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Capítulo 59- Entre o céu e o inferno


Olá, pessoal. Aqui está mais um capítulo dessa nossa história. Espero que gostem do capítulo, ele está bem hot no melhor estilo de Gilbert e Anne moderninhos, e por favor comentem, pois seus comentários são o combustível para minha criatividade. Muito obrigada pelos favoritos e por me acompanharem todas as semanas. Perdoem-me por qualquer erro ortográfico, eu vou corrigindo aos poucos. Beijos.



GILBERT

Lábios quentes desciam pelo peito de Gilbert que se mexeu em seu sono inquieto. Suas pálpebras estavam pesadas, e seus músculos exigiam descanso depois de trabalhar horas intermináveis dentro do hospital aquela semana, mas, mesmo em sua semi-inconsciência, seu corpo pedia outra coisa, e estava ficando difícil para Gilbert continuar dormindo enquanto aqueles lábios ousados continuavam trilhando um caminho de fogo até seu abdômen. Com grande dificuldade, ele entreabriu os olhos, e imediatamente um odor suave de morango misturado com pêssego chegou as suas narinas apurando seu olfato, e incentivando-o a abrir ainda mais os olhos, e quando o fez, uma deusa ruiva surgiu em seu campo de visão com os cabelos úmidos, e vestindo apenas uma camiseta que mal chegava às suas coxas lindas e torneadas.

Gilbert respirou pesadamente ao olhar para aquela mulher estonteante que brincava com suas emoções enquanto ele dormia, e disse com a voz enrouquecida pelo cansaço e sono:

- Anne, o que está fazendo comigo?

- Estou cuidando do meu amor. - ela respondeu, levantando a cabeça, e se aproximando do rosto dele. Gilbert encarou aqueles lábios vermelhos convidativos, que ela fazia questão de manter úmidos com a ponta da língua, e observou cada traço do rosto, cada sarda, e os pontinhos verdes azulados dentro daquelas orbes que quase cintilavam ao chegarem cada vez mais perto de seu rosto. O rapaz suspirou de novo ao ver os lábios de Anne pararem a um centímetro dos seus. Céus! Anne o deixava maluco quando agia daquela maneira. Ela sabia que estava no controle, e o manipulava como queria, e Gilbert cansado como estava sequer conseguia protestar. Ela mantinha o seu corpo acima do dele, sem que se tocassem realmente, suas mãos estavam apoiadas em cada lado do corpo dele, e estava tornando a espera pelo beijo dela torturante.

Então, ela pousou sua boca sobre a dele, beijando-o lentamente, mordendo de leve, lambendo os lábios dele, até que o jovem médico permitiu que ela os invadisse com sua língua provocante, envolvendo-o em um beijo cada vez mais exigente e sensual.

Fazia uma semana que não dormiam juntos, se falando apenas quando o trabalho dele permitia, e aquela noite de sexta feira fora a única na qual conseguira chegar em casa em um horário decente.

Gilbert prometera que teriam aquela noite juntos, mas chegara no apartamento dela tão exausto que tomara um banho, jantara com ela, e assim que foram para o quarto na intenção de assistirem um filme e namorarem um pouco, ele pegara no sono no momento em que se acomodaram na cama. Ele imaginava o quanto ela deveria estar frustrada por ele quebrar a promessa que fizera, mas, aquela provocação toda naquele momento em que ele não se aguentava acordado não era uma boa ideia, por mais que sua pele formigasse pelo desejo de tê-la. Por esta razão, ele interrompeu o beijo e disse:

- Amor, eu sei que não tivemos tempo de ficar juntos esta semana, mas eu realmente preciso dormir. Não se zangue comigo.

- Não o estou impedindo de dormir. - ela respondeu com os lábios explorando todas as partes do rosto dele, pescoço, indo em direção ao lóbulo da orelha onde sua respiração quente mandava mensagens para o corpo dele deixando Gilbert arrepiado.

- Não faz isso comigo - ele disse quase implorando.

- O que não devo fazer? - ela perguntou bem próxima do ouvido dele.

-Me deixar louco desse jeito. -seu corpo a queria tanto que ele quase gemeu de frustração por não dar a ela a noite que ela merecia.

- Eu sei, querido. Eu vou deixá-lo dormir. Só estava matando um pouco da saudade que senti essa semana de você. – ela se afastou dele e ia levantar da cama, mas ele segurou no pulso dela e disse:

- Fica comigo. Não vá embora.

- Eu não vou. Só quero apagar a luz. - por um breve instante a cama ficou fria, mas, logo tornou a esquentar, assim que Anne deitou do lado dele, e entrelaçou as pernas nas dele. Ele inspirou profundamente sentindo o aroma embriagador dos cabelos dela próximos dele, e antes de fechar os olhos que ardiam de cansaço ele murmurou:

- Adoro o seu cheiro. - ele não viu o sorriso dela naquele instante, mas sentiu o lábios de Anne tocarem os seus enquanto falava baixinho.

- Boa noite, meu amor. - e então ele adormeceu abraçado ao corpo macio dela.

Gilbert acordou com o sol adentrando o quarto, e logo que conseguiu abrir os olhos, ele procurou por Anne. O lado dela estava vazio e frio, indicando a Gilbert que já fazia tempo que ela tinha se levantado. Ele viu as horas. Nove horas! Que droga! Ele dormira mais do que pretendia.

Gilbert dissera que levaria Anne para o trabalho, mas acordara atrasado. Ele afastou as cobertas, e colocou os pés para fora da cama, e então viu o bilhete que Anne deixara para ele.

"Você estava dormindo profundamente, e decidi não acordá-lo. Não se preocupe, eu fui para o trabalho de táxi, e terminarei de fotografar ao meio dia. Descanse. Com amor, sua Anne."

Resmungando, ele foi para o chuveiro, não queria ter dormido daquele jeito. Certamente, Anne estava aborrecida, e com razão. Ele praticamente a tinha deixado sozinha na noite anterior, depois de dias cada um dormindo em seu próprio apartamento, e para piorar a situação toda, ele a deixara tomar café e ir para o trabalho sem sua companhia. Que péssimo noivo ele era!

Esse era o preço que se pagava ao se ter um relacionamento com um médico. Horas solitária e fins de semana vazios vinham no pacote, e infelizmente não era algo que pudesse ser mudado. A medicina cobrava dedicação, tempo de sua vida particular e social, e muitas vezes roubava também horas de seu tempo livre, portanto era preciso que um relacionamento fosse forte o bastante para aguentar as pressões do dia-a-dia que a profissão exigia, e Gilbert esperava que Anne estivesse realmente pronta para enfrentar tudo isso, sem deixar que o estresse e frustrações como da noite anterior causasse qualquer tensão entre os dois.

Anne dissera que entendia o quanto sua profissão era importante para ele, e que não se ressentia mais com o fato de que às vezes, a vida pessoal de ambos fosse colocadas de lado em nome de um bem maior. Porém, Gilbert a conhecia bem demais para saber o quão carente Anne podia se sentir em certos momentos, e ele temia não estar por perto quando ela exigisse a atenção dele, ou quando tivesse um de seus pesadelos e precisasse que ele segurasse sua mão, e a ajudasse a voltar a dormir.

E Gilbert queria estar lá para ela sempre, não importava quantos sacrifícios tivesse que fazer, quantas noites insones tivesse que passar para dar a Anne tudo o que ela precisava. Seu amor por ela valia todo o esforço do mundo, não ia magoá-la de novo e nem ia perde-la por conta dos mesmos erros do passado, ela não merecia sofrer tudo de novo, Gilbert não permitiria que nenhuma tristeza nublasse aqueles olhos lindos, e não trairia a confiança que Anne colocara nele depois dos seus anos de ausência na vida dela.

Ele sabia que não era fácil e nunca seria se tornar duas versões de si mesmo. Por um lado, ele sempre seria o médico preocupado com seus pacientes, buscando as melhores soluções e os melhores tratamentos para suas enfermidades, dedicando-se ao máximo dentro do hospital para que chegassem a uma possível cura e melhor qualidade de vida.

Por outro lado, seu coração de homem apaixonado o levaria de volta para casa cada vez que ele saísse pelo porta do seu trabalho, deixando para trás um dia de muitas tristezas e raras alegria para encontrar seu equilíbrio novamente nos braços daquela que era sua inspiração, seu alento no deserto da vida, sua razão de sorrir a cada dia quanto entrava naquele apartamento, e via no rosto de Anne o amor que sempre desejara para si.

