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Capítulo 53- Ps: Eu te amo.

Olá, queridos leitores, este capítulo foi o mais longo que escrevi, e espero que não seja cansativo para vocês. Este capítulo ficou bastante interessante, e espero pelos seus comentários e teorias, pois são sempre um incentivo para que eu continue a escrever. Muito obrigada. Desculpem-me pleos erros ortográficos. Eu corrigi tudo, mas estava muito cansada, então imagino que algum erro deva ter passado despercebido, mas vou editar quando puder. Muito obrigada. Beijos.

GILBERT

Gilbert abriu os olhos e percebeu que não estava em sua cama. Logo, ele se lembrou porque dormira no quarto de hóspedes e sorriu. A noite anterior tinha sido quente, assim como quase todas as noites naquela semana, e apesar de horas terem se passado, ele ainda sentia o toque de Anne em sua pele como se estivesse acontecendo naquele momento. Ele sentiu vontade de abraçá-la e se virou para o lugar ao seu lado, constatando instantaneamente que ela não estava lá. O barulho de água corrente chegou até ele, e Gilbert imaginou que Anne estava no banho.

Um pensamento ousado passou-lhe pela cabeça, e ele tentou abafá-lo e focar sua mente em outra coisa, mas a ideia permaneceu lá, desafiando-o a resistir, e usar seu lado prático, a deixar os sentimentos de lado e vestir sua armadura de controle absoluto, porém, ele conseguiu permanecer assim por pouco tempo, e por fim, rendeu-se ao que seu corpo pedia e o seu coração implorava, e deixou qualquer alerta de lado para se juntar a mulher que amava debaixo do chuveiro.

Ele entrou, e Anne estava de costas, completamente coberta de espumas da cabeça aos pés. Ela mantinha-os fechados, sua pele se tornando rosada em contato com a água quente, e ela estava deliciosa demais para que ele pudesse ignorá-la.

Gilbert se aproximou, descendo as mãos até a cintura de Anne, e imediatamente, a sentiu estremecer. Em seguida, ele a puxou em direção ao seu peito, as mãos deslizando pelos braços dela, até alcançarem a esponja que ela segurava, e assim, começou a passá-la em movimentos circulares por todo o corpo de Anne, fazendo-a suspirar e apoiar mais seu corpo no dele. Então, ele afastou os cabelos molhados do pescoço de Anne, deixando a pele exposta para seu prazer único e particular. Então, ele desceu os lábios por todo o local, sugando-o e beijando-o, até que Anne, não suportando as sensações inebriantes em seu corpo se virou de frente olhando-o com seus olhos tão azuis que fez Gilbert sentir como se viajasse em mar aberto livremente.

Ela jogou seus braços em volta do pescoço dele, umedeceu os lábios, encaixando suas pernas entre as de Gilbert, e disse com uma voz provocante que escondia muito pouco suas intenções:

- Querendo me provocar, Dr. Blythe?

- Por que? Não aguenta ser provocada? - Gilbert respondeu, encarando os lábios dela rosados que ele não beijava desde a noite anterior.

- Depende da provocação. - ela respondeu, colando mais seu corpo no dele, enquanto ele descia o seu dedo indicador pelas costas de Anne, traçando uma linha imaginária ao longo da espinha até a lombar dela, e viu satisfeito a respiração dela mudar de ritmo normal para mais rápido, e Gilbert perguntou com um sorriso nos lábios:

- Isso é provocação suficiente para você? - ela esperou um instante, como se analisasse a pergunta, depois com um olhar malicioso, ela disse enquanto movimentava devagar seu corpo contra o de Gilbert:

- Eu pensei que você tivesse por regra não tomar banho acompanhado. - Gilbert respirou fundo, e sentiu sua excitação crescer ao ter a pele de Anne grudada na sua, e nenhum espaço entre eles. Era difícil raciocinar assim, e completamente impossível não deixar sua imaginação criar fantasias, mesmo sendo ele alguém que preferia a realidade dos fatos. Gilbert não gostava de viver de ilusões, e muito menos de alimentá-las, pois sendo um médico que tinha em sua profissão como característica principal trabalhar com estatísticas, não se deixava levar por ideias vãs e sem consistência. Porém, aquela garota ali em seus braços o deixava tão louco a ponto de não saber onde começava a realidade e terminava a fantasia.

- Não é uma regra, apenas um certo cuidado- ele respondeu, tentando ignorar o fato, de que estavam embaixo do chuveiro ligado, e a água que caía sobre eles tornava a cena toda mais íntima e excitante.

- E por que o cuidado? Está tentando proteger sua virtude, Doutor? - Gilbert ia respondeu com outro comentário malicioso, mas Anne se movimentou mais um pouco, o rapaz fechou os olhos tentando recuperar o fôlego. Aquilo era demais para um homem como ele, que vivia pelas regras do que era certo ou errado, o que devia ou não fazer, mas, Anne o fazia se esquecer de todos os princípios, e quando estava com ela, Gilbert ultrapassava os limites impostos para si mesmo, e deixava que ela fizesse o que tinha vontade, e ele a seguia como se ela fosse sua rainha e ele o seu súdito, que satisfaria todos os seus desejos.

Gilbert abriu os olhos apenas para vê-la sorrir com aquele sorriso de menina que ele conhecia bem, ao mesmo tempo em que trazia por trás de sua inocência a imagem de uma mulher que sabia exatamente o que queria, e que não tinha vergonha de deixa-lo ver naquele instante o quanto o desejava.

Anne aproximou os lábios dos dele, e perguntou em um jeito todo sensual que fez Gilbert suar frio, mesmo que por dentro estivesse fervendo.

- O que foi? O chuveiro está ficando quente demais para você? - sem aguentar mais, Gilbert esmagou os lábios dela com toda paixão dos seus, e deixou que ela o conduzisse para onde quisesse ir, por pouco não se amaram ali mesmo sem se preocupar com coisa alguma, mas, o bom senso prevaleceu, assim como a razão que lhe dizia que deveria ir mais devagar, pois estava perdendo a cabeça, e fazer as coisas sem pensar podia facilmente levar a atos inconsequentes.

Por isso, ele a afastou devagar, enquanto Anne o olhava confusa, sem entender por que ele a afastara em um momento tão íntimo entre os dois.

- Você me faz perder a cabeça. - ele disse ainda abraçado a ela, enquanto esperava que sua respiração voltasse ao normal.

- Eu pensei que você não corria esse risco. - Anne disse, beijando-lhe o ombro, fazendo Gilbert se arrepiar mais um pouco.

- Eu não sou um robô, Anne. Eu sou apenas um homem, e você tem me feito agir como um adolescente sem juízo. - Ele disse se afastando um pouco e olhando-a nos olhos, registrando em sua mente o quanto ela estava desejável naquele momento.

- Foi você quem começou, Dr. Blythe. - Anne disse brincando com os pelinhos escuros do peito de Gilbert.

- Eu sei, mas é que quando estamos juntos Eu não consigo pensar em mais nada a não ser em você e eu juntos – Anne sorriu ao ouvir aquelas palavras, e fez a próxima pergunta com todo o cuidado como se pesasse cada palavra:

- E isso é ruim? - Gilbert deslizou o polegar pelo rosto dela, e pensou como responderia àquela pergunta sem parecer hipócrita. Ela estava ali a uma semana, e passavam todas as noites juntos na mesma cama.   Era como se já fossem um casal, sem realmente terem estabelecido nada entre eles, e isso não lhe parecia certo. Mas, por mais que tentasse resistir, ele acabava vencido pelos sentimentos profundos que tinha por Anne, e ela bem pouco fazia para estabelecer limites, e ambos se perdiam em suas próprias vontades sem controle algum.

