Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Olá, queridos leitores. Como disse antes. essa semana está difícil para escrever, então espero que gostem desse capítulo, e mais uma vez me perdoem se realmente ele não agradar vocês. Por favor comentem, assim fico sabendo se estão gostando ou não do meu trabalho. Desculpem qualquer erro ortográfico.
Beijos. Muito obrigada.
ANNE
Os dias passavam devagar para Anne, que agora tinha mais tempo livre do que gostaria. Depois do acidente, fora obrigada a passar a maior parte do tempo em casa, e o tédio já começava a irritá-la. Estava acostumada a correr todos os dias de manhã, e andar de bicicleta nos fim de semana no Central parque, mas no momento, tudo o que podia fazer era ir da cama para o sofá, e no máximo até a janela onde se sentava e observava as pessoas perambulando pelas ruas, caminhando com seus animais de estimação, namorando ou apenas jogando conversa fora, enquanto ela ficava confinada naquele apartamento sem sequer poder descer até o térreo e respirar ar puro.
O que a salvava de sua reclusão solitária eram as visitas dos amigos. Marilyn sempre dava uma passadinha por ali três vezes por semana para saber como ela estava, e Cole transferira todos os seus compromissos para Nova Iorque a fim de cuidar dela. Então, ele aparecia todo final de tarde, para jantar e passar a noite com Anne, e ela estava imensamente grata pelo amigo se importar com ela dessa maneira.
Ela também ligara para Diana e Ruby naquela semana, e ambas lhe disseram que a visitaram assim que pudessem. Anne somente não falara com Matthew e Marilla, pois não queria que ambos se preocupassem à toa, instruíra todos os seus amigos para fazerem o mesmo. Marilla e Matthew não eram mais tão jovens, e Anne temia o que uma notícia daquelas podia causar aos dois.
Quanto a sua tia Amélia, Anne fez questão de avisar, pois ela saberia de qualquer jeito, mesmo que Anne quisesse evitar. Ela até convidara Anne oara ficar em sua casa em seu período de convalescença, mas a ruivinha preferira evitar. Se bem conhecia a tia, ela colocaria um bando de empregados a seu dispor, e Anne odiava ser tratava como um bibelô. Custara muito a conseguir sua independência, e não abriria mão dela mesmo que aquilo implicasse ter que fazer certos sacrifícios.
Francesco também ligava todas as noites, e vinha ficar com ela nos fins de semana. Ele nunca passava a noite, mas sempre trazia chocolates, pizza ou um bom vinho, e era uma excelente companhia, o namorado perfeito, se pudesse descrevê-lo assim.
Porém, ultimamente, Anne andava repleta de dúvidas. Ela conhecia Francesco a um bom tempo, mas se deu conta de que não sabia dele mais do que ele lhe contara. E desde que Monique lhe dissera aquelas palavras tão enigmáticas, Anne começara a prestar mais atenção nas atitudes de Francesco. Aos seus olhos ele continuava se comportando do mesmo jeito, era cavalheiro, excelente ouvinte, um ótimo contador de histórias e bastante carinhoso. Mas um sinal de alerta tinha sido acionado em seu cérebro, e toda vez que seu noivo estava por perto, ela começava a duvidar de sua sinceridade. Será que ele estava sendo autêntico? As palavras bonitas que lhe dizia eram verdadeiras ou apenas as usava para encantá-la? E se fingia, qual era o motivo? Por que a escolhera entre tantas moças para ser sua noiva?
Anne riu com ironia da sua situação. Quisera fugir de um homem para quem não era prioridade, para cair na mão de outro que poderia ser o maior trapaceiro e manipulador de todos. Definitivamente, ela não tinha sorte com homens. Talvez devesse seguir o conselho de Cole e se tornar mesmo uma tia solteirona com um bicho de estimação como companhia, até a xícara de chá era mais atraente do que tentar compreender a personalidade masculina. Talvez a solidão não fosse algo tão terrível quando se pensava no cansaço que era conviver com pessoas tão complexas.
Mas, se pensasse bem, Gilbert não era tão complexo. Anne o conhecia desde garotinho, e sua alma era um livro aberto. Ele nunca soubera mentir, apesar de sua indecisão que era o que mais a irritava nele. E havia outra coisa que ele demorava a fazer. Gilbert não sabia definir prioridades. Ele agia por instinto, e não pensava muito nas consequências. O problema maior era que com isso, Gilbert magoava as pessoas mais próximas, não por intenção, mas sim por altruísmo. Ele esperava que todos entendessem suas escolhas, e não parava para pensar sobre a opinião das pessoas envolvidas a respeito disso.
E o pior de tudo era que Anne não conseguia odiá-lo por isso. A determinação com que ele defendia algo no qual acreditava a fazia admirá-lo demais. Essa contradição de sentimentos a deixava maluca, assim como Gilbert tinha dois lados que conseguiam levá-la ao amor e ódio em poucos segundos.
