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Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós


 Olá. Espero que gostem deste capítulo e  me enviem seus comentários me dizendo o qu acharam. Beijos.

Nenhum ruído se ouvia a não ser o tique taque do relógio da sala de estar de seu apartamento, quando Anne encarava Gilbert parado bem na sua porta. Seus olhos correram por todo corpo dele, desde os cabelos mais comprido e cacheados até os seus pés calçados por mocassins elegantes e macios. A camisa branca fazia maravilhas sobre sua pele morena que permanecia bronzeada, mesmo depois de ter ficado meses sem se expor ao sol, e a calça jeans preta que ele usava realçada seus quadris masculinos e pernas musculosas e fortes. Como ele se atrevia a aparecer na sua frente oito meses depois ainda mais lindo que antes? Santo Deus! Não havia nada de imperfeito no corpo daquele homem? E aquele maldito sorriso que a amolecia toda por dentro? Ela não merecia aquele ataque de sensualidade àquela hora da noite, quando estava tão carente e saudosa dele. Seu cérebro começou lhe enviar mensagens atrevidas e completamente eróticas, enquanto ela se via se agarrando naquele pescoço, puxando-o para dentro de seu apartamento e matando aquela vontade que tinha de beijá-lo a noite inteira.

Mas, então ela percebeu o teor de seus pensamentos, e gritou com seu próprio cérebro irritada por submetê-la aquela tortura, e odiou sua fraqueza momentânea que fazia com que se comportasse feito uma idiota, e não conseguia tirar os olhos daquele rosto que parecia se divertir com sua confusão.

- Não.me convida para entrar? – Anne quase gritou ao ver até onde o cinismo de Gilbert Blythe conseguia chegar. Ele fora embora por oito meses, e durante um bom tempo nem sequer lhe mandara notícias, e agora esperava que ela o recebesse de braços abertos? Se ele estava pensando que teria um corpo quente em sua cama aquela noite, ele estava muito enganado.

- Não, não te convido para entrar. Vá embora, Gilbert. - ela disse com a voz zangada. Mas, ele não deu nenhuma indicação que ia atendê-la.

- Anne, precisamos conversar. - Gilbert insistiu.

- Você ficou quatro meses sem sequer me mandar uma mensagem, e agora quer falar comigo? Quem pensa que sou, Gilbert? Alguma idiota?

- Querida, eu tive meus motivos. Eu juro. - o coração de Anne pareceu bombear o sangue mais rápido em seu peito ao ouvi-lo falar a palavra querida, pois Gilbert tinha um jeito especial de falar assim com ela que a desarmava, mas ela não ia deixar aquilo acontecer daquela vez.

- Eu não quero saber os seus motivos. Nada do que disser vai mudar o fato de que você jogou fora tudo o que vivemos por causa dessa viagem que fez. Acha que posso perdoá-lo? – Por que ele não parava de olhar para ela daquele jeito? E por que ela-se deixava afetar por aquele olhar? Oito meses sem vê-lo não fizera nada bem para sua saudade, pois o corpo dela gritava pelo toque dele, e ela precisava fugir daqueles olhos, ou se perderia neles sem pensar. Anne deu as costas para Gilbert, e disse com a voz firme. – Eu quero que vá embora agora, por favor. - Anne pensou que ele tivesse ido, pois nenhuma palavra saiu dos lábios dele, mas quando pensou que poderia respirar aliviada, braços masculinos estavam em sua cintura, e os lábios dele estavam em seus cabelos. Anne sentiu um bolo em seu estômago, enquanto sensações familiares tomavam conta dela. A voz de Gilbert soou quente demais em seus ouvidos, e enquanto ela lutava contra o desejo de se virar e beijá-lo com queria, ele disse:

