Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 45- Uma grande surpresa


Queridos leitores. Estou totalmente sem sono, então resolvi postar hoje esse capítulo. Espero que gostem e comentem, pois esse capítulo tem algumas particularidades. Ao terminarem de ler , respondam a minha pergunta final . Quero saber a opinião de vocês. Beijos. Rosana.


GILBERT

Gilbert colocou o último item em sua mala, e a fechou com cuidado, enquanto ligava para um táxi que o levaria até o aeroporto. Faria uma viagem curta até Nova Iorque, aceitando o convite de seu professor da Faculdade. Ele o havia convidado para visitá-lo no hospital onde trabalhava logo que Gilbert voltará da Alemanha, e agora tornara a repetir o convite na última semana.

Naquela época Gilbert não pudera aceitar porque estava empenhado em começar o tratamento de Sarah o quanto antes, mas agora que estava tudo encaminhado, ele resolveu dispor de um fim de semana para reencontrar seu antigo mestre.

Ir para Nova Iorque o deixava um pouco ansioso, pois tinha plena consciência de que estaria sobre o mesmo céu que Anne, embora suas chances de encontrá-la fossem remotas, principalmente porque no momento ela vivia envolvida em tantos eventos sociais com seu noivo, que Gilbert duvidava que ela teria tempo para qualquer outra coisa.

Se ele fosse corajoso o suficiente, ligaria para Anne e a convidara para um café enquanto estivesse na cidade, mas a verdade era que não tinha tanta ousadia assim, e também não queria correr o risco de ser rejeitado mais uma vez, o que o deixaria arrasado. Gilbert apenas se perguntava se ela era feliz, porque era estranho para ele vê-la nas redes sociais participando de coisas que ele jamais imaginaria que ela poderia apreciar.

A antiga Anne, a que ele conhecia em todas as suas camadas, não sentiria prazer algum em assistir a uma corrida de cavalos, participar de leilões ou jogos de golfe. Essas atividades fúteis, pensando que essa seria a palavra que ela usaria se ainda estivesse com ele, não fazia parte de suas prioridades de vida. A antiga Anne apreciaria muito mais fazer piquenique ao ar livre, nadar no lago de Green Gables, dançar na chuva ou andar de bicicleta sentindo o vento bater em seu rosto. Essas eram os tipos de coisa que fariam sua Anne realmente feliz.

Ela balançou a cabeça se recriminando por ainda chamá-la de sua. Mesmo depois daquele tempo separados, ele não conseguia deixar de pensar nela assim. Talvez fosse porque para ele o tempo não tinha realmente passado, desde os seus onze anos quando a conhecera Gilbert se acostumara a sempre tê-la por perto, a acordar de manhã e ir com ela para a escola, passarem todos os dias da semana estudando juntos, e nos fim de semana além de participarem dos serviços da igreja, tinham aqueles almoços maravilhosos de domingo no qual todos se juntavam para saborear as delícias que Marilla preparava.

Então, se pensasse bem, não fora surpresa que ele olhasse Anne como uma parte de si mesmo. Tinham sido quase como irmãos siameses, até que ele descobrira sua paixão por ela aos quinze anos, e ela fora embora com sua tia rica para Nova Iorque.

Quem poderia culpá-lo por ainda sonhar que ela surgiria pela porta de sua fazenda, dizendo que tudo tinha sido um engano e que queria ficar com ele? Quem poderia culpá-lo por ele verificar suas caixas de mensagens várias vezes ao dia, com esperanças de que ela tivesse perdido um minuto do seu precioso tempo para perguntar como ele estava, e se decepcionando cada vez que não encontrava nada?

Era tão doloroso pensar que estavam separados por tanto mal entendido e mágoas não intencionais. Era doloroso demais ter consciência que agora realmente a perdera, e que Anne estava noiva de outro homem, e que por mais que se recusasse a pensar nisso, ela não era mais dele. De todos os desfechos possíveis que imaginara para ele e Anne, estarem distantes um do outro não era um deles.