Gilbert precisava mais dela do que deveria, e não por opção sua, mas porque seu coração escolhera aquela mulher magnífica para amar, e se pudesse dizer uma só palavra para resumir o que Anne significava em sua vida, ele diria que a palavra tudo resumiria isso bem.

Ele nunca fora tão feliz como era agora, e só se lembrava de ter vivido algo assim na adolescência quando ele e Anne se beijaram pela primeira vez. Naquele tempo, as coisas eram mais simples, e não havia todas aquelas obrigações da vida adulta. Ainda assim, ele não trocaria o hoje pelo que tiveram no passado, pois o presente lhe dava muito mais dela do que ele tivera antes.

A água do chuveiro despertou seu corpo ainda grogue de sono, levando embora os últimos resquícios de cansaço da semana, e após terminar de se vestir, ele já se sentia completamente desperto e revigorado. A última coisa que não parecia certa era a falta que Anne estava lhe fazendo naquele momento. Ele planejara tanto acordar antes dela, levar-lhe o café na cama, e mimá-la de diversas formas diferentes, até que fosse a hora de levá-la para o trabalho, mas, seu cansaço fora maior, e sua necessidade fisiológica de dormir o fizera falhar com ela, e se havia uma coisa que Gilbert detestava era não cumprir com uma promessa que ele tivesse feito a Anne. Desde que voltaram a namorar, ele prometera que nunca mais deixaria que uma palavra sua dada fosse quebrada, e a experiência que tivera com sua ida para a Alemanha o fizera compreender a importância disso, e naquele instante estava se sentindo terrivelmente culpado por não ter sido forte o bastante na noite anterior e sucumbido ao sono tão rapidamente.

Gilbert deu uma olhada ao redor do apartamento, e se surpreendeu como tudo ali já tinha a personalidade de Anne impregnada em cada detalhe. Era impossível entrar ali, e não sentir a energia imensa que vinha dela vibrar pelo ar como se milhares de luzes fossem ligadas ao mesmo tempo, e ser atingido por inúmeras sensações que fariam com que seu corpo entrasse na mesma sintonia que a dela. Anne além de linda, era intensa, e qualquer pessoa que convivesse com ela como acontecia como Gilbert poderia sentir que ela era alguém de muitas características incomuns, e uma vez encantado por ela era difícil se desapegar, era por isso que compreendia Francesco Agipi perfeitamente.

Isso também acontecera com ele quando Anne entrara em sua vida novamente. Antes de viajar e mesmo meses depois em que já estava na Alemanha, Gilbert se sentia tão na dela que os quilômetros que o separaram não significava nada em questão de sentimentos. Ele estava longe, mas a presença dela nunca de fato o deixara sozinho, pois conseguia senti-la a poucos metros dele, mesmo quando apenas se falavam ao telefone. E isso igualmente acontecera durante o tempo em que ela se afastara, deixando apenas o silêncio como lembrança da maneira como tudo tinha terminando, porém ela nunca o deixara de verdade, embernando dentro dele até que quando se encontraram novamente, Gilbert fora pegou em cheio pela força de sua presença cativante.

Se Francesco não conseguia se afastar dela, mesmo eles tendo sido só amigos dentro de um relacionamento completamente platônico, como Gilbert poderia um dia deixá-la ir, se ela tinha na palma de suas mãos o coração dele? Tanto amor assim assustava, pois podia arrasar com uma vida inteira se tudo fosse por água abaixo, mas, ao mesmo tempo não vivê-lo plenamente era viver pela metade, e isso era uma coisa que Gilbert nunca faria. Ele queria experimentar tudo com ela, queria uma vida plena e cheia de amor, queria dormir e acordar com ela para encontrar a cada manhã aquela mesma felicidade que sentia quando a via sorrir para ele sem nenhuma razão aparente, e como ele mesmo já afirmara tantas vezes para si próprio, Anne não era apenas o seu mundo, ela era o tudo o mais além dele.

O som de seu celular tocando fez Gilbert sair do fluxo de seus pensamentos para se concentrar no visor do aparelho, ao mesmo tempo, em que seu coração quase parou de bater ao ver quem estava ligando. Ele atendeu com as mãos trêmulas, e sua garganta tão seca que Gilbert quase se sentia sufocar, rezando internamente para que não fosse más notícias.

- Alô. - ele disse com dificuldade, tomando mais um pouco do seu café para aliviar a tensão de suas cordas vocais, enquanto a pessoa do outro lado dizia:

- Alo, Gil. É a Sarah.

- Oi, Sarah, como você está? - ele se sentiu tão ridículo em fazer aquela pergunta que para qualquer outra pessoa seria algo tão comum de se dizer, mas, para alguém que estava morrendo eram palavras tão sem propósito e carregadas de ironia.

-Por incrível que pareça, não me sinto tão mal assim. E é justamente por isso que queria te dizer uma coisa. - ela parecia alegre apesar de ter recebido péssimas notícias a respeito de seu estado de saúde a poucas semanas, e parecia realmente estar lidando melhor com isso do que Gilbert.

- Pode dizer. Sou todo ouvidos. - Gilbert respondeu, desenhando com a ponta da faca as figuras bordadas na toalha de renda que cobria a mesa da cozinha de Anne.

- Você se lembra que eu te dizia que meu sonho sempre foi conhecer Portugal? – Sarah perguntou.

- Sim, e você também me dizia que se um dia se casasse, gostaria de passar sua lua de mel lá. - Gilbert se recordou que isso acontecera quando ainda estavam na faculdade e namoravam. Sonhos tão lindos, engolidos pelo destino cruel que estava ceifando a vida daquela mulher incrível cedo demais.

- Então, eu decidi que já que não terei tempo para um casamento e muito menos uma lua-de mel, eu vou viajar para Portugal na próxima semana. - Gilbert ficou tão surpreso que não soube o que dizer. O que Sarah estava fazendo? ele pensou.

- Sarah...eu não sei se seria prudente. - ele disse meio sem jeito não querendo parecer que a estava censurando.

-O que tenho a perder, Gilbert? Além de estar condenada a viver nesse corpo que está se deteriorando? Eu quero mais da vida do que passar os próprios meses tentando adivinhar quanto tempo me resta antes de deixar esse mundo para sempre. - a voz dela não estava zangada, ou revoltada, era apenas a constatação de alguém que sabia que não havia mais nenhuma montanha para escalar, e que o fim chegaria de qualquer maneira. Ainda assim, doeu em Gilbert aquela verdade, como doeria quando ela se fosse, por isso, ele simplesmente não conseguia aceitar que a estava perdendo de um jeito tão cruel e covarde.

- Não deveria falar assim, Sarah. - a voz dele saiu baixa, mas, Sarah a ouviu perfeitamente e entendeu o que ele estava sentindo. Ela o conhecia, assim como Anne, pois vivera ao lado dele tempo suficiente para saber quem era Gilbert Blythe em sua intimidade, e como ele reagia a coisas desse tipo. Gilbert podia enfrentar qualquer forma de dor em si próprio, mas, nunca aceitaria perder alguém que ele estimasse para a morte.

- Gilbert, nós dois sabemos que estou morrendo. Pare de ser infantil e encare esse fato como eu. Você fez o que pôde para me salvar, e sei o quanto lutou por mim, mas é hora de me deixar ir Gilbert, é hora de se libertar dessa prisão de culpa na qual se prendeu. A vida é curta demais, e você ainda é jovem e tenho certeza de que tem muitos anos pela frente para viver e amar sua Anne. Seja feliz e a faça feliz, meu amigo. Vocês merecem viver esse amor de todas as formas possíveis. Eu vou ser-lhe sempre grata pela oportunidade que me deu de ter esperanças e sonhar que poderia ter isso também. Contudo, chegou a hora de ser livre. Eu quero que seja livre, Gilbert, assim, como eu também quero ser. Viajar para Portugal é minha última chance de viver essa liberdade da maneira que desejo. Não tire isso de mim meu querido, é a única coisa que lhe peço. - Gilbert sentiu as lágrimas chegarem sem que ele pudesse impedi-las. Sarah era sua amiga, e fora sua companheira por muito tempo, ele não a amara como mulher, mas, a admirava como ser humano, e em todo aquele tempo de tratamento, ela nunca realmente lhe pedira nada, e como seu médico estava em suas mãos deixá-la ir naquela viagem ou não. Seu lado egoísta queria poupá-la do esforço que seria viajar tantas horas dentro de um avião, porém, seu lado humano lhe dizia que não tinha o direito de impedi-la de realizar o único sonho que ainda tinha em vida. Foi por isso que ele respirou fundo, e esperou um segundo para responder, e quando o fez sua voz estava cheia de tantas palavras que queria dizer a ela antes que partisse, mas por inibição, ou princípios ele não conseguiu verbalizá-las:

- Se quer mesmo ir, então vá, Sarah. - ele fez uma pausa, e depois continuou a falar. - Eu realmente sinto muito.