Anne era linda demais para o seu próprio bem. Amá-la todas as noites estava se tornando um vício. Quanto mais a tocava, mais a queria, e somente se dava por satisfeito quando a tinha por completo. Gilbert estava se tornando de novo prisioneiro do seu coração, e ele prometera que jamais cairia naquela loucura de novo, mas, pelo que podia perceber já tinha afundado até o pescoço.

- Eu não disse que é ruim. Eu somente acho que não é prudente. - aquelas palavras soaram vazias aos seus ouvidos, por que ele sabia que a prudência já tinha sido deixada de lado a uma semana atrás, quando ele voltara a fazer amor com ela.

- Do que tem medo, Gilbert? Eu lhe disse a uma semana que não queria nada de você, e que não haveria cobranças. Você fala como se eu ainda fosse uma criança que não soubesse o que está fazendo. Eu sou uma mulher adulta, não preciso que me digam o que certo ou errado, eu decido isso por mim mesma. – Anne se afastou de Gilbert, se enrolou em uma toalha e saiu do banheiro parecendo bastante aborrecida. Gilbert vestiu um roupão e a seguiu, puxando-a para seus braços assim que a alcançou

- Perdoe-me, Anne. Não quis te deixar chateada. Acho que me excedi. Eu estou acostumado a saber exatamente onde piso, mas, quando se trata de nós dois nunca sei para que direção seguir. - Anne levantou a cabeça, e pegou no rosto dele com as duas mãos, e disse:

- Eu sei que está magoado comigo, e não tiro sua razão. Mas, peço apenas que me deixe te mostrar que tudo que te digo é real, e que eu te amo de verdade, Gilbert. Eu juro que vou fazer você confiar em mim de novo, e vou esperar até que volte a me amar com o antes. - logo ela o beijou, e Gilbert sentiu naquele breve tocar de lábios todos os sentimentos não ditos e não confessados falarem por si só. Anne não sabia, mas ele já amava como antes, e como nunca deixara de amar, ele só não conseguia ainda deixar às claras, ou falar com todas as letras muito embora todos os seus atos já o delatassem abertamente.

Ele podia acabar com todas as dúvidas dela naquele instante. Bastava que lhe confessasse o que dissera a ela noites atrás enquanto Anne estava dormindo, mas, se sentindo um verdadeiro covarde ele apenas a abraçou apertado, acariciando seus cabelos ainda molhados do banho, enquanto a ouvia dizer:

- Vamos esquecer tudo isso, e viver o momento presente. Eu não quero estragar esse instante com discussões sem sentido. Estar com você é muito importante para mim.

- É importante para mim também. – Ele por fim confessou, dando-lhe um beijinho doce. – Acho melhor se vestir, antes que fique resfriada.

- Sim. Me espere para o café. – Ela disse se encaminhando para o guarda- roupa e escolher o que vestir, enquanto Gilbert ia para o próprio quarto pensativo.

Que grande enrascada ele tinha de metido. Quisera se preservar, mas estava aos poucos entregando a Anne tudo o que ela desejava, sem que pudesse evitá-lo. Ele estava completamente apaixonado e não conseguia mais fingir que o que o unia a Anne era apenas desejo. Não era somente o corpo dela que o prendia aos seus encantos, mas sim o conjunto inteiro. Gilbert nunca olhara apenas para aparência magnífica dela desde de sua tenra idade, ele fora além disso, e enxergara além de toda a beleza, até decifrar seu coração. E o que vira ali o deixara tão extasiado, que jamais encontrara alguém que superasse o valor que Anne tinha em sua vida.

Ele a queria para sempre, disso nunca tivera dúvidas, mesmo antes quando estavam separados e dizia que a esqueceria, ele sabia que estava mentindo descaradamente. Não conseguiria construir uma vida sem ela, e nem desejava ter uma vida se não fosse com ela, ele apenas não queria ir com muita sede ao pote dessa vez, e estragar tudo por causa de sua ansiedade em torná-la presença permanente em seus dias. Queria que caminhassem juntos, um passo de cada vez, e descobrissem aos poucos quais eram seus reais sonhos, e como realizá-los respeitando o espaço um do outro, não queria mais jogar seus sonhos em cima dela, sem saber se esses sonhos podiam de alguma forma se unirem aos dela sem deixar nenhum dos dois insatisfeitos.

Ele aprendera bem a lição ao ir para a Alemanha, e ignorar as necessidades de Anne naquela época. Ele sabia que o fizera por uma boa causa, mas fora egoísta o bastante, para deixar Anne para trás, e voltar depois do tempo que prometera a ela. Ainda assim, Gilbert pensara que ela o aceitaria de volta depois de ouvir suas explicações, mas calculara mal o peso da situação.

E ela pagara na mesma moeda ficando noiva de outro homem, e isso o magoara mais do que ela ter se recusado a perdoá-lo por sua falta com ela, mas também não era grave bastante para impedi-lo de amá-la, e isso ele teria que confessar a Anne cedo ou tarde.

Gilbert se vestiu para o trabalho, foi para a cozinha tomar café. Ele colocou a água e o pó na cafeteira, e quando Anne apareceu na cozinha, ele tinha preparado tudo. Ela se serviu apenas de café com leite e comeu uma torrada, o que ganhou um olhar de reprovação de Gilbert que a fez perguntar:

- Por que está me encarando assim?

- Será que alguma vez vai tomar um café da manhã decente?

- Gilbert, eu sempre como pouco de manhã, porque não tenho muito apetite a essa hora.

- Eu sei que vocês modelos precisam manter a forma, mas não acho realmente que você precise se privar de nada. Você é linda, Anne. - ela corou de prazer com as palavras dele, e Gilbert continuou fitando-a fixamente, observando com prazer a calça preta skinny que ela usava, e que se agarrava ás suas formas arredondadas, o camisete jeans, de mangas compridas que era justo o bastante para realçar seu busto, e os cabelos que ela prendera no alto da cabeça em um coque frouxo, deixando algumas mechas caírem por seu rosto. Ela parecia tão fresca aquela manhã como uma rosa silvestre, e ele tinha uma sorte imensa de ser a primeira pessoa do dia a vê-la assim.

Anne o olhou de volta, e fez a mesma inspeção em sua aparência que ele fizera da dela antes, e então disse provocando-o:

- Posso dizer o mesmo de você, Doutor. E devo confessar que você fica uma delícia vestido de branco. Eu nunca imaginei que essa roupa de médico te deixaria tão sexy. – Gilbert quase engasgou com o café que estava bebendo ao ouvir Anne falar daquele jeito. Ele nunca se importara ou sequer prestara atenção no efeito que sua aparência causava nas mulheres. Na faculdade, havia meninas bastante atiradas que lhe falavam todo tipo de coisa indecente, mas ele sempre tirara de letra sem sequer ficar vermelho ou se sentir constrangido. Porém, Anne o elogiava de um jeito que o deixava sem palavras, e sequer sabia o que dizer depois. Para disfarçar seu embaraço ele retrucou:

- Não exagere, Anne.

- E quem disse que estou exagerando? Cole concorda comigo, e aposto que metade do hospital onde você trabalha também. - Anne disse tomando um gole de seu café com leite.

- Cole? - Gilbert perguntou surpreso.

- Sim. Você tem um grande admirador, Dr. Blythe, com direito a fã clube e tudo.

- Nossa. Acho que nunca mais vou olhar para ele do mesmo jeito. - Gilbert disse se fingindo de sério, e Anne lhe deu um tapinha na mão que o fez rir.

- Não seja bobo, Gil. Você sabe que Cole gosta de rapazes desde criança, e é óbvio que ele não deixaria passar despercebido um homem lindo como você. -Anne respondeu com naturalidade, e Gilbert disse rindo:

- Nossa, Quantos elogios essa manhã. O que tenho que fazer para ouvir isso de você sempre? - ele perguntou divertido.