E aí ele se perguntava: Se pudesse voltar no tempo o que teria feito diferente? Não teria viajado? Teria deixado o problema de Sarah de lado para viver seu amor com Anne sem remorso? Gilbert sabia que não. Nunca abandonaria um amigo em apuros, nunca deixaria que ele se afogasse se pudesse lhe jogar um bote salva vidas. Era assim que Gilbert Blythe era, fiel aos seus próprios princípios, e às suas crenças, e nunca colocava a si mesmo à frente do que acreditava.

Entretanto, havia coisas que ele poderia ter feito diferente. Talvez se tivesse se esforçado mais, e feito Anne acreditar que era amada por ele incondicionalmente, e que a Medicina jamais seria uma ameaça ao relacionamento dos dois, ela estaria ao lado dele naquele momento. Talvez se ele a tivesse abraçado mais vezes e dito o quanto precisava dela em sua vida, e que ela era sua fortaleza quando o mundo lá fora estivesse um caos, eles estariam juntos e celebrando a vitória um do outro em seu campo de trabalho.

Gilbert não podia acreditar que todos os planos que fizera de se casar com ela, e terem seus filhos tivessem sido desfeitos, e de nada adiantava ficar culpando a si mesmo, e se punindo ao pensar no amor que perdera, pois isso não lhe traria nada de bom e não resolveria a grande confusão em sua cabeça. Somente queria ter a mesma facilidade de Anne de seguir em frente sem olhar para trás.

De repente, seu celular tocou, e o porteiro avisou que o táxi que ele pedira tinha chegado. Gilbert pegou a única mala que levaria consigo, trancou o apartamento e desceu até a portaria pelo elevador, entregando a chave ao zelador.

A caminho do aeroporto, Gilbert ligou para o seu professor confirmando o horário que apareceria no hospital para visita-lo, depois ligou para o hotel reconfirmando sua reserva, pois não queria ter surpresa quando chegasse lá, e por último ligou para Muddy avisando que estaria na cidade e poderiam sair para fazerem algo à noite se ele estivesse livre.

A viagem até o aeroporto aconteceu de maneira tranquila sem problemas, e atrasos de última hora. Quando chegou lá, Gilbert fez o check-in, e enquanto esperava para embarcar, ele usou as redes sociais de seu celular para se distrair, e foi aí que uma notícia chamou sua atenção.

Ao que parecia, Anne faria um desfile beneficente aquele fim de semana, e os ingressos poderiam ser comprados on-line. Gilbert se sentiu tentado a ir naquele desfile, mas logo mudou de ideia. Ele sabia que só iria por causa de Anne, suas saudades ela estavam gritando em seu coração, porém estar perto dela e não tê-la em seus braços de novo era se machucar duas vezes mais, e sua última ferida ainda sangrava, então, que bem faria a Gilbert ir a um evento que não tinha nada a ver com ele, somente para ver o amor de sua vida de longe, como se ela estivesse em uma vitrine onde não poderia alcançá-la, pois estava muito além de seu mundo e tudo o que pertencia nele?

Gilbert desligou o celular antes que a sua vontade de ver Anne fosse maior que seu bom senso. Não queria aparecer na frente dela em plena Nova Iorque, em.um ambiente onde claramente Gilbert não se sentia bem, apenas para respirar por um segundo o mesmo ar que ela. O que ele tinha na cabeça por pensar nessa possibilidade? O que diria se tivesse a chance de encará-la? Que a quer ia de volta?

Anne certamente riria na sua cara. Por que ela trocaria um dos homens mais rico e da Itália para ficar com um mero cirurgião como ele? Talvez a antiga Anne o fizesse, mas a Anne de agora com certeza o desprezaria.

Gilbert afastou esses pensamentos que estavam agindo em seu ânimo como algo bastante sombrio, deixando-o deprimido. Logo, a chamada de embarque se fez ouvir, e todos os passageiros se dirigiram para o portão que os levaria até o avião rumo a Nova Iorque.