Nas últimas semanas, Anne o tinha visto várias vezes, e descobrira com certo prazer secreto que Gilbert fora contratado para trabalhar naquele hospital importante em Nova Iorque.
Quando soubera pela atendente do hospital que o lindo Dr. Blythe era o novo cirurgião dali Anne não pudera deixar de sentir orgulho por ele estar conquistando o sucesso que merecia, depois ela se recriminara por estar com um sorriso bobo no rosto pensando em Gilbert, quando estava ali apenas como paciente e deveria estar preocupada com sua recuperação e não com a ascensão profissional do seu ex-namorado.
Gilbert também parecia empenhado em deixar o passado para trás, pois a maneira fria como a vinha tratando a desagradava imensamente, mas não podia esperar outra atitude dele, afinal, ela estava noiva de outro homem, e esfregara isso na cara de Gilbert no dia do seu aniversário. E outro ponto era que todas vezes que viera fazer seus exames de rotina, ela estava acompanhada de Francesco, e quando seu noivo não estava, havia sempre uma enfermeira com eles.
Mas, não era apenas isso. Gilbert construíra uma barreira entre eles, e parecia determinado a tratá-la apenas como paciente, e se ela estava desapontada, o problema era somente dela, pois fora Anne que começara tudo aquilo, agora era ela quem devia arcar com as consequências.
- Anne, querida acabei de chegar. – Cole disse assim que abriu a porta pensando que a garota estava descansando no quarto, mas ficou satisfeito por vê-la sentada perto da janela. Ah, aí está você. Que bom que saiu do quarto. Achei que iria embolorar lá dentro.
- Ah, Cole, não zombe de mim. No começo eu sentia muitas dores, e quase nem conseguia me levantar, mas, agora estou me sentindo bem melhor. – Anne disse sorrindo.
- Sim, claro. Eu acho que no tratamento de um certo doutor tem grande mérito nisso. - Ao ouvir as palavras maliciosas do amigo, o sorriso de Anne morreu no mesmo instante.
- Pare com isso, Cole. Gilbert não tem nada a ver com minha recuperação.
- Tente me convencer disso até a próxima encarnação, quem sabe eu consiga acreditar. - Cole respondeu suspirando, enquanto tirava os sapatos e se deitava no sofá de Anne com as pernas para o alto.
- Por que nossa conversa tem sempre que começar com o nome Gilbert Blythe? - Anne perguntou impaciente.
- Talvez porque você não para de pensar nele.
- Quem disse que penso nele? - Anne perguntou irritada.
- Querida, desde os seus nove anos, a única pessoa na qual você pensa todo o tempo é Gilbert. E você nem sequer disfarça o sorriso. - Cole disse olhando para ela sério. Ao invés de protestar, Anne preferiu discutir o assunto melhor com Cole.
- Gilbert anda estranho. Mal fala comigo. – Anne disse em tom de reclamação
- O que esperava? Você ficou noiva de outro bem na frente dele, mesmo sabendo o que ambos sentem um pelo outro. - Cole disse sentando-se no sofá e olhando seriamente para Anne
- Eu sei que tem razão. Eu apenas queria saber como chegamos a isso.
- Talvez teimosia e orgulho explique tudo, de uma vez, pois tanto você quanto Gilbert tem isso de sobra. - Cole disse se levantando.
- Queria que tudo fosse tão simples como era em nossa infância. - Anne disse pensativa.
- Acontece que crescemos, querida, e a vida de adulto nem sempre é divertida. Agora chega de conversa fiada. Está com fome? Vou preparar nosso jantar – Cole disse indo até a geladeira.
- Estou sim. Você está me deixando mal-acostumada. - Anne disse sorrindo, mas, ao olhar para o amigo percebeu que ele estava com um olhar estranho, então perguntou: - Qual é o problema, Cole?
- Estamos sem ovos. Acho que vou até o supermercado.
- Posso ir com você? Estou cheia de ficar aqui sem ter o que fazer. – Anne perguntou alegre.
- Claro. Mas sabe que terei que te levar na cadeira de rodas. Não se importa?
- Não. Qualquer coisa é melhor do que ficar trancada aqui. - Vaidade naquela hora infeliz não lhe faria bem algum. Anne pensou.
- Está bem. – Cole disse sorrindo.
Assim-, ele e sua grande amiga estavam dentro de um elevador em companhia de uma elegante cadeira de rodas, presente de Francesco para melhorar a locomoção de Anne.
Logo, Cole estava dirigindo seu conversível, enquanto Anne lhe sorria agradecida. E enquanto estavam indo em direção ao supermercado, a brisa que levantava os cabelos de Anne lhe dava uma sensação de liberdade na alma.