- Estava com tanta saudades do seu cheiro. Nenhuma mulher que conheci tem esse seu perfume maravilhoso. E esse cabelo ruivo brilhante que me lembra as folhas de outono caindo das árvores é mais raro ainda de se encontrar. Preciso tanto de você, meu amor, esses oito meses foram uma tortura sem você. – Tortura? E o que ele estava fazendo com ela que nome tinha? Anne quase chorou ao perceber que seu amor por ele continuava igual. Toda aquela distância que Gilbert colocara entre eles não fora o bastante para matar como ela se sentia por dentro. Ela o amaldiçoou por conhecê-la tão bem, pois Gilbert estava utilizando todos os artifícios para enfraquecer sua vontade, fazê-la mudar de ideia e aceitá-lo de volta, e Anne não podia deixar aquilo acontecer, seria humilhante para ela se cedesse, não podia permitir que ele brincasse assim com seus sentimentos. Mas seus sentidos não lhe davam ouvidos, e seu coração cantava uma música diferente, os lábios dele já estavam atrás de sua orelha, ela queria resistir, mas não havia ali nada ao seu favor.

Gilbert a virou de frente, e tudo o que ela não queria ver estava escrito nos olhos dele. Aquela paixão que a queimava infinitamente, os sentimentos todos brilhando no fundo dos olhos de Gilbert a deixavam fraca e indefesa, e ela sabia que não resistiria por muito tempo. Ela o observou aproximar sua cabeça da dela, e Anne pensou o que faria para escapar daquela rede de feitiço que ele jogara sobre ela, mas, não teve tempo de pensar em uma estratégia, por antes que percebesse estavam se beijando, e ela sentiu seu corpo tomar vida, como se estivesse anestesiado em algum ponto dos últimos meses, mas agora cada músculo parecia estar cheio de uma energia poderosa capaz de agir por si mesmo sem atender a nenhum comando dela. Anne agarrou a gola da camisa dele e o puxou para ela, ao mesmo tempo que sentia Gilbert acariciar suas costas nuas que o vestido de festa que ela usava deixava completamente a mostra. Seus dedos queimavam de vontade de tocá-lo, e seus lábios queriam muito mais do que aqueles beijos, eram tão poucos para o tamanho do seu desejo por ele. Mas, um alerta soou no fundo de sua mente, trazendo-a devagar para a realidade do que estava acontecendo ali. Anne empurrou Gilbert para longe, e um frio repentino tomou conta dela, assim que os braços dele a soltaram.

Gilbert parecia tão transtornado quanto ela, com os cabelos revoltos e os olhos quase negros ainda cheio de paixão. Aquela visão tão máscula dele mexeu com sua cabeça novamente, e Anne teve que se controlar para não fazer exatamente o que seus instintos lhe pediam. Ela se afastou de Gilbert o máximo que pôde, e falou no limite de suas forças.

- Eu quero que vá embora, Gilbert e me deixe em paz, e nem sei como conseguiu me encontrar aqui. - Gilbert passou as mãos pelos cabelos, ajeitando os fios bagunçados e respondeu:

- Eu fui até seu antigo endereço, e uma moça muito simpática me disse que você tinha se mudado para esse prédio. - Anne praguejou baixinho ao imaginar que tipo de charme ele usara para conseguir que uma de suas amigas lhe dissesse onde ela estava morando.

- Por favor, Anne. Vamos conversar. Eu viajei da Alemanha até aqui, e mal me registrei no hotel e vim direto à -sua procura.

- Sinto dizer que foi uma completa perda de tempo. – mentalmente ela implorava para que ele fosse logo, ante a que perdesse seu bom senso e o deixasse ficar.

- Ao julgar pela maneira como me beijou minutos antes, não diria que foi uma completa perda de tempo. - ele riu maliciosamente, e Anne quis acabar com aquele sorriso só com o poder de sua mente, enquanto sentia seu rosto ficar em brasas pela insinuação evidente dele.

- Você me pegou de surpresa. – Ela tentou justificar um fato inegável. Ela sentia falta dele, mas não ia admiti-lo em voz alta, não ia dar chance para Gilbert aumentar o seu ego masculino que parecia maior do que no passado. Aquela certeza que ele tinha do que ela sentia por ele a deixava tão irritada. Por que ele tinha que ser tão seguro de si? Será que não havia nada que o abalasse a ponto de lhe arrancar aquele sorriso do rosto que lhe dizia que não adiantava ela fugir ou mentir, pois ele sabia exatamente por onde andavam seus pensamentos naquele momento?

- Você sabe que isso não é verdade, Anne. Você sente minha falta tanto quanto eu sinto a sua, e eu quero você tanto quanto você me quer. Por que quer me fazer acreditar que não existe mais nada entre nós, quando bastou um beijo para eu te provar que existe? - Deus! Ela tinha que fazê-lo parar de falar ou acabaria dando razão aos seus argumentos.

- Isso é apenas questão de pele, Gilbert. Nossa química funciona bem, é só isso. - Que bela mentirosa tinha se tornado, e a culpa toda era do moreno a sua frente que não parava de analisá-la como se ela fosse uma obra de arte

- Anne, não acredito que disse isso para mim. Esqueceu que sou médico, e que de química eu entendo muito bem? Isso não é química, querida, e nem atração física. É desejo puro e simples entre duas pessoas que se amam. E eu te amo, Anne. Isso não mudou e nem vai mudar. - Anne respirou fundo ao ouvir as palavras dele, não queria escutá-lo dizer que a amava, não queria que seu coração batesse como se tivesse uma sinfonia inteira dentro dele. Ela esperara por aquelas palavras quatro meses atrás quando terminara tudo por texto de mensagem e Gilbert não fizera esforço nenhum para dizê-las, e agora aparecia ali na sua porta, logo naquele momento em que estava disposta a deixar tudo para trás para bagunçar sua cabeça de novo. Não era justo, ela não queria mais se perder no som daquela voz e nem se derreter em cada beijo ou toque sobre sua pele. Queria deixar Gilbert no passado, não queria mais amá-lo, mesmo sabendo bem lá no fundo que aquilo seria uma tarefa difícil e inútil. Ainda assim ela fez um esforço para que Gilbert não tirasse dela tudo naquele instante. Não ia dar-lhe o prazer de ouvi-la dizer que o amava, depois de tudo o que ele havia feito.

- Saia Gilbert. Acho que já falamos tudo o que tínhamos que dizer. – Ela se encaminhou para a porta e esperou que ele a seguisse, mas Gilbert ficou parado no mesmo lugar.

- Então, vai negar que me ama, Anne, somente para se vingar de mim?

- Quem disse que quero me vingar de você? O universo não gira em torno de você, Gilbert. O que esperava? Flores e champanhe quando voltasse? Você ficou longe por oito meses, Gilbert, quando me prometeu que seriam somente quatro meses. - Anne não se importava que ele visse o tamanho de sua mágoa agora. Ela queria que ele soubesse o quanto a machucara e não o pouparia daquilo.

- Você sabe por que eu fui viajar, Anne. - ele disse com a voz séria

- Eu também sei por que não voltou. - ela rebateu e ficaram se olhando como se medissem forças. Por fim ele disse:

- Eu vou embora, se é o que deseja, mas não pense que vou desistir. Eu vou voltar, e você será minha de novo como eu sou seu. Do mesmo jeito que sempre foi. - ele deu meia volta e saiu do apartamento deixando Anne sem fôlego pelo que ouvira. Ela fechou a porta e se encostou nela. Aquele sentimento de posse de Gilbert sobre ela excitava sua imaginação tanto quanto a irritava. Ela foi para a cama sem esperanças de realmente dormir. Cinco minutos antes de apagar todas as luzes recebeu de Marilyn, uma de suas amigas do antigo apartamento, uma mensagem que dizia;

Então, querida reencontrou seu namorado Gilbert Blythe? Onde você escondia aquele monumento? Ele me contou sobre vocês estarem um pouco estremecidos um com o outro Pare de besteira menina, e agarre logo esse homem, pois você sabe que a fila anda, e não faltarão pretendentes para aquele homem lindo e sexy, pois caras como ele não são fáceis de encontrar nessa selva de pedra onde vivemos. Pense com carinho em minhas palavras, e não deixe aquele Deus grego escapar. - Boa noite, meu amor.

Então tinha sido Marilyn que Gilbert usara como vítima para descobrir seu paradeiro, e ainda por cima contara a ela sobre o namoro dos dois apenas para ganhar-lhe a simpatia. Que homem mais irritante, insolente e atrevido!

Como ousara envolver suas amigas nisso. No mínimo deveria ter jogado o maior charme para cima de Marilyn para ela ter ficado toda encantada por ele. Não que Gilbert precisasse de muito artifício para encantar uma mulher. Somente sua presença alta e morena chamava a atenção em qualquer recinto, e Anne percebeu que incomodava-lhe a ideia de Gilbert solto em Nova Iorque. Ela sabia que ele faria um sucesso tremendo com o sexo feminino onde quer que fosse.

Anne sentiu seu estômago se contrair com essa ideia, e notou desgostosa que estava com ciúmes. Decidida, ela mandou uma mensagem para Francesco aceitando seu convite para jantar. Queria acabar de uma vez com a maldição Blythe em sua vida. Apagou as luzes e tentou dormir, mas passou a noite inteira insone assombrada pelos olhos castanhos dele.

GILBERT

Gilbert caminhava pelas ruas se Nova Iorque irritado consigo mesmo. Ele esperara ter mais sucesso ao reencontrar Anne, mas fracassara. Ele sabia que ela não o estaria esperando de braços abertos, mas contara com o elemento surpresa que talvez abrandasse a raiva que estava sentindo dele, mas de novo se enganara. Anne tinha uma capacidade de guardar rancor imensa, e se estivesse magoada não se deixava convencer facilmente. Ela era difícil, impetuosa como uma tempestade, inconstante como um mar em um dia de fúria, e indomável de alma em coração, e era exatamente por todas essas características marcantes da personalidade dela que Gilbert a amava.

Ele riu ao lembrar daqueles olhos magníficos faiscando de raiva, e sabia que não ia desistir dela nunca. Anne era um desafio tão difícil de alcançar quanto a montanha mais alta e distante do mundo, mas Gilbert sabia que podia chegar até ela, se usasse as palavras certas, se mostrasse a sinceridade de seus sentimentos, se a convencesse da importância que tinha na vida dele. Não ia ser fácil, claro que não, mas ele se sentia estimulado, pois Anne valia a pena, tudo por ela valia a pena.

Talvez ele tivesse vacilado na sua escolha de estratégia para aquela noite, mas estivera tão ansioso para vê-la que não pensara muito bem no que fazer ou dizer quando chegara em seu voo da Alemanha. Gilbert fora direto para o hotel, fizera o check in, e depois pegara um táxi e fora para o antigo endereço dela, sem saber que Anne tinha se mudado.

Uma garota loira e bonita o atendera, e lhe lançara um olhar interessado, mas quando ele lhe dissera quem estava procurando, ela sorrira divertida, e lhe contara que Anne tinha se mudado para um lugar novo, mas que somente lhe revelaria onde ela estava morando, se ele lhe contasse como tinha conhecido Anne. Assim, Gilbert passara os quarenta minutos seguinte tomando café e relatando sua história com Anne. A garota ficara comovida ao saber que eles tinham um amor de infância, e que por sete anos ficaram separados por um mal entendido, e que agora estavam na mesma situação por conta do trabalho dele. Gilbert percebera uma veia romântica na garota, que satisfeita por estar bancando o cupido lhe dera finalmente o endereço que ele tanto desejava.

Gilbert chegara ao apartamento dela cheio de expectativas, não sabendo bem o que encontraria. Ele imaginara que ela brigaria com ele, lhe diria alguns desaforos, depois fariam as pazes, passariam a noite juntos e ele acabaria com a saudade que sentia dela, tão imensa que o corroía por dentro, impedia que ele dormisse, relaxasse ou se concentrasse em qualquer coisa que não fosse a imagem dela gravada em seu coração

Quando Anne abrira a porta ele mal conseguiu falar, tão extasiado estava de vê-la finalmente em sua frente. E Céus! Ele não conseguia tirar os olhos dela. A palavra sensual era pouco para descrevê-la naquele vestido vermelho que era tão perfeito nela quanto as curvas que escondia, e Gilbert logo se viu arrancando aquela peça provocante do corpo dela, e amando-a com toda volúpia que seus sentidos exigiam. Porém, Anne tirou-o de seus devaneios quando o mandou embora, e Gilbert viu que a raiva dela era maior do que esperava, Não que ela não tivesse razão, ele lhe fizera uma promessa e não cumprira, mas. será que ela não podia lhe dar pelo menos um segundo para que ele pudesse se explicar? Mas, Anne não lhe deu sequer o benefício da dúvida, e o acusara de tantas coisas que não as conseguia enumerar. Ele sabia que ela estava na defensiva, por isso, usava sua língua ferina para mantê-lo longe, o que ela conseguira por pelo menos quinze minutos.

Anne lhe dera as costas, e ele viu sua resistência falhar ao ver a pele dela toda nua nas costas exposta pelo vestido. Quem tivera a ideia de criar tal vestido? Aquilo era um atentado a sanidade mental de qualquer homem, ainda mais porque de onde ele estava podia ver a pele dela brilhando tentadoramente, e seus sentidos o induziam a chegar cada vez mais perto. E foi o que ele fez, sem conseguir se conter mais, e assim que a abraçou, Gilbert sentiu-a trêmula em seus braços. O perfume dela aumentou sua saudade, pois era o mesmo do qual se lembrava e o perseguira em seus meses solitários em Berlim, quando pensara que não suportaria a falta dela, e se enterrara nos estudos, e nos trabalhos exaustivos de pesquisa, mas agora Anne estava ali ao seu alcance, e não era mais somente uma miragem, uma ilusão que sua mente criara no escuro de seu quarto.

Gilbert a virara de frente para ele, pois precisava ver-lhe os olhos e a expressão do rosto que por fim denunciaria os sentimentos dela. Não durou um segundo a troca de olhares, pois seu lábios se tocaram sedentos um pelo outro, e logo um beijo se multiplicou em muitos outros que lhe roubavam o fôlego, e faziam seu sangue ferver de desejo por ela. Ele ainda se lembrava da última vez que tinham feito amor, e fora tão maravilhoso, que Gilbert ansiava por repetir a experiência, mas nãos seria aquela noite, pois depois de quase se fundirem no calor de seus corpos, Anne o afastou e o mandou embora de novo.

Ela parecia decidida a mantê-lo fora da vida dela, mesmo dando todos os sinais de que ainda sentia o mesmo que ele. Gilbert entendia que ela estava magoada, e perdoá-lo demoraria algum tempo, mas ele confiava que isso aconteceria se ele mantivesse a calma, e levasse em consideração tudo o que ela deveria ter passado depois que ele fora embora, mas o que ela parecia não entender, era que não fora fácil para ele também, pois a maneira como ela falara de sua viagem, ela dera a entender que ele o fizera deliberadamente por motivos egoístas e não altruístas, e isso não podia estar mais longe da verdade.

Será que Anne sequer podia imaginar o quanto ele trabalhara duro para encontrar uma solução para o problema de Sarah? Será que ela não conseguia compreender que se ele estendera sua estadia em Berlim, fora por necessidade e não prazer? Esse era o trabalho dele, curar pessoas, e se ele bem se lembrava ela fora a primeira pessoa a lhe dizer que aquela era sua vocação, e agora o acusava de colocar a profissão dele acima do amor que sentiam.

Ele sabia que extrapolara e testara a paciência dela além dos limites, mas também não podia ser acusado de não amá-la o suficiente porque aquilo não era verdade. Gilbert amava Anne mais do que já amara qualquer coisa na vida, e não fazia sentido ela pensar que a Medicina estava entre eles. Gilbert somente não compreendia por que ela mentia e insistia em que não o amava, usando como pretexto a química existente entre eles

O que Anne chamava de química, Gilbert chamava de paixão, o sentimento que Anne fingia banalizar era o mesmo que Gilbert chamava de amor, assim, ela podia negar o quanto quisesse, mas o amor deles ainda estava ali forte e poderoso como da primeira vez.

Mas já que ela preferia ocultar seus sentimentos, Gilbert resolvera dar-lhe tempo. Era tarde e ambos estavam cansados para continuarem naquela discussão quando poderiam estar fazendo algo muito mais prazeroso, mas Anne preferia jogar com o jogo da indiferença, então, ele a deixaria ganhar dessa vez, porém, antes de sair dissera com todas as letras que não pretendia desistir, somente estava tomando fôlego para a batalha seguinte na qual ele faria tudo para ser vencedor, pois não se jogava fora uma história como a deles.

Por isso, ele estava voltando sozinho para o hotel, e já estava fazendo planos para ficar uns dias em Nova Iorque e tentar resolver o impasse com o Anne o mais rápido possível, depois iria falar com Sarah a respeito do seus estudos e propor-lhe um tratamento alternativo, e esperava que ela lhe desse chance de ajudá-la.

Gilbert chegou ao hotel, e foi direto para a cama, precisava dormir, pois passara as últimas vinte quatro horas sem realmente pregar os olhos. Amanhã quando acordasse, teria várias assuntos para resolver, antes de começar sua batalha árdua contra o câncer de Sarah. Ele se deitou na cama e adormeceu quase que imediatamente, não sem antes beijar o retrato de Anne, e segurar em suas mãos a mecha do cabelo dela.

GILBERT E ANNE

Anne acordou cansada naquele dia ensolarado de sábado que brindava Nova Iorque com seu brilho radiante. Ela se olhou no espelho, e notou irritada que havia olhares escuras em volta dos seus olhos, constatando com mais raiva ainda que esse era o efeito de Gilbert Blythe em sua vida novamente.

Por que ele tinha que aparecer novamente quando estava começando a se acostumar com sua ausência? Por que seu tolo coração tinha que bater daquele jeito somente ao som da voz dele? Como podia ser tão estúpida por se sentir tão atraída por um homem que ela sabia que só a magoaria por melhores que fossem suas intenções? Precisava urgentemente de alguma coisa que a fizesse raciocinar com clareza novamente, pois foi só Gilbert aparecer na sua frente, para não conseguir mais parar de pensar nele, não que o tivesse esquecido totalmente, mas pelo menos estava conseguindo dormir à noite sem sentir a falta dele do outro lado do travesseiro. Porém, como não podia deixar de ser essa calma acabara em um segundo quando ele batera em sua porta

Entretanto, ela colocaria um ponto final naquela agonia, e aceitaria qualquer proposta que Francesco lhe fizesse aquela noite. Queria arrancar Gilbert de seu coração nem que fosse de uma vez e sem anestesia. Talvez fosse errado usar seu querido amigo para isso, mas fora ele que fizera aquele convite, portanto, Anne deixaria que as coisas acontecessem naturalmente. Quem sabe não encontraria em Francesco seu ideal masculino de namorado, já que seu relacionamento com Gilbert nunca daria certo. Fora uma tola por pensar que daria, fora uma tola por pensar que existia entre eles uma cumplicidade que transcendia a tudo somente porque se conheciam desde a infância, e o amava com a mesma quantidade de anos.

Francesco ficara de vir buscá-la às oito para levá-la a um excelente restaurante italiano que ele conhecia na cidade de Nova Iorque, por isso, Anne se arrumou com cuidado, pois se bem conhecia Francesco aquele não era um restaurante qualquer.

Ela trajava um vestido azul marinho de seda tomara que caia, que ia justo até sua cintura, depois caía em uma saia rodada que chegava até o seus joelhos. Ela prendeu os cabelos em uma trança chique, e como acessórios Anne usava um colar com um pingente de cristal com brincos no mesmo estilo. Ela decidira não usar uma sandália de saltos muito altos, para seu próprio conforto, porque era o que usava todo o dia no trabalho.

Francesco chegara pontualmente ás oito, deixando à mostra todo o seu charme italiano e simpatia inata. Ele tomou a mão de Anne e a levou aos lábios dizendo:

- Sei belíssima questa note, cara. (Está lindíssima essa noite, querida)

- Grazie, Francesco. - Anne agradeceu sorrindo, admirando a beleza do homem à sua frente, mas não sentindo nenhum tipo de emoção especial por ele. Anne sabia que muitas de suas conhecidas, ou mesmo amigas a invejavam por Francesco estar interessado nela, mas, a verdade era que nunca se importara muito com isso. Mas, queria que aquilo mudasse aquela noite, e se esforçaria para que tudo acontecesse conforme ela planejara.

Do outro lado da cidade, Gilbert se preparava para sair, pois praticamente passara o dia no hotel, primeiro por que estava cansado e a viagem da Alemanha até os Estados Unidos tinha sido longa, e segundo porque só ficará por ali por causa de Anne, e sem ela não via graça nenhuma a se misturar a multidão lá fora e se perder no anonimato. Fora uma surpresa quando Muddy ligara, convidando para jantar, e Gilbert resolvera aceitar pois estava saturado de ficar trancado naquele quarto sem ter muito o que fazer. O toque do celular avisou que Muddy tinha chegado, e Gilbert saiu do quarto pegando o elevador em direção a recepção do hotel. Muddy sorriu assim que viu Gilbert chegar:

- Como você está, meu velho amigo? - Gilbert o abraçou com afeição e respondeu.

- Estou com saudades de casa, mas me sinto bem. Acho que não sou mesmo um médico da cidade. Meu público é outro. - Gilbert disse com um suspiro.

- Mas, o que faria se você ainda estive com Anne? Essa cidade é onde a vida dela acontece.

- Nesse caso eu teria que me acostumar, pois por Anne eu até me arriscaria a viver em uma cidade com o esta, mas isso não quer dizer que amaria menos a vida do campo. - Gilbert disse parecendo bem pouco animado para deixar o hotel e ir até o restaurante.

- Anime-se meu amigo. Vou te levar para um restaurante que você vai adorar. - Muddy comentou tentando melhorar o ânimo de Gilbert.

E de fato Gilbert gostou do lugar assim que chegaram. Era um ambiente bastante sofisticado, mas não do tipo esnobe e sim aconchegante, e o desânimo que tomara conta dele no início da noite pareceu se transformar em prazer devido a boa conversa e a excelente comida que estavam saboreando. Entretanto, o bem-estar desapareceu assim que seus olhos encararam a mesa em sua frente, e caíram sobre a ruiva lindíssima que o olhava com espanto.

O rosto de Anne estava em chamas ao notar Gilbert fitá-la, com aquele olhar que lhe dizia tudo e mais um pouco. Ela simplesmente parou de ouvir o que Francesco lhe dizia, para prestar atenção ao homem à sua frente que observava todos os detalhes de seu rosto como se a acariciasse. Então, ela viu Gilbert desviar o olhar para o homem ao seu lado, encarando-o sem que Francesco percebesse, pois estava mais interessado em saborear o vinho português que haviam pedido par a o jantar daquela noite. Gilbert voltou a olhar para ela, mas seus olhos estavam mais duros, e ela podia facilmente identificar a centelha do ciúme brilhando dentro deles.

Anne começou a se sentir desconfortável com o fato de estar sentada no mesmo restaurante que o homem que vinha atormentando seus pensamentos desde o dia em que o tinha conhecido, e pediu licença a Francesco para ir ao toalete retocar a maquiagem. Ele lhe deu um sorriso gentil e Anne se levantou indo em direção ao banheiro feminino, pois queria fugir de Gilbert e dos sentimentos que ele lhe estava provocando, estragando-lhe a noite miseravelmente. De todos os restaurantes de Nova Iorque ele tinha mesmo que ir jantar justo nesse? Era pura falta de sorte ou alguém lá em cima estava fazendo uma brincadeira cruel com ela?

Ela estava quase alcançando a porta do banheiro, quando sentiu uma mão agarrar seu pulso, puxando-a para uma saleta que parecia ser uma área privada do restaurante. Ela se virou para encarar o homem que sem permissão a havia trazido até ali, sabendo perfeitamente que era Gilbert, pois sua colônia amadeirada e inesquecível o denunciava.

- O que pensa que está fazendo? – Ela quase gritou com os olhos azuis zangados brilhando em fúria.

- Quero saber quem é o cara que está com você? - os olhos dele tinham um brilho perigoso, que fez Anne estremecer por dentro. Os lábios tinham uma linha dura que a atraíram instantaneamente, e Anne começou a ficar nervosa com a proximidade dele. Para esconder sua fraqueza ela quase gritou:

- Eu não lhe devo satisfações. Saio com quem eu quero e quando quero, sou uma mulher solteira e jovem que tem o direito de curtir a vida.

- Concordo com tudo o que disse, querida. Somente uma coisa está errada. O único homem que tem o direito de tocá-la sou eu, portanto, qualquer outro homem nesse caso é dispensável. - Anne se preparou para lhe dar uma resposta contra aquela postura claramente machista dele, mas Gilbert a puxou para ele, colando os lábios dele nos dela, impedindo-a de pensar com coerência. Os lábios dele exploraram os seus com desejo, enquanto as mãos dele desciam até sua cintura segurando-a fortemente contra seu corpo impedindo-a se fugir. Ela gemeu baixinho, ao sentir os lábios de Gilbert descerem até seu pescoço mordiscar a pele macia do local, fazendo o corpo dela inteiro se arrepiar. De repente ela se tornou consciente demais dos músculos de Gilbert contra o tecido fino de seu vestido, e sua paixão por ele começou a queimá-la lentamente. Ela levou as mãos até o pescoço dele e o puxou para mais perto, intensificando cada vez mais os beijos que trocavam sem pudor. Então, Gilbert a libertou daquela doce prisão de seus braços e disse em seu ouvido:

- Agora me diz que isso é somente química entre nós, e o homem que a trouxe até aqui esta noite te faz se sentir assim. – Ele saiu sem esperar pela resposta, enquanto Anne tentava controlar as batidas do seu coração. Ela foi até o banheiro e jogou um pouco de água sobre o rosto vermelho demais, retocou o batom enquanto xingava Gilbert mentalmente por ter acabado com seu autocontrole com apenas um beijo.

Ela voltou para mesa onde Francesco estaca sentado, e percebeu aliviada que Gilbert já tinha ido embora. Meia hora mais tarde, Francesco a levou para casa, e em frente ao prédio dela, ele beijo-a suavemente nos lábios, e Anne constatou tristemente o quão certo Gilbert estava em suas afirmações. Não sentiu nada com aquele beijo, a não ser um sincero afeto e amizade por aquele homem tão bom.

Ela entrou no prédio, pensando no desastre que tinha sido aquela noite, sem perceber que nas sombras estava o homem que comandava totalmente seus pensamentos, e que observava toda a cena de longe , com os punhos cerrados de ciúme, e os olhos castanhos cheios de amor e saudades por ela.

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