Capítulo 4- Duas almas e um destino
GILBERT
Gilbert viu Anne se afastar e quis trazê-la de volta. Quis impedir que ela se fosse, mas não disse nada. Vê-la daquela maneira sem esperar, o tirara do seu estado normal. Ficara tão maravilhado com a presença dela que não tivera tempo de analisar os próprios sentimentos.
Tantos anos tinham se passado, mas parecia que o quesito tempo não fazia diferença nenhuma quando se tratava dele e de Anne, Nada tinha mudado dentro dele, embora do lado de fora não fossem as mesmas pessoas. Ela vivia em um mundo do qual ele não fazia parte. Anne era uma top model internacional e viajara o mundo, enquanto ele dedicara todo o seu tempo a sua profissão. Tornara-se o melhor médico que conseguira ser, e não se arrependia de ter deixado outros sonhos juvenis para se dedicar somente aquele. Mas, perdera Anne no processo, e isso sim o afetara sobremaneira. Desistira dela quando as coisas se tornaram difíceis demais, parara de procurá-la, deixara que ela se fosse, e se enganara todo aquele tempo.
Ele ainda a amava, sempre a amara, mesmo quando dizia a si mesmo que ela era passado e que Sarah era o seu futuro, lá no fundo ele sabia que nunca houvera outra. Podiam ficar milhares de quilômetros distantes um do outro, viver em continente diferentes, mas aquilo que ele sentia iria com ele a qualquer lugar. A única coisa que não tinha certeza era se Anne se sentia da mesma maneira, mas, pelo o que ele pudera constatar parecera que vê-lo não fizera muita diferença para ela. Ela o olhara com uma arrogância escondida por trás de um fino verniz de educação, viu os olhos dela faiscarem em alguns momentos como se se ressentisse de tê-lo encontrado. Mas, por que viera até ali? Será que sentira curiosidade por ver como o médico de cidade pequena vivia? O mesmo médico com quem um dia ela trocara beijos de tirar o fôlego, e com quem ela dizia querer se casar?
Como Anne mudara. Não era mais sua garotinha. Ele tinha se enganado quando pensara assim. A primeira vista, ele achara que era sua Anne voltando para ele como se nunca tivesse partido, mas depois de alguns minutos, a frieza dela o atingira em cheio, e ele percebera com grande pesar que a perdera de vez. Ele sempre imaginara como seria se a encontrasse de novo, seus olhares se encontrariam, sorririam um para o outro, e se atirariam um nos braços do outro com paixão, mas, fora um tolo romântico, logo ele que sempre se dissera um homem da ciência e que não tinha tempo para arrombos do coração.
Não podia negar que Anne estava linda, muito mais do que fora aos catorze anos. Seus traços infantis tinham ido embora e a garota que estivera ali há meia hora atrás tinha o corpo de uma mulher feita que viraria a cabeça de qualquer homem que cruzasse seu caminho, mas ele não podia ficar pensando nisso, o melhor a fazer era esquecer e continuar a viver sua vida como se nunca a tivesse reencontrado.
Gilbert entrou em casa e foi direto para o seu quarto, abriu uma gaveta a qual deixava fechada a sete chaves. Pegou todos os recortes que guardava dela há anos e pensou em jogar tudo no lixo, mas o rosto de Anne em uma das fotografias o impediram de tal gesto. Ela sorria com um sorriso maroto que lhe lembrava a antiga Anne, e seus olhos brilhavam com uma energia tão genuína que o fez desistir de se desfazer de suas lembranças, colocou tudo de volta dentro da gaveta e voltou a trancá-la.
A noite já tinha caído quando Gilbert deu por si. Mary e Sebastian não estariam ali naquele fim de semana, eles o avisaram quando ele ligara para dizer que viria, então, ele teria que preparar o próprio jantar. Não estava com fome, por isso preparou um sanduiche e foi comê-lo na varanda, acompanhado de um copo de leite.
O céu estava estrelado e de repente, Gilbert se viu procurando a estrela Vênus, e logo a encontrou linda e iluminada. Ela sempre se destacava das outras estrelas por ser a mais brilhante, e por esta razão era especial. Aquela estrela tinha sido sua e de Anne, e fora escolhida por eles em uma noite enquanto observavam o céu do telescópio que tinham construído juntos. Anne adorava astronomia, e sempre que aprendia alguma coisa nova, ela corria para contar a Gilbert. Ele particularmente preferia ler a enciclopédia científica que ganhara dos pais, mas ouvia atentamente quando Anne lhe explicava animadamente tudo o que lera sobre o mundo da astronomia. Depois que Anne partira, ele costumava se sentar no mesmo lugar em que estava agora, procurava por Vênus e se perguntava onde ela estaria e se pensaria nele da mesma maneira que ele pensava nela. Com o passar dos anos, deixara de ter esse hábito, mas, algumas vezes, ele ainda se pegava olhando para o céu e buscando a estrela deles.
Ele terminou seu lanche e voltou para dentro, sentou-se na frente da televisão buscando um programa interessante, mas não achou nada que lhe chamasse a atenção, estava com a cabeça cheia aquela noite, decidiu ir para cama um pouco depois da meia noite.
Quando despertou de manhã, percebeu que o açúcar havia acabado, então, decidiu ir ao supermercado que tinham ali em Avonlea e que ficava a exatamente quinze minutos de carro da sua fazenda. Quando chegou lá, o estacionamento estava abarrotado de veículos, e Gilbert levou mais de cinco minutos para encontrar uma vaga. Parecia que toda a Avonlea resolvera fazer compras no mesmo dia.
Ele entrou no supermercado procurando pela seção onde encontraria açúcar, estava entretido decidindo qual marca seria menos prejudicial a saúde quando fios ruivos passaram por ele chamando sua atenção. Ele sabia que era Anne, antes mesmo de ter certeza que era ela, pois não havia ninguém em Avonlea que tivesse aqueles cabelos magníficos. Gilbert também pôde se certificar que ela não estava sozinha, pois podia ouvir-lhe a voz suave e a risada cristalina que enchia o ar de encanto com sua sonoridade. Sem perceber, ele seguiu-a pelo corredor do supermercado, e foi encontrá-la na seção de frutas. Quando se aproximou mais, conseguiu identificar que o rapaz com quem ela falava era Cole, um velho amigo de escola.
A intimidade entre os dois era nítida, Gilbert sentiu uma pontada de ciúme atingi-lo. Sabia das preferências de Cole pelo sexo masculino, todos sabiam desde a escola, mas ainda assim ele invejou com que facilidade Anne sorria para ele e como os dois conversavam como se os anos entre eles não tivessem significado nada. Cole era um artista plástico renomado, tinha seus trabalhos expostos pelo mundo todo. Morara na Europa por alguns anos, expondo seus trabalhos nas ruas como anônimo, mas fora descoberto por um olheiro, e depois disso nunca mais deixara de fazer sucesso. Voltava para Avonlea sempre que podia, pois jamais rompera seus laços de amizade que tinha em sua terra natal, e apesar de toda notoriedade, Cole nunca deixara de ser o rapaz simples que sempre fora, e por esta razão, Gilbert sempre gostara muito dele, mas naquele momento ele apenas desejava que Cole estivesse a milhares de quilômetros longe dali.
Assim que Anne percebeu a presença de Gilbert, o sorriso dela morreu instantaneamente, dando lugar aquela frieza que Gilbert estava aprendendo a detestar. O que teria que fazer para que ela voltasse a tratá-lo como no passado? E por que aquilo realmente importava para ele? Não tinha decidido esquecê-la de vez? Mas, aquilo parecia ser mais fácil de dizer do que fazer.
- Bom dia, Anne. Enfim nos encontramos novamente.- por um momento ele achou que Anne não fosse responder, pois sequer olhou para ele direito, mas, então ela olhou diretamente em seus olhos e respondeu:
- Bom dia, Gilbert.
- Oi, Gilbert. A quanto tempo não nos vemos. – Cole estendeu a mão e Gilbert a apertou.
- Como vai, Cole?- ele tentou se concentrar no que Cole dizia, mas por alguma razão seus olhos não conseguiam desgrudar da figura de Anne, que parecia estar concentrada escolhendo as melhores maçãs.
- Anne, você não vai convidar Gilbert para sua festa? – Cole sorriu para Anne, Gilbert percebeu que ela fora pega de surpresa,
- Festa? – ele perguntou, apenas para ver como Anne sairia dessa. Sem saída, ela olhou para ele tentando parecer simpática e disse:
- Bem, Matthew e Marilla querem fazer uma festa para comemorar a minha volta. Não é nada demais, na verdade é mais uma reunião do que uma festa. Você será bem-vindo se quiser ir. - ele duvidava muito que ela estivesse sendo sincera, mas apenas para provocá-la ele disse:
- . Irei com prazer. Posso levar alguém comigo? – ele pensou ver um lampejo nos olhos dela que não soube dizer se era de surpresa ou raiva. Será que a rainha do gelo fora atingida afinal?
- Claro. Leve quem quiser. A festa será no próximo Sábado em Green Gables.
- - Obrigado, pelo convite. Vejo vocês no sábado então. Até logo.
- Até logo.- Anne respondeu.
- A gente se vê, Gilbert- Cole disse entusiasmado.
Gilbert saiu do supermercado se sentindo exultante. Fora convidado para uma festa em Green Gables, e não perderia aquela oportunidade 'por nada. Levaria Sarah com ele, e veria como as coisas se desenrolariam. "Espere um momento, Gilbert Blythe, o que está pensando? ". Ele perguntou a si mesmo. " Está querendo provocar ciúme em Anne Shirley Cuthbert? " "Onde foi parar sua resolução de deixá-la no passado? "
Mesmo sabendo que aquilo não era certo, ele não conseguia deixar de pensar como Anne reagiria se o visse com outra garota. Não tinha intenção de usar Sarah para isso, mas, ela acabaria sendo o instrumento para descobrir se Anne tinha algum sentimento por ele. Foi nesse instante em que percebeu que ainda não estava pronto para desistir de sua ruivinha.
ANNE
Depois que deixou Gilbert em sua fazenda, Anne chegou a Green Gables soltando fogo pelas ventas. Ela ainda tinha o gênio forte que se manifestava toda vez que era provocada. Normalmente, conseguia manter seu temperamento instável sob controle, pois sua profissão exigia disciplina, e ataques de mau humor não eram tolerados. Quando começara naquela carreira tivera que manter-se sob vigilância constante, até que aprendera a camuflar seus sentimentos, sorrir quando queria chorar, ser gentil quando morria de vontade de estrangular alguém. Mas, Gilbert Blythe conseguira fazê-la perder todo seu autocontrole em um segundo, principalmente quando criticara sutilmente sua escolha de carreira.
Quem ele pensava que era? A perfeição em pessoa? Ele não a conhecia, e não tinha direito nenhum de pensar o que quer que fosse dela. Só porque tiveram um namorico quando adolescentes, ele achava que podia dar palpite na vida dela? Que cara arrogante! Preferia pensar dessa maneira do que ter que lidar com o fato de que ele tumultuava seus sentidos e disparava seu coração, e não queria nem pensar no que aquilo significava.
O rosto dele surgiu em sua mente, ela pensou como ele tinha um rosto perfeito. Aqueles olhos castanhos tinham zombado dela, mas ainda assim eram quentes o suficiente para fazê-la derreter. Ela bloqueou todas as lembranças, ela não queria pensar nele, não queria se lembrar que ele quase a beijara e que ela esperara ansiosamente por aquilo, mas não permitira que acontecesse, pois temera o que sentiria. Não eram mais crianças, eram um homem e uma mulher, e ela não sabia bem até onde um beijo de Gilbert Blythe poderia levá-la.
Se ela contasse, ninguém acreditaria que ainda era virgem. Suas amigas costumavam fazer piada com isso, e ela fingia que não se importava, mas no fundo, aquilo a incomodava. Não fora por falta de tentar, mas a verdade era que nunca conseguira se entregar a homem nenhum. Houve um tempo que pensara ter algum problema, mas logo percebera que ela continuava a ser a mesma garota romântica do campo que fora no passado, e que nem toda a sofisticação do mundo da moda conseguira modificar. Ela queria uma primeira vez perfeita com o homem perfeito, e nem sob tortura confessaria que sonhara que Gilbert Blythe seria o homem de seus sonhos.
Ela sentia-se ridícula ao pensar nisso, Tudo aquilo fora ilusão de sua cabeça, o amor de Gilbert por ela tinha sido uma fantasia de menina, que ela tinha que esquecer. Mas, ficar perto dele não facilitava as coisas, e naquele breve instante em que se falaram ela entendera que corria o risco de se envolver com ele novamente, e tinha que ter cuidado. Precisava manter-se longe do caminho dele, pois Gilbert Blythe ainda mexia com ela perigosamente.
Quando chegara a Green Gables, Marilla a esperava.
- Fez um bom passeio, querida?
- Sim. Dei uma volta por ai, e tudo parece igual desde que parti há sete anos. Eu simplesmente amo esse lugar, Marilla. Em nenhum país do mundo que visitei encontrei a paz que existe aqui em Green Gables.
- Que bom, que se sente assim. É ótimo termos um lugar para nos escondermos quando precisamos pensar. A única coisa que não entendo é porque demorou tanto para voltar, já que diz gostar tanto daqui. – o que ela poderia dizer? Que não voltara porque estava fugindo de alguém que a magoara profundamente? Porque essa fora a única razão. Não voltara porque estar em Avonlea era se lembrar de todas as coisas relacionadas a Gilbert, e ela tolamente pensara que depois de sete anos isso tinha mudado, mas não tinha. Gilbert ainda estava em todos os lugares, ela desconfiava que seria sempre assim, até que estivesse velhinha, ele ainda viveria dentro dela não importava onde estivesse.
- Marilla, você sabe que andei ocupada. Vida de modelo é assim. Corremos de um lado para outro em questão de horas. Mas, prometo que voltarei mais vezes, está bem assim? – ela esperava que aquela resposta satisfizesse a curiosidade de Marilla.- Como está Matthew? – ela perguntou em seguida, mudando de assunto.
- Está bem melhor. Acabei de medicá-lo, e daqui a pouco vou servir o jantar.
- Deixe que eu faço isso. Prometi que jantaria com ele.- Anne se ofereceu.
- Está bem. Antes que eu me esqueça ele quer fazer uma festa de boas-vindas para você.
- Uma festa? – Anne perguntou intrigada.
- Uma pequena reunião para seus amigos mais chegados daqui. Eu sei que você não os vê a muito tempo, mas não seria interessante reencontrá-lo?. – será que entre aqueles velhos amigos incluía Gilbert Blythe? Anne pensou. Esperava que Marilla não estivesse pensando em convidá-lo.
- Acho que é uma ótima ideia, desde que não seja nada grandioso. Eu vim para Green Gables para me afastar um pouco das badalações.
- Não se preocupe, querida. Prometo que será algo bem íntimo. Eu mesma cuidarei disso.
- Tudo bem. Vou tomar banho e depois jantarei com Matthew. – ela disse subindo s escadas rapidamente.
Horas mais tarde, Anne estava em seu quarto, e olhou para o céu. Sem querer seus olhos pousaram em Vênus, e ela se lembrou quando ela e Gilbert escolheram aquela estrela para ser a favorita deles. Ela sorriu com a lembrança, depois foi para a cama. Acordou no meio da noite, banhada em suor. Tinha tido um sonho inquietante com Gilbert e isso a deixou quente demais. Desceu as escadas para tomar um copo de água ainda se lembrando de detalhes do sonho. Sua pele ainda parecia queimar sob a lembrança do toque dele, e os beijos que ele lhe dera foram íntimos demais. O que estava acontecendo com ela? Jamais tivera um sonho assim com homem nenhum. Sabia que voltar para Avonlea traria muitas lembranças, somente não contava que lhe provocara esse tipo de reação.
Voltou para cama, e depois de horas virando de um lado para outro adormeceu. O domingo amanheceu ensolarado, melhorando um pouco o humor de Anne que devido à noite mal dormida lhe deixara com cara de poucos amigos. Assim que desceu para o café da manhã, Marilla lhe perguntou:
- Oi, querida. Bom dia. Você poderia ir ao supermercado para mim? Eu normalmente peço para o Matthew fazer isso, mas como ele está incapacitado, achei que você poderia fazê-lo. Pode pedir ao Jerry para levá-la, pois sei que você detesta dirigir. Ele geralmente não trabalha aos domingos, mas como é sócio de Matthew agora, ele tem vindo aqui na parte da manhã para ver preciso de alguma coisa.
- Claro, Marilla. Vou sim. Assim posso dar mais uma olhada por aí, e encontrar mais pessoas conhecidas.- ela tentou sorrir.
- Tem algo errado? – Marilla perguntou, notando-lhe o semblante carregado.
- Não, eu só não dormi muito bem. Acho que preciso de alguns dias para me acostumar com minha nova rotina de férias.- se conseguisse tirar Gilbert Blythe da cabeça já seria um bom começo, ela pensou.
Anne terminou o café, e foi procurar Jerry no escritório de Matthew:
- Bom dia, Jerry, você poderia me levar até o supermercado? Marilla precisa de algumas coisas e me pediu para que comprasse para ela.
- Bom dia, Anne. Claro, mas você não prefere usar a caminhonete de Matthew?
- Sim, mas detesto dirigir. Qualquer trânsito por menor que seja me irrita.
Definitivamente o volante e eu não somos compatíveis.- ela disse aquilo em um tom tão dramático que fez Jerry rir.
- Diana, pelo contrário, ama dirigir. O que é ótimo, porque agora temos um bebê pequeno, e ela não depende tanto de mim para levá-la aos lugares que precisar ir.
- É verdade.- Anne disse.
- Ela me pediu para te dizer que espera sua visita em breve.
- Claro, prometo que nessa semana vou visitá-la sem falta.
- Direi a ela.
Assim foram para o supermercado, e quando Anne estava no corredor das frutas, sentiu alguém abraçá-la pela cintura e quando se virou para ver quem era, seu rosto se iluminou:
- Cole! Que saudades! Não sabia que tinha voltado.- Anne abraçou o velho amigo. Ele sempre lhe enviava cartões postais dos lugares do mundo que visitava, e ás vezes também lhe enviava mensagens de e-mail. Porém, nos últimos tempos tinham perdido um pouco de contato devido à grande carga de trabalho de Anne, mas ele fora e sempre seria um de seus amigos mais querido.
- Cheguei faz dois dias. Eu também não sabia que você viria.
- Eu resolvi tirar umas férias longas. Estava cansada de tanto trabalho, e também precisava visitar Matthew e Marilla. Eles já não são tão jovens e senti saudades de casa. E já que você está aqui, quero convidá-lo para uma festa que teremos em Green Gables no próximo fim de semana.
- Uma festa? Que ótimo, adoro festas.
- Eu sei disso, Cole. Mas não é nada parecido com as festas com as quais está acostumado, será somente uma reunião para reunir velhos amigos.
- Adoro reuniões familiares. Não fiquei tão esnobe assim. Mas, essa reunião inclui Gilbert Blythe? – o sorriso de Anne desapareceu no mesmo instante. Cole sabia da mágoa que ela tinha de Gilbert, e não sabia porque tocara no assunto naquele exato momento.
- Não acredito que Gilbert esteja interessado em uma festa familiar.
- Bem, acho que pode descobrir isso agora mesmo.
-Por que diz isso? – Anne perguntou intrigada.
- Porque ele está aqui, e nesse momento está vindo em nossa direção.
Anne sentiu um frio na espinha. Não estava preparada para encontrar Gilbert de novo, Especialmente depois do sonho que tivera. Santo Deus! Será que que agora iria encontrá-lo a todo momento? Ele parecia estar em todos os lugares, se não fisicamente, em seus pensamentos, em suas lembranças, em seu coração. Ela vestiu seu costumeiro ar de frieza, embora dentro dela o mesmo turbilhão do dia anterior ameaçava tomar conta dela. Fez o possível para que Gilbert não percebesse como ela se sentia quando ele estava por perto. Não permitiria que ele se aproveitasse de sua fraqueza para se aproximar dela.
- Bom dia, Anne. Enfim nos encontramos novamente.- ela ouviu-o dizer.
- Bom dia, Gilbert. – ela respondeu com a voz seca, tentando não olhar para aqueles olhos castanhos que sempre conseguiam hipnotizá-la desde sempre.
- Oi, Gilbert. A quanto tempo não nos vemos. – por que Cole tinha que ser tão amável com ele? Será que não percebia o quanto ela estava se sentindo desconfortável com a presença dele?
- Como vai, Cole? - ele respondeu ao cumprimento de Cole de maneira simpática.
- Anne, você não vai convidar Gilbert para sua festa? – Anne nunca quis tanto bater em Cole como naquele momento. Estava claro que ela não tinha intenção nenhuma de convidá-lo, mas agora, não poderia deixar de fazê-lo sem que fosse mal-educada.
- Festa? – o interesse dele a fez se sentir pior ainda, mas suavizou um pouco a voz ao fazer o convite, evitando ainda a todo custo se perder naquele castanho perfeito dos olhos dele:
- Bem, Matthew e Marilla querem fazer uma festa para comemorar a minha volta. Não é nada demais, na verdade é mais uma reunião do que uma festa. Você será bem-vindo se quiser ir. - ela rezava para que ele recusasse, dissesse que estaria ocupado trabalhando, mas ao contrário do que desejava, ele pareceu entusiasmado com o convite.
- . Irei com prazer. Posso levar alguém comigo? – uma pontada de dor fez seus olhos se escurecerem. Então, ele planejava levar a namorada com ele? Certamente fazia aquilo para mostrar-lhe que ela nunca fora importante para ele, nem antes e nem agora. Ele tinha mesmo que humilhá-la daquele jeito? Mas não daria a ele o gosto de vê-la arrasada,
- Claro. Leve quem quiser. A festa será no próximo sábado em Green Gables.
- Obrigado, pelo convite. Vejo vocês no sábado então. Até logo.
- Até logo.- ela observou discretamente quando Gilbert se afastou.
- A gente se vê, Gilbert- o entusiasmo de Cole a deixou ainda mais zangada.
- Por que fez isso, Cole?
- Fiz o que? – ele respondeu fazendo-se de inocente.
- Me obrigou a convidar Gilbert Blythe para minha festa.
- Eu não te obriguei a nada. Somente quis dar um empurrãozinho, afinal você estava louca para que ele fosse.
- Não estava não.
- Claro que estava, Anne. Você pode mentir para quem quiser, mas não para mim. Você ainda tem sentimentos por ele e não sei porque fica se reprimindo.
- Cole, eu e Gilbert não temos mais nada a haver. – ela protestou.
- Para mim, vocês têm tudo a haver. Será que não percebeu a maneira com que ele te olha? Consigo até ver estrelas brilhando naquele rosto lindo. – Cole disse quase suspirando.
- Está enganado. Gilbert tem namorada.
- Mas, não está casado. Vamos, Anne. Pare de reclamar. Você devia me agradecer. – ele disse sorrindo para ela.
- Eu deveria te agradecer por que? - ela perguntou com as mãos na cintura.
- Por ajudá-la a convidar Gilbert para sua festa. Eu facilitei as coisas para você.
- Pois, eu penso exatamente o contrário. – ela tentava ficar séria, mas o sorriso de Cole era contagiante, e ela se viu rindo sem perceber. Anne nunca conseguia ficar muito tempo brava com ele, pois o amava demais.
- Não seja, ranzinza. Vamos tomar um sorvete e você me conta mais um pouco de sua vida excitante como top model. Já encontrou o Justin Biber? – Anne não pôde deixar de rir alto. Cole e seu fetiche por cantores bonitos. O tempo podia ter passado, mas Cole era ainda era o velho Cole, independentemente de ter se tornado um dos artistas plásticos mais talentosos do momento, e ela somente poderia se sentir grata por isso.
Espero que gostem e comentem. Beijos
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