O avião aterrissou na grande Metrópole de madrugada, e como quase não dormira durante a viagem, Gilbert estava completamente sonolento quando pegou um táxi e foi para o hotel. Assim que o atendente lhe deu as chaves do quarto, Gilbert foi até lá, deixou a mala no meio do quarto, e caiu na cama de roupa e tudo, adormecendo logo em seguida.

ANNE

A tarde de Sexta feira estava quente e abafada, e Anne tentou se proteger melhor sob o chapéu que usava na cabeça para tentar proteger seus cabelos ruivos do sol inclemente. Ela estava em meio ao jogo de tênis sobre o qual não sabia nada. Não entendia as regras, e também não estava interessada em aprender. Viera apenas fazer companhia a Francesco cujo gosto para diversão era bastante peculiar.

Os óculos escuros escondiam seus olhos azuis que estavam cheios de tédio, e as roupas finas que usava também não eram bem as que escolheria para usar em seu dia a dia, mas tivera que adaptá-las ao seu guarda roupa por conta de seu noivado recente.

Ter compromisso com um homem como Francesco Agipi não tinha tanto glamour como se esperava. Por trás dos bastidores havia coisas que não eram tão divertidas assim, pois ter que comparecer a tantos eventos sociais que não tinham nada a ver com ela não deixava Anne propriamente satisfeita, mas fora a escolha que fizera, então não podia reclamar por agora ter que abrir mão de sua vida antiga para se encaixar na do noivo.

Ela continuava trabalhando como nunca, e era ainda mais requisitada depois que assumira seu noivado com Francesco, mas sua rotina não era mais a mesma. Era raro quando tinha um tempo sobrando para si mesma, todo seu tempo livre era dedicado a eventos sociais e outras atividades escolhidas a dedo por Francesco, e quando conseguia um momento para relaxar, estava cansada demais para pensar em algum tipo de entretenimento que lhe daria mais prazer.

Anne olhou para Francesco sentado a seu lado que parecia totalmente concentrado no jogo que se desenrolava à sua frente, e avaliava se estava feliz com aquela situação. Não podia dizer que Francesco era um homem enfadonho, longe disso. Ele sabia ser bastante interessante quando queria, assim como era uma ótima companhia em qualquer ocasião. Porém, o que Anne considerava tedioso demais era a vida que ele levava, e não podia acreditar que ele também não pensasse assim, apenas não podia deixar de cumprir suas obrigações sociais pelo cargo que ocupava em sua empresa. Mas Anne desconfiava que se pudesse ele abriria mão de metade deles, pois ele era um homem muito ativo para ficar preso a tantas atividades sem um conteúdo intelectual que combinaria mais com ele do que contextos sociais vazios.

Ele explicara que era naqueles tipos de eventos que se conhecia pessoas, se fazia negócios e fechava acordos comerciais, e que se fazia laços duradouros, por isso, o seu empenho em participar de todos os eventos sociais possíveis, e o que ele esperava dela era um pouco de boa vontade e paciência.

Anne observou Francesco com mais atenção. Ele estava sentado totalmente relaxado em sua poltrona confortável. O rosto de traços fortes exibiam um ar sério que o deixavam bastante atraente, e os olhos verdes brilhavam com interesse pelo que estava assistindo, mas também podiam ficar mortalmente frios quando zangados. Ela já vira isso acontecer no passado, especialmente quando se tratava de negócios, e isso a fizera entender que era bem melhor ter Francesco Agipi ao seu lado do que como inimigo.

Ele era tão diferente de Gilbert em toda sua constituição. Ambos eram altos, mas Francesco era mais forte, do tipo que ganharia uma gordurinhas se não se exercitasse todos os dias, ao contrário de Gilbert que era puro músculo, sem ter que perder horas na academia, o corpo todo dele era maleável e tão flexível que fazia Anne sentir um prazer indescritível ao tocá-lo. Santo Deus! O que estava pensando? Bastava um minuto de distração e já se lembrava dele. Por que não podia esquecê-lo? Por que não conseguia se livrar da lembrança de cada beijo, de cada sorriso, de cada palavra dita? Ela corria para longe dele e quando percebia estava de volta ao mesmo lugar.