GILBERT
A rotina de um grande hospital era bem diferente o de uma cidade pequena como Charlotte town, mas Gilbert estava adorando. Ele trabalhava mais horas, e os períodos eram realmente corridos, porém, ele não se importava. Até agradecia por estar tão ocupado, pois assim não tinha muito tempo para pensar em outra coisa que não fosse nos diagnósticos de seus pacientes, e quando chegava em casa estava tão exausto que adormecia instantaneamente assim que deitava a cabeça no travesseiro.
O apartamento que a assistente social do hospital tinha alugado para ele morar ficava bem no centro de Nova Iorque, e ironicamente ele percebeu que não ficava tão distante de onde Anne vivia. Se ele caminhasse duas quadras estaria em frente ao prédio dela, mas ele não fizera isso nenhuma vez, pois decidira que deveria deixá-la em paz e se dedicar pelo menos temporariamente somente a profissão que abraçara. Estava cansado de bater com a cara na porta, e também de ser desprezado por ela. Ele precisava tomar um rumo na vida, e atrasara demais seus passos por causa de Anne.
Vivera mais por ela do que por si mesmo, e agora deveria ir em busca de outros objetivos, já que seus planos de ter uma vida com ela fracassara. Por isso, seu trabalho no hospital era tão importante no momento. Ali Gilbert estava tendo a chance de aprender sobre coisas novas e ainda observar Dr. Philip, seu antigo professor em ação. O homem tinha tanto conhecimento que era uma verdadeira aula trabalhar com ele todos os dias, e Gilbert somente esperava ser tão competente quanto ele um dia.
Ele sabia que trabalhava duro, e que em seu tempo livre estava sempre em busca de aperfeiçoar o que sabia, mas ainda lhe faltava a experiência em certos campos que ele esperava adquirir com o passar do tempo, trabalhando em um hospital tão grande quanto aquele.
Além disso, seus colegas de trabalho eram pessoas extremamente agradáveis. Gilbert tinha vergonha de admitir que sempre tivera certo preconceito contra os médicos de cidades grandes, pois os imaginara arrogantes e frios, preocupado e demais em alcançar o sucesso para se importar com algo mais além disso, entretanto, agora percebia que estivera enganado todo tempo. A maioria dos profissionais daquele hospital literalmente davam o seu sangue por seus pacientes, e como Gilbert se esforçavam para fazerem o melhor, visando em primeiro lugar a preservação da vida. Em pouco tempo, Gilbert descobriu que tinha ido trabalhar no lugar certo, e que apesar de ter amado trabalhar em Charlotte Town, Nova Iorque estava se revelando uma surpresa totalmente inesperada e bastante agradável.
No início, Gilbert tivera medo de não se adaptar. Com exceção dos anos quando estudara em Chicago, onde ele se dedicara totalmente a faculdade, Gilbert nunca realmente vivera em uma cidade grande, mas em uma semana vira seus receios irem embora, tão logo se envolvera com seu trabalho no hospital. Embora ainda preferisse a vida pacata de uma cidade pequena, estava aprendendo a apreciar o que aquela cidade cosmopolita tinha a oferecer.
Gilbert ainda não tivera a chance de sair para uma noitada com amigos. A única coisa que fizera fora sair para jantar com Muddy, mas, não estava se importando muito com isso. Não viera para Nova Iorque a procura de diversão. Tinha consciência de que não poderia dedicar cada minuto do seu tempo para o hospital, e que eventualmente teria que se permitir ter algum tipo de lazer, mas não estava pensando em gastar seu tempo livre em lugares tumultuado onde almas solitárias como a dele procuravam por companhia. Gilbert ainda não estava preparado para isso, depois de tudo o que acontecerá com Anne, ele queria dar um tempo a si mesmo para se recuperar sentimentalmente, e quem sabe no futuro dar uma chance para o amor novamente.
O problema era que ver Anne todas as semanas não estava melhorando em nada a forma como se sentia. Gilbert se policiava a todo instante para manter sua postura profissional de médico, ao invés de falar com ela da maneira amorosa como sempre a tratara, e quando a via indo embora com seu noivo atual, seu coração que já tinha várias rachaduras se partia mais um pouquinho, dando-lhe a sensação de que iria se estilhaçar a qualquer momento. E então ele se perguntava se nunca se libertaria daquele feitiço que Anne jogara sobre ele a tanto a anos atrás? A resposta para isso era sempre incoerente e Gilbert já desistira de procurar certezas para algo que já o magoara tanto.
- Gilbert, está livre para o almoço- a voz de Gabriela, médica obstetra do hospital chamara sua atenção para o presente.
- Daqui a quinze minutos estarei livre. Se tiver paciência de me esperar. - Gilbert respondeu sorrindo.
- Está bem. Assim que estiver pronto me avise. - Ela disse se afastando.
Gilbert a observou enquanto ela voltava para a sua própria sala, e não pôde deixar de admirar sua beleza clássica. Gabriela era alta, tinha cabelos loiros, e olhos verdes. Seu sorriso era encantador e era dona de uma voz agradável. Desde a primeira semana de Gilbert ali, ela o tratara com bastante consideração, e conforme os dias foram passando ficou nítido para Gilbert que ela tinha desenvolvido certo interesse por ele.