- Querido, você sabe que te amo, não é? E não digo isso apenas como mulher, mas, como a amiga que sempre fui. Eu estou feliz, Gilbert, e não estou com medo. Então, por favor, não se sinta assim. Não quero que sofra por mim, não quero que se culpe e muito menos que derrame uma única lágrima. Eu ainda estou viva, meu querido, e graças a você, vou fazer a viagem mais maravilhosa da minha vida junto com meus pais e meu irmão. Quer dádiva maior que essa? Diga a Anne que eu a amo também por fazer você feliz, e por enxergar a alma generosa por trás desse homem tão teimoso e determinado. – Gilbert estava a ponto de desabar, no entanto, se segurou. Não queria que Sarah fosse viajar sabendo de seu sofrimento. Ela acabara de pedir que ele não chorasse por ela, e não faria nenhum bem deixá-la perceber que estava quase fazendo isso.

- Sarah. Ainda vamos nos ver quando você voltar, não é? - ele ouviu a respiração dela no telefone antes que ela respondesse:

- É claro que sim, Gilbert. - ela estava mentindo, e ambos sabiam, pois não havia garantias de que ela ainda estaria viva dali a algum tempo, ainda assim se deixou enganar pelas palavras dela, pois era mais fácil do que pensar que ela nunca mais voltaria.

- Então, boa viagem. - ele conseguiu dizer.

- Obrigada. Até a volta. - ela disse sorrindo.

- Até a volta. - e então, ela desligou. Gilbert ficou olhando para o telefone sem conseguir se mexer. Dentro dele havia uma tempestade, tão grande que estava a ponto de transbordar pelos seus olhos, sua boca e seu coração. Ele respirou fundo várias vezes, tentando acalmar o turbilhão de emoções dentro dele, e sentiu naquele instante a falta tremenda de Anne. Deus! Como precisava dela, não somente da voz, ou do som da sua risada, ele precisava dela fisicamente, de abraça-la, beijá-la, ele precisava do calor que vinha dela para afastar aquela onda gelada de dentro dele que insistia em lhe congelar a alma.

Em um impulso, ele foi para o quarto, se vestiu rapidamente, e pegou as chaves do carro. Ainda era cedo, e faltava exatamente uma hora para Anne terminar sua sessão de fotografias, mas, ele não se importava de esperar. Gilbert precisava estar com ela, pois Anne era a única pessoa no mundo capaz de fazer tudo ficar bem dentro dele de novo. Com esse pensamento martelando em sua mente, ele dirigiu até o estúdio onde ela trabalhava, e chegou lá em menos de trinta minutos.

Ele não sabia o que ela iria pensar, e nem se ia gostar de vê-lo ali em seu ambiente de trabalho, contudo, mesmo se ela ficasse zangada com ele, Gilbert não se furtaria de ir procurá-la naquele momento. Deste modo, ele estacionou o carro na vaga de visitantes que a agência tinha por ali, e foi direto para a recepção, onde uma garota loira e toda produzida atendia o telefone. Gilbert, esperou que ela desligasse para perguntar:

- Por favor, eu estou procurando por Anne Shirley Cuthbert. - a garota o avaliou por um momento, olhando-o de cima embaixo, e Gilbert se sentiu como um espécime de laboratório sendo examinado.

- Quem gostaria de falar com ela? - a garota perguntou sem deixar de olhá-lo com interesse.

- Eu sou o noivo dela. - ele respondeu com um sorriso, tentando não parecer tão constrangido com a maneira como ela o olhava.

- Ah, sim. Desculpe-me. Ela não me deixou nenhum recado dizendo que você viria. - a garota agora o olhava com simpatia, o que fez Gilbert respirar mais aliviado.

- Ela não sabe que vim, mas, não quero atrapalhar. Posso esperar por ela aqui mesmo.

- Não se preocupe, pode subir até o segundo andar. Anne ficará feliz em te ver. – a garota respondeu ainda sorrindo.

- Obrigado. - Gilbert respondeu, se virando para seguir na direção que ela tinha lhe indicado, porém antes que começasse a caminhar para a porta, ela perguntou:

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro. - ele disse com simpatia.

- No que você trabalha? - Gilbert a olhou intrigado pelo teor da pergunta, mas respondeu assim mesmo:

- Eu sou médico.

- Que desperdício. Você daria um ótimo modelo. - ela disse com a voz a tão afetada que Gilbert teve que rir.

- Não, muito obrigado. Não creio que tenha talento para isso. Estou muito feliz com a carreira que escolhi.

- Seu um dia mudar de ideia, nos procure. - ela disse com seus longos cílios cheios de rímel batendo uns contra os outros.

- Não creio que isso vá acontecer algum dia, mas, muito obrigado pelo convite. - Gilbert disse encerrando a conversa e seguindo para o elevador que o levaria até o segundo andar onde Anne estava, deixando a moça da recepção suspirando inconformada com a resposta que ele lhe dera.

ANNE

Anne já estava no estúdio fotografando a exatamente duas horas quase sem parar, salvo alguns, minutos entre uma sessão e outra que lhe era permitido se hidratar com um copo de água ou suco, o resto de tempo era gasto em milhões de poses diferentes, que seu corpo já sabia de cor, e ela as fazia quase sem pensar.

Anos em frente às câmeras lhe davam a liberdade para trabalhar sem ter que se esforçar muito para isso, pois enquanto o fotografo lhe pedia para mudar de posição, sorrir, deixar a expressão do rosto mais leve, mais séria, mais sexy, ela o fazia quase que automaticamente, e assim, podia deixar seu pensamento ir para onde quisesse sem interferir nem um pouco em seu trabalho.

Anne fixou seu olhar na câmera que capturava cada gesto que ela fazia com as mãos, os lábios e os quadris, e de repente, seu pensamento já estava em Gilbert e na noite passada.

Fora uma semana dura para ambos, muito mais para Gilbert que dobrara seu plantão no hospital, e devido a sua carga horária extensa, eles não tinham se visto a semana toda. Anne sofrera demais com a ausência dele, pois se acostumara a tê-lo com ela todas as noites, e ficar longe dele uma semana inteira abrira todas as portas de sua vulnerabilidade. Pela primeira vez, ela não se ressentia de a ausência dele ser por motivo de trabalho. Anne superara aquela fase de achar que a medicina era sua rival mais potente dentro de sua relação com Gilbert. Ela respeitava o trabalho dele, assim como ele respeitava o dela, mas isso não queria dizer que não sentisse a falta dele terrivelmente, além de se preocupar pelo fato de que ele estava trabalhando demais. E se preocupar com Gilbert tornara-se quase uma obsessão que ela tentava controlar, mas nem sempre tinha sucesso.

Toda vez que ele saía pela porta do apartamento, seu coração dava pulos de apreensão, e ela somente sossegada quando ele ligava dizendo que ele estava bem, porém, mesmo assim, ela realmente se sentia aliviada quando ele voltava para casa e ela o tinha sob as asas de proteção de seu amor

Os pesadelos continuavam frequentes, mas dividir o peso deles com Gilbert a ajudava a não entrar em uma paranoia pior do que a que alienava seu espírito no momento, e Anne conseguia levar sua vida quase normalmente. As ameaças não voltaram a acontecer fazia semanas, mas, isso não queria dizer que não continuariam a atormentá-la, e viver pensando se e quando ela receberia outro daqueles recados tenebrosos era muito pior do que enfrentá-las cara a cara. A incerteza alimentava ainda mais o seu medo do que poderia acontecer a qualquer momento do que ter uma ameaça concreta em suas mãos. Por esta razão, Anne tentava se encher de coragem todos os dias, porque precisava dela para se proteger, proteger sua família, seus amigos, e acima de tudo proteger o amor de sua vida.