Anne se levantou, deu meia volta, se sentou no colo de Gilbert sem cerimônia e colou seus lábios nos dele, permitindo que suas línguas se enroscassem em uma dança de tirar o fôlego. O gosto dela era tão doce, que Gilbert teve vontade de se lambuzar naquele mel para sempre. Ele quase a carregou de volta para o chuveiro e terminar o que começaram de manhã. Então, Anne se separou dele, e disse baixinho somente para os ouvidos dele:

- Basta que me mantenha satisfeita, e terá todos os elogios que quiser. - Gilbert olhou nos olhos dela e descobriu que ali havia um convite irrecusável, mas teve que ignorá-lo, pois estava na hora de ir para o trabalho.

- Vai ter que esperar até que eu volte, e aí, podemos continuar essa conversa. - Ela acariciou-lhe cabelos e beijou-o novamente. Dessa vez o beijo foi calmo, e contornando o maxilar bem feito de Gilbert com as mãos, ela disse:

- Esse beijo é para que pense um pouquinho em mim. - como se ele precisasse de alguma coisa para fazê-lo se lembrar dela. Anne vivia em sua cabeça vinte e quatro horas por dia, e já se conformara com a ideia de que sempre seria assim.

Ela saiu do colo dele, e Gilbert se levantou, consultando sua hora no relógio e observando que iria se atrasar se não saísse naquele momento.

- Preciso ir, Anne. A gente se vê mais tarde. - ele lhe deu um selinho, e já estava abrindo a porta quando de virou e perguntou para Anne:

- Você ainda tem ciúmes das garotas com quem trabalho, Anne?

- Não, por que elas podem até babar por você, Doutor. Mas, sou eu quem o tem em minha cana todas as noites só para mim. - Gilbert não pôde deixar de dar uma gargalhada ao ouvir aquilo de Anne, e ainda estava sorrindo quando chegou no hospital àquela manhã.

- Você me parece de extremo bom humor, Gilbert. Teve boas notícias? - Gabriela perguntou, assim que Gilbert fez uma pausa para o café e estava sentado na sala dos médicos. Gilbert lhe sorriu de um jeito maroto, antes de responder:

- Tenho tido noites de sono melhores, apenas isso.

- E a Anne é responsável por suas noites de sono melhores? - Gabriela perguntou com certa malícia, e Gilbert ficou sem jeito. Não costumava discutir sua vida íntima com outras pessoas.

- Pode-se dizer que sim. - ele respondeu evasivamente.

- Quer dizer que ela continua em seu apartamento?

- Sim. Achei melhor que ela ficasse lá até se sentir confortável para voltar para seu apartamento. – Ele não contará sobre a ameaça que Anne vinha sofrendo para Gabriela. Quanto menos pessoas soubessem, mais seguro seria para Anne.

- Foi somente esse o motivo? - Gabriela perguntou olhando-o sorrindo.

- O que quer que eu diga, Gabriela? Quer saber se estou gostando de tê-la comigo? Sim, eu estou adorando ter Anne ao meu redor de novo, embora isso me deixe um pouco inquieto. - ele disse passando as mãos por sua nuca.

- Por que?

- Por que ela me faz perder o controle de um jeito que não deveria. - ele confessou.

- Não sabia que precisava de controle para se amar alguém. Achei que o amor fosse compartilhado e vivido livremente.

- No meu caso, viver esse amor livremente é passar de um limite ao qual não estou preparado. Eu já vivi nesse lado do meu coração, e não estou certo se quero me arriscar tanto.

- Eu juro que não te entendo, Gilbert. Você disse que não quer se envolver demais, mas, Anne passa todas as noites em sua cama. Isso é envolvimento demais para mim. - Gabriela disse sem realmente entender a linha de raciocínio de Gilbert.

- Eu sei que parece confuso. Eu não pretendia que as coisas acontecessem dessa maneira, mas, eu devia saber que com Anne nunca é tão fácil assim. Eu a amo muito, e isso complica tudo. – Gilbert suspirou alto.

- Do que tem medo Gilbert?

- De me perder totalmente no que sinto por ela, e não mais me encontrar.

- Ter medo não vai facilitar as coisas. Por que não diz que a ama de uma vez? Por que esconder algo que é óbvio para todo mundo? - Gabriela disse se sentando na poltrona vaga do consultório.

- Talvez eu diga um dia desses. - Gilbert respondeu olhando para o vazio.

- Espero que não demore muito, e que quando o fizer não seja tarde demais. - Gabriela disse com a voz grave.

Gilbert se pegou pensando nas palavras de Gabriela várias vezes naquele dia. Ele realmente não tinha mais como esconder o que sentia. Sua teoria de que deveria ficar longe de Anne tinha caído por terra, e ele precisava dela em sua vida como sempre tinha sido.

Anne não era fácil. Ela sabia ser mais orgulhosa que ele, mas Gilbert tinha que admitir que ela estava diferente de muitas maneiras. Ela não parecia mais exigir que ele concentrasse toda a sua atenção e energia em ficarem juntos todo o tempo. Não reclamava mais quando ele tinha que deixa-la para ir para o trabalho, e sua rotina estava muito mais leve com ela por perto. Talvez estivesse na hora de seguir os conselhos de Gabriela, e dar o primeiro passo, só não sabia ainda como.

ANNE

Fazia um bom tempo que Gilbert tinha saído para o trabalho, e Anne estava quase pronta para ir para o seu. Ela voltara a posar para fotos aquela semana, e estava fazendo uma propaganda de roupas e acessórios femininos, que também tinha em sua linha de produção roupas de banho.

Ela estava retocando a maquiagem ainda no apartamento, quando seus pensamentos se voltaram para Gilbert, e os dois juntos a poucas horas naquela manhã.

Fora uma deliciosa surpresa tê-lo como companhia no banho, pois ele parecia sempre relutante quanto a partilhar aquele tipo de intimidade com ela naquele semana em que ela estava hospedada ali, que não imaginara que ele de fato o faria.

Santo Deus! Ela ainda podia sentir aquele toque másculo em sua pele molhada, a água caindo sobre os dois como uma cascata de desejos evidente, e que naquele momento, conseguia ainda deixá-la ofegante com a lembrança.

Ela mordeu o lábio inferior como sempre fazia em momentos assim, como se tentasse capturar toda a cena revivida por ela naquele segundo e controlar as batidas de seu coração que parecia cavalgar em seu peito

O beijo dele, seu cheiro maravilhoso, e a maneira de segurá-la de um jeito tão íntimo, tornara tudo aquilo tão poderosamente mágico e sensual, que ela se sentiu presa em uma teia de sedução irresistível, e teria se entregado ali mesmo, se Gilbert não voltasse a ter seus ataques de consciência e interrompesse tudo. Mas, pensando consigo mesma, ela sorriu ao pensar que nunca imaginara que água e amor fossem uma excelente combinação, embora não tivessem chegado as vias de fato, somente pela intenção já havia válido a pena.

Ver Gilbert Blythe completamente molhado fora uma visão que não conseguir ia esquecer tão cedo. Os olhos castanhos estavam quase negros pela paixão que ele não conseguia esconder, seus cachos molhados caindo sobre a testa, enquanto gotículas de água escorriam pelo seu peito, descendo pelo abdômen perfeito e se perdendo em suas pernas musculosas. Ela nunca vira um homem tão magnífico em sua forma mais primitiva, e mesmo em seus anos de trabalho como modelo, onde havia corpos masculinos perfeitos de todas as formas e para todos os gostos, nunca se sentira tão impressionada e tão impactada com uma beleza masculina como aquela que se mostrava a ela ali, tão natural, tão poderosa e tão sexy. Gilbert Blythe não era só a perfeição em pessoa, ele era todo esculpido pelos deuses.