Gilbert não podia negar que Gabriela era uma mulher atraente, além de culta e inteligente, mas, ainda assim ela não lhe despertava nenhum interesse além de amizade, porém, como Muddy sempre dizia, como ele iria saber se essa amizade não poderia se transformar em algo mais se não tentasse?
Gilbert terminou de arquivar os pacientes daquela manhã e passou pelo consultório de Gabriela dizendo:
- Se estiver pronta, podemos ir.
- Sim, eu estava apenas esperando por você. – Ela disse se levantando da mesa.
Ambos se dirigiram para o restaurante do hospital, que era três vezes maior que a cantina do hospital de Charlotte Town. Naquele horário, o local estava quase todo lotado, e o barulho de conversas e burburinho se ouvia por todos os lugares, e eles acabaram encontrando uma mesa de canto confortável e reservada, onde poderiam almoçar sem serem incomodados.
Após fazerem os pedidos Gabriela perguntou:
- Então, Gilbert. Me conte um pouco mais sobre sua cidade natal. Qual é mesmo o nome?
- Avonlea. Não sei se tenho muita coisa sobre o que falar. É um lugar bom de se viver, o ambiente é completamente rural, e todos os vizinhos se conhecem. – Gilbert disse enquanto tomava um gole de água.
- Ou seja, é uma daquelas cidadezinhas adoráveis onde todos se encontram aos domingos no culto da igreja. – Gabriela disse sorrindo.
- Sim. Como sabe? Já viveu em um ambiente assim? – Gilbert perguntou sorrindo.
- Sim. Eu vivi no sul da Califórnia com meu marido. - Ela disse baixando o tom de voz.
- Ah, em tão você é separada? Não vejo nenhuma aliança em seu dedo. - Gilbert perguntou curioso, pois Gabriela não agia como se fosse uma mulher casada, principalmente em relação a ele, e ela também não parecia ser daquele tipo de mulher que estava à procura de uma aventura, pelo menos essa a impressão que tinha dela.
- Não, sou viúva. – Gilbert ficou chocado com o que ela dissera. Gabriela parecia tão jovem para já ter passado por algo assim.
- Me perdoe por perguntar. Como aconteceu?
- Ele morreu de câncer no fígado. Do tipo mais agressivo. - ela disse triste.
- Sinto muito. - Gilbert disse lamentando internamente que ela tivesse sofrido esse tipo de perda, o que o fez se lembrar de Sarah.
- Foi a três anos, mas ainda tento superar.
- Deve ser difícil. Tenho uma amiga que está passando por uma situação semelhante a de seu marido. O problema dela é um tumor cerebral inoperável. Algum tempo atrás, fiquei sabendo de um tratamento alternativo na Alemanha e fui até lá para entender como funcionava todo o processo. Quando eu voltei, começamos o tratamento imediatamente, e felizmente temos tido um bom resultado até agora.
- Você deve amá-la muito. – Gabriela disse enquanto comia uma porção de batatas.
- Sim, como amiga. É tudo o que somos. - Gilbert respondeu com o rosto sério.
- Quer dizer que o Dr. Blythe tem seu coração livre? - Gabriela perguntou com curiosidade.
Gilbert pensou um pouco antes de responder. Não sabia se queria falar sobre Anne com Gabriela, mas depois chegou a conclusão que não havia mal nenhum nisso, talvez fosse bom falar sobre seus sentimentos com outra pessoa que não estivesse envolvida no meio daquilo tudo.
- Não exatamente. Existe uma pessoa, mas é complicado. - ele disse coçando a nuca.
- Por que? Ela não corresponde aos seus sentimentos?
- Ela corresponde, sim, ou pelo menos correspondia. - Gilbert disse comendo sua salada devagar.
- Então, não entendo porque estão separados. - Gabriela disse olhando-o nos olhos.
- O problema é que ela acha que eu sempre coloco minha profissão a frente de nosso relacionamento.
- Uma mulher que não compreende a profissão de seu namorado médico, talvez não seja a mulher certa para ele. - Gabriela disse com sinceridade.
- Aí, que vice se engana. Ela é a garota certa desde os meus onze anos. - Gilbert disse com um meio sorriso.
- Ah, um amor de infância. Que coisa linda. E me diga como é essa mulher dona de seu coração? - Gabriela tomou um pouco de suco enquanto esperava Gilbert responder.
- Ela é incrível, e sua característica mais marcante é que ela é ruiva. - Gilbert tinha os olhos sonhadores ao se lembrar dos longos cabelos de Anne esvoaçando ao sabor do vento, enquanto sorria para ele cheia de amor. Era uma lembrança antiga, como várias que ainda tinha dela.
- E por que não tenta conquistá-la novamente já que a ama tanto.