Anne pensara que com o noivado com Francesco as coisas mudariam, que ela começaria a viver uma nova vida, e que a convivência com seu noivo a ajudaria a resolver algumas pendências que tinha dentro de si e mudar os pensamentos que sempre a encurralavam entre seus desejos e bom senso, mas no fim do dia acabava descobrindo que continuava sendo a antiga Anne, presa ao seu amor do passado enquanto representava um papel para o mundo de que somente seu noivo charmoso importava.

Se tornara uma mentirosa da pior espécie, e fora uma hipócrita por aceitar aquele noivado. Se Gilbert não estivesse lá, talvez ela tivesse encontrado forças para recusar, mas a sua raiva e a sua mágoa fizeram todo o trabalho por ela, e quando percebera já tinha se comprometido com Francesco, e lhe restava apenas honrar com a escolha que fizera.

Francesco não era o tipo de homem com quem se pudesse brincar, enganá-lo seria o pior erro do mundo, mas não era o que fazia enquanto estava sentada ao lado dele, e o comparava com o único homem que tinha a chave do seu coração?

Anne se remexeu inquieta em sua poltrona, o que chamou a atenção de Francesco:

- Come va, cara? (O que se passa, querida?)

- Nada, estou com calor.- ela corou pela mentira.

- Quer beber alguma coisa?

- Um suco de abacaxi seria uma ótima ideia.

Francesco chamou o garçom e pediu um suco para Anne, e um uísque com gelo para si mesmo. O garçom voltou rapidamente com os pedidos, e assim que Anne terminou de tomar o refresco, Francesco perguntou:

- É meglio? (Está melhor?)

- Sim. Obrigada. – Anne sorriu sentindo-se incomodada com a maneira como ele a olhava, pois dava-lhe a impressão que ele sabia e exatamente o que se passava em sua cabeça. Anne queria se esconder daqueles olhos, mas Francesco era inteligente o suficiente para perceber havia alguma coisa errada se ela tentasse disfarçar demais. Parecia que ele ia dizer-lhe algo, mas então, alguém acenou para ele, e Francesco disse:

- Venha comigo, querida. Preciso falar com uma pessoa importante com quem estou tentando fazer alguns negócios.

- Ah, Francesco. Será que não posso ficar aqui? Quero muito ver o final dessa partida. - Anne mentiu novamente. Estava louca para ficar sozinha e escapar daquele olhar dele que a estava deixando-a nervosa.

- Tem certeza? Não vai ficar entediada aqui sozinha? - mais do que já estava? ela pensou, mas tratou logo de responder:

- Não, vou ficar bem. Não se preocupe.

- Está bem. Volto logo. - ele disse, beijando-a na testa. E Anne pensou que não se importaria nem um pouco se ele demorasse bastante. Ela gostava da companhia dele, mas precisava de um tempo para pensar sem se sentir culpada por ter certos tipos de pensamento que a fariam se sentir incomodada se ele continuasse ali ao seu lado.

Assim que ele saiu, Anne respirou aliviada, como se um peso tivesse saído do seu estômago que a estava deixando com falta de ar. Tinha sempre essa sensação quando ficava ansiosa ou preocupada com algo, e Gilbert sempre a acalmava acariciando-lhe a nuca. Que droga! Lá estava ela de novo pensando em Gilbert. Por que não admitia logo que sentia falta dele? Por que não reconhecia logo que cometera um grande erro ao ficar noiva de um homem que não amava? Deus do céu! Estava em uma enrascada sem tamanho. Anne queria chorar, mas, não se permitiu. Quisera magoar Gilbert e se colocara diretamente na linha de um problema que não sabia como resolver.

