Me leve até o hospital onde Gilbert trabalha.
- Por que, meu bem? Está se sentindo mal? Esse seu jeito estranho está me deixando preocupado, Anne.
- Não é nada. Foi apenas uma tontura. Isso é comum no meu estado. - ela o tranquilizou. Não queria que ele ficasse mais preocupado do que já estava se ela lhe contasse o que achava que tinha visto.
- Está bem. Se quer ir até lá, eu te levo. - ele disse. E assim ele dirigiu até o hospital, enquanto Anne se manteve em silêncio por todo o caminho.
Naquele exato momento, Gilbert se encontrava na cafeteria do hospital, totalmente envolvido em uma conversa com Denise Williams. Ela era uma mulher muito culta e já havia viajado o mundo, e desta forma, eles dividiram suas opiniões sobre as diferentes culturas que conheciam.
- Então me disseram que está prestes a se casar. - ela disse observando-o por cima de sua xícara de café.
- Sim, e também serei pai de gêmeos. - ele disse com orgulho.
- É mesmo? Isso é que é surpresa. Eu não percebi que sua noiva estava grávida na festa do Dr. Phillips.
- Ela estava bem no início da gravidez e só descobrimos sobre o segundo bebê no Ano Novo.
- E você parece imensamente feliz com isso. - Denise disse olhando-o com uma intensidade que deixou Gilbert desconfortável.
- Sim, foi uma notícia maravilhosa. Eu queria muito ser pai, e quando soube que seriam gêmeos, quase fiquei maluco.
- Sua noiva é uma mulher de sorte. Me deixe saber caso se canse de toda essa novidade. - Gilbert franziu a testa ao entender a cantada explicita por trás das palavras de Denise e tratou de mudar de assunto, levando a conversa de volta ao assunto que os trouxera ali.
Cole estacionou em frente ao hospital e disse para Anne:
- Quer que eu te espere?
- Não, meu amor. Está quase na hora do fim do expediente do trabalho de Gilbert. Ele me leva para casa. - Anne disse beijando Cole no rosto.
- Se precisar de alguma coisa, me liga. - ele disse antes de dirigir o carro na direção oposta a que viera até ali.
Ao ver o amigo indo embora, Anne desfez seu sorriso falso, e deixou que algumas lágrimas escorressem pelo seu rosto. Estava se sentindo terrivelmente apreensiva e precisava ver Gilbert o quanto antes. Por isso, ela entrou pela porta do hospital quase correndo de tão apressados que estavam os seus passos. Quando chegou na recepção, ela perguntou por Gilbert e lhe disseram que ele estava na cafeteria, e a recepcionista atenciosamente lhe perguntara se Anne queria que mandassem chamá-lo, mas, ela recusou, dizendo que iria até lá falar com ele.
No momento em que pisou na cafeteria, ela o avistou, mas parou de repente, ao ver que ele não estava sozinho. Completamente estarrecida, ela notou que quem lhe fazia companhia era a mesma mulher da festa do Dr. Phillips, cujo nome não se lembrava. Gilbert parecia estar se divertir com ela, pois sorria de alguma coisa que a tal mulher dizia, e quando a moça pousou discretamente sua mão no braço dele, Anne teve ímpetos de ir até lá e lhe arrancar os olhos. O ciúme e a raiva lhe queimavam as entranhas. Como ela ousava tocar o seu noivo? E por que Gilbert estava ali com ela?
Enquanto Anne se debatia com suas perguntas, Gilbert a viu parada na porta da cafeteria, pediu licença para a moça e caminhou em sua direção com um lindo sorriso no rosto que Anne fez questão de ignorar.
- Oi, querida. Por que não disse que vinha? - ele se inclinou para dar-lhe um beijo no rosto, mas, Anne se esquivou, e Gilbert franziu a testa sem entender a reação dela.
- Você não parecia estar se lembrando que tem uma noiva a cinco minutos atrás. - ela disse apontando discretamente para a mesa onde Gilbert estivera sentado quando ela chegou ali.
- Anne, do que está falando? - Gilbert perguntou sério. E ela apenas disse:
- Nada, eu não devia ter vindo. Vou para casa. - ela se virou para sair, mas, ele segurou em seu pulso impedindo-a de se afastar dele:
- Não, você não vai sair alterada desse jeito. Venha comigo. - ele a puxou em direção ao seu consultório, e Anne o seguiu relutante. Estava muito brava 'para conseguir falar com ele sem brigar, por isso queria ir para casa, mas, pelo jeito ia ter que resolver tudo aquilo ali mesmo.
- Quer me dizer por que chegou aqui desse jeito? - ele perguntou suavemente, assim que fechou a porta. Ele não teria mais pacientes aquele dia, porém, não queria ser interrompido por nenhum colega enquanto estivesse conversando com Anne. Queria entender por que ela parecia tão tensa e nervosa daquele jeito.
- E você? Não tem nada para me dizer? O que estava fazendo naquela cafeteria tão à vontade com aquela psicóloga atrevida? - Gilbert riu do ciúme explicito no rosto dela e se aproximou mais, porém, . Anne se esquivou dele de novo.
- É sério que está com ciúmes de Denise?
- Ah, já estão se tratando pelo primeiro nome? Quanta intimidade. - ela disse entre dentes.
- Anne, esse ciúme é ridículo.
- Assim como o seu quando estávamos na fazenda e você teimou que o Raul tinha interesse em mim? - Gilbert teve que admitir que ela estava certa. Seu ataque de ciúme na fazenda também tinha sido sem sentido. E isso somente provava o quanto ele e Anne eram parecidos quando a questão era o que sentiam um pelo outro.
- Tem razão. Aquilo também foi ridículo. - ele admitiu. - Depois se aproximou dela e disse:- Vem cá. - ele a puxou para seus braços e ela não resistiu dessa vez, e consternado, Gilbert percebeu que Anne tremia.
- Amor, o que foi? Você está tremendo.
- Não é nada. – Anne respondeu sentindo-se segura só de estar nos braços de Gilbert e aspirando o cheiro da loção de barbear que ele usava.
- Não mente para mim. Você não estaria assim se não fosse nada. - ela disse acariciando seus cabelos.
- Você vai achar que estou louca. - ela disse com a voz abafada pelo ombro dele onde sua cabeça estava apoiada.
- É claro que não. Me conte o que a está deixando nervosa desse jeito. - ele a encorajou.
- Eu acho que vi Peter Bells no shopping hoje a tarde quando fui até lá' dar um passeio com Cole.
- O que? - Gilbert se afastou dela olhando-a nos olhos. - Precisamos avisar a polícia.
- Eu não tenho certeza se realmente o vi ou se foi produto da minha imaginação. - ela disse apertando as mãos dele entre as suas.
- Não interessa. Eu vou avisar a polícia agora mesmo. - ele disse, e assim o fez, e minutos depois ele desligava o telefone e dizia:
- Tudo certo. Eles disseram que vão investigar e ficar atentos. – Anne assentiu e Gilbert a abraçou forte antes de afirmar:
- Ele não vai se aproximar de novo de você. Eu não vou deixar.
- Eu sei. - Ane disse deitando a cabeça no peito dele.
- Quer ir para casa? - ela apenas balanço a cabeça em afirmativa.
Quando chegaram no apartamento, Anne foi direto para o quarto. Ela estava tão cansada que não via a hora de se deitar na cama e. fechar os olhos. Porém, não foi fácil relaxar. Suas costas doíam terrivelmente e na décima vez que mudou de posição. Gilbert que se sentara ao seu lado para ler alguns artigos médicos e ficar de olho nela perguntou:
- Não consegue dormir?
- Não. - ela disse de olhos fechados.
- Eu vou te ajudar a relaxar. - Gilbert disse fazendo Anne se sentar na cama, enquanto as mãos dele começaram a massagear-lhe os músculos das costas com cuidado. – Está tão tensa. - ele disse baixinho, e afastando os cabelos de Anne do pescoço, ele lhe deu um beijo quente enquanto seus dedos desciam por sua coluna até chegar em sua lombar. Anne começou a sentir o formigamento familiar quando as mãos de Gilbert estavam em seu corpo, e os arrepios que faziam milhares de borboletas se agitarem em seu estômago como antigamente. Por isso, quando ele tornou a beijar seu pescoço, Anne se virou para Gilbert e por iniciativa própria o beijou na boca com urgência.
Se ele se espantou com sua pressa, ele não demonstrou, e apenas imitou o gesto dela, ajudando-a a se livrar da camiseta que vestira ao entrar no quarto, sua lingerie e suas próprias calças porque ele já se encontrava sem camisa,
Suas bocas se perderam uma na outra por alguns minutos, enquanto Gilbert provocava Anne com sua língua que deslizava por toda a extensão da boca dela com intensidade. Ela gemeu alto quando ele lhe mordiscou os lábios, e depois a pele do seu pescoço onde era seu ponto mais sensível. Gilbert se sentou na cama com Anne em seu colo, sentindo a intimidade dela em cima da sua sem nenhuma barreira que impedisse que as sensações que ele sentia enquanto ela se movimentava sobre ele fossem menos provocantes, levando-o a um ponto que estava louco por possui-la, mas, se controlou , pois não queria que acontecesse tão rápido.
Ele gostava de senti-la por inteiro, adorava provocá-la e ver até onde ela conseguia levar seu próprio autocontrole. Ele adorava vê-la enlouquecida, implorando por seu toque, dizendo palavras desconexas enquanto tremia de prazer e desejo. Ele amava sentir a pele dela macia na ponta de seu dedos, e adorava ainda mais olhar para ela e vê-la se transformar levada pela paixão que crescia dentro dela em um fogo inesgotável.
Anne jogou a cabeça para trás, deixando seus seios ao alcance dos lábios de Gilbert que ele tomou entre seus lábios, provocando-lhe um calor insuportável que vinha de seu baixo ventre e se espalhava por cada parte do corpo dela. Levada pelas sensações que explodiam em seu corpo, Anne enterrou seus dedos nas costas dele, e Gilbert sentiu-os arder, sabendo que no dia seguinte ele estaria todo arranhado, mas, não se importou, pois Anne estava perdendo o controle assim como ele, e não havia mais nada que ele desejasse que não fosse se perder no corpo dela com todo o desejo que ela provocava nele, deixando-o louco com sua sensualidade de mulher. Então, não se controlando mais, ele a possuiu ao mesmo tempo em que a beijava com uma volúpia cada vez mais crescente. Como estavam sentados, os movimentos eram cada vez mais frenéticos, deixando-os mais próximos que as outras vezes, seus corpos se encaixando de um jeito que parecia que nunca mais se separariam. Ele e Anne eram uma peça de quebra cabeça que combinava perfeitamente, uma nota de uma canção no piano que nunca perdia o tom. Ele poderia amá-la assim para sempre se isso fosse possível, e faria amor com ela por uma eternidade, se ele pudesse prolongar aquele momento por um tempo infinito. Anne era sua mulher, seu anjo ruivo perfeito, sua eterna e inextinguível paixão.
Quando chegaram no ápice do amor, ele sentiu Anne aranhar suas costas inteiras, antes de gritar o nome dele no momento em que seu corpo alcançou o êxtase de todos os seus sentidos, assim como Gilbert que se perdeu nela se querer nunca mais desgrudar seu corpo do dela. O amor que fizeram tinha sido perfeito e no momento final eles se abraçaram apertado, ficando agarrados até que todo o prazer alcançado se extinguisse e pudessem descansar um nos braços do outro,
- Está mais calma agora? - ele perguntou próximo ao seu ouvido fazendo-a se arrepiar pelo contato dos labos dele em sua orelha.
- Sim, você é a única droga calmante que consegue esse milagre. - ela disse rindo.
- Vou me lembrar disso sempre. - ele disse beijando-lhe o rosto carinhosamente. - depois, ele encarou os olhos azuis dela, e disse sério:- Anne, eu não quero mais que tenha medo ou que se preocupe com Peter Bells. Ele nunca mais vai te machucar de novo. Eu vou te proteger com minha vida se for necessário e principalmente, com o meu amor. Acredita em mim?
- Acredito. - ela respondeu e como não acreditaria? Gilbert era o único que conseguia fazê-la se sentir segura, mesmo quando o mundo estava em um completo caos ao seu redor. Quando estava com ele, ela não sentia medo, porque toda a proteção que precisava estava naqueles braços que ela amava mais do que qualquer outra coisa na vida.
- Agora vem cá que quero te beijar. - ele disse, e antes de se envolver toda nos beijos quentes de seu noivo, o último pensamento de Anne foi que o amanhã seria outro dia no qual iria adorar acordar novamente ao lado de Gilbert Blythe. Aquele sim era o paraíso no qual queria viver para sempre.
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