Anne amava aquele maxilar incrível tão lindamente desenhado, os lábios carnudos que lhe arrancavam todos os suspiros possíveis e inimagináveis, o nariz reto e o queixo de covinhas encantadoras que naquele rosto lindo era de uma simetria perfeita, o sorriso era um poço de pecado, e suas mãos fortes, mas delicadas, que reduziam seu corpo a gelatina, quando lhe mostravam por meio de toques suaves quantos paraísos elas podiam fazê-la alcançar.

De repente, ela se perguntou o que qualquer mulher faria por um homem como aquele, que era um anjo e ao mesmo tempo um convite aos prazeres da carne? Quem poderia resistir a um homem que sabia exatamente como fazer uma mulher se sentir desejada? Ela não tinha muita experiência naquele assunto, mas depois de ser amada pelo Dr. Blythe, ela duvidava que qualquer outro homem chegasse aos pés na comparação.

Ela terminou de se maquiar e se deu por satisfeita, mas continuou olhando para o espelho sem realmente ver nada, pois ainda estava perdida em suas recordações daquela manhã. Gilbert fugira dela no último minuto no banheiro, e ela pôde perceber que ele ainda lutava para manter seu controle, embora na última semana, ela o vira completamente entregue como ela a paixão que os consumia. Eram sentimentos densos que haviam dentro dele, e Gilbert queria escondê-los dela de qualquer maneira. Anne agora podia claramente compreender os medos que o impediam de ser dela totalmente, e esperava que Gilbert os superasse a cada dia um pouco mais. Ele tivera perdas doloridas em sua vida, e apesar de lidar com isso todos os dias em seu trabalho, Anne sabia que Gilbert não conseguia superar suas perdas pessoais com facilidade. Ele a perdera duas vezes, e uma terceira talvez fosse demais para que ele pudesse suportar, e cabia tão somente a ela convencê-lo que estava ali para ficar e que não iria para lugar algum.

Estava claro que ele a deixava chateada, quando ele a tratava feito uma garotinha ingênua que não sabia o que queria, quando provava todas as noites que era uma mulher feita, e estava ali por sua própria vontade e desejo. Mas, ele também sabia deixá-la nas nuvens com suas palavras, e na mesa do café da manhã naquele dia fora uma dessas vezes. Anne estava acostumada às pessoas dizendo o quanto ela era bonita, Mas, ela somente se sentia realmente assim, quando era Gilbert quem o dizia, porque ele conhecia seu eu verdadeiro, e não havia máscaras ali quando Anne o deixava ver como ela era, e por isso a palavra de Gilbert valia para ela mais do que a de qualquer crítico da beleza e da moda, e deixava que sua aparência exótica e incomparável descrita por eles, permanecesse na passarela quando ela encerrava um desfile, pois fora de lá ela não precisava dela. No mundo real ela era somente a Anne de Green Gables que lutava para trazer de volta seu amor do passado.

Ela deixou o apartamento e desceu pelas escadas. Ainda não se sentia confortável em pegar o elevador, e em seguida, ele chamou um táxi e enquanto esperava por ele, ela checou suas mensagens.

A primeira era de Francesco dizendo que já estava na cidade, e queria saber se podiam almoçar ou jantar juntos naquela semana, e Anne acertou logo um horário de almoço para o dia seguinte, pois queria devolver a Francesco o anel de noivado e terminar com ele de uma maneira decente. Naquela dia ela também teria um desfile para mostrar algumas roupas da nova coleção outono-inverno de algumas grifes famosas, e Anne estaria desfilando pela Gucci. Ela tinha avisado Gilbert na noite anterior, mas, como ele não era muito ligado em coisas relacionadas à moda, ela tinha quase certeza de que ele esqueceria, por isso deixara um lembrete na porta da geladeira.

O táxi chegou, e Anne entrou nele, e continuou checando o resto de suas mensagens. Suas amigas de Avonlea iriam chegar só na próxima semana, pois houvera um atraso na viagem, mas, todos os planos estavam de pé, e Anne que arrumasse um tempo, pois seria a anfitriã delas em Nova Iorque. Anne riu do teor leve da mensagem, e logo se deu conta de que precisava procurar por um apartamento novo. Não estava com vontade de voltar para o antigo, e também não poderia dispor do apartamento de Gilbert para hospedar suas amigas. Ela tinha tirado boa parte da privacidade dele, e não seria direito impor-lhe a presença de visitas inesperadas. Era engraçado pensar em quantas coisas faziam como um casal, sem serem oficialmente um, mas ela estava satisfeita como as coisas estavam entre eles, embora desejasse mais, ficava feliz de Gilbert querê-la por perto. Ele agia como se a amasse, só que nunca se declarava abertamente, porém teve um dia, quando estava adormecendo que pensara tê-lo ouvido dizer que a amava, mas acabou se convencendo de que sonhara com as palavras que queria tanto que ele lhe disse novamente como fizera um dia. E Anne torcia para que isso acontecesse logo, pois ai poderia começar a sonhar com a possibilidade de ser a esposa e mãe dos filhos de Gilbert Blythe, em um futuro quem sabe não tão longínquo.

Ela desceu do táxi e esbarrou em alguém sem querer, e quando se virou para pedir desculpas seu coração deu um pulo desnorteado, e seu estômago ficou enjoado de repente ao dar de cara com Billy Andrews.

- Billy! - ela disse assustada.

- Que mundo pequeno, Anne. Mas, não posso dizer que a surpresa seja desagradável. – Ela sentiu nojo ao perceber como ele a olhava, e Anne desejou que não o tivesse encontrado. Em uma cidade tão grande como Nova Iorque, ela tinha que cruzar logo com aquela criatura infame?

- O que faz aqui, Billy? - ela perguntou, dando um passo para trás em uma tentativa de fugir do cheiro de álcool que Billy exalava em seu hálito fétido e desagradável.

- Eu vim entregar alguns materiais para o desfile de amanhã. Eu trabalho para uma transportadora importante, e viajo por todo o país. - Ele disse todo orgulhoso de si mesmo.

- Quem bom para você. Agora se me dá licença, preciso entrar. - Anne disse, louca para se livrar daquele presença indesejada, mas Billy a impediu ficando em seu caminho.

- Por que a pressa? Será que não podemos ir para algum lugar tomar um café juntos? - ele perguntou continuando a olhá-la maliciosamente.

- Não posso. Preciso trabalhar. – Anne respondeu, rezando para que ele a deixasse em paz logo.

- Ah, claro. Você vai participar do desfile. Vi uma foto sua no anúncio. Bem de qualquer forma vou te deixar o meu cartão, quando tiver um tempinho me liga, e a gente marca alguma coisa. - Billy disse, entregando a Anne um cartão o qual ela pegou relutante.

- Claro. Agora, preciso ir. Até logo.

- Até. - ele respondeu. E Anne apressou o passo. Quando se viu longe das vistas dele, ela rasgou o cartão e o jogou no lixo, sentindo arrepios gelados subirem pelo seu corpo ao pensar em Billy Andrews tão próximo dela em Nova Iorque.

Quando entrou na agência, seu sinal de mensagens apitou novamente, e seu humor melhorou completamente quando viu no visor do telefone uma mensagem de Gilbert que dizia "BOM TRABALHO," e embaixo um emoji de coração. O sorriso voltou ao seus lábios, e ainda estava assim completamente encantada quando Marilyn a viu e comentou:

- Que cara mais apaixonada é essa?

- Está tão óbvio assim? - Anne disse um tanto envergonhada.

- Sim, esses olhinhos brilhando contam tudo. É o Gilbert não é?

- Sim – Anne disse rindo de orelha a orelha

- Eu suspeitava. Também, com um homem como aquele, até eu acordaria sorrindo todos os dias. Me conta, ele tem pegada? - Marilyn disse baixinho.

- Marilyn, não seja indiscreta. – Anne disse sem graça.

- Ah, você ficou vermelha. Isso quer dizer que o Dr. Blythe além de lindo, é gostoso. - a garota loira disse sorrindo.

- Preciso me vestir, ou Mike vai ficar bravo. Ele detesta quando as modelos se atrasam para as fotos. Anne disse, indo para o camarim das modelos, fugindo de vez daquela conversa indiscreta- Marilyn era tão liberal que adorava se divertir com a timidez de Anne para certos assuntos, mas também era uma amiga leal, e a ruivinha a adorava.

Quando ela terminou a última sessão de fotos, Anne voltou para casa, e uma hora depois Gilbert também chegou, e a olhou surpreso ao vê-la com um jornal na mão, consultando as páginas de classificados.

- Está querendo comprar alguma coisa, Anne? – ele perguntou colocando sua maleta médica sobre o sofá.

- Sim. Estou procurando um apartamento. - ele pareceu levar um susto com o que ela dissera, e depois quis saber:

- Por que está procurando por um apartamento? - ele se aproximou e ficou em pé ao lado dela, que estava sentada na sala de estar com o jornal aberto em cima da mesa.

- Por que não quero voltar para o antigo, e preciso de um lugar para morar. - ela respondeu, circulando alguns anúncios com caneta marca texto laranja.

- Você já tem um lugar para morar. - Ela desviou olhar do jornal e encarou Gilbert

- Está me convidando para morar com você? - ele não respondeu, ficando completamente sem graça com a pergunta dela.

- Foi o que pensei. – Ela disse rindo, voltando os olhos para o jornal novamente.

- Anne, você pode ficar aqui o quanto quiser. - Gilbert disse e Anne respondeu:

- Eu sei, mas quero ter no meu próprio canto.

- Já se cansou de viver comigo? - Gilbert parecia magoado, e Anne deixou o jornal de lado, se levantou do sofá, abraçou-o pela cintura e respondeu:

- Eu nunca vou me cansar de morar com você. Mas, você precisa do seu espaço, e eu do meu. Não quero abusar de você mais do que fiz até agora. Gilbert não disse nada, mas ficou por um longo tempo olhando para Anne sem desviar os olhos de seu rosto

- Por que está me olhando assim, Gilbert?

- Porque estou louco para te beijar. - e sem esperar que ela respondesse, ele tomou os lábios dela com paixão, fazendo Anne ficar completamente tonta. E antes de afundar suas mãos na nuca de Gilbert, e aprofundar o beijo, seu único pensamento foi que deixaria aquele assunto do apartamento para mais tarde, e depois se perdeu completamente no fogo ardente daqueles lábios contra os seus e não pensou em mais nada.

ANNE E GILBERT

- Anne, você tem mesmo que encontrar esse cara? - Gilbert perguntou com as feições sérias, enquanto olhava Anne se arrumando para ir ao almoço com Francesco.

- Preciso. Eu tenho que devolver o anel de noivado que não me pertence mais, e também preciso terminar com ele de uma forma decente. - Anne explicou, mirando Gilbert pelo espelho enquanto penteava os cabelos.

- Achei que já tinha terminado tudo com ele. - Gilbert disse tentando esconder o ciúme de ver Anne se arrumando toda para seu almoço com seu ex-noivo, mas era difícil não sentir a ira queimar dentro dele, quando a via tão maravilhosa em um vestido verde justo de renda que exibia suas curvas quando ela andava.

- Eu terminei, mas foi por mensagem. E acho que Francesco merece mais do que isso pelo respeito que sempre teve por mim. - Anne aplicou um batom em tom marrom sobre os lábios enquanto analisava as reações de Gilbert. Ele tinha o maxilar travado e não sorria, demonstrando claramente sua contrariedade. Anne sabia que ele nunca aprovara seu relacionamento com Francesco, mas o que ela via ali era ciúme puro. Embora estivesse adorando aquilo, não queria que ele ficasse zangado com ela, pois estavam tendo uma fase tão boa juntos, e não queria que existisse nenhuma tensão entre eles.

Ela se levantou de onde estava, e abraçou Gilbert pela cintura dizendo carinhosamente.

- É somente um almoço entre amigos, Gilbert. Prometo que não vou demorar.

- Eu sei, Anne. É só que...- ele não conseguia dizer o que se passava em sua mente. Como ia dizer a ela que detestava a ideia de vê-la se encontrar com um homem com quem até outro dia ela iria se casar? Como poderia confessar que desejava que ela estivesse se arrumando daquele jeito para ele, e que ela estava tão linda que fazia seu coração suspirar por ela? Gilbert estava tomando coragem para confessar que a amava, mas não achava que aquele fosse o momento certo, por isso, não encontrava o que dizer para justificar sua reação negativa.

- Gil, não fica assim. Não quero te ver chateado comigo. Eu preciso mesmo fazer isso. - Anne implorou com seu olhos sobre ele, e Gilbert não conseguiu desviar os dele daquele rosto delicado.

- Eu não estou chateado com você, e entendo sua posição. Vocês tiveram um relacionamento e é justo que conversem sobre ele e resolvam tudo. Perdoe-me pela minha idiotice de agora pouco. - Anne sorriu, e acariciou o rosto dele, tentando fazê-lo relaxar sua expressão tensa.

- Obrigada por entender. - ela disse, e o beijou. Ia ter que retocar o batom depois, mas, pouco se importava. Não conseguia resistir aquela boca provocante tão próxima a sua.

Gilbert a envolveu toda em um abraço, e explorou-lhe a boca tão lentamente que prolongou o beijo o quanto pôde, aspirando o perfume da pele dela de pêssego, sentindo-se tentado a não deixá-la sair, mas não podia impedi-la de ir aquele encontro, não queria parecer possessivo e nem tinha esse direito, Anne era livre e podia fazer o que quisesse sem dar-lhe satisfação nenhuma, mesmo que isso o desagradasse profundamente.

O beijo terminou, mas, Anne não se afastou dele imediatamente, ao invés disso, ela continuou abraçada à Gilbert, apreciando aquele momento com ele assim como todos os outros, e se não fosse pela consideração a Francesco ela não largaria dele o dia todo. Ele estava de folga, e nada daria mais prazer a ela do que ficar no apartamento trocando carinhos com ele, mas sua consciência pedia, e precisava dar um fim em sua história com seu ex-noivo de maneira tranquila e sadia. Sua vida já estava cheia de dramas demais para arcar com mais um.

- Gil, você sabe que nunca senti nada por Francesco. Esse noivado foi um erro, e imaturidade de minha parte. Eu juro que vou terminar com essa situação o mais rápido possível, e vou voltar logo para você.

Ele apenas assentiu, pois sabia que qualquer coisa que dissesse ia apenas revelar como se sentia por dentro. Ele nunca fora ciumento daquele jeito, mas com Anne nada era como devia ser. Tudo era demasiadamente grande em todas as suas extensões, ele amava demais, a queria demais, e estava a um passo de morrer de ciúme de um homem que ele mal conhecia.

Anne dissera que não sentia nada por Francesco, mas, ele a tivera, mesmo que isso tivesse durado por pouco tempo, e pensar nos dois juntos tendo o mesmo tipo de intimidade que ela partilhava com Gilbert agora, o deixava maluco.