- Olá, você é noiva de Francesco Agipi? - uma voz interrompeu seus pensamentos. Anne levantou a cabeça, e se deparou com uma mulher jovem ainda e muito bonita que a encarava com um sorriso simpático no rosto.

- Sou eu mesma. Por acaso.eu a conheço?

- Oh, me desculpe. Me chamo Monique Bells- Ela estendeu a mão, e Anne a apertou perguntando surpresa;

- A atriz?

- Sim. Sou eu mesma.

- Sou muito fã do seu trabalho. - Anne disse entusiasmada.

- Eu também acompanho o seu. É modelo, não é? - ela disse sentando-se ao lado de Anne.

- Sim. Mas, me diga de onde conhece meu noivo? - Anne perguntou curiosa.

- Temos amigos em comum. - ela respondeu parecendo incomodada.

- Que interessante. – Anne disse sorrindo.

- Faz tempo que estão noivos?

- Não. Faz apenas um mês. – Anne respondeu.

- Desculpe-me a indiscrição, mas você é muito jovem para estar namorando um homem como Francesco. - Monique disse seria.

- A idade não faz muita diferença para nós. Além disso, Francesco é um homem maravilhoso. - Monique olhou para ela com um olhar estranhou e falou:

- Cuidado minha querida. Nem tudo que reluz é ouro.

- O que quer dizer com isso? - Anne perguntou intrigada com as palavras daquela jovem mulher.

Nada importante. Preciso ir, querida. Foi um prazer conhecê-la. - Monique disse se despedindo.

- O prazer foi meu. - Anne respondeu curiosa com a aparição repentina daquela mulher e suas palavras finais. O que será que quisera dizer com aquilo? Ainda estava pensando nisso quando Francesco retornou e disse:

- Andiamo a casa? - (Vamos para casa?)

- Claro. – Anne respondeu ainda se sentindo estranha em relação ao que fora dito por Monique, mas tentou não demonstrar.

Francesco a deixou em frente ao prédio dela, e Anne entrou em casa receosa, pois não se sentia mais segura ali. Depois que recebera aquela caixa com a rosa, uma cruz e o bilhete dizendo Feliz Aniversário, começara a sentir medo de ficar sozinha. Não sabia o que aquilo significava e nem quem havia lhe enviado algo tão sinistro. Em outras circunstâncias, teria chamado a polícia, mas naquele caso o que tinha a dizer? Não havia nenhuma ameaça explícita, os telefonemas que andara recebendo cessaram de repente, então não tinha nada em mãos realmente concreto que valesse a pena fazer uma denúncia. Anne também não contara a Cole, ou a qualquer um de seus outros amigos, porque não queria que ficassem preocupados com algo que talvez nem existisse. Ela pensara até em jogar a caixa e a cruz fora, mas por alguma razão resolveu guarda-las em um baú onde costumava manter coisas que não usava mais no momento, mas que poderiam ser útil de alguma forma no futuro.

Anne tomou um banho e depois de algum tempo foi para a cama, pois o desfile beneficente seria à tarde, e queria estar bem descansada para o evento. No dia seguinte, quando ela chegou no local do desfile já havia um aglomerado de gente esperando que começasse. O evento seria ao ar livre, e todas as modelos estavam empolgadas por participarem de algo tão importante e que ajudaria a tantas pessoas carentes. Anne olhava o grupo de pessoas que chegavam à toda hora, e esperou ver Francesco entre elas. Ele tinha feito uma doação generosa, e por isso, Anne julgava justo que ele estivesse ali para prestigiar o desfile, e também por ser uma pessoa influente que poderia convencer mais pessoas a doar

O desfile começou no horário combinado e sem atrasos. Todas as modelos que participaram deram o melhor de si para que tudo fosse um sucesso, inclusive Anne. Todo o dinheiro arrecadado seria doado para orfanatos, e Anne, por ter vivido em um até ser adotada por Matthew e Marilla, melhor do que ninguém sabia como os pequeninos que lá viviam, mereciam aquela doação.