Por alguma razão desconhecida, seu coração intuía que Gilbert estava mais em perigo que qualquer outra pessoa, por que ele convivia diretamente com ela, e seu perseguidor sabia exatamente quem ele era, e poderia usá-lo para atingi-la diretamente. E isso a apavorava sobremaneira, a fazia ter insônia durante a noite, principalmente naqueles dias em que ele estava trabalhando no hospital feito louco, e eles sequer tinham tempo para conversar entre uma consulta e outra. Ela o amava tanto que a ideia de perde-lo fazia seu coração palpitar de tal maneira que Anne mal conseguia respirar. Ela sufocava, tinha calafrios, e principalmente precisava desesperadamente ter Gilbert por perto, mas ele andava ocupado demais, e Anne não desejava perturbar seu espírito com sua histeria exagerada.

Desta forma, ela chamou Cole para ficar com ela algumas noites, e foi a melhor ideia que teve. Cole era tão divertido que ficar perto dele era acabar se contagiando pelo seu eterno bom humor. Desde que se conheceram, ela nunca o vira de baixo astral. Ele tinha lá seus momentos de irritação que duravam exatamente cinco minutos, pois logo usava uma de suas frases espirituosas, e Anne sabia que tudo estava bem novamente. Por esta razão, sua semana sem Gilbert não fora tão difícil, porque seu melhor amigo e irmão lhe dera seu apoio costumeiro, ela pudera aliviar sua mente dos pensamentos angustiantes que a estavam deixando maluca.

Ele chegara na segunda noite do plantão de Gilbert, e assim que ela abrira a porta para ele, o amigo a olhara de cima embaixo e dissera com sua sinceridade irônica:

- Céus! Anne. Você está péssima. Isso tudo é por causa de sua abstinência de Gilbert Blythe? - ele examinou o rosto pálido dela com algumas olheiras, que ela vinha disfarçando com maquiagem no trabalho e depois continuou. – Já está tão viciada nesse homem que dois dias sem ele te deixaram com essa aparência deplorável?

- Obrigada, Cole. Você sabe como deixar o ego de uma garota em alta. - Anne disse desanimada, permitindo que ele entrasse em seu apartamento e se sentasse no sofá da sala.

- Querida, não disse isso para te deixar chateada. Quis apenas alertá-la para o fato de que não deve sofrer tanto toda vez que Gilbert tiver que trabalhar mais horas no hospital. É a profissão dele, e você me disse que entendia. - Anne não podia contar a ele que estava sofrendo daquele jeito não porque Gilbert estava no trabalho, mas, porque havia uma pessoa maldosa lá fora que podia machucá-lo, e Anne só ficaria bem quando ele estivesse em seu campo de visão sem nenhum arranhão naquele rosto que ela amava. Então, ela preferiu que o amigo continuasse com a ideia equivocada de que ela estava naquele estado por outro motivo.

- Eu entendo a profissão dele, mas, não consigo fingir que ele não me faz falta. É difícil não ter a presença física dele por aqui. É como se ele estivesse longe de novo. - ela disse com a voz cansada de quem não dormira quase nada na noite anterior.

- Querida, Gilbert não foi embora. Ele apenas está trabalhando como sempre fez. É diferente agora, Anne – Cole a fez se sentar do lado dele, e tocou no anel que ela usava dizendo:- Este anel simboliza uma promessa séria e linda que Gilbert te fez, e ele não vai quebrá-la, Anne. Aquele homem te ama mais que tudo, se você ainda não percebeu. Não há nada que ele não faria por você. Agora, deixe de bobagem e sorria, pois seu velho amigo Cole está aqui para te consolar. Eu sei que não sou aquela delícia toda do Dr. Blythe, mas posso garantir que o meu colo é bem macio e quentinho. Que tal se fizéssemos pipoca e chocolate quente? Depois podemos maratonar uma daquelas suas séries favoritas enquanto você deita sua cabecinha no meu colo e eu te faço um cafuné. - Anne começou a rir. Era daquele Cole que ela precisava, sincero em suas opiniões, um ótimo amigo nas horas difíceis, e um grande companheiro de diversão.

Assim, os dois amigos passaram ótimos momentos juntos, rindo, conversando, discutindo algumas vezes se deveriam assistir Vampire Diaries ou Friends, e acabaram maratonando os dois. Gilbert ligara algumas vezes para saber como ela estava, e Anne lhe contara que Cole estava passando as noites com ela lhe fazendo companhia, e Gilbert se mostrou aliviado por ela não estar sozinha enquanto ele trabalhava horas sem fim. Ouvir a voz dele fez Anne sentir mais falta ainda das noites que dormiam abraçados, curtindo um ao outro sem pressa e cheios de amor. Naqueles momentos, Anne entendia o quanto estava apaixonada por ele, e como Gilbert se tornara importante demais em um curto período de tempo. Era alarmante ver que ele já tinha tomado conta de tudo, e que não havia lugar na vida dela para mais nada, e para mais ninguém. Seus pensamentos pertenciam todos a ele, e ela passava aqueles momentos longe dele planejando o que fariam quando estivessem juntos, pois não havia prazer nenhum em sorrir se Gilbert não estivesse lá para sorrir com ela.

No última noite que Cole passou com Anne enquanto estavam jantando juntos, ele lhe perguntou:

- Anne, eu sei o quanto seus sentimentos por Gilbert são profundos, mas, ele realmente te faz feliz? - a ruivinha olhou para o amigo de longa data, e respondeu com toda a sinceridade de seu coração.

- Eu já te disse isso muitas vezes, Cole. Eu estou realmente feliz com Gilbert. Ele é um homem maravilhoso.

- Desculpe-me por perguntar, mesmo sendo óbvio pelo brilho nos teus olhos que ele te completa. Porém, eu tenho notado o quanto você tem estado tensa nos últimos dias, e eu não sei porque associei esse seu estado de espírito com Gilbert. – Anne o olhou admirada. Ela tentara disfarçar o quanto pôde sua preocupação, mas, Cole era esperto demais para ser enganado. Como Gilbert, ele nunca se deixava levar por seus sorrisos, quando os seus olhos não conseguiam esconder as sombras dentro dela.

- Não é nada demais, Cole. Eu estou preocupada porque Gilbert tem trabalhado demais essa semana, e eu nem sei como ele está direito. Ele me diz que tudo está bem, mas, quem me garante que tem dormido ou comido o suficiente? Eu sei que poderia ir até o hospital fazer a ele uma visita rápida somente para me certificar de que ele não está se desgastando em demasiado, mas, eu sei também que ele não iria gostar dessa minha intromissão. Eu não sou mais aquela Anne impulsiva que não pensava duas vezes em fazer o que desejava, sem se preocupar se outas pessoas iriam aprovar ou não. Gilbert precisa de espaço para trabalhar em paz, e eu não ajudaria em nada cobrando uma atenção que no momento ele não pode me dar. - aquilo tudo também era verdade, mas, entre todas as razões que ela descrevera para estar se sentindo tão tensa escondia o real motivo de seus temores.

- Bem, querida. Você realmente parece que amadureceu. No entanto, precisa equilibrar essa sua carência antes que isso te faça mal demais. - Cole aconselhou. Anne o abraçou e disse:

- É para isso que serve meu amigo gay. Para me dar o carinho que preciso quando meu noivo não está por perto.

- Ora, meu amor. Eu sei que você preferia mil vezes que estes braços que te enlaçam agora fosse daquele Dr. lindo, e confesso que se estivesse no seu lugar, eu ia preferi-lo também. Porém, eu deixo você usar e abusar desse meu abraço até que tenha o original de volta.

- Cole, eu te amo. - ela disse beijando-o na bochecha.

- Eu também te amo, minha pequena. - Cole respondeu retribuindo o carinho, e Anne o olhou com ternura pensando no quanto Cole Mackenzie era especial.

Então o dia seguinte chegou e com ele a excitação cheia de expectativa de que finalmente Gilbert estaria em casa. Logo de manhã, Anne lhe enviou uma mensagem com milhares de corações, que logo ele respondeu com palavras que lhe tiraram o fôlego, além de prometer que teriam uma noite incrível juntos.