Ele a viu retocar o batom, sorrir-lhe de maneira carinhosa, e depois dizer antes de sair:

- Você se lembra que hoje é o meu desfile, não é? Eu sei que isso não é o tipo de coisa que te agrada, mas me promete que vai estar lá? É importante para mim. - Gilbert retribuiu o sorriso enquanto dizia:

- Nada me faria perder a oportunidade de vê-la desfilando. Você é tão maravilhosa em cima de uma passarela quanto fora dela. Gabriela disse que também irá. Ela tem uma irmã que é sua fã, mas, não poderá comparecer ao desfile pois está doente, por isso, encarregou Gabriela de registar todos os momentos importantes.

- Fico feliz com isso. Vou gostar de vê-la novamente. Gabriela é uma ótima pessoa. - Anne disse alargando ainda mais seu sorriso. – Agora preciso ir. O táxi está esperando lá embaixo. Espere por mim, estarei de volta em duas horas. - ela atirou um beijo no ar para Gilbert, e saiu pela porta deixando-o inquieto.

O jovem médico tentou ocupar seu tempo enquanto Anne estava fora, mas, seus pensamentos o impediam de se concentrar. Ele mudou de posição várias vezes na cadeira onde estava sentado, e leu o mesmo parágrafo de um artigo que estava estudando várias vezes, porque não conseguia entender uma linha sequer. Seus olhos estavam grudados no relógio que parecia zombar dele enquanto seu ponteiro deslizava devagar pelos segundos e minutos, e ele se viu contando cada espaço entre os números em uma impaciência sem fim.

Anne dissera que voltaria em duas horas, mas, Gilbert percebeu que para ele seria o dobro do tempo, por isso, antes que ficasse completamente louco, ele saiu para correr naquele dia ensolarado de Nova Iorque que contrastava enormemente com sua crise de mau humor.

Enquanto isso, Anne chegava ao restaurante onde Francesco a esperava. Quando a viu chegar, ele disse sorrindo e beijando-lhe as mãos:

- Cara, come Stai?

- Estou bem, e você? - Anne o cumprimentou beijando-o no rosto.

- Bene. Grazie. - ele lhe puxou a cadeira, e Anne se sentou em frente à ele, examinando-lhe a aparência bem disposta. Francesco não parecia estar chateado com o fim do noivado, e Anne se sentiu aliviada por isso, pois não estava disposta a enfrentar nenhum clima tenso naquele dia.

Eles fizeram os pedidos, e logo que o almoço foi servido, Anne abriu a bolsa, pegou a caixinha com o anel de noivado que ele lhe dera, o estendeu a ele, dizendo:

- Espero que encontre alguém mais apropriado para usá-lo.

- Tem certeza que não quer reconsiderar? .- ele disse, pegando a caixinha do anel e colocando-a no bolso.

- Não posso Francesco. Ficou lisonjeada por ter pensando em mim para ser sua noiva, mas, não daria certo, eu não te amo e você também não me ama. Seria um casamento apenas baseado na amizade, e confesso que ainda sonho em me unir a um homem por amor. - Anne disse olhando para o próprio prato de salada.

- Eu entendo. Você é jovem, e tem direito a viver sua história de amor. Eu já estou velho para acreditar neste tipo de ilusão. Mas, posso te fazer uma pergunta, cara?

- Claro. - Anne levantou o olhar e Francesco sorriu dizendo:

- Quem é o cara de sorte?

- O que? - Anne perguntou confusa.

- Uma garota que termina um noivado por telefone e com tanta pressa só pode estar apaixonada por outro homem. - Anne ficou sem jeito com a afirmação de Francesco e perguntou:

- Como pode saber se estou apaixonada?

- Seus olhos te denunciam cara, estão mais brilhantes que o normal. E posso até arriscar um palpite. O dono de seu coração é o Dr. Gilbert Blythe, não é? - Anne corou ao ser pega de surpresa, e quis negar, mas, achou que seria besteira, pois não tinha que esconder o que sentia.

- Sim. Como descobriu?

- Você me disse uma vez que eram amigos, mas, não pude deixar de notar a maneira como ele te olha quando estão próximos, e você também disfarça bem pouco o que sente por ele, portanto, não precisa ser um gênio para perceber que vocês se gostam. - Francesco concluiu, tomando calmamente seu uísque com gelo.

- Sinto muito, Francesco. Não sei o que dizer. - Anne disse de cabeça baixa, muito envergonhada por seu comportamento. Nunca imaginara que declarava seu amor por Gilbert abertamente, e fora realmente uma tola ao imaginar que conseguiria esconder algo assim de um homem como Francesco.

- Não sinta, cara. Estar apaixonado é a melhor coisa do mundo. Eu também já amei muito uma mulher, mas por princípios familiares tive que deixá-la e ela nunca me perdoou por isso. - Francesco confessou pensativo.

- Que pena Francesco. Você não poderia tentar concertar tudo agora? - Anne perguntou surpresa com a história que Francesco lhe contara.

- Não, agora é tarde demais para isso. – Ele disse encerrando a conversa naquele ponto, e Anne percebeu que ele não estava mais disposto a continuar a falar no assunto. Quanto se despediram uma hora depois, ele lhe deu um beijo no rosto e falou:

- Diga ao Dr. Blythe que ele é um cara de sorte. - Anne assentiu, louca para chegar ao apartamento e ver Gilbert. Duas horas longe dele parecia um dia inteiro sem vê-lo.

O trânsito estava calmo naquele horário, e Anne agradeceu aos céus por isso. Em quinze minutos estava em casa, e quando entrou, ela encontrou Gilbert todo suado e ofegante como se tivesse corrido uma maratona.

- Você saiu para correr a essa hora? - Anne estranho aquele fato, pois Gilbert sempre dizia que o melhor horário para uma corrida era de manhã.

- Estava precisando relaxar. – Ele disse disfarçando seu alívio por ela ter finalmente voltado.

- E por que estava precisando relaxar? O que te deixou tão tenso para que precisasse se desidratar em pleno sol do meio dia? - Gilbert olhou para ela se perguntando como ela poderia não saber? Estava escrito na testa dele desde a hora que ela saíra.

- Você sabe porquê. - ele respondeu olhando-a intensamente. Ela se aproximou e o abraçou enquanto Gilbert tentava se afastar dizendo:

- Anne, estou todo suado e precisando de um banho.

- Eu não me importo. Estou morrendo de saudades, Dr. Blythe. Não via a hora de voltar para casa e para você. – Gilbert sentiu uma alegria inesperada ao ouvi-la falar daquele jeito. Ele também tinha esperado impacientemente pela volta dela, e agora que ela estava ali, tudo parecia estar em seu lugar novamente.

- E como foi tudo com seu ex-noivo? - ele perguntou acariciando os cabelos dela.

- Está tudo resolvido. Francesco entendeu completamente a situação. Nos despedimos como amigos. – Anne respondeu tocando o rosto dele.

- Fico contente que tudo tenha terminado bem. - ele disse sorrindo de lado

- Eu também.

- E o que vai fazer o resto da tarde? - ele perguntou ainda com as mãos nos cabelos dela.

- Ritual de modelo antes de um desfile. Acho que não vai te agradar nem um pouquinho. - Anne disse com um sorrisinho engraçado.

- Por que não?

- Porque inclui todas aquelas coisas com as quais os homens não têm paciência. Cabelereiro, manicure, limpeza de pele, banho de relaxamento.

- Acho que me interessei pelo banho de relaxamento. - Gilbert disse com um sorriso malicioso.

- Sinto informar-lhe, mas este banho não inclui companhia. - Anne riu ao ver a cara amuada que Gilbert fez ao ouvir aquilo e comentou. - Para quem não queria tomar banho acompanhado, o Doutor mudou de ideia rapidinho.

- Você está me deixando mal acostumado. - Gilbert disse apertando a cintura dela.

- Eu posso te compensar mais tarde se quiser. - Anne respondeu cheia de ideias, sua imaginação a levando para bem longe.

- Promete?

- Prometo.

- Então, acho que posso aguentar mais um pouco. - Gilbert disse beijando-a de leve nos lábios, depois acrescentou- Vou tomar banho, e depois tenho alguns artigos para ler. A que horas começa esse seu ritual de preparação?

- Daqui a duas horas. O desfile é as oito, mas temos que estar prontas uma hora antes. – Anne explicou já se sentindo exausta com tudo que teria que fazer. Quem achava que vida de modelo era puro glamour não sabia quanto trabalho e quanto desgaste emocional aquilo envolvia.

- Precisa que te ajude com alguma coisa? - ele perguntou prestativo.

- Não, Gil . Apenas espero que tenha paciência comigo hoje, pois daqui a duas horas somente vou conseguir te ver depois do desfile. - Anne disse preocupada com o quanto aquilo poderia aborrecê-lo.

- Fique tranquila, querida. Prometo que vou ser paciente. Agora vá cuidar de suas coisas e não preocupe comigo, te encontro lá à noite. - Anne quase não prestou atenção na última frase de Gilbert, pois seu cérebro tentava entender se ele tinha mesmo a chamado de querida ou ela tinha imaginado aquilo.

Duas horas depois, ela estava se preparando para o desfile e pensando em Gilbert quando Cole ligou;

- Olá, meu amor. Como você está?

- Estou bem, mas fiquei triste com o seu recado. Não vai mesmo poder vir ao desfile? – a voz dela soou decepcionada e Cole respondeu:

- Sinto muito. Preciso encerrar esse trabalho de escultura e só ficarei livre na próxima semana.

- Tudo bem. Eu entendo.

- Mas, não pense que com isso vai escapar de me contar como estão as coisas com a delícia de Doutor. - Anne riu e respondeu baixinho.

- Quentes.

- Menina, você realmente sabe como enfeitiçar um homem. – Cole disse com malícia.

- Na verdade, me interesso em enfeitiçar apenas um. - e ambos riram totalmente descontraídos com aquela conversa.

- Mas, me conta uma coisa. - Cole disse mais sério. – Você está se cuidando?

- Cole, não sou nenhuma criança. É claro que estou me cuidando. Eu já te disse que conheço métodos anticoncepcionais, e Gilbert é médico, portanto, somos bastante responsáveis quanto ao nosso relacionamento adulto.

- Desculpe me, Anne. Não quero te aborrecer com isso. Estou apenas cuidando de minha irmãzinha caçula. – Cole disse carinhoso.

- Eu sei. Você e Diana sempre conversaram muito comigo sobre sexo seguro, agradeço a vocês por isso. Mas, pode tirar seu cavalinho da chuva, pois não tem chance nenhum a de você se tornar tio tão cedo.

- Ah, eu já estava sonhando com um casal de sobrinhos para estragar de tanto mimos – Cole disse divertido.

- Eu também sonho em ter um filho um dia, desde que o pai seja Gilbert. – Anne disse com a voz sonhadora.

- Tenha mais um pouco de paciência, e conseguirá tudo o que quiser.

- Eu espero que sim.

- Bem querida. Preciso voltar ao trabalho. Boa sorte no desfile.

- Obrigada, Cole. - Anne desligou ainda sorrindo. Conversar com Cole era sempre estimulante, e o jeito que ele cuidava dela como um irmão sempre a emocionava muito. Esperava tê-lo em sua vida para sempre, pois além de seus pais adotivos, sua tia Amélia, Diana e Gilbert, ele era uma das pessoas que mais lhe importavam na vida.

A hora do desfile chegou e com ela toda a ansiedade que acometia todas as modelos, e Anne não era exceção. Todas queriam fazer um bom desfile, e o fantasma de um salto quebrado ou um escorregão na passarela sempre parecia assombrá-las, pois qualquer deslize por pequeno que fosse poderia ofuscar o brilho do desfile, e não seria esquecido tão cedo pelas mídias sociais, e pelos fofoqueiro de plantão que adoravam comentar sobre a desgraça alheia.

Antes de entrar na passarela, Anne recebeu uma orquídea linda com um cartão de Gilbert desejando-lhe boa sorte, e foi como se toda a tensão tivesse saído de suas costas. Gilbert estava ali e tudo sairia bem.

Assim, ela entrou na passarela usando um vestido branco cheio de minúsculas pedrinhas brilhantes que tinha uma parte maior atrás, e na frente era mais curto, exibindo suas pernas perfeitas. A alça era presa no pescoço, deixando quase todas as suas costas à mostra, fazendo todos que a observavam suspirarem por sua beleza, inclusive Gilbert que não tirava os olhos dela.

E enquanto desfilava, Anne sentia como se ali só existissem os dois. Seu olhar se prendeu no dele, e era como se flutuasse ao invés de caminhar, sentindo os braços de Gilbert ao seu redor, os beijos em sua pele e a suavidade do toque em cada fibra do seu ser. Era para ele que exibia e tão exclusivamente para ele todos os seus encantos de mulher. Gilbert sentiu a magia entre eles, a cada movimento que ela fazia, ela girava e ele a sentia em seus braços, ela sorria e ele ouvia a voz dela em seus ouvidos, ela jogava os cabelos rubros para trás com elegância e charme, capturando toda a atenção dele, sem que ele sequer conseguisse respirar. Como não sentir o peito explodir de orgulho por aquela obra de arte em forma de mulher que acabara de desfilar sua graça para várias pessoas, ao mesmo tempo em que o acariciava com seu olhar todo azul e iluminado?

- Dr. Blythe, precisa de um lenço para enxugar sua baba? - Gabriela disse zombando dele ao ver seus olhos apaixonados seguirem todos os movimentos de Anne.

- Eu não posso ter dado tanta bandeira assim.- Gilbert riu sem graça.

- Quer que eu te mostre a foto que tirei de sua cara? Vai acabar com sua reputação de cirurgião respeitável e durão. - Gabriela disse continuando a zombar dele.

- Não precisa. Tenho certeza de que é verdade. Não consigo mais disfarçar o óbvio. - ele admitiu.

- Ainda não disse a Anne que a ama? - Gabriela perguntou séria.

- Ainda não. – Ele admitiu com relutância.

- Devia fazer isso hoje. - Gabriela o aconselhou, e Gilbert não disse nada.

Enquanto isso nos bastidores, depois de terem retornado à passarela para serem aplaudidas pela última vez naquela noite pelo seu ótimo desempenho, as modelos se abraçavam compartilhando com as amigas o sucesso do desfile.

Anne estava conversando com Marilyn enquanto ambas passavam um creme desmaquilantes no rosto para remover a maquiagem pesada, quando um funcionário do desfile se aproximou e disse:

- Srta. Cuthbert, me pediram para entregar-lhe essas rosas. - Anne ficou espantada com o tamanho do buquê de rosas amarelas. A pessoa que as enviara com certeza devia saber o seu gosto por flores, porque aquelas rosas eram suas favoritas. Ela murmurou um obrigada, pegando o buquê nas mãos e lendo o cartão que vinha com ele e que dizia:

"Parabéns pelo desfile princesa".

Anne estava tão absorta tentando descobrir pela caligrafia do cartão quem poderia ter lhe enviado aquelas flores, que não percebeu o perigo eminente. Um guizo estranho se fez ouvir, e ela só teve tempo de ouvir Marilyn gritar enquanto lhe tomava o buquê das mãos:

- Anne cuidado! - a ruivinha viu apenas a cabeça de uma pequena serpente surgiu no meio das rosas e picou Marilyn no braço, fazendo a amiga cair no chão, enquanto a cobra rastejava pelo chão entre as modelos que ali estavam, e que começaram a gritar desesperadas. Logo, funcionários que trabalhavam no desfile correram para capturar a cobra e a tirando dali para a segurança das garotas que choravam sem parar.

Anne, apesar do choque, se ajoelhou ao lado da amiga que começava a passar mal por causa do veneno da cobra, e pediu a uma das modelos que ficara ao lado de Marilyn para tentar ajudar a garota que começava a respirar com dificuldade:

- Por favor, corra até a plateia e procure pelo Dr. Gilbert Blythe. Ele está usando jeans e camisa cinza, e tem os cabelos escuros cacheados, e peça a ele para vir até aqui imediatamente. - A garota assentiu com a cabeça e saiu correndo, enquanto Anne segurava na mão da amiga e dizia:

- Tudo vai ficar bem, querida. Confie em mim. - Marilyn apenas a olhou com seus olhos aterrorizados sem conseguir falar, fazendo o peito de Anne se encher de aflição.

Em poucos segundos, Gilbert apareceu seguido por. Gabriela, e começou a examinar Marilyn enquanto a médica ligava para o hospital e pedia que deixassem tudo pronto para a paciente que seria levada para lá imediatamente.

Com a ajuda de algumas pessoas do desfile, Gabriela e Gilbert colocaram a modelo no carro da médica que disse a ele:

- Vou levá-la para o hospital, e você, fique com a Anne, pois ela não parece nada bem. - Gilbert concordou e caminhou em direção à ruivinha que estava pálida e tremia em estado de choque.

Ele pegou o rosto dela com as suas mãos e perguntou:

- Anne, você está bem? - ela olhou para Gilbert com o rosto cheio de terror, se agarrou a ele e começou a chorar sem parar. Ele lhe acariciou os cabelos e disse:

- Calma, amor. Eu estou aqui. - O choro dela era sentindo, e Gilbert continuou a falar com ela com ternura, até que Anne se acalmou, e ficou apenas abraçada a ele com a cabeça enterrada em seu peito.

A polícia foi chamada, mas não conseguiram encontrar nenhum sinal da pessoa que entregara as rosas para Anne. Ela foi interrogada para dar seu depoimento sobre o ocorrido, e foi liberada para ir embora.

Quando ela se reuniu a Gilbert de novo, ele a esperava e lhe perguntou assim que a viu:

- Como se sente?

- Estou bem, Gil. Eu queria saber sobre Marilyn. – a voz dela tremia, e só de imaginar que algo de pior poderia acontecer a sua amiga por sua causa, Anne se sentia terrivelmente mal. Toda aquela situação estava se tornando perigosa demais, e colocando em risco as pessoas ao seu redor. E o pior era que não tinha ideia nenhuma de quem poderia ser. Apenas esperava que essa pessoa fosse pega antes que mais alguém saísse machucado.

- Vou ligar para o hospital assim que chegarmos em cada. Eu prometo. - ela concordou sem dizer mais nada.

Logo, estavam em casa e Anne continuava nervosa com tudo o que acontecera. Ela mal tocara na comida servida por Gilbert deixando-o preocupado. Ela vinha tendo vários episódios assim por conta do nervosismo, e ele sabia que isso não lhe faria nenhum bem. Por isso, enquanto lhe preparava um chá, ele ligou para o hospital, e ficou sabendo que Marilyn já estava melhor e logo poderia receber visitas. Ao saber da notícia, Anne pareceu ficar aliviada, mas isso não mudou muito a maneira como Anne estava lidando com a situação.

Gilbert estava indo para o quarto quando a ouviu chorar no banheiro. Ele foi até lá, e a encontrou sentada no chão e com a cabeça entre as mãos. Gilbert pegou Anne no colo e a levou para o quarto dele, enquanto ela escondia seu rosto no ombro dele.

Com cuidado, o rapaz a colocou na cama enquanto a abraçava e dizia:

- Anne, não fique assim. Marilyn vai ficar bem. Gabriela a levou para o hospital a tempo, e em breve ela irá para casa.

- Isso não muda o fato de que alguém tentou me matar, Gilbert. Quem pode me odiar tanto a ponto de desejar minha morte? - ela dizia por entre lágrimas.

- Nada de ruim vai te acontecer, eu não vou deixar. Eu te protejo. - Gilbert beijava -lhe o rosto tentando fazê-la sentir-se segura.

- Como vai me proteger, Gil? Você não tem como prever o que vai acontecer comigo daqui a um minuto? - ela disse em desespero.

- Vou te proteger com o meu amor. - ele respondeu, seus olhos pregados nos dela sem conseguir desviá-los daquele rosto vermelho e inchado pelo choro, mas mesmo assim não menos belo. O coração de Anne bateu violentamente dentro do peito e ela disse sem conseguir acreditar em seus próprios ouvidos.

- O que disse?

- Ser a que não entendeu ainda que te amo, Anne, como eu sempre amei e sempre vou amar? - Gilbert lhe sorria confirmando o que dissera, e Anne sentiu o mundo todo se iluminar apagando a angústia que sentia. Anne não esperou um minuto sequer, e o beijou com uma fúria que surpreendeu a ambos, seus lábios se perdendo um no outro, suas mãos se tocando de todas as formas possíveis.

De repente, não havia mais roupas entre eles, e seus corpos de deliciavam com o toque um do outro, e a emoção do que sentiam era tão grande quanto a paixão que os devorara vivos. Gilbert manteve Anne presa sob seu corpo, onde poderia saborear cada centímetro dela com seus lábios, fazendo-a gemer várias vezes o seu nome, deixando-o perceber o quanto ela estava tomada por sensações poderosas tanto quanto ele que sentia se derreter de desejo sob os lábios dela que o levaram várias vezes ao limite de sua resistência. E pela primeira vez, ele não teve medo e nem reservas ao se entregar a paixão e ao amor que acontecia entre eles sem nenhum obstáculo ou barreiras. Assim, o prazer explodiu mais uma vez em cada átomo de seus corpos, e Anne sentia que era levada por um furacão de volúpia que a fez gritar o nome de Gilbert no momento final, em que ele assim como ela perdeu todo o seu controle.

Depois de alguns minutos, eles voltaram a se beijar de maneira calma, e Anne se aninhou nos braços de Gilbert sentindo-se completamente protegida e amada.

- Eu não acredito que você me disse que me ama. – Anne disse sorrindo de leve, feliz pela confissão de Gilbert.

- Eu pensei que tivesse percebido. Não conseguia mais esconder esse sentimento dentro de mim. – Ele disse acariciando o rosto dela com a ponta do nariz.

- Eu também te amo, Gil, desde os meus catorze anos.

- Eu sei que fui um tolo, e devia ter te dito antes, mas é que eu estava magoado. Você não sabe o quanto eu sofri ao imaginar você nos braços de outro homem como estamos agora.

- Mas, não tinha motivo nenhum. Nenhum homem jamais me tocou além de você. – Anne respondeu tocando todo o rosto de Gilbert com seus dedos.

- Como assim? Pensei que você e seu ex-noivo tivessem sido íntimos – ele perguntou encantado com o que Anne acabara de lhe contar.

- Não, Francesco sempre me tratou com respeito, e nunca foi mais longe do que um beijo. - o sorriso de Gilbert se alargou, e ele a pegou novamente no colo, e Anne perguntou surpresa.

- Para onde está me levando?

- Para o chuveiro. Quero terminar o que começamos ontem de manhã. – Anne sentiu um arrepio com a cena que se formou em sua mente, e foi a última coisa na qual pensou, antes de mergulhar de cabeça mais uma vez naquele fogo que Gilbert acendera em seu corpo e que queimaria por ele eternamente

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