Depois que o desfile terminou, Anne e as outras modelos tiraram fotos juntas que seriam partilhadas nas redes sociais, jornais e revistas da cidade falando do sucesso que aquele acontecimento tinha sido. Após este momento, Anne procurou por Francesco entre os rostos que ainda permaneciam por ali, e o viu a uma certa distância acenando para ela. Anne começou a se encaminhar para onde ele estava, quando um carro veio em sua direção, e ela se viu sendo empurrada por alguém, e a dor violenta que sentiu ao cair no chão a deixou tonta, e então tudo ficou escuro.

ANNE E GILBERT

Gilbert acordou com a luz do sol entrando pela fresta da sua janela no terceiro andar do hotel onde estava hospedado, e esfregou os olhos ainda se sentindo cansado por sua noite mal dormida no avião. Ele consultou o relógio do celular, e viu que passava das dez da manhã. Em seguida, se arrastou até o banheiro e tomou um banho relaxante, colocou roupas limpas, e desceu para tomar um café tardio que era servido até as onze da manhã para maior conforto dos hóspedes. Logo, ele chamou um táxi pelo aplicativo do seu celular, e foi até o hospital onde seu professor trabalhava, e onde sua visita estava marcada para uma da tarde.

Ao chegar lá, foi encaminhado diretamente para a sala de seu professor, que era chefe de cirurgia naquele hospital e o aguardava ansiosamente.

- Gilbert Blythe. Que prazer revê-lo.- O bom homem disse.

- O prazer é todo meu professor, digo Dr. Philips – Ele disse se corrigindo a tempo.

- Para que tantas formalidades? Pode me chamar de professor, eu não me importo, porque no fundo é o que sou, um simples professor. - ele disse, e Gilbert ficou olhando para ele, e pensando que os anos tinham passado, mas não para aquele homem brilhante que fora um dos seus professores favoritos. A passagem do tempo, somente fizera bem ao Dr. Philips, que mantinha a presença jovem e bem animada dele ao comandar várias pessoas de todos os setores daquele hospital com seu jeito calmo, porém firme, o mesmo que usava para comandar uma sala inteira de alunos de Medicina ávidos por aprender tudo o que podiam daquele professor extraordinário.

- E como vai sua carreira na área médica? Tem feito muito sucesso com sua mente brilhante? – O velho médico disse sorrindo enquanto lhe servia uma xícara de café

- Que isso professor. Não exagere. Creio que tenho me saído bem, modéstia à parte. - Gilbert respondeu colocando algumas gotas de adoçante em seu café. Ele sempre evitava o açúcar, que considerava um vilão na sua vida quanto na de seus pacientes.

- Você é realmente modesto, meu rapaz. Sempre o considerei o aluno mais inteligente e dedicado de minhas aulas, e nunca me decepcionei. – Gilbert ficou contente com o elogio, pois não era algo que se ouvia fácil da boca do Dr. Philips que era extremamente exigente em suas avaliações dos alunos que estavam sob sua responsabilidade.

- Obrigado, Professor. O senhor não sabe o quanto isso significa para mim. - Gilbert disse sorrindo-lhe, depois continuou. – Recentemente viajei para a Alemanha, em busca de aprender sobre um tratamento alternativo para pessoas  que possuem câncer cerebral inoperável.

- Que interessante. - o Dr. Philips disse levando sua xícara de café aos lábios. – Me conte sobre suas descobertas.

Assim passaram a hora seguinte falando sobre o curso e das experiências de Gilbert com o novo tratamento, e ele também falou com o Dr. Phillips sobre o caso de Sarah, e os bons resultados que vinha obtendo com ela.

- Bem? Meu caro rapaz, o meu convite para que viesse me ver tem um significado mais amplo. – O Dr. Philips disse olhando diretamente para Gilbert, que lhe devolveu o olhar surpreso enquanto dizia:

- É mesmo?

- Sim, sempre admirei sua inteligência e perspicácia quando estudante, e por isso, gostaria de saber se aceitaria trabalhar aqui comigo?