- Eu não acho que tenho direito de fazer isso. Eu a desapontei terrivelmente, e acabei perdendo-a para outro homem de quem hoje ela é noiva. - Gilbert disse sem olhar para Gabriela.
- Sinto muito. - Ela disse cheia de simpatia.
- Tudo bem. Também estou tentando superar. Mas, chega de falar de mim. O que pode me contar sobre você Dra. Gabriela? Já tem seu coração preenchido de novo? - ela apenas sorriu para ele enigmaticamente e disse:
- Estou aberta a possibilidades. – Gilbert sentiu que as palavras tinham sido ditas especialmente para ele, e tratou de mudar de assunto.
Quando voltaram ao hospital, ele pensou em tudo que conversara com Gabriela, e resolveu deixar as coisas rolarem para ver o que aconteceria. Ele ainda não estava tão aberto a possibilidade como ela, mas não faria mal nenhum em tentar, ele concluiu.
ANNE E GILBERT
Cole e Anne chegaram ao supermercado que se localizava no centro de Nova Iorque em poucos minutos. Assim que estacionou o carro, Cole retirou a cadeira de rodas sofisticada de Anne, que ele colocara no porta malas, e ajudou a amiga a se acomodar nela, pois Anne ficaria mais confortável assim do que se tivesse que se locomover coma ajuda das muletas. Não era uma situação que agradava a amiga, ele bem sabia, mas essa era a única maneira que Anne tinha de sair um pouco de casa, caso contrário, ficaria presa em seu apartamento pelos dias em que ainda restavam a imobilidade se seu tornozelo.
- Que tal se comprássemos pipoca? Estava pensando em maratonar Riverdale esse fim se semana. - Cole disse todo alegre.
- Com tanta coisa para você fazer, não sei como ainda encontra tempo para ver séries, Cole. - Anne disse sorrindo.
- Ora, querida. Pessoas talentosas e inteligentes como eu também merecem momentos de lazer. - Cole disse com ar de superioridade fingida que fez Anne rir. Se tinha uma pessoa que não tinha uma gota de arrogância no sangue era Cole. Ele jamais falava de seus próprios talentos como se fossem algo raro de se encontrar, sua humildade sempre emocionara Anne, que conhecia seu perfeccionismo desde criança e que lhe trouxera o sucesso que hoje tinha, ainda assim Cole sempre achava que precisava se aperfeiçoar cada vez mais, não deixando nunca que sua popularidade nas artes plásticas lhe subisse a cabeça. No fundo ele continuava sendo o mesmo garoto alegre e simpático de Avonlea que costumava mostrar sua habilidade com os pincéis nas feiras de artesanato da igreja.
- Como você é modesto, Cole. - Anne disse brincando.
- Você sabe que não falo sério
- Eu sei disso. Só estou te amolando um pouco. - Anne disse apertando o braço dele com afeição.
- Tive outra ideia ótima. Porque não compramos sorvete? Eu sei que você adora afundar suas mágoas em um pote de sorvete de chocolate, enquanto derrama rios de lágrimas assistindo filmes antigos entediantes.
- Não fale assim dos clássicos. São bem melhores que aquelas comédias sem graça que você ama assistir de madrugada. – Anne disse rindo da cara de desgosto de Cole.
- Ei vocês dois, não cansam de discutir? Parece que pouca coisa mudou desde os tempos da escola em Avonlea. - Cole e Anne olharam na direção de onde veio a voz, e viram com prazer que era Muddy a quem não viam desde o aniversário se Anne.
- Olá, Muddy. Faz tempo que não te vejo. - Anne disse dando um beijo no rosto do melhor amigo de Gilbert que se abaixou para cumprimentá-la.
- Oi, Anne. Como você está? Gilbert me contou sobre o seu acidente.
- Estou bem melhor, mas bastante entediada com essa minha inatividade. - Anne respondeu séria
- Logo você estará bem de novo, tenho certeza. – Muddy respondeu tentando dar apoio à garota.
- E você, Muddy? Não tem nenhuma novidade para nós contar? Quem sabe tenha encontrado um novo amor, ou melhor reencontrado um amor antigo. - Cole disse malicioso vendo Muddy corar sem graça.
- Que isso, Cole? Não seja indiscreto. - Anne disse repreendendo o amigo.
- Eu estou apenas brincando, e Muddy sabe disso, não é? - Cole perguntou olhando diretamente para Muddy.
- Claro. - o. rapaz respondeu evasivo e depois continuou. - Você sabe que Gilbert está trabalhando no hospital de Nova Iorque, não é, Anne?
- Sim, eu o vejo toda semana por causa de minha fratura, mas confesso que nunca pensei que Gilbert abandonaria a vida no campo para vir para Nova Iorque. - Anne disse incomodada por Muddy tocar naquele assunto.
- Nem eu, mas a verdade é que ele está se adaptando bem.
- Que bom para ele. Mas, e o tratamento de Sarah? - Anne perguntou com curiosidade.
- Ele vai a cada quinze dias até Avonlea para cuida e dela. Parece que o tratamento dela tem tido um bom resultado – Muddy disse com animação.
- Que ótimo. – Anne disse com uma pitada de ressentimento. Era óbvio que Gilbert arrumaria um tempo para cuidar de Sarah.
- Bem, foi bom vê-los. Espero encontrá-los em breve. - Muddy disse se despedindo.
- O prazer foi nosso. - Cole respondeu. Assim que o rapaz se foi, Anne olhou para Cole e disse com um olhar reprovador:
- Que mania é essa que você tem de deixar as pessoas sem graça com suas ironias?
- Eu não falei nenhuma mentira. Você sabia que ele é Ruby voltaram a se encontrar? – Anne olhou para Cole surpresa e perguntou:
- Do que você está falando?
- A Ruby não te contou? Ela é Muddy retomaram seu caso antigo.
- Mas a última vez que falei com Ruby, ela estava disposta a levar o noivado até o fim.
- Acho que ela continua pensando do mesmo jeito. - Cole disse com certo ar de deboche.
- Como assim? Ela está saindo com Muddy, mas vai se casar com Stuart? Onde ela está com a cabeça? - Anne falou levantando o tom de voz e várias pessoas olharam para ela curiosas.
- Bem, acho que nós dois sabemos porque ela está se casando. - Cole disse empurrando a cadeira de Anne até a seção de ovos.
- Ela está brincando com fogo isso sim. - Anne disse com a expressão do rosto preocupada.
- Assim como você? - Cole perguntou com malícia.
- O que quer dizer com isso, Cole Mackenzie?
- Que você está noiva de um e brinca de gato e rato com Gilbert Blythe.
- Isso não é verdade. - Anne disse protestando.
- Querida, eu tenho olhos para ver. Todas as vezes que te acompanhei no hospital junto com Francesco eu vi como olha para ele. O que não a culpo. Eita homem gostoso! - Cole disse com aquele sorriso safado que Anne conhecia bem.
- Cole, eu sempre olho para Gilbert do mesmo jeito.
- Eu sei bem. - Cole continuava provocando-a.
- Eu desisto, Cole. Essa conversa não vai nos levar a lugar algum. - Anne disse suspirando.
- Tudo bem, Anne. Eu só tenho uma pergunta para você.
- É qual é? – Anne perguntou esperando mais uma das ironias de Cole.
- Tem certeza que vai deixar aquele doutor lindo e sexy perdido pelas ruas de Nova Iorque?
- Cole, Gilbert e eu não temos mais nada um com o outro. Ele pode fazer o que bem entender. – Anne disse demonstrando segurança em suas palavras, mas no fundo ela sabia que não era bem assim. Odiava pensar em Gilbert livre, leve e solto naquela grande cidade onde ela tinha certeza que o charme de dele não passaria despercebido.
- Muito bem. Assunto encerrado. Vamos terminar nossas compras e ir para casa. Estou morrendo de fome.
Deste modo, eles compraram tudo que precisavam, porém, quando Anne estava comprando alguns produtos de limpeza que estavam faltando no apartamento, ela viu uma mulher que lhe pareceu familiar passando ao lado dela e no momento em que a reconheceu, ela disse:
- Olá, Monique. Finalmente nos encontramos novamente. - a moça pareceu espantada por encontrar Anne ali no supermercado e respondeu:
- Olá, Anne. Fiquei sabendo do seu acidente. Eu sinto muito.
-Obrigada. Foi realmente horrível. Mas já estou bem melhor e logo estarei de volta a ativa. - Anne disse sorrindo.
- Que ótimo. - Monique disse, mas Anne percebeu que ela estava sem graça e não sabia o motivo.
- Posso te perguntar uma coisa? - Anne aproveitou para dizer.
- Claro. - Monique disse com um sorriso forçado.
- Eu queria saber o que quis dizer sobre Francesco outro dia no clube. Eu não entendi muito bem. - Anne viu o rosto de Monique ficar vermelho e ela respondeu parecendo desconfortável.
- Foi bobagem minha. Você deveria esquecer isso.
- Mas, você pareceu tão convicta do que dizia. - Anne disse estranhando a reação da jovem mulher.
- Querida, se eu você não levaria isso tão a sério. Agora, se me dá licença preciso ir. Estimo-lhe melhoras.
- Obrigada- Anne respondeu ainda intrigada enquanto via a mulher se afastar.
- O que foi, Anne? Por que está com essa cara? - Cole respondeu assim que voltou da seção de enlatados.
- Nada demais, estou apenas cansada. Temos tudo o que precisamos? Podemos ir embora agora? - ela perguntou pouco disposta a falar sobre seu encontro estranho com Monique Bells.
- Sim. Vamos passar no caixa e depois vamos para casa. - Cole respondeu voltando a empurrar-lhe a cadeira de rodas.
