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Capítulo 61- A promessa de uma vida


Olá, pessoal. Aqui está mais um capítulo dessa nossa história, e espero que me deixem seus comentários, pois eles são extremamente importantes para que minha criatividade continue em alta. Obrigada por todos os feedbacks que tenho recebido pelos capítulos anteriores e espero que eles continuem nesse, assim como nos próximos que virão. Desculpem-me pelos erros ortográficos, beijos, Rosana.

ANNE

Eles estavam no quarto de Anne no hotel, e ela se mantinha nos braços de Gilbert com apenas um lençol cobrindo a nudez dos dois. Ambos passaram a tarde toda fazendo amor, e naquele momento em que a noite caía, ela brincava com os pelos escuros dos braços dele, às vezes deslizando as mãos por eles apenas para sentir os músculos esculpidos e fortes que a rodeavam desde o momento em que ele entrara naquela suíte, fazendo-a se sentir segura e tão amada como não se sentia a dias. Enquanto isso, Gilbert a apoiava em seu peito nu, seus lábios brincando com os cabelos dela, e vez e outra a beijava no pescoço deixando-a completamente arrepiada.

Eles não se falavam, pois estavam em um daqueles raros momentos em que se comunicavam pelo silêncio, e sabiam exatamente o que o outro estava sentindo, e Anne desejava que pudessem se perder naquele paraíso para sempre. O dia tinha começado mal, com ela fugindo para aquele hotel trazendo com ela seu coração em frangalhos, mas graças a Cole, Gilbert viera atrás dela e a resgatara de si mesma, e então, ele a levara para aquela cama onde a amara primeiro com loucura, matando a saudade que um estava do outro, e depois com doçura, prolongando por horas o seu prazer de se sentir mulher nos braços dele.

E era ali que queria ficar, era ali que queria morar, pena que dali a pouco tempo teriam que deixar aquele ninho de amor e voltar para a civilização onde todas as inseguranças e incertezas aguardavam por ela.

Anne ainda não sabia o que fazer com seu medo, mas não podia deixar que aquilo a afastasse do único homem que a fazia se sentir inteira. Ela pensara que deixá-lo mesmo que por algum tempo era o certo a se fazer, mas agora, depois que toda aquela angústia passara, ela percebeu que estava errada, e que se havia uma coisa que estava correta em sua vida era estar ali com Gilbert daquela maneira, sua cabeça no peito dele, as mãos dele em sua pele, e o amor de ambos transbordando por todos os lados. Ela não queria perder aquilo, ela não podia perder aquilo. Gilbert era o cara certo, o homem perfeito, o amor da sua vida.

Anne se virou para ele um instante, e viu os olhos dele encararem os seus. Ele sorriu de leve, e aquele simples gesto atraiu o olhar dela para os lábios dele. Fazia exatamente quinze minutos que ele não a beijava, e ela já sentia falta daquela boca contra a sua. Anne se inclinou e capturou os lábios dele em um beijo quente. O gosto dele era de menta e algo mais que ela não conseguia identificar, porém, era completamente viciante e ela era viciada em tudo o que vinha de Gilbert. Conforme o beijo progredia, os dentes dele roçaram a pele da boca dela devagar, deixando o beijo ainda mais envolvente. Anne podia beijar Gilbert daquela maneira para sempre, se não fosse a maldita falta de ar que os impediu de continuar. Antes de se separarem, Gilbert beijou a pontinha do seu nariz como ele adorava fazer e disse com seus olhos pregados nos dela:

- Eu te amo.

- Eu te amo mais. - ela disse sorrindo, e depois se aconchegou ao peito dele novamente.

- O que quer fazer? - Gilbert perguntou com os lábios contra o seu pescoço.

- Nesse momento, eu poderia passar o resto do tempo aqui com você. – ela disse suspirando contra aquela boca que brincava em sua pele.

- Não está com fome? Eu me lembrei que não almoçamos. - Gilbert disse, e Anne sabia que era verdade. Desde que ele chegara ali, estavam naquela cama, e amar Gilbert a deixava tão satisfeita que sequer sentia fome, como se aquele ato era o bastante para mantê-la alimentada.

- Na verdade, eu não estou com fome, mas posso pedir para trazerem algo para o quarto se quiser. - Anne respondeu, se virando completamente para ele, jogando seus braços em volta do pescoço dele, e esmagando seus seios nus contra a parede de músculos do peito dele.

- Você é tão tentadora. Srta. Cuthbert. - ele disse com suas mãos descendo pelas costas dela. - Mal consigo manter meu corpo longe do seu.

- E você acha que não me provoca, Dr. Blythe? Acha que é fácil resistir quando eu o tenho todo lindo e nu em minha cama?

- Por que quer resistir? - ele disse, as mãos descendo para as coxas dela, fazendo Anne sentir uma trilha de fogo por todo o caminho que os dedos dele a tocavam.

- Eu não quero, mas preciso. – ela respondeu respirando fundo. Deus! Gilbert a deixava louca.

- Precisa? - ele perguntou tocando-a mais intimamente, fazendo-a arfar.

- Gil...- ela gemeu sem conseguir responder ao que ele perguntara.

- Diz o que quer, anjo ruivo. - a voz rouca dele era um estimulante para o calor que subia de seu baixo ventre, e se espalhava por cada fibra de seu corpo. Aquilo seria um castigo por ter se afastado dele por algumas horas? Porque se fosse, ela precisa da libertação que apenas encontraria nas mãos de Gilbert Blythe.

- Eu quero...- ele beijava seu pescoço, descendo para seus seios. Se era difícil respirar antes, agora ofegava por ar.

- Você quer...- ele disse baixinho, deixando-a por cima de seu corpo.

- Eu quero você. – ela terminou entre um beijo e outro que fazia seu sangue ferver.

O beijo agora era selvagem e sem nenhuma delicadeza. Eles estavam de novo no auge do desejo e o suor descia por seus corpos intensificando as carícias que se perdiam entre os murmúrios de suas bocas. Quando estavam quase rendidos as suas próprias vontades, uma batida interrompeu o momento, fazendo Anne bufar e Gilbert olhar para ela com um sorriso:

- Acho que o nosso jantar chegou. - Anne apenas acenou com a cabeça tentando se recompor. Aqueles momentos com Gilbert sugavam todas as suas energias, e apesar de ter ficado frustrada com a intromissão, ela sabia que precisavam se alimentar. Estavam a horas naquele quarto, sobrevivendo de amor e mais nada, e tanto ela quanto seu noivo precisavam se controlar um pouco mais. Porém, todo ardor entre eles naquela tarde tivera origem da tensão que sofreram por toda a situação em sim, e o medo de se perderem um do outro de novo. Por isso, Anne tivera que provar cada pedacinho de Gilbert para ter certeza que ela estava mesmo ali, e que não era apenas uma miragem. Era tanto fogo que ela mesma não se reconhecia. Era uma faceta sua que estava aprendendo a conhecer agora. Contudo, Gilbert era o responsável por ela não conseguir se conter, ele despertava aquele furor dentro dela sempre que a tocava, e ela tinha que admitir que um furação era mais calmo que seu desejo por Gilbert.

Antes de terem aquele relacionamento tão íntimo, Anne imaginara que fazer amor com ele seria bom, mas sua imaginação não conseguira chegar nem perto do terremoto que o jovem doutor causava em todas as suas estruturas. Ela era incrivelmente bom com as palavras, sem contar que aquela boca a deixava igualmente perdida. Mesmo que quisesse, como poderia resistir à linguagem de seus corpos que se queriam daquela maneira tão intensa? Ela se lembrava bem do início quando fora para Avonlea, e o reencontrara, o quanto quisera fugir da atração que sempre sentira por ele, mas, que aumentara perigosamente com o tempo. O Gilbert adolescente tinha o poder de deixá-la ruborizada com algum elogio e com alguns beijos inocentes. Porém, o Gilbert adulto tinha charme de sobra, sensualidade até mesmo na hora de sorrir, e aquele olhar a condenava ao inferno de sensações mandando-a direto para o purgatório onde a sua pena era se queimar completamente naquele calor que não se saciava nunca.

Era por isso, que quando ele surgira ali naquela tarde sem aviso prévio, ela soube no mesmo instante que não tinha saída. Todo seu raciocínio e disposição para fazer o que planejara na ocasião foram para o espaço, assim que seus olhares se cruzaram, e o amor que sentia por ele somente conduzira à aquele desfecho inevitável.

Minutos depois, Gilbert voltou com o jantar que pediram na recepção, colocando sobre a mesa que havia na suíte. Anne vestiu um robe por cima de seu corpo, e foi se juntar a Gilbert que vestia apenas um roupão. Ao sentir o cheiro delicioso da comida, o estômago dela reclamou, e foi somente naquele momento que ela percebeu o quanto estava faminta. Ela se serviu de um pouco de sopa que acompanhou com uma baquete italiana, de sobremesa, ela comeu uma maçã suculenta e saborosa, tentando ignorar o olhar de Gilbert que observava-lhe todos os movimentos, enquanto ele próprio tomava um grande gole do vinho tinto que acompanhava a refeição.

- Por que está me olhando tanto, amor? - ela perguntou quando percebeu que ele não tirava os olhos dela.

- Meus Deus! Você é muito linda. Já se olhou no espelho de verdade?

- Bem, sei que sou atraente por causa de minha profissão, mas, não me considero essa beleza toda que as revistas e tabloides adoram alardear. - ela tomou um pouco de vinho que Gilbert tinha servido em sua taça.

- Como isso é possível? - Gilbert perguntou

- Talvez por que eu não goste de minhas sardas, e apenas tolere os meus cabelos ruivos. - ela respondeu fugindo do olhar dele que a deixava inquieta. Ela de fato não se importava muito com sua aparência nos dias atuais, embora tivesse sofrido muito com os apelidos que ganhara na escola quando era uma garotinha por ser muito magra e ruiva. Ser modelo levara embora seus complexos de menina, ensinando-a a tirar proveito do que tinha de melhor, mas, isso não queria dizer quer não tinha dias que não queria ter mais curvas, ser um pouco mais alta e ter uma pele que bronzeasse, pois a sua descascava completamente quando exposta ao sol.

- Você não percebe não é? Que as coisas que mais desvaloriza em você, são as que te tornam ainda mais bonita. Quanto mais olho para você, mais encantado eu fico com tanta perfeição. Você é maravilhosa da cabeça aos pés. Mulher nenhuma consegue me deixar rendido como você me deixa. - a voz dele era tão apaixonada que fez o coração de Anne pular de alegria. O único homem que ela amava era também o único que a fazia sentir prazer com sua própria aparência.

- Eu acho que bom que isso seja verdade, Dr, Blythe, ou eu acabo com a raça de qualquer outra garota que você ousar olhar que não seja eu. - ela disse em tom de brincadeira.

- E você acha que consigo admirar outra mulher depois de fazer amor com essa divindade ruiva por quem sou perdidamente apaixonado? - Anne sorriu e ele a puxou para seu colo, e o beijo que trocaram tinha sabor de vinho que inebriou os pensamentos de Anne, mas, ela tratou logo de se acalmar. e disse com a voz um pouco trêmula;

- Será que podemos descansar, Gil? Estou exausta. - ela disse reprimindo um bocejo.

- Claro. Podemos ver um filme. O que acha? - ele sugeriu beijando-a no rosto.

- É uma boa ideia. - ela bocejou de novo.

Assim, ele se deitaram na cama, e Anne colocou sua cabeça no colo de Gilbert, que afagou seus cabelos em um cafuné tão gostoso que na metade do filme ela estava dormindo. Era meia-noite quando ela acordou ainda sonolenta. Foi para o chuveiro, tomou um banho e voltou para a cama, onde Gilbert dormia a sono solto. Ela se aconchegou de novo na proteção do abraço dele e somente acordou novamente quando já era de manhã.

Ela e Gilbert tomavam café da manhã quando ele perguntou:

- O que quer fazer? Voltar para casa? - Anne ponderou um pouco e depois disse:

- Eu pensei que poderíamos passar mais um dia aqui. Você tem que voltar logo para o trabalho?

- Não. Tenho licença de cinco dias por causa do acidente. Eu estou livre para você, amor. - ele pegou a mão dela e beijou-lhe a palma enquanto Anne enroscou seus dedos nos cachinhos da testa dele. Ela adorava aqueles fios rebeldes. Eram lindos como o dono e combinavam com aquele rosto de Adônis muito bem.

- Vamos dar um passeio por ai. Ainda não saímos desse quarto. - ela disse e Gilbert a olhou malicioso quando respondeu:

- Você não pode dizer que o serviço de quarto não foi de primeira.

- Na verdade, o serviço de quarto foi perfeito, e a companhia também. - ela disse olhando-o divertida.

- A companhia foi mais que perfeita. Ela foi sensacional. - ele disse acariciando o pulso dela com os dedos

- Podemos repetir sempre que quiser.

- Com certeza quero repetir muitas vezes. - Gilbert respondeu deslizando os olhos pela figura dela.

- Você é insaciável, Dr. Blythe. – Anne respondeu observando seu olhos escuros.

- Você é que é gostosa demais. —ele respondeu beijando-lhe os dedos das mãos com carinho.

- Você me deixa sem jeito, Gil. - Anne disse corada.

- Eu adoro te deixar sem jeito.

- Quer dar uma volta agora?

- Se é o que quer, vamos.

Eles desceram para a recepção e momentos depois estavam andando por toda a propriedade. Ali era como um resort de luxo onde personalidades famosas passavam o verão todos os anos. Mas, como ainda estavam no início do inverno, havia poucas pessoas por ali, fato que deixava Anne satisfeita, porque podia curtir o lugar na companhia de Gilbert, sem esbarrar em alguma celebridade de cinco em cinco minutos.

- Eles se sentaram em um banco embaixo de uma árvore que ainda continha algumas folhas, apesar da estação ter-lhe arrancado os seus melhores ramos. Gilbert segurou a sua mão e ficaram curtindo o silêncio por alguns minutos, fazendo Anne perceber o quanto estava amando passar aquele tempo ali com Gilbert sem o peso de suas responsabilidades diárias, e nenhum problema que pudesse quebrar aquela conexão perfeita que estavam tendo ali longe de todos. Como se lesse seus pensamentos, ele disse:

- Esse lugar é incrível. Adoro estar aqui com você. - ele disse abraçando-a pelos ombros.

- Eu também. - depois encarando-o de frente, ela disse. - Eu queria me desculpar pelo que eu fiz. Eu não queria magoar você. - Gilbert a puxou para mais perto e respondeu:

- Eu realmente fiquei magoado quando você sumiu sem me dizer nada, mas, eu entendo o seu medo, somente não concordo com sua maneira de lidar com ele.

- Eu sei que agi errado. Contudo, eu estava apavorada. Após te ver no hospital daquela maneira, eu pensei que poderia ter sido muito pior, e não aguentei a pressão dos meus pensamentos. – ela deitou a cabeça no ombro dele e continuou:- Eu morreria se alguma coisa acontecesse com você.

- Amor, esquece isso. Eu estou aqui e tudo já passou. Você não pode fugir toda vez que sentir medo. Viver com medo não é viver, Anne.

- Eu não posso te perder, Gilbert. Eu simplesmente não sei lidar com isso. Eu te amo tanto. Por favor, me diga que nunca vou te perder. - ela agora olhava para ele, seus olhos um poço de temores que Gilbert tratou de acalmar.

- Você nunca vai me perder, meu amor. Eu não vou te deixar sozinha nunca. Confie em mim. - ele lhe deu um beijo na testa e ela respondeu:

- Eu confio.

- Então, vamos aproveitar esse momento para deixar qualquer dúvida ou receio para trás. Eu só quero curtir esse momento com a mulher que eu amo. - Anne suspirou e ele aconchegou a cabeça dela em seu ombro, e continuaram ali observando aquela manhã radiante que tinha trazido um novo alento à Anne. Ela queria acreditar que aquele momento duraria para sempre, e rezou para que as horas não passassem tão depressa. Era a primeira vez que tinha Gilbert com ela depois de dias de trabalho e correria, e não queria perder tempo com falsas conjecturas.

Ambos aproveitaram bastante a companhia um do outro ao ar livre, caminhando por toda propriedade e conversando. Ao meio dia, almoçaram juntos com os outros hóspedes, depois foram para o quarto novamente e passaram o resto da tarde em uma maratona de séries e filmes. Quando a noite chegou, jantaram no quarto e se recolheram cedo, pois no dia seguinte teriam que voltar para casa.

A manhã chegou mais rápida que Anne desejava, e logo que levantou da cama, ela se sentia relutante em retornar para Nova Iorque e lidar com todo o estresse de seus problemas, mas, não havia como fugir. Precisava descobrir algo de concreto sobre aquela situação toda. Ela sabia que era perigoso, Anne tinha plena consciência dos riscos, porém, estava cansada de ficar esperando que algum milagre acontecesse e tudo fosse resolvido em um passe de mágica. Havia muita coisa e muita gente envolvida naquilo tudo. Pessoas que não mereciam estar naquela posição, e ela mais do que ninguém queria que aquele terror acabasse, que seus pesadelos terminassem e que ela e Gilbert pudessem viver suas vidas em paz. Foi com tristeza que ela entrou no táxi que levaria a ela e Gilbert de volta a Nova Iorque. Seus dias ali tinham sido perfeitos, quase como se fossem um conto de fadas, e esperava que pudessem voltar em outra ocasião e em outra situação bem melhor que aquela.

Gilbert notou sua tristeza, pegou em sua mão e disse com carinho:

- Não fica assim, amor. Prometo que te nada de ruim vai acontecer. – Anne apenas sorriu tristemente. Ela apreciava a boa vontade de Gilbert em querer animá-la, mas, tanto ela quanto ele sabia que a situação em que estavam não era nada fácil. Embora, ele não quisesse admitir, muita coisa ruim poderia acontecer, e ele não poderia proteger Anne sempre. Ainda assim, ela queria acreditar que sua vida voltaria ao normal em breve, e que sua única preocupação seria encontrar o seu vestido de noiva perfeito, e escolher o lugar onde passaria sua lua de mel com Gilbert.

Tais pensamentos a animaram tanto que passou a semana incrivelmente bem. Gilbert voltara ao trabalho, Anne continuou fazendo suas fotos para a campanha na qual vinha trabalhando, e a vida voltou a entrar nos eixos. Porém, naquela sexta feira tudo o que parecia perfeito começou a dar sinais de que não duraria, no momento em que Anne chegou na agência e viu Billy Andrews por ali. Era estranho vê-lo com tanta frequência o lugar que trabalhava, muito embora, sua empresaria lhe explicara que ele estava prestando serviços pela empresa de entrega para qual ele trabalhava. Mesmo assim, Anne não conseguiu fazer sumir a sensação de que aquilo era um mal sinal. Ela passara muito tempo sem sequer encontrá-lo em Avonlea quando estivera lá, e agora que morava em Noiva Iorque que supostamente era um cidade grande em extensão e numerosa de pessoas, quase sempre esbarrava com ele. Billy nunca fora um bom rapaz, era oportunista, preguiçoso e má influência para qualquer pessoa que quisesse ser seu amigo, e Anne definitivamente não tinha prazer nenhum com aqueles encontros mesmos sendo casuais.

Felizmente, ele não viera falar com ela. Ele se limitara a lhe lançar aquele olhar malicioso que a examinava até do avesso, e o qual lhe causava nojo, sendo o suficiente para ter vontade de vomitar por uma semana. Por sorte, conseguiu trabalhar sem se deixar pelos maus pressentimentos, e quando seu expediente terminou, foi logo para casa louca para ver Gilbert. Metade do dia sem vê-lo, e já estava com saudades. Será que aquela fome que tinha dele, do cheiro dele, daquele abraço, do corpo dele no seu nunca teria fim? Ficaram o fim de semana anterior todo juntos, e os dias que se seguiram também até a licença dele terminar, e ela admitia que ficar sem ele era um inferno.

Finalmente estava em casa, tinha tomado banho, e se perfumado da maneira que Gilbert mais gostava. Seu celular vibrou, e ela correu para atendê-lo, mas, antes não tivesse feito. porque ali estava uma nova ameaça que fez seu coração se encolher, e seu estômago doer de apreensão enquanto lia:

"A VADIA RUIVA JÁ SE DIVERTIU MUIO. PARECE QUE O AVISO QUE DEI COM O ACIDENTE DE SEU NOIVO NÃO FOI O SUFICIENTE. O QUE VOCÊ FARIA SE UM CERTO RAPAZ LOIRO SUMISSSE DO MAPA? SERÁ QUE SAIRIA DESSE SEU PEDESTAL ARROOGANTE? SEU TEMP0 ESTÁ QUASE NO FIM, EM UM PISCAR DE OLHOS E TUDO IRÁ PARA O ESPAÇO. CONSIDERE-SE AVISADA, PIRANHA."

Uma foto de Cole apareceu logo após a mensagem se pagar, e Anne sentiu seu desespero aumentar ao máximo. Ela correu ligar para o amigo, esperando que ele atendesse, mas, o celular tocou e tocou até cair na caixa postal.

-

GILBERT

Gilbert estava feliz, e seu peito explodia em um alegria genuína que lhe trazia um sorriso radiante aos lábios; E a causa era ela, sua ruivinha, que no último fim de semana o levara literalmente ao êxtase puro. Nunca passara tanto tempo com ela, e nunca tinham se amado daquela maneira por horas seguidas, como se aquela paixão efervescente estivesse impregnada em suas peles. E tê-la assim, lhe mostrara até onde ia sua loucura por ela, aquele anjo sem asas que era a coisa mais linda que já vira na vida.

Anne o magoara quando Gilbert pensara que ela tinha ido embora de novo sem se despedir, sem dar uma explicação que o fizesse entender a razão de ele ter sido deixado naquele hospital sozinho. Ele até pensara que o amor dela não fosse tão profundo assim, já que ela escolhera fugir a ficar com ele, lutando pela vida que queriam viver juntos. Porém, após encontrá-la, e ver quanta dor havia naqueles olhos azuis, ele percebera pela primeira vez desde que acordara aquela manhã sem ela, e imaginando tantas coisas, que ela realmente agira por amor a ele, que ela abdicara de qualquer sentimento que pudesse fazê-la desistir de ir embora para protegê-lo de qualquer mal. Ele poderia culpá-la? Ou pensar que ela era uma covarde? Que agia apenas pelo impulso do medo que parecia ser maior que qualquer sentimento que tivesse por ele? Era fácil condenar quando se estava do outro lado. Era tão fácil apontar o dedo em direção a alguém e mostrar-lhe o seu egoísmo, e seu egocentrismo, sem pensar no que levara a pessoa a agir assim. Se estivesse no lugar dela, ele não faria o mesmo? Não a protegeria a qualquer custo? Não iria embora se soubesse que sua presença era letal para a segurança dela? Não iria para longe se soubesse que assim ele estava lhe dando a chance de continuar viva, mesmo que fosse sem ele?

Nem todas as escolhas que se fazia na vida eram o que realmente desejávamos. Às vezes as circunstâncias nos levavam a ter certas atitudes que tomávamos por um bem comum, e não para nosso próprio bem, e el. mais do que ninguém deveria ser a última pessoa a criticar Anne. Ele fora para a Alemanha pelo bem de Sarah, acreditando que ela estar doente era um motivo incontestável. Ele não pensara no quanto aquilo tinha sido duro para Anne, o quanto a separação de ambos logo no início do namoro a deixara infeliz, e quando ele voltara acreditara egoisticamente que ela estaria à sua espera, que bastaria um abraço, um eu te amo, um sinto sua falta para tê-la de volta, e ainda se sentira ofendido quando ela se recusara a perdoá-lo e acabara jogando-o para escanteio. O que ela tentara fazer por ele naquele fim de semana fora muito superior ao seu ato altruísta, como seus amigos costumavam dizer. Ela provara que o amava incondicionalmente, e mesmo cheia de dor ela resolvera deixá-lo livre de qualquer ameaça para que ele fosse feliz. Mas, o que ela não pensara era que Gilbert já estava tão entregue à aquele relacionamento que não aceitaria que ela se fosse, e se por acaso Cole não tivesse lhe dado o endereço de onde ela se escondera, ele teria abandonado tudo, sua carreira, seus planos para o futuro, para rodar o mundo até encontrá-la, porque não havia mais um Gilbert Blythe sem uma Anne Cuthbert, e seguir em frente sem ela do seu lado não teria feito nenhum sentido.

Gilbert vivera sete anos sem ela entre os quais tinha ido para a faculdade de medicina, se formado e quase se casado com outra mulher, se Anne não tivesse voltado para Avonlea. E ele provavelmente estaria agora vivendo ao lado de Sarah, uma vida vazia e sem amor, porque ele não a teria amado como a mulher que ela merecia, e ele não se entregaria por inteiro a ela. Sempre fora Anne todo aquele tempo, e continuaria sendo ela enquanto ele respirasse. Existiam muitos tipos de amor, ele sabia bem, mas o seu por Anne era daqueles que criavam raízes no coração de alguém, e que se perpetuava através dos anos aquecendo a alma de quem estivesse por perto, como se fosse chocolate quente em pleno inverno.

O jovem médico sorriu da ironia do destino que o transformara de homem da ciência em um romântico irremediavelmente apaixonado por uma mulher excepcional, logo ele, que acreditava a praticidade em um relacionamento era o que o fazia durar, mas, logo descobrira que amor nenhum resistiria sem aquele ardor nas veias que o fazia delirar pela mulher amada nos momentos mais incomuns. Quantas vezes em meio a uma consultas, ela se lembrava do sorriso dela, ou uma palavra que alguém dizia o levava diretamente para os braços da ruivinha mais linda do mundo. Ele também descobrira que tinha uma imaginação fértil quando se tratava de Anne, pois ele podia facilmente se perder em um sonho louco de olhos abertos quando a saudade batia à sua porta, e ele ansiava ardentemente por um único beijo dela para que ele conseguisse chegar ao fim do dia sem agonizar terrivelmente de amor.

Anne o desestabilizava, porque tinha atitudes incomuns que não se esperava dela. Ela podia ser inibida, em algumas situações, calada e arredia, mas quando estava com ele entre quatro paredes ela assumia outo lado de sua personalidade que o encantava, o deixava fora de órbita, e tão completamente aos pés dela que ele não conseguia se livrar do fascínio daqueles olhos azuis.

No último fim de semana, depois de entender os reais motivos dela de ter fugido para aquele resort ele a tornara sua tantas vezes que ele perdera a conta. Fora como se tivessem entrado em um mundo de desejos insaciáveis que aumentavam a cada segundo. Quanto mais suas mãos tocavam a pele dela, mais ele queria explorar aquele corpo que cabia perfeitamente e seus braços. Quanto mais a beijava, mais sua boca parecia querer que suas línguas se enroscassem em uma batalha pelo espaço uma da outra e quanto mais a possuía, mais ele queria saboreá-la, conhecer todos os seus gostos e se deleitar em cada um deles, descobrir cada detalhe das curvas, das formas, do seu interior, e quando o fim do dia chegara ele continuara desejando-a loucamente, olhando-a com seus olhos famintos, sentindo seu perfume delicioso, amando seu cabelo fabuloso, e descobrindo em si mesmo características que nunca pensara possuir.

Anne o deixava em um estado de descontrole que qualquer fagulha poderia deixa-lo queimando. Ele não fora tão passional assim no passado, e ir para cama com alguém nunca passara de uma necessidade natural de seu corpo, mas, com Anne, ele não queria apenas ter prazer ou satisfazer sua libido masculina, eu queria vê-la rendida, satisfazê-la em todas as suas medidas, tocá-la como ela gostava, e deixar ela decidir o que queria e como queria que fizessem amor. E naquela tarde, eles tiveram tudo, e fizeram tudo o que tinham vontade, porque o amor que estava ali não os deixava ter nenhum pudor, e o que alimentara tudo aquilo fora a ideia de que Anne talvez tivesse ido embora sem que ele pudesse alcançá-la, e como poderia viver tudo aquilo com outro alguém se a história tivesse sido diferente? Aquilo tudo era certo, porque era com Anne que ele perdia o controle, passava dos limites da sensatez, esquecia do homem que ele era fora dali e se concentrava no homem no qual se transformava quando estava nos braços dela, e ele não mais temia admitir que ele estava totalmente dominado por aquele sentimento que era o alimento de sua vida.

- Ei, Blythe. Por onde andam seus pensamentos? - ele voltou ao presente e se deu conta de que estava sentado na cafeteria do hospital com uma xícara de café sobre a mesa que tinha esfriado, porque ele esquecera de bebê-la enquanto seus pensamentos o deixavam em uma situação embaraçosa em frente a Gabriela que o olhava com um sorriso divertido no rosto. - Não deveria tomar um banho frio antes de voltar ao trabalho?

- Não é possível que estou dando tanto na cara assim.- ele perguntou preocupado, fazendo Gabriela rir ainda mais do seu embaraço.

- Não se preocupe, seu segredo está guardado comigo. Você sabe disfarçar bem por onde andam seus pensamentos, mas, eu já fui casada antes, e conheço muito bem, as reações masculinas quando um homem está pensando de maneira nada decorosa sobre uma mulher. - Gabriela disse zombando dele.

- O que exatamente quer dizer com isso? - Gilbert perguntou confuso.

- Eu quero dizer que você estava pensando em safadeza, Dr, Blythe. -

- Não estava não. - ele tentou negar.

- Você estava pensando na Anne, não é? - Gabriela perguntou.

- Sim. - ele não teve como negar.

- Então, é isso que eu quis dizer. - ela gargalhou.

- Anne me deixa louco, mas eu não devia confessar isso. - ele disse sem graça.

- Por que não? - Gabriela disse intrigada, sentando-se de frente para ele.

- Que tipo de médico isso me faz? Sonhando com a namorada em seu lugar de trabalho. Isso é quase imoral.

- Você continua sendo o médico excelente que sempre foi, mas, isso não quer dizer que tem que deixar de ser um homem com sentimentos como qualquer outro. É normal pensar na namorada por quem você é completamente apaixonado, isso não é nada imoral, Gilbert. Por que se cobra tanto? Fora deste hospital, você tem uma vida, e não tem que reprimir o que sente só porque a medicina exige de você outras coisas além disso. - Gabriela aconselhou.

- Eu nunca me senti tão feliz, sabe. Tão completo e tão cheio de vida. Anne tem esse efeito sobre mim, e confesso que no começo eu tive medo, mas, agora eu sei que ela é tudo o que preciso.

- Quando o amor é verdadeiro, ele só pode nos fazer bem.

- E por falar em amor. Como vai você e Daniel? - Gilbert perguntou olhando para Gabriela que parou de sorrir imediatamente.

- Por que está mudando de assunto? - ela perguntou

- Porque o Daniel é meu amigo assim como você, e na última vez que os vi juntos, vocês não pareciam estar muito bem.

- Ele cruzou um limite que não deveria. - Gabriela respondeu à contra gosto.

- Mas, você não lhe deu uma chance para se explicar. - Gilbert rebateu a afirmação dela.

- Não existe uma explicação para isso, Gilbert. Nós somos amigos e ele confundiu o afeto que tenho por ele com algo mais. Eu não dei a ele a liberdade para fazer o que fez.

- Eu acho que você está com medo. - Gilbert disse.

- Medo do que? - ela perguntou jogando a cabeça para trás em sinal de impaciência.

- Você está com medo de se dar uma chance e tentar se relacionar com alguém.

- Eu não quero me relacionar com ninguém. - Gabriela disse alisando os próprios cabelos.

- Gabriela, já faz três anos. Não acha que deveria começar a se libertar? - Gilbert disse olhando-a com carinho.

- Não sei se consigo. - ela sussurrou,

- Eu sei que você o amava, e imagino o quanto sofreu quando ele morreu, mas, você ainda está aqui, é jovem e merece reconstruir sua vida. O Daniel é um cara legal, e pelo o que ele me contou, vocês já tem uma história juntos.

- Não posso. - ela disse com a cabeça abaixada, fitando o chão.

- Por que apenas não tenta? – Gilbert olhou-a com compaixão.

- Porque o Daniel me lembra muito o Paul. Eles eram amigos, e ficar perto dele é reviver minha dor, e eu não quero viver toda aquela agonia de novo. - Gabriela confessou.

- Vocês podem compartilhar sua dor, Gabriela. Como você mesma disse, Daniel e Paul eram amigos, isso quer dizer que ele o conhecia bem, então, talvez esteja na hora de você partilhar o que sente com alguém conhecido que vai entender aos seus sentimentos. Você me incentivou tanto a esquecer o passado e correr atrás do meu amor, então por que não faz o mesmo?

- Mas, o seu caso é diferente. Anne estava ao seu alcance e você a estava afastando. Paul não está mais ao alcance do meu. - os olhos dela marejavam, e Gilbert sentiu pena da amiga que ainda carregava aquele fardo imenso em seu coração. Ele pensou em Sarah, mas, não havia comparação ali. Sarah era sua amiga, e Paul fora o amor da vida de Gabriela, e perder a quem se ama do jeito que ela perdera era algo brutal e traumatizante. Ele se pôs no lugar dela, e tentou pensar no que faria se algo acontecesse a Anne, e descobriu que a dor seria insuportável. Ele não sabia se seria tão forte quanto Gabriela, e se conseguiria seguir em frente sem sua ruivinha, mas, a amiga era diferente dele. Ela aceitara a situação da melhor maneira que pudera, e com coragem estava conduzindo sua vida, porém, era terrivelmente injusto ver uma mulher jovem, bonita e tão competente profissionalmente se enterrando viva daquela maneira. Gilbert tinha certeza que Daniel poderia fazê-la feliz, bastava que ela confiasse o bastante nele para dar-lhe uma chance.

- Gabriela, você deveria pensar um pouco no assunto. Você merece ser feliz assim como o Daniel, e pelo que sei, ele gosta de você.

- Não sei se consigo partilhar meu coração dessa maneira novamente. - ela respondeu enxugando uma lágrima que escorreu no canto do seu olho.

- Tudo é questão de tempo e confiança. Gabriela, e posso te afirmar que Daniel é uma ótima pessoa.

- Eu sei. Não é esse o caso e você sabe. - ela respondeu.

- Então, pelo menos dê a ele a chance de se aproximar como amigo. Não o afaste por medo, pois a vida é curta demais para perdermos tempo com bobagens.

- Eu vou pensar sobre isso. - Gabriela respondeu com um sorriso fraco. Pelo menos, ela concordara em pensar no assunto. Ele queria muito retribuir todo o apoio que ela lhe dera para que ele voltasse com Anne, e vê-la feliz assim como Daniel era um dos seus objetivos. Quem sabe ele não pudesse dar um empurrãozinho naquele romance?

- Você vai voltar ao trabalho agora? - ela respondeu.

- Daqui a quinze minutos. Vou ficar mais um pouquinho por aqui.

- Então, até mais tarde. - ela respondeu, se virando e deixando a cafeteria. Gilbert ficou observando-a, e acabou suspirando ao pensar no caso dela com Daniel. De repente, a imagem de Anne surgiu em sua mente, e ele imaginou o que ela deveria estar fazendo naquele momento. Pelo horário, ela já deveria estar em casa e ele estava louco para falar com ela. Como se fosse uma transmissão de pensamento, o número dela surgiu na tela do seu celular, e Gilbert sorriu. Pelo jeito não era somente ele que estava com saudades. Ele atendeu e disse:

- Oi, querida, como você está? Eu estou morrendo d saudades.

- Gil...por favor, me ajuda...- ela estava chorando, e Gilbert sentiu seu corpo ficar tenso no mesmo momento.

- O que foi, Anne. Por que está chorando desse jeito?

- O Cole....

- O que tem ele? - Gilbert perguntou com seu coração apertado, rezando para que não fosse nada grave. Depois do que o rapaz fizera por ele e Anne, ele já o considerava um grande amigo.

- Ele sumiu.

GILBERT E ANNE

Gilbert ficou olhando para o celular por um minuto sem realmente entender o que Anne quisera dizer, depois, como se algo o fizesse despertar da surpresa que tomara conta dele, o rapaz perguntou com cuidado:

- Como assim ele sumiu?

- Eu estou tentando falar com ele pelo celular já faz bastante tempo, e o telefone só toca sem parar e ninguém atende. - a voz dela saiu trêmula, e Gilbert desejou estar com ela para fazê-la se acalmar. Assim, ele falou com ela da maneira mais suave que conseguiu:

- Amor, ele pode ter simplesmente saído e esquecido o celular. Por que isso está te deixado tão nervosa? - ele começava a realmente a se preocupar com ela. Anne parecia à beira de um ataque de pânico.

- Eu recebi uma ameaça, Gilbert. E desta vez tem a ver com o Cole. - ela estava chorando, e o coração dele já estava sofrendo com ela. Por que não estava do lado dela agora que Anne precisava tanto dele?

- Anne, não fica desse jeito, meu amor. - Gilbert estava tentando encontrar as palavras que a fariam raciocinar com clareza, mas, ele percebeu que aterrorizada como ela estava, nada do que ele dissesse a faria ficar melhor, a não ser que ela conseguisse se certificar que seus temores eram infundados.

- O que eu faço, Gil? Eu pensei em ir até o apartamento dele, mas, não me sinto segura para andar na rua sozinha. E se esse maluco estiver me vigiando? - ela começou a soluçar, e Gilbert tomou uma decisão. Não poderia ficar ali enquanto seu amor sofria daquele jeito.

- Fique no seu apartamento, amor. Eu já estou indo. - ele disse enquanto saa da cafeteria e ia direto para o escritório do Dr. Phillips.

- Está bem. - ela disse antes de desligar.

Ele bateu na porta e esperou que seu chefe o mandasse entrar, e assim que ouviu a voz dele lhe dando permissão para falar com ele, Gilbert disse:

- Boa tarde, Dr. Phillips. Desculpe-me por incomodá-lo.

- Não se preocupe, meu rapaz. Em que posso ajudá-lo. Você parece preocupado.

- Sim. É a Anne. Ela acabou de me ligar, e não está nada bem. - ele hesitou um instante antes de dizer o que estava pensando em fazer, por fim, suspirou profundamente e continuou. - Eu sei que estou no meio do meu expediente, e que fiquei vários dias fora do hospital. Mas, será que o senhor me daria permissão para ir vê-la? Prometo que compenso outro dia, trabalhando horas extras.

- Claro, Gilbert. Pode ir. Não se preocupe. Vou pedir pra o plantonista cobrir seu horário hoje. E os casos mais complicados, eu mesmo posso atender. Você já trabalhou muitas horas extras, e também não permitiu que te dessem um atestado de uma semana, depois que sofreu aquele acidente como seria de seu direito. Portanto, você tem dois dias de crédito, e se precisar ficar com sua noiva amanhã, faça isso. A gente dá um jeito por aqui.

- Obrigado, Dr. Phillips. – Gilbert disse agradecido, e saiu do consultório, passando pela recepção e indo em direção ao ponto de táxi. Precisava chegar logo em casa, pois não queria deixar Anne nem um minuto sozinha.

Assim que abriu a porta do apartamento dela, ele a encontrou encolhida no sofá, abraçando uma almofada e com os olhos cheios de lágrimas. Quando ela viu Gilbert, a ruivinha se atirou nos braços dele e começou a soluçar partindo o coração dele de vez. O jovem médico se sentou com ela no sofá, segurando suas mãos geladas entre as suas e disse carinhosamente.

- Calma, querida. Eu estou aqui, e vamos resolver essa situação juntos. Você não está mais sozinha.

- Que bom que está aqui. Eu não sabia mais o que fazer. - ela se agarrava à cintura de Gilbert enquanto seu rosto estava escondido no peito dele. Ela tinha parado de chorar, mas suas mãos tremiam assim como todo o seu corpo. Gilbert tinha vindo ficar com ela, e só por esse fato ela já se sentia mais calma.

- Eu não te deixaria sozinha nesse momento. Quer ir até a casa de Cole? – ela balançou a cabeça afirmativamente, e Gilbert disse:- Eu te levo.

Eles pegaram o mesmo táxi no qual Gilbert tinha chegado ali, pois antes de descer, o rapaz dera uma boa gorjeta ao motorista para que ele esperasse por alguns minutos, e logo estavam rodando pelo centro de Nova Iorque. Anne não dizia nada, pois estava angustiada demais para falar. Ela apenas apertava a mão de Gilbert que retribuía, fazendo-a se sentir confortada. Anne não sabia o que teria feito se ele não estivesse ali. Ela estivera a ponto de entrar em outro colapso nervoso como o qual tivera no dia que ela quase entrara no elevador que se acidentou, mas, agora que Gilbert estava ali, ela podia sentir-se um pouco mais segura e respirar com mais facilidade, pois seus pulmões pareciam comprimidos por causa de toda tensão acumulada.

No momento em que chegaram no apartamento do amigo de Anne, ela já se sentia ansiosa outra vez. Não queria acreditar que aquela pessoa maligna que vivia assombrando-a todo aquele tempo tivera a coragem de ferir uma pessoa maravilhosa como Cole. Ele não merecia nada daquilo, e Anne já se sentia revoltada com aquele pensamento. Gilbert tocou a campainha quando percebeu que ela não o faria, pois estava nervosa demais com toda a situação.

Cinco longo segundos se passaram até que a porta se abriu, e ao ver o amigo com os cabelos em desalinho, camiseta e bermudas surradas, e suas mãos cheias de tinta, Anne o agarrou pelo pescoço e começou a chorar desesperadamente, assustando o rapaz olhava interrogativamente para Gilbert enquanto perguntava:

- Anne, aconteceu alguma coisa com você? Por que está aqui a essa hora e chorando desse jeito?

-- Onde você estava? Te liguei umas mil vezes e nada de você atender. - ela disse com a voz abafada, pois ainda se encontrava abraçada ao amigo, suas lágrimas molhando a camiseta dele.

- Alguém roubou meu celular essa manhã quando fui ao supermercado, e não tive tempo de comprar outro telefone. - Cole explicou, e Anne se separou dele trocando um olhar profundo com Gilbert antes de perguntar:

- Você foi roubado?

- Sim. Por que o espanto? - Cole perguntando ressabiado pela expressão estranha no rosto de Anne.

- Podemos entrar? Não acho que esse assunto deva ser tratado aqui na sua porta. - ela pediu.

- Claro, por favor, entrem. Querem tomar alguma coisa? - ele perguntou solícito.

- Não, obrigada. Queríamos apenas ver se você estava bem. Desculpe-me chegar assim em sua casa feito uma louca, mas, eu recebi uma ameaça hoje de manhã sobre você, e essa mensagem também provou que eu estava certa a respeito do acidente de Gilbert. - ela dirigiu seu olhar ao noivo e continuou. - Seu acidente foi mesmo premeditado.

- Não lhe parece estranho que uma pessoa tenha roubado o celular de Cole, e depois tenha te enviado essa ameaça como se ele estivesse em perigo? - Gilbert disse e Anne parou pra pensar um pouco sobre o que ele dissera. Não deixava de fazer coerência com o que acabara de acontecer.

- Parece que essa pessoa quis apenas jogar com seu medo, fazendo-a acredita que algo tinha acontecido com o Cole, e tomando todo o cuidado para que você não tivesse como se comunicar com ele, o que tornou essa situação muito mais terrível do deveria ser.- Gilbert continuou falando, fazendo Anne acreditar que aquilo realmente fazia sentido.

- Acho que devo concordar com Gilbert, Anne. - Cole disse.

- Eu realmente não sei o que pensar. Tudo o que eu queria era que tudo isso terminasse, que eu pudesse descobrir quem está por trás disso e por que? Assim seria uma luta justa, e eu não teria que tatear no escuro em busca de uma explicação para algo ao qual não sabia a razão. - ela disse de cabeça baixa.

- Anne, eu vou te ajudar, está bem? Vamos tentar encontrar alguma pista sobre isso, e você verá que tudo se resolverá mais rápido do que imagina. - Cole disse abraçando-a com carinho.

- Espero que tenha razão, Cole. Acho melhor irmos embora. Não quero atrapalhar seu trabalho. Desculpe-me por toda essa histeria. – Anne disse, beijando-o no rosto.

- Você nunca atrapalha, meu amor. Prometo que vou comprar um celular novo. Não quero ficar sem ter como me comunicar com você, principalmente nestas circunstâncias.

- Você promete que me liga assim que puder? - Anne perguntou ansiosa.

- Eu prometo. - assim Anne e Gilbert se despediram do rapaz e no momento que seus pés tocaram a rua, o jovem médico perguntou:

- Quer dar uma volta? Você ainda parece tão tensa. - Anne assentiu e eles começaram a caminhar pelo Centro de Nova Iorque, observando o movimento que aumentava conforme as pessoas deixavam seus trabalhos e se dirigiam para casa.

- Gilbert, você acha que estou ficando louca? - Anne perguntou fazendo Gilbert rir.

-Claro que não amor. Que pergunta mais sem sentido foi essa?

- Eu não sei. Às vezes penso que todas as coisas que tem acontecido fazem mais parte da minha imaginação que da realidade. – eles se sentaram em um banco que encontraram em uma pequena praça, enquanto Anne continuava falando – Desculpe-me por envolver você nisso tudo, Gil. Você acabou deixando seu trabalho por nada. - ele se virou para ela, tomou seu rosto entre as mãos e disse:

- Não fale assim. Não foi por nada que deixei meu trabalho. Você precisava de mim, foi por isso que eu vim. Eu quero que você entenda que não importa as circunstâncias, eu sempre estarei com você, pois eu te fiz minha prioridade, entendeu? - Anne balançou a cabeça em afirmativa, e depois, colou sua testa na de Gilbert dizendo:

- Eu só queria que a gente pudesse se amar em paz sem toda essa confusão ao nosso redor. Eu odeio pensar no quanto tudo isso nos afeta.

- Não afeta a maneira como nos amamos, Anne. Isso apenas nos torna mais fortes. - ele disse lhe dando um selinho.

- Eu quase te deixei por isso. – ela disse em um tom baixo como se as lembranças daquele dia ainda a atormentassem.

- Mas não me deixou. Você foi mais forte que isso, e vai continuar sendo porque eu vou estar aqui para dividir isso tudo com você – Anne o olhou com ternura. Como era bom ter aquele homem forte que não a deixava se afundar. Gilbert era seu bote salva vidas, sua passagem para a felicidade, seu bilhete premiado. Como pudera pensar em se afastar de sua única alegria? De repente, o cansaço do dia começou a cobrar sua taxa de energia, e Anne disse:

- Acho que estou pronta para ir para casa agora. - Gilbert concordou e chamou um táxi, e enquanto aguardavam, eles continuaram a caminhar pelo Centro, até que a atenção de Anne foi atraída por um casal que jantava tranquilamente em um restaurante de vidro e muito popular em Nova Iorque. Ela se aproximou mais um pouco, enquanto via Francesco Agipi e Monique juntos, e pareciam bastante entretidos em uma conversa íntima que estavam tendo.

Pelo ponto de vista comum, aquilo não tinha nada de anormal. Uma vez que ele era solteiro e ela também, não havia nada que os impedia de saírem juntos para qualquer lugar que quisessem. Isso se Monique não tivesse deixado transparecer a Anne que não se sentia nenhuma simpatia por ele, e até mesmo plantara algumas dúvidas na cabeça dela na época de seu noivado sobre o real caráter de Francesco, e agora ela parecia tão relaxada na presença dele que Anne quase podia dizer que estavam flertando um com o outro. Ela tentou afastar a sensação esquisita que sentiu ao ver aquela cena, mas, logo Gilbert percebeu e disse:

- Está tão calada, Anne.

- Estou apenas cansada e precisando de um banho. - ela disse, decidida a não ficar pensando no ilustre casal dentro do restaurante, Ela não tinha nada a ver com eles, pois tinha sua própria vida para dar conta.

O táxi chegou e eles foram para casa, e quando a porta do apartamento foi aberta, Anne sentiu um enorme alívio tomar conta dela. Nunca pensou que ficaria tão exausta a ponto de não conseguir dar um passo.

- Vou tomar banho, ela disse.

- Tudo bem. Enquanto isso vou ver o que temos para o jantar.

Anne foi para o quarto, se despiu e foi para o chuveiro, mas logo mudou de ideia quando viu a enorme banheira e se perguntou porque mergulhar todo o seu cansaço naquela maravilha? Então, ela encheu a banheira de água quente, sais de banho e deitou de corpo inteiro dentro dela suspirando de prazer ao sentir a água acariciando sua pele.

Enquanto Isso, Gilbert estava na cozinha tentando pensar no que preparar. Faria sopa ou descongelaria a lasanha que estava no freezer? Indeciso, ele resolveu consultar Anne que fazia uma eternidade que tinha ido tomar banho, e ainda não voltara. Pensando que talvez ela tivesse se sentindo mal, ele foi até o quarto e entrou no banheiro, respirando fundo ao vê-la dentro da banheira. Ela parecia uma deusa do pecado com todas aquelas espumas que brincavam sobre ela, deixando-o quase com ciúmes.

Ele se posicionou atrás dela e começou a massagear seus ombros, sentindo-a estremecer ante seu toque, e vendo-a morder os lábios com força cada vez que Gilbert aumentava a intensidade da massagem. Ele ia retirar a mão, mas, ela a segurou dizendo.

- Não quer relaxar comigo dentro dessa banheira maravilhosa? – Gilbert tentou responder, ele até ensaiou uma reação neutra do seu corpo ao ver Anne no meio de toda aquela espuma, mas sua voz falhou, e ele somente conseguia olhá-la cheio de desejo. Sem pensar muito, ele arrancou suas próprias roupas, e se juntou a Anne na banheira. Ele a puxou para si, seus lábios ficando na altura de sua orelha direita, e disse bem baixinho:

- Sinto informá-la, Srta. Cuthbert, que relaxar será a última coisa que fará. – ela não teve tempo de responder, pois logo sentiu o corpo molhado de Gilbert empurrando-a para a borda da banheira, pressionando-a com seus músculos fortes. Aquele homem era gostoso até debaixo d'água, e o cheiro másculo dele misturado aos sais de banho estavam deixando-a zonza. Aquilo tudo era um ataque à sua sensualidade que a impelia a querer mais daquele amor molhado que Gilbert estava oferecendo. Seus lábios ansioso procuraram os dele e quanto se tocaram parecia que um curto circuito tinha deixado cada membro de seu corpo eletrizado e pronto para que carícias divinas a deixassem fora de si. Ela sentiu a mãos dele em sua intimidade, fazendo-a gemer sem parar. Seu corpo estava em chamas, sua mente já tinha se derretido naquele calor, e quando Gilbert a fez se sentar em seu colo colocando uma perna de cada lado de seu corpo, Anne sentiu o poder da masculinidade dele embaixo dela e isso a fez delirar, transportada para outra dimensão, onde aquelas mãos que conheciam cada parte dela sem exceção iam excitando cada parte do seu corpo com amor e carinho.

Gilbert sentia que ia enlouquecendo lentamente, sentindo o sabor dela em sua língua que não parava e não queria parar de prová-la. Embaixo de toda aquela água, Anne parecia uma sereia, e sem utilizar de artifício nenhum ela estava fazendo com que ele queimasse por causa dela e por ela, enquanto o corpo feminino se revelava um jardim de luxúria que somente ele poderia desfrutar. De repente, as mãos dela estavam em seu cabelo, os seus lábios não desgrudavam dos dele, as mãos de Gilbert foram parar nas coxas dela acariciando-a de um jeito que Anne parou de respirar por um segundo, porque aquela necessidade que estava sentindo naquele momento só seria saciada quando ele a possuísse, e quando ele o fez, as sensações foram mil vezes mais intensas. Aquela pele molhada contra a sua enquanto seus corpos se chocaram em um movimento louco fez com que aquele momento fosse incrivelmente especial para ambos, pois Anne se sentia entre dois mundo, o real e o imaginário que tornava tudo uma sucessão de emoções intensas que ela não conseguia controlar. As mãos dele estavam por toda parte, os beijos dele a faziam ansiar por mais, o corpo de Gilbert era o afrodisíaco perfeito para que a pele de Anne saciasse sua vontade insana de tê-lo dentro dela para sempre. Ela também o fez refém de suas vontades, aumentando os movimentos, levando a um ponto em que Gilbert já não sabia mais controlar seus reflexos, seus sentidos que inebriados pelo cheiro da pele dela já não lhe pertenciam. De repente, eles estavam voando tão alto que seus instintos os guiavam para fora da terra. Estavam flutuando em uma nuvem de volúpia, em um planeta conhecido apenas pelos dois. A água da banheira tinha esfriado, mas nenhum dos dois percebeu, pois a quentura em seus corpos era mais do que suficiente para fazê-los começar um incêndio que não se apagaria tão cedo. E assim eles foram em busca da estrela mais brilhante, da lua mais bela, da onda mais selvagem na qual ambos poderiam navegar, e assim a satisfação tomou conta deles, enquanto seus corpos explodiam em uma declaração de amor terna, quente e molhada.

Um Gilbert ofegante encarou os olhos azuis de Anne que estavam quase cinzentos pelo momento de amor que tiveram. Ele se aproximou perto dela e disse em seu ouvido bem baixinho

- Casa comigo? – Anne o olhou surpresa não sabendo ao certo o que pensar daquele pedido, ao mesmo tempo em que seu coração se agitava dentro dela feito louco. Gilbert tinha mesmo acabado de pedi-la em casamento? Será que não estava sonhando? O sorriso lindo que ele lhe deu a fez perceber a sinceridade no rosto do homem amado, e a única resposta que pôde dar foi:

- Sim, quando quiser meu amor. - Gilbert a beijou, e em seguida a pegou no colo, levando-a para a cama enrolada em uma toalha, onde fez amor com ela mais uma vez, e quando o cansaço chegou, Gilbert beijou-a pela última vez antes de adormecer com ela em seus braços, selando assim a promessa de uma vida inteira.

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