- Puxa, professor. O senhor me pegou de surpresa. Bem, eu nem sei como responder. - Gilbert disse feliz pelo Dr. Philips ter cogitado a possibilidade de lhe oferecer tal cargo.

- Não precisa me responder agora. Sei que deve estar preocupado com o caso de sua amiga que está tratando. Sua cidade não é tão longe de Nova Iorque, então isso poderia ser ajustado. Poderíamos dispor de você no dia que precisasse para ir  até lá e cuidar do caso dela pessoalmente. É lógico que tudo isso seria custeado pelo hospital. O tratamento dela é semanal? - O Dr. Philips quis saber.

- No início sim, mas como avançamos um pouco, passou a ser quinzenal.

- Ótimo. Então, o que acha? Está disposto a tentar? Temos grande carências de bons profissionais como você por aqui. - Gilbert hesitou um pouco. A oferta era bastante generosa, mas seria uma grande mudança. Ele teria que deixar sua vida tranquila em Charlotte Town, e vir para Nova Iorque onde a carga de trabalho com certeza era o dobro do que normalmente estava acostumado. Mas, quando ele teria outra oportunidade como aquela? Ele sabia que o salário seria o dobro, mas não foi isso que o fez se decidir, e sim o desafio que aquele trabalho lhe proporcionaria, e Gilbert era totalmente viciado em desafios. Ele olhou para seu antigo professor que esperava por sua resposta, estendeu-lhe a mão e disse:

- Aceito sua oferta. Peço apenas que me dê alguns dias para que eu possa acertar tudo no hospital onde trabalho.

- Claro. - Dr. Philips apertou a mãos que Gilbert lhe oferecia. - Vou pedir a assistente social do hospital que encontre para você um lugar confortável para morar. Quero que venha para Nova Iorque com tudo pronto à sua espera.

- Obrigado. - Gilbert disse já ansioso para iniciar seu trabalho ali.

-Você gostaria de ficar mais um pouco e me acompanhar em minhas visitas aos pacientes hoje? Assim você poderá ver como tudo acontece em um hospital da cidade grande. - Dr. Philips disse com a mão no ombro de Gilbert.

- Eu adoraria. – O rapaz respondeu empolgado.

- Ok. Vista este jaleco e venha comigo.

Assim, Gilbert passou o resto da tarde ajudando o Dr. Philips em suas rondas daquele dia, e até arriscou alguns diagnósticos. Estavam atendendo a uma senhora com um caso agudo de crise renal quando uma enfermeira veio apressada em sua direção dizendo:

- Dr. Philips, temos um caso grave de fratura na emergência que precisa de sua atenção

- Gilbert, você poderia cuidar disso para mim? Justamente hoje estamos com desfalque de funcionários, e não posso abandonar essa paciente assim

- Claro- Gilbert disse prontamente. - e seguiu a enfermeira até a sala de emergência

Quando entrou na sala onde a paciente estava deitada, ele levou o maior susto ao ver que era Anne. Ela estava pálida e parecia sentir muita dor, pois mantinha os olhos fechados e o rosto crispado como se estivesse tentando controlar algum espasmo dolorido. Ela abriu os olhos exatamente no momento em que ele chegou mais perto, e Gilbert notou com o coração apertado que estavam marejados de lágrimas.

- Gilbert? – Ela disse o nome dele baixinho- O que faz aqui?

- É uma longa história. - ele disse sentando-se ao lado dela na cama, e começando a examiná-la com cuidado. - Me diga o que aconteceu.

Ele estava tão perto que Anne sentia dificuldades de raciocinar, mas tentou se concentrar e contar tudo o que havia acontecido no desfile.