Naquele noite, eles assistiram a maratona de Riverdale juntos, depois foram para a cama perto da meia noite. Ao despertar no dia seguinte, Anne estava ansiosa, pois era mais um dia em que iria ao hospital para mais uma consulta com Gilbert. Cole a acompanharia, pois Francesco estaria em uma reunião de negócios.
Ela se arrumou com cuidado, colocando um vestido jeans de verão, e arrumando os cabelos em um rabo de cavalo que lhe dava um ar mais jovial. Fez uma maquiagem leve, destacando seus olhos azuis e labios carnudos com batom rosa.
- Posso saber o porquê dessa superprodução? - Cole disse observando sua aparência com atenção.
- Não enche, Cole. Eu queria apenas me arrumar um pouco.
- Eu sei muito bem o motivo desses olhinhos brilhando.
- Será que pode parar de usar sua ironia um pouco comigo? Eu não me arrumei assim por causa do Gilbert.
- Eu não disse nada.
- Mas, insinuou.
- Você é que não tira Gilbert Blythe da cabeça, e depois diz que fui eu quem insinuou alguma coisa.
- Cole. - Anne disse em tom de aviso.
- Está bem. Vamos logo ou chegaremos atrasados. - Cole disse saindo do apartamento com Anne em seguida.
O trânsito estava calmo em Nova Iorque naquela quinta feira, o que deixou Anne extremamente aliviada. Detestava ficar presa no tráfego por muito tempo, acabava perdendo a paciência nos primeiros quinze minutos de espera.
Por esta razão, dirigir até o hospital não foi tão maçante como seria em outros dias quando as ruas estavam repletas de carros que dificultaria seu acesso até lá.
Logo que chegaram, eles foram atendidos por uma recepcionista atenciosa que os conduziu até o consultório de Gilbert, onde ele espetava por Anne.
Ao primeiro olhar dele, ela já sentiu seu corpo ficar tenso, e tentou esconder as mãos em seu colo que denunciavam seu nervosismo, e Anne ficou profundamente irritada consigo mesma por não conseguir ser indiferente à presença de Gilbert.
Cole deu uma desculpa, e saiu deixando os dois sozinhos, o que aumentou ainda mais a tensão de Anne, pois enquanto o amigo estava ali, ela poderia usá-lo como escudo de proteção contra aquela maldita atração que a impedia de reagir, ou falar qualquer coisa que quebrasse o feitiço entre eles.
- Como se sente, hoje, Anne? - a voz quente dele fez seus sentidos despertaram e ela se deliciou com cada palavra que vinha da boca dele.
- Estou melhor. - Foi só o que conseguiu responder. Seus olhos o seguiam saudosos de tê-lo tão perto, e se entristeceram quando ela se perguntou quando foi que se tornaram quase dois estranhos? O tom de voz de Gilbert era frio, e Anne sentiu saudades de como ele costumava zombar dela e de suas pequenas manias, para depois prendê-la em seus braços fazendo-a se sentir mais amada do que nunca.
- Alguma dor ou sensação desconfortável? - Gilbert tornou a perguntar. Por que ele tinha que ser tão impessoal? Onde estava o Gilbert que lhe sorria com gentileza, e apertava suas mãos nos momentos mais difíceis?
- Não. – Ela respondeu com um nó na garganta. Tinha que disfarçar bem ou ele perceberia sua emoção, e isso a faria se sentir extremamente humilhada.
Enquanto isso, Gilbert observava Anne com seus olhos profissionais, muito embora dentro dele os sentimentos fossem outros. Ele sabia que não devia mais se sentir assim em relação a ela, mas como deixar para trás anos de um amor idealizado? Não queria amá-la mais, porém, sua cabeça não comandava seu coração, e bloquear todas as suas emoções naquele momento em que ela estava ali a um passo dele, não era algo muito fácil de fazer.
Ele se abaixou para examinar o tornozelo dela, suas mãos deslizando-lhe pela pele macia da panturrilha até chegar ao local machucado, e Anne fechou os olhos se lembrando de outras vezes em que ele a tocara daquela maneira e com maior intimidade, fazendo sua pele se arrepiar e rezando mentalmente para Gilbert não perceber o efeito que tinha sobre ela. Ele olhou para o rosto dela, e admirou-lhe feição mais uma vez, reconhecendo cada traço perfeito que um dia ele tocara com as mãos, e sentiu tantas saudades que seu peito chegava a doer.
-Dói quando eu aperto assim? - ele perguntou continuando a examiná-la, e ela respondeu de olhos ainda fechados.
- Não. – de repente, ela abriu os olhos e vendo o olhar de Gilbert preso a seu rosto, Anne corou violentamente se perguntando se ele teria adivinhado no que ela estava pensando.
- Bem, acho que em uma semana poderá retirar esse gesso. - Gilbert disse terminando o exame, deixando Anne desapontada.
- Que bom, não vejo a hora de voltar ao trabalho. - ela respondeu tentando sorrir.
- Mas, não se esqueça que terá que fazer algumas seções de fisioterapia para voltar a andar com mais rapidez, e fortalecer o osso do tornozelo.
- Não vou me esquecer disso. - Anne respondeu odiando todo aquele profissionalismo que Gilbert usava com ela, como se não a conhecesse a vida inteira.
- Gilbert, que horas você vai sair... Ah, desculpe, não sabia que que estava com uma paciente. - Gabriela disse sem graça ao entrar na sala de Gilbert e ver Anne ali sentada.
- Já estou terminando aqui, se quiser me esperar podemos almoçar juntos de novo. - Gilbert disse sorrindo para ela.
- Está bem. - Gabriela respondeu saindo da sala e deixando Gilbert e Anne sozinhos de novo.
Durante o tempo em que durou a conversa, Anne observou enciumada a maneira como a garota falava com Gilbert, e o jeito carinhoso com o qual ele respondeu. Não era possível que depois de apenas algumas semanas ele já tivesse encontrado alguém para substituí-la em seu coração. Aquilo queimava como brasa sobre sua pele, e ela não conseguiu evitar a sensação desagradável que sentiu ao imaginar Gilbert e aquela médica atraente juntos.
Gilbert voltou a observá-la e viu seus olhos azuis faiscando. Anne estava brava, e sua raiva não era pouca. Ele percebeu imediatamente os traços de ciúme em seu rosto e aquilo o deixou revoltado. Anne o trocara por outro homem, e agora se sentia ciúmes dele. Que diretos ela achava que ainda tinha sobre ele?
- Por que está me olhando assim, Anne? – ele perguntou com esperanças de que ela confessasse o que estava sentindo.
- Eu não estou te olhando de maneira nenhuma. - ela disse, e sua mentira deixou Gilbert mais irado ainda. Ela esquecera que ele a conhecia como a palma de sua mão? Ele caminhou até ela colocando uma mão de cada lado da parede, prendendo a cabeça dela entre seus braços, se aproximando perigosamente do rosto dela, deixando seus lábios bem próximos um do outro, e disse:
- Eu não sei que jogo é esse que está jogando, mas quero te avisar que não vou participar dele. Deixe-me em paz, Anne. Você já fez bastante estrago em minha vida. Deixe-me esquecê-la e seguir em frente com minha vida sem você. - ele retirou as mãos, e ela ficou livre, chocada demais com as palavras dele. Ela quis retrucar, mas naquele momento não encontrou nada para dizer.
- Vou receitar mais analgésicos, caso ainda sinta alguma dor. Na próxima semana já ficará livre desse gesso. - ele disse como se nada tivesse acontecido segundos atrás.
- Obrigada. - ela respondeu com a garganta apertada, e ao estender a mão para pegar a receita que Gilbert lhe estendia seus dedos se tocaram por um segundo, o que bastou para ela sentir todas as emoções que ele provocava nela, amor, desejo, paixão e dor. Anne afastou os dedos rapidamente, disse adeus sem olhar diretamente para Gilbert, e saiu do quarto andando com sua muleta.
- O que foi, Anne? Más notícias? - Cole perguntou preocupado quando viu que ela estava chorando.
-Não. Gilbert disse que vou tirar o gesso na próxima semana. - Anne respondeu enxugando as lágrimas com o dorso das mãos.
-Então por que está chorando?
- Por favor, podemos não falar disso? – ela respondeu de cabeça baixa.
- Está bem. – Cole disse respeitando o estado emocional da amiga.
Cole passou mais aquela noite no apartamento de Anne, indo embora no dia seguinte, pois tinha trabalho a fazer. Quando ela se levantou encontrou o bilhete dele dizendo que deixara café pronto na cafeteira e que voltaria à noite para ficar com ela. Anne apenas abanou a cabeça desanimada, pensando em que seria mais um dia em que passaria sozinha, mas não tinha escolha.
Ela estava tomando café na cozinha quando a campainha tocou, e foi até lá caminhando devagar com o auxílio das muletas. Ao abrir a porta, o carteiro lhe entregou um envelope grande, e pediu que ela assinasse o recibo. Assim que se viu sozinha novamente, ela abriu o envelope e ficou espantada ao ver que dentro dele havia várias fotos dela de todos os ângulos. Em uma delas, ela estava com Francesco, em outra conversando com Cole no parque em frente ao prédio de apartamentos onde ela morava, e havia até uma foto dela conversando com Monique no supermercado. Um calafrio subiu pela espinha de Anne, ao perceber que a pessoa que lhe enviara aquelas fotos parecia estar observando-a há muito tempo. Quando ela retirou a última foto, havia um bilhete que a deixou aterrorizada, pois dizia: "SEU TEMPO ESTÁ ACABANDO, VADIA!".
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