A ruivinha passou o dia todo sonhando com a chegada dele, e trabalhou em um estado de euforia que qualquer um que a observasse com mais atenção veria que ela tinha um brilho especial no rosto naquele dia que não estava ali no início da semana. Já era tarde quando ela saiu do estúdio, pois ela tivera um dia cheio de trabalho devido à uma campanha que estava fazendo para um cliente importante, inclusive, ela teria que trabalhar na manhã de sábado, o que normalmente não acontecia, mas, como Gilbert estaria de folga, ela teria o resto do fim de semana para se dedicar à ele, e começaria naquela mesma noite.

Ela desceu do táxi apressada e chegou em seu andar em tempo recorde. Como não teria tempo de fazer um jantar decente, ela pediu comida japonesa por telefone, pois sabia que Gilbert adorava, e meia hora depois, ela ouviu a porta se abrir e ele entrar com o seu sorriso maravilhoso desenhado em seus lábios. Anne correu para ele e se atirou em seu braços, sentindo o perfume dele atiçar os seus sentidos, lembrando-a de como era bom estar agarrada a ele daquela maneira.

- Oi, amor. Estava com saudades. - ela ouviu-o dizer com sua voz modulada e rouca que ela apenas escutara pelo telefone naquela semana.

'- Você não sabe do tamanho da minha saudade, e espero acabar com ela toda esta noite. - Anne disse sem se afastar dele um milímetro. Suas pernas estavam em volta da cintura dele, e Gilbert enterrara seu rosto nos cabelos dela. Depois de alguns minutos, ele a carregou para o sofá e se sentou lá com ela em seu colo. Anne aproveitou para olhar para o rosto dele, e viu com pesar, as linhas de cansaço em seu rosto, os olhos um pouco avermelhados pelas noites insuficientemente dormidas, e deixou que suas mãos traçassem todo o contorno do maxilar até alcançar os lábio dele onde ela cariciou de leve.

- Você parece exausto. - ela disse.

- Só preciso de um banho e um jantar decente, e estarei novo em folha em poucos segundos. - ele respondeu, porém, Anne viu pelo cansaço evidente em seu rosto que ele precisava mais do que aquilo.

- Senti a sua falta. - ela disse encostando sua testa na dele.

-Eu morri de saudades. Você não imagina o quanto foi difícil dormir sem você todos esses dias. Eu estava contando as horas para estar aqui com você. - os olhos dele examinavam todo o seu rosto como se não acreditasse que estava mesmo em casa com Anne em seus braços.

- Por que não vai tomar um banho? Eu pedi comida japonesa, achei que gostaria de comer algo diferente depois de todos esses dias se alimentando com comida de hospital.

- Eu adoro comida japonesa, e mas, antes de tomar o meu banho e saborear o jantar que você providenciou, eu preciso fazer algo.

- O que? – Anne perguntou vendo o olhar dele fixo em seus lábios. Ele não respondeu, apenas tomou os lábios dela sobre os dele com paixão, e a beijou daquele jeito envolvente que a fazia compreender porque Anne amava os beijos dele. Gilbert tinha um jeito de explorar toda a extensão da sua boca como se quisesse saborear cada pedacinho dela, deixando Anne completamente louca com aquela carícia, desejando ardentemente que ele a beijasse inteira daquele jeito roubando-lhe a razão. Ela evolveu-lhe o pescoço, puxando mais o rosto dele de encontro ao seu, e teria continuado com o beijo, se Gilbert não tivesse se afastado respirando com dificuldade.

- Como senti falta de te beijar assim.- Gilbert falou assim que conseguiu falar, abraçando a cintura dela com mais força.

- Eu senti muita falta de ser beijada assim.- os cabelos dele estavam em desalinho, como se Gilbert tivesse passado as mãos muitas vezes por ele. Anne ajeitou os cachinhos que se formavam na testa dele, e os acariciou de leve, deixando que suas mãos descansassem em sua nuca.

- Então, se prepare para ser beijada assim muitas vezes nos próximos dias. A saudade que estou sentindo de você é imensa. - ele disse, beijando-a na ponta do nariz.

- Espere até ver o tamanho da minha saudade. Vou precisar mais do que beijos para acalmar meu coração. Eu preciso tanto de você, Gil.

- E eu de você. – ele disse e a beijou de novo até que ambos precisassem de ar.- Acho melhor eu ir tomar banho, ou não teremos jantar nenhum essa noite. - ele disse rindo, enquanto Anne saía de seu colo e ambos se levantavam ao mesmo tempo.

- Tem toalhas limpas no armário, e deixei seu moletom lavado e passado no closet.

- Obrigada, amor. Volto logo. – Gilbert disse dando um beijo no topo da cabeça de Anne e se encaminhando para o chuveiro. Ela percebeu pelo andar um pouco lento de Gilbert que ele realmente estava exausto, e logo pensou sorrindo que ele se recuperaria rapidamente depois que ela cuidasse dele como tinha imaginado o dia todo.

Gilbert não demorou a voltar, e em pouco tempo estavam jantando sentados no tapete da sala. Ele lhe contou como tinha sido sua rotina estressante no hospital aquela semana, e Anne lhe falou sobre a visita de Cole e tudo o que fizeram juntos. Assim que terminaram de jantar, eles foram para o quarto, e enquanto Gilbert se acomodava na cama, Anne resolveu tomar um banho rápido Quando ela voltou para o quarto, Gilbert estava completamente adormecido, e ao invés de se sentir frustrada pela noite não terminar como tinha imaginado, ela ficou olhando com ternura para o jovem médico que respirava tranquilamente pego nos braços de uma sonolência profunda.

Anne se aproximou um pouco mais, e continuou observando-o, sentindo-se extasiada pela beleza natural do rapaz que a surpreendia toda vez que ele estava exposto aos olhos dela daquela maneira. Ele vestia a calça de moletom, mas a camisa, ele tinha tirado e deixado dobrada cuidadosamente ao lado da cama. O peito dele nu era um convite que Anne tentava ignorar, mas, seu corpo não estava facilitando nem um pouco, e lhe mandava mensagens que não eram nem um pouco decorosas. Gilbert precisava daquele descanso e não era certo despertá-lo só porque seus hormônios não sabiam se comportar diante da sensualidade que ele exibia sem mesmo saber. Mas, por Deus, ela não era de ferro, e depois de passar a semana toda desejando estar com ele, ela precisava tocá-lo nem que fosse por um momento para que o tumulto em sua pele se acalmasse, e ela conseguisse dormir. Por isso, ela se perguntava se seria um grande pecado se profanasse o sono inocente de seu noivo só um pouquinho? E depois de muito ponderar, Anne decidiu que preferia ser condenada a danação eterna do que não matar a vontade que tinha de sentir a pele quente dele em seus lábios.

Ela se aproximou devagarinho, tomando o cuidado para não despertá-lo, pois ia se aproveitar da vantagem de tê-lo dormindo e ver como ele reagiria ao seu toque durante o sono. Seus lábios brincavam pela pele dele tão macia após o banho, e o cheiro másculo da loção pós-barba que ele usara intoxicava seu sistema como se ela tivesse bebido uma grande quantidade de álcool, e precisasse de muito mais para se manter sóbria. Gilbert se mexeu um pouco, e ao ouvi-lo suspirar, Anne sorriu, se sentindo poderosa por fazê-lo desejá-la mesmo inconsciente do que estava acontecendo naquele momento. Então, ela foi mais ousada e deslizou a ponta da língua até o abdômen dele que era a parte do corpo de Gilbert que mais a excitava, além daquela boca deliciosa e sexy. Subitamente, ele abriu os olhos enevoados pelo sono, mas, não escondendo a excitação que fazia o corpo dele tremer de encontro a seus lábios. Ela ouviu-o perguntar

- Anne, o que está fazendo comigo? – seus olhos estavam cheios de um desejo que a estava queimando por dentro. Ela precisava tanto dele, mas, sabia que àquela noite não iria tê-lo. Ele estava cansado demais, mas, nem por isso ela abandonaria aquele momento de prazer pessoal em que mantinha Gilbert sob os seus domínios, e ela respondeu:

- Estou cuidando do meu amor.

Assim, ela o provocou mais um pouco, deixando seus lábios bem próximos do dele, mas não fazendo nenhum movimento para beijá-lo. Ela viu o olhar de Gilbert implorando silenciosamente para que ela acabasse logo com a tortura com a qual o estava submetendo, e o beijasse de vez. Sua necessidade de saborear aquela boca carnuda venceu sua vontade de torturá-lo um pouco mais, e logo, estavam se beijando, matando a sede de ambos por aquele contato ardente. Embora enlouquecido e cheio de luxúria, Gilbert a afastou e disse quase ofegando:

. - Amor, eu sei que não tivemos tempo de ficar juntos esta semana, mas eu realmente preciso dormir. Não se zangue comigo. - os lábios dela agora estavam tocando o rosto dele, e Anne respondeu fingindo-se de inocente:

- Não o estou impedindo de dormir. – ela sabia que era terrivelmente errado excitar um homem daquela maneira quando ele estava apenas semiconsciente, mas, ela não conseguia parar e por isso chegou ao queixo dele, mordiscando-lhe toda a região. Logo ela o ouviu gemer, e Gilbert suplicou segurando seu pulso enquanto a outra mão foi parar em seu quadril:

- Não faz isso comigo.

- O que não devo fazer? – ela estava no controle e isso a excitava mais do que imaginara, sentindo-se triunfante quando Gilbert confessou:

-Me deixar louco desse jeito. – ela percebeu que ele estava no seu limite entre o cansaço e o desejo e resolveu que já tivera o bastante por uma noite, mesmo que estivesse frustrada por não amar Gilbert como queria, precisava deixá-lo dormir, ou ele se levantaria no dia seguinte mais exausto ainda. Assim ela apagou as luzes, e se juntou a ele, adormecendo logo em seguida com Gilbert segurando uma mecha de seus cabelos nas mãos.

Quando o dia amanheceu, Anne se levantou, pois teria que estar no trabalho às sete e meia. Gilbert ainda dormia profundamente, e por esta razão, ela tomou seu café sozinha, deixando um bilhete a ele dizendo onde estaria, chamou um táxi e foi para o estúdio. Quatro horas tinham se passado, desde que chegara no trabalho, e não via a hora de encerrar o expediente e voltar para casa. Àquela altura, ela esperava que Gilbert já tivesse despertado e visto seu bilhete. Não queria que ele se preocupasse, ou que acordasse assustado sem saber onde ela estava. Assim que chegasse em casa, Anne estava planejando preparar uma refeição saudável com tudo o que ele gostava, e depois o faria dormir mais alguma horas, pois pelo cansaço que vira no rosto dele na noite anterior, parecia que ele passara várias noites em claro.

Ela estava assim, em meio aos seus devaneios, pousando para as últimas fotos, quando um par de olhos castanhos encontraram os dela, fazendo-a sorrir para eles espantada.

ANNE E GILBERT

Gilbert estava hipnotizado, essa era a palavra correta para descrever sua reação naquele momento, enquanto ele contemplava Anne que pousava para as lentes do fotógrafo que registrava cada momento dela, assim como Gilbert fazia só que com sua mente.

O cenário atrás dela era praiano, justamente para dar o clima certo para os trajes que Anne estava trajando. Ela vestia um biquíni minúsculo cor de esmeralda, que mal cobria o corpo dela, e a peça destacava suas curvas sensualmente, fazendo a mente de Gilbert imaginar, desejar e amar. Ele nunca a tinha visto assim, embora já tivesse assistido Anne desfilar algumas vezes, ela nunca expusera seu corpo assim, e o efeito sobre ele era surpreendente enquanto Gilbert pensava que sua noiva ela mesmo uma sereia jogando seu encanto sobre ele.

Anne continuou fazendo poses cada vez mais provocantes, e a maneira como Gilbert a olhava contribuía muito para isso. Ela podia sentir os olhos dele queimando sua pele, assim como podia imaginar as mãos dele em todas as partes de seu corpo. Toda vez que mudava de posição, ela percebia Gilbert segui-la sem quebrar o contato visual, e aquilo já estava se tornando uma troca sensual de olhares que não escondiam o quanto se queriam.

A temperatura subiu de repente, e Anne jogou os cabelos ruivos para trás, e entreabriu os lábios percebendo com esse gesto Gilbert engolir em seco. Anne sentiu seu corpo responder ao chamado do dele, e sua pele formigou ao se lembrar da sensação que era encostar sua pele na dele. Tudo aquilo era meio louco. O que estava acontecendo entre eles era como se fizessem amor sem necessidade de toques, apenas seus olhos se comunicavam, deixando um certo mistério pairando sobre eles, como algo secreto que somente ambos sabiam o que significava.

Gilbert a despia com o olhar, e de repente, Anne se deu conta do tamanho do seu biquíni. Ela não tinha vergonha de mostrar seu belo corpo em fotos que seriam espalhadas pela cidade toda, mas, ela se sentia inibida naquele momento ao tentar imaginar o que Gilbert estaria pensando ao vê-la vestida daquela forma. Ele já a assistira em uma passarela, mas, nunca usando algo tão ousado, e era a primeira vez que ele aparecia no seu trabalho, e ela nem sequer sabia o motivo. Por isso, ela ficou se perguntando o que o trouxera até ali. Será que tinha acontecido alguma coisa que ela deveria saber?

O fotógrafo pediu que ela fizesse uma pose de frente e colocasse o máximo de sensualidade no olhar, pois o produto que ela estava vendendo em cima de seu corpo deveria seduzir qualquer mulher que olhasse para o anúncio nas ruas ou na internet, e imaginasse que aquelas peças de cores vibrantes tinham o poder de deixá-la tão linda e irresistível quanto a modelo que a usava. Anne lançou um olhar para Gilbert novamente, e deixou que as noites de paixão que tiveram antes lhe viessem a cabeça, e ela mergulhou nos olhos dele como se pudesse reviver cada segundo do que sentira nos braços dele naquele instante, e Gilbert sentiu o impacto daquele olhar. Diante dele estava uma mulher que o desejava e que o fazia entrar em combustão apenas pelo pensamento. O calor se tornou insuportável, e Gilbert tentou desviar os olhos e se livrar daquela sensação quente, envolvente, profunda, mas, seus olhos estavam grudados na figura dela que tomava conta do pequeno espaço onde estavam. Ele nunca vivera uma experiência assim antes. Era tão intenso que seu coração parecia que ia explodir. Anne claramente invadia a sua cabeça e o fazia pensar em coisas que à luz do dia não seriam nada decentes. Aquela garota tinha todo o domínio sobre ele, e poderia fazer o que quisesse com ele que Gilbert não reclamaria. E o que tornava aquilo tudo ainda mais insano, era que ao invés de se sentir constrangido por ter pessoas ao redor deles em um momento que deveria pertencer somente a ambos, o rapaz se sentia completamente excitado por aquele ser um segredo que somente os dois podiam partilhar.

De repente, as luzes de ascenderam, a câmera foi desligada, e aquele interlúdio platônico entre os dois fora desfeito. A respiração de Gilbert se tornou mais calma, ao mesmo tempo em que via Anne andar em sua direção. Ela sorria como se soubesse no que ele estivera pensando, e ele sorriu de volta tentando disfarçar seu rosto um tanto corado pela intensidade que tinha sido tudo aquilo. Gilbert colocou as mãos dentro do bolso de sua calça jeans tentando passar a imagem de algo totalmente casual, mas, ele sabia como Anne também sabia, que a conexão entre os dois tinha sido profunda e imediata alguns minutos antes.

- Querido, por que não está em casa descansando? - ela perguntou, rodeando o pescoço dele com os braços.

- Eu queria te ver, eu precisava te ver.- ele respondeu mais afoito do que pretendia. A eletricidade ente eles ainda era evidente, e Gilbert evitava abraça-la com muita força, deixando suas mãos pousadas levemente nas costas dela.

- Aconteceu alguma coisa? - Anne perguntou apreensiva. Apesar de todo aquele fogo que vira queimar no olhar dele quando a observava tirar suas fotos, havia uma pitada de tristeza que se ocultava naquele castanho quase caramelo dos olhos dele.

-Não, eu só...- ele parou de falar quando a imagem de Sarah surgiu em sua mente, e tudo o que conseguira fazer fora balançar a cabeça em negativa enquanto abaixava a cabeça sem encarar Anne de frente. - Será que podemos sair daqui? - ele perguntou baixinho.

- Claro. Eu vou trocar de roupa e volto logo. - ela disse, dando-lhe um selinho rápido. Dez minutos depois, Anne voltava vestindo uma calça jeans justa, uma blusa preta de malha e tênis, deixando-a com um ar bastante esportivo.

- Agora podemos ir. - ela disse segurando no braço dele, mas, antes que alcançassem a porta, eles ouviram uma voz que dizia:

- Ei, Anne. Não vai nos apresentar? – a ruivinha se virou e deu de cara com sua agente que a olhava com curiosidade. Ela puxou Gilbert pela mão e disse:

- Oi, Jesse. Esse é meu noivo, Gilbert Blythe,- e virando-se para o jovem médico, ela disse; - Essa é Jesse, minha agente.

- Ah, então você é o famosos Gilbert Blythe. - a mulher loura e alta disse apertando a mão que Gilbert lhe estendia.

- Por que famoso? - Gilbert perguntou olhando para Anne sem entender.

- Você não achou que ficaria anônimo depois de estar noivo da linda modelo Anne Shirley, não é mesmo? Todos querem saber quem você é, especialmente depois que Marilyn não cansou de tecer elogios a seu respeito pela maneira como cuidou dela no hospital. - ela o olhou com mais atenção, e comentou. - Eu particularmente, pensei que era loucura de Anne ficar noiva tão cedo, logo no auge da carreira, mas, olhando para você, agora eu entendo por que ela não quis esperar. Nunca pensou em ser modelo, Gilbert? - ele riu de leve ao pensar que era a segunda vez naquele dia que alguém lhe dizia tal coisa.

- Não, sinceramente prefiro deixar isso para Anne, eu estou feliz trabalhando como cirurgião. – Gilbert respondeu segurando as mãos de Anne entre as suas.

- Não gostaria de fazer um ensaio um dia desses somente para ver como se sente em frente às câmeras? - ela insistiu, e Anne também riu. Jesse nunca dava ponto sem nó, e também não desistia fácil quando alguém chamava a atenção de seu olhar profissional, mas, naquele caso, era uma total perda de tempo.

- Não, muito obrigado. Eu me sinto melhor dentro do meu jaleco branco cuidando dos meus pacientes. - Gilbert respondeu educadamente.

- Ok, mas, espero que volte mais vezes para nos visitar. - Jesse disse continuando a olhar para Gilbert que não vai a hora de sair dali. Desta forma, ele apenas sorriu concordando, enquanto Anne se despedia de sua agente e ambos caminhavam para a saída.

- Parece eu ganhou mais uma fã, Dr, Blythe. - Anne disse sorridente, mas, Gilbert apenas se limitou a olhá-la e depois disse:

- Será que podemos ir a um lugar calmo? Quero muito ficar sozinho com você. – Anne concordou preocupada ao ver que Gilbert voltava a franzir o cenho e a ficar sério.

Eles caminharam cerca de dez minutos, e então, entraram no Central Park onde Gilbert escolheu um banco vazio e se sentou nele com Anne. Seu olhar ficou perdido na vegetação ao redor enquanto Anne examinava-lhe o rosto não conseguiu deixar de pensar que havia alguma coisa errada com Gilbert. Ele não viria até o seu trabalho à toa. Ela precisava saber o que o estava atormentando.

- Gil, não quer me contar o que aconteceu? Você parece tão triste, amor. - Anne levou as mãos aos cabelos dele e acariciou-os de leve. Gilbert se virou para ela sem conseguir esconder o que estava sentindo, ele começou a falar:

- A Sarah me ligou. - então, era isso, Anne disse a si mesma, com um aperto no coração desejando que Gilbert não sofresse tanto com aquilo, mas, era tão inevitável quanto Anne amá-lo como o amava.

- E como ela está? - Anne teve o cuidado de perguntar, abraçando Gilbert pelo ombro.

- Ela me disse que está bem, e me avisou que iria viajar para Portugal, e queria saber se eu estava de acordo. - Gilbert disse coma voz hesitante.

- E ela pode viajar nas condições em que se encontra? - Anne perguntou admirada pela coragem de Sarah em viajar para outro país enquanto estava tão doente.

- Não é aconselhável, e até tentei dizer isso à ela, mas, Sarah me disse que não tem nada mais a perder e que viajar para Portugal sempre foi seu sonho que queria realiza-lo enquanto ainda pode. - ele parou de falar, e Anne percebeu sua angústia, assim, ela entrelaçou suas duas mãos nas dele para que ele pudesse sentir todo o seu apoio.

- Isso te incomoda, Gil? Teme pela vida dela?

- Nesse exato momento, eu não sei como me sinto a respeito disso. Existem dois lados que pesam na balança, e não estou certo qual dos dois seria mais prudente. Se eu avaliar o lado clínico, eu deveria impedi-la de ir, mas, por o outro lado, não posso simplesmente podar seus sonhos, não agora que ela está tão perto do fim. - a voz dele saiu um pouco emocionada, e Anne sabia bem como seu peito deveria estar angustiado. O que ela não daria para protegê-lo daquela mágoa, mas, não dependia dela e de ninguém. Era a vida seguindo seu curso como deveria ser, mesmo não parecendo justo para Sarah, o mundo giraria e giraria até que anos tivessem se passado e aquilo tudo fosse apenas uma lembrança no coração daqueles que a tinham conhecido e amado.

- Amor, essa é uma escolha dela. Sarah é uma mulher feita, e na verdade, ela não precisa de sua aprovação, mas, ainda assim ela quis te deixar ciente do que quer fazer mesmo sabendo que você não aprovaria. – os olhos dele tinham uma dor que fez Anne ter vontade de chorar. Ela simplesmente detestava ver Gilbert naquele estado de ânimo tão escuro.

- Ela me disse que está na hora de deixá-la ir, mas, como faço isso, Anne? Como deixo alguém que significa tanto em minha vida ir embora assim? Você acha que estou sendo egoísta? - ele perguntou como se implorasse que Anne o tirasse daqueles pensamentos que o atormentavam.

- Gil, não é egoísmo, é apenas zelo demais. Você é tão generoso, tão amoroso e preocupado. Eu entendo como você se sente, mas, você precisa compreender que algumas escolhas não cabe a nós fazer. Sarah tem razão, você precisa deixá-la ir, pois somente assim vai se libertar dessa ferida em seu coração. - Gilbert apenas encostou sua testa na de Anne, e ficou de olhos fechados em profunda meditação. Anne pegou o rosto dele entre as mãos e disse:

- Eu te amo tanto, Gilbert. Por favor, querido, não se afaste desse jeito e nem se entregue a essa dor solitária. Me deixa ficar com você. - ele abriu os olhos e encarou-a por um segundo, e logo seus lábios se uniram aos dela, sentindo o consolo que o amor dela lhe dava. Ele precisava tanto daquele bálsamo que levava embora a tempestade que desabava dentro dele. Quando se separaram, ele tocou a bochecha dela com o polegar e falou:

- Você é tão linda, Anne. Especialmente hoje quando eu te vi fotografando. Nunca vi coisa tão maravilhosa como aquela.

- Você realmente gostou? Não se importou de me ver em trajes de banho tão ousados? Normalmente, não é algo que eu usaria, porém, estamos fazendo uma campanha para uma grande marca, e eles me escolheram para representa-los. - Gilbert sorriu de leve antes de responder:

- Não vou dizer que não me causa um pouco de ciúmes em saber que logo todos vão vê-la vestida daquela maneira, mas, como você mesma disse, você está apenas representando uma marca e vendendo um produto, então, também não posso deixar de te dizer o quão orgulhoso estou de você. Eu respeito o seu trabalho assim como respeito a profissional por trás dele. Além do mais, eu quero mesmo que olhem e que saibam que a mulher naquelas fotos é só minha, e somente eu posso tê-la por completo em meus braços. - Anne corou de prazer diante das palavras dele, e ainda sorrindo ela disse:

- Quer dizer que o Dr. Blythe tem desejos ocultos a meu respeito?

- Os melhores deles. - ele respondeu deslizando o olhar pelo rosto dela, enquanto sua mão a puxava para o seu colo.

- Gil, estamos em público. Ficou maluco? - Anne disse um tanto acanhada pela impetuosidade de seu noivo que parecia devorá-la com os olhos naquele instante.

- E quem se importa? - a boca dele sugou a dela em poucos segundos, enquanto ela sentia as mãos dele correndo por suas coxas. Anne sentiu seu estômago se contrair ao perceber o quão próxima estava de perder o controle. Uma semana sem Gilbert tornava difícil resistir a qualquer toque dele, por mais simples que fosse. Ela acariciou o ombro dele com força sobre a camiseta de malha que ele usava, sentindo os músculos dele ressaltados pelo tecido aderente. Gilbert subiu a mão e apertou seus quadris de leve, correndo as mãos pelas costas de Anne, que foram parar bem na linha de sua coluna, fazendo Anne suspirar de prazer. Depois de alguns minutos trocando carinhos intensos, suas bocas se separaram, e Anne olhou para ele notando seu rosto ainda cansado, porém mais relaxado e disse:

- Acho melhor irmos para casa. Você precisa descansar. - Gilbert apenas assentiu, se deixando elevar pela presença de Anne que era a única garota capaz de fazê-lo se sentir leve como se todas as preocupações e tristezas fossem varridas longe dele para sempre.

Quando saíram do Central Parque já era hora do almoço, porém, nenhum dos dois estava realmente a fim de almoçar. Chegaram no apartamento, e Gilbert foi direto para o quarto, pois o cansaço da semana ainda estava fazendo seu corpo implorar por mais algumas horas de sono Anne se juntou a ele poucos minutos depois dizendo:

- Gil, eu fiz uma vitamina quer que eu traga aqui no quarto para você? - Gilbert a olhou daquele jeito preguiçoso que fazia seu sangue se agitar e respondeu segurando em sua mão:

- Não, mais tem outra coisa que eu quero muito.

- E o que seria? - Anne perguntou sentindo os dedos dele acariciarem deu pulso.

- Eu quero você. - ela vibrou com aquelas palavras, pois sabia que ela o queria também. Desde a noite anterior quando ele chegara do trabalho, e depois quando o vira dormindo, Anne sentia aquele desejo deixa-la inquieta. Cole tinha razão, ela estava cada vez mais entregue àquele homem, as suas mãos e ao seu amor.

Por isso, ela não protestou quando ele a fez se sentar ao lado dele na cama, enquanto ele levantava seus braços e arrancava sua blusa com delicadeza, sua calça jeans e por último, a lingerie branca de renda que ela usava. E todo o tempo, ele não tirava os olhos dos dela, enquanto suas mãos trabalhavam em cada curva como se ele fosse um escultor e seus dedos desenhassem todas as formas dela com perfeição. A pele de Anne esquentou como se uma brasa viva passasse por ela, e ela mordeu o lábio quando sentiu a boca de Gilbert irem em direção aos seus seios, e quando a língua dele brincou com seus mamilos pequenos que desabrocharam feito um botão de rosa, foi impossível reprimir o gemido rouco que saiu de sua garganta involuntariamente. Logo ele a deitou na cama, e seus lábios continuaram a explorar cada recanto daquele corpo que o levava a loucura, que podia em poucos segundos deixá-lo entre o céu e o inferno fazendo-o queimar por ela durante horas intermináveis, e mesmo assim, ele ia querer um pouco mais dela a cada segundo, pois sua necessidade de ter a pele de Anne contra a sua ia além de qualquer raciocínio ou razão. Anne de sentia flutuar entre dois espaços onde seu corpo não mais obedecia a sua mente, ele era dominado pelas mãos de Gilbert que sabiam exatamente até que ponto deveriam provoca-la para tê-la completamente enfeitiçada pelo prazer que prometiam cada vez que a tocavam em um ponto mais sensível. Ela abriu os olhos e olhou para Gilbert que mantinha os dele atentos a cada movimento dela, e falou entre um beijo e outro, fazendo-a suspirar profundamente mais uma vez:

- Você sabe o quanto me provocou ontem à noite? Anne, você me tira do sério sem se esforçar muito. - ele desceu a língua até o abdômen dela, e ela se contorceu embaixo dele sentindo cada pedacinho de seu corpo se arrepiar. - E hoje naquele estúdio? O que pretendia me olhando daquele jeito? Você às vezes perde a noção do perigo, Anne Shirley Cuthbert. Não sabe que não deve provocar um homem além de seus limites? - os lábios dele subiram de novo até o seu pescoço, deixando um rastro escaldante pelo caminho. Ele beijou e mordiscou a região sensível, fazendo-a gemer tão alto, que Gilbert se sentiu mais excitado ainda. - Ela o enlouquecia de um jeito que Gilbert não sabia como evitar. Anne lhe virava a cabeça, deixava-o fora de si, e a única coisa na qual conseguia pensar era no quanto ele queria que ela fosse sua de todas as maneiras. E foi isso que aconteceu naquela tarde em que seus corpos inflamados de desejo se queriam em uma volúpia grandiosa, incontrolável, inesquecível. Anne fez Gilbert se derreter entre seus dedos, enquanto seus beijos o deixavam consciente demais de seus corpos grudados e ardentes. A beleza daquele ato estava na forma como eles davam e recebiam amor, nas palavras sussurrada que nada tinham de malícia, e sim eram profundas em sentimentos, e o vai e vem de seus corpos era comandado pela música de seus sentidos que se harmonizavam como teclas de um piano, tocadas pelo artista mais habilidoso do mundo. Era tanta paixão naquela cama que seu fogo era alimentado pelos beijos entre lábios que não se cansavam de se declarar, e assim quando as labaredas se tornaram altas demais para serem suportadas, as ondas de prazer vieram e os arrastaram para a profundezas de suas almas, fazendo com que todos os seus sentimentos e sensações se encontrassem em uma eclipse total, trazendo a calmaria onde havia somente a turbulência de suas emoções.

Horas depois foram despertados pelo celular de Gilbert, que abriu os olhos sonolentos, enquanto seus braços ainda se enroscavam na cintura de Anne. Ele olhou para o visor do telefone e viu que era Muddy.

Gilbert se sentou na cama com a cabeça de Anne deitada em seu colo, e os dedos dela brincando em seus cabelos, e falou com o amigo que parecia muito nervoso ao telefone. Assim que desligou, Anne perguntou:

- O que ele queria? - a voz dela saiu tão deliciosamente rouca que Gilbert sorriu.

- O carro dele quebrou e ele me pediu que fosse busca-lo pois já tentou falar com a seguradora várias vezes, mas parece que ninguém atendeu.

- Jura que vai ter mesmo que sair agora? - Anne reclamou, suas pernas enroscadas nas de Gilbert para impedi-lo de deixa-la sozinha na cama.

- Amor, Muddy é meu amigo e é uma emergência. Eu sei que ele faria o mesmo por mim. - ele disse acariciando o rosto dela.

- Tudo bem. Mas, não demore. Ainda estou com saudades. - ela disse olhando-o com os olhos brilhando.

-Não pretendo demorar. Também estou com saudades. - ele respondeu olhando com desejo para o corpo dela ainda deitado sobre a cama.

- Posso te pedir uma coisa? - ela disse manhosa.

- Claro, o que quiser.

- Você pode me trazer sorvete? – Gilbert riu da expressão infantil naquele rosto de mulher a quem ele tinha amado horas antes e respondeu:

- Eu trago sim. - ele se vestiu, beijou-a rapidamente e saiu

Anne ficou na cama curtindo aquela sensação boa de estar se sentindo relaxada e saciada. Depois de alguns minutos, ela se levantou com a intenção de ir até a cozinha e tomar um copo da água, mas sua ação foi interrompida quando o telefone tocou. Ela pegou o celular que vibrava dentro de sua bolsa, viu quem era e sorriu dizendo:

- Não consegue ficar sem mim, não é, Gil?

- Sim, mas, estou ligando por outro motivo. Você não me disse qual o sabor de sorvete que quer que eu compre.

- É de morango. - ela respondeu sentindo-se como uma garotinha gulosa.

- Está bem eu vou...- de repente um barulho fez Anne gelar. Sons de ferros se retorcendo e vidros se quebrando fizeram com que seu desespero chegasse no auge. Então, ela disse com sua voz trêmula e o coração aos pulos:

- Gil? - mas como resposta só recebeu o silêncio.

-

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