- Eu estava fazendo um desfile beneficente no centro da cidade, e quando acabou um carro desgovernado veio em minha direção, e teria me atropelado se um dos modelos não tivesse agido rápido me empurrando para longe do perigo, mas na queda eu acho que quebrei o tornozelo. – Ela fechou os olhos tentando esquecer o momento angustiante do acidente, e Gilbert percebendo seu desconforto, chegou mais perto e disse com a voz suave:- Calma, querida. Eu estou aqui com você. – Ela abriu os olhos ao som daquela voz acariciante, sentindo a respiração quente de Gilbert sobre o seu rosto, e instintivamente olhou para os lábios dele tão próximos. Ela se esqueceu momentaneamente da dor horrível que tomava conta dela ao mergulhar naqueles olhos castanhos, e mais que tudo desejou que ele a beijasse e a fizesse sentir aquelas sensações dentro dela que ele era capaz de provocar.

Gilbert olhou a mulher à sua frente tão frágil e indefesa, e desejou quebrar a barreira da distância que havia entre eles e tomá-la nos braços. Ela continuava linda, apesar dos sinais de dor que via em seu rosto, e seus lábios macios estavam entreabertos como em um convite para um beijo. Ele ia se aproximar, e fazer exatamente o que seu coração lhe pedia quando ela exclamou:

- Ai! - Gilbert se afastou dela imediatamente preocupado e disse ao ver os olhos dela novamente cheios de lágrimas.

- Me diga onde dói exatamente.

- O meu tornozelo direito. – Anne respondeu respirando com dificuldade por causa da dor. Gilbert se abaixou e começou a examinar o tornozelo dela com cuidado. As mãos dele delicadas em seu sua pele fez Anne sentir arrepios involuntários pelo seu corpo, apesar da dor que estava sentindo, ela mordeu os lábios tentando evitar que um gemido escapasse de seus lábios, e Gilbert interpretando erroneamente a sua reação perguntou:

- Está doendo muito?

- Um pouco. - ela respondeu olhando diretamente para ele. Seus olhos se encontraram novamente e a magia que sempre acontecia entre eles estava ali. Gilbert pensava no quanto queria beijá-la e Anne no quanto queria que ele a beijasse.

- Amore mio. - Francesco chegou naquele momento quebrando o encanto entre os dois, e Gilbert voltou a examiná-la tentando abafar a onda de ciúme que tomou conta dele quando viu Francesco tocar o rosto de Anne, e beijá-la de leve nos lábios.

- Qual é o diagnóstico doutor? - ele perguntou.

- Parece que ela fraturou mesmo o tornozelo. Vou pedir um raio x para ter certeza.

Desta forma Anne foi levada para a sala de exames onde se constatou que ela havia sofrido mesmo uma fratura. Gilbert a engessou e explicou quais seriam os próximos procedimentos.

- Você terá que ficar dois meses em total repouso, e depois algumas sessões de fisioterapia a ajudarão a caminhar normalmente de novo, e somente aí poderá voltar ao trabalho.

- Minha pobre criança. Tudo isso por causa de um bêbado que perdeu o controle da direção. – Francesco disse afagando-lhe os cabelos.

- Bem, quero vê-la aqui na próxima semana para que eu possa examiná-la novamente para checar a cicatrização da fratura. – O que? Veria Gilbert de novo na próxima semana? - Ela pensou chocada.

- Vou pedir para a enfermeira arrumar uma cadeira de rodas para ajudá-lo a levá-la até o carro. - Gilbert ofereceu.

- Não precisa. Eu mesmo a levo. - Francesco disse pegando Anne em seus braços como se ela pesasse menos que uma pena.

- Como quiser. - Gilbert respondeu, tentando não gritar de raiva ao ver a mulher que amava sendo carregada para longe dele nos braços de outro homem.

Enquanto isso, um turbilhão de sentimentos estavam em ebulição dentro de Anne, ao pensar que encontraria Gilbert de novo no hospital na próxima semana. Como ele viera trabalhar ali sem que ela soubesse ela não tinha como explicar. Tudo no que conseguia pensar era que aquilo seria um grande pesadelo.



E então, será que existe alguma coisa sobre Francesco que Anne não sabe? E o carro que quase a atropelou foi mesmo um acidente? Façam suas apostas. Beijos.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro