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Capítulo 33- O inesperado


Mais um capítulo postado. Espero pelos comentários. Beijos.

GILBERT

Gilbert nunca fora bom para guarda e segredos. Desde criança tinha dificuldades de esconder o que estava sentindo em determinadas situações, por isso, quando tentava mascarar suas emoções, qualquer um podia ver que ele estava mentindo.

Gilbert sempre fora honesto demais. O pai o ensinara que a mentira não tinha consistência, e cedo ou tarde era descoberta, por isso , a verdade era a melhor opção , pois mesmo que fosse dura era preferível a enganar alguém fazendo -o acreditar em algo que não existia.

Mas, naquele caso específico sobre Sarah, ele não quisera dizer nada a Anne ainda, não porque quisesse esconder algo dela indefinidamente, mas porque queria ter uma certeza concreta do que estava acontecendo com a ex-namorada, para depois falar com Anne sobre isso.

Porém, ocultar algo de Anne era mais difícil do que encontrar uma agulha no palheiro, por que ela conhecia Gilbert como a palma de sua mão. Ela sempre sabia quando ele não estava sendo sincero, e ela acabava por deduzir sozinha o que estava acontecendo sem ele realmente ter que contar.

Anne tinha uma inteligência fora do comum, mais do que qualquer garota que ele já conhecera, e isso sempre fora uma das qualidades da personalidade dela que apreciava. Na adolescência ele gostava de desafiar sua lógica e ver com que facilidade ela chegava as conclusões mais interessantes. e Gilbert se admirava com a capacidade de Anne de ser autêntica o tempo todo, sem um ar afetado ou orgulhoso que se deveria esperar da maioria das celebridades-, não que isso fosse uma regra, mas Anne nunca encarnara esse papel.

Gilbert não ficara surpreso por Anne intuir que havia algo errado com ele, e não esperava guardar aquelas preocupações acerca de Sarah para si mesmo por muito tempo. Queria primeiro investigar e saber exatamente qual era o problema, para depois discuti-lo com Anne.

O que o deixara surpreso fora ela pensar que ele estava arrependido de tê-la como sua namorada. Como ela pudera pensar que ele estava cansado dela? Já demonstrara a Anne de todas as formas como a amava, e jamais consideraria a hipótese de deixá-la a não ser que ela quisesse.

Era engraçado como não conseguia mas vê-los separados. Seus corações pareciam bater na mesma frequência, e a loucura de tudo era que estavam cada vez mais conectados, e Gilbert já sentia falta de Anne cada minuto do dia em que estavam longe. Ele que sempre fora focado no trabalho, adorava o ambiente hospitalar, e as horas em que passava com seus pacientes, ficava contando as horas para seu plantão acabar, e correr para Green Gables onde Anne o estaria esperando cheia de amor e saudade.

Adorava ficar com ela abraçados no sofá da sala, principalmente quando suas pernas se enroscavam uma na outra, adorava quando ela encostava a cabeça em seu peito , e ele podia ter acesso completo àquela cabeleira ruiva que o fascinava desde que a vira pela primeira vez Gilbert descobrira que o ponto fraco de Anne era a nuca, e toda vez que ele massageava aquele local com seus dedos longos e ásperos, ela ronronava feito uma gatinha, e se por acaso ele tocasse a nuca dela com seus lábios Anne se rendia sem resistência.

 E pensar que até bem pouco tempo, ele pensara que ela estava perdida para ele em um passado que não tivera misericórdia de sua inexperiência juvenil, e quando ela retornara foi prazerosa encontrar a mesma essência que ela tinha dentro de si desde que nascera.

Quando estava com Anne, Gilbert se sentia como um garoto outra vez, era tão fascinante descobrir em cada beijo o ardor que Anne tinha-dentro de si. Ela consegui a armar uma labareda em Gilbert também, toda vez que olhava com luxúria lhe ofertando tudo de si, com o se dissesse que se ele quisesse o que estava ali na sua frente, teria que se esforçar bastante até fazê-la ceder.

Era assim que ambos eram, como fogo e gasolina que uma vez em contato se transformavam em um incêndio completo, e não havia medidas para o que sentiam e muito menos limites quando estavam entre quatro paredes, o mundo era o que eles desejavam que fosse. E quando Gilbert tinha Anne em seus braços gemendo de paixão por ele, ele não conseguia enxergá-la de outra maneira que não fosse sua.

Gilbert tinha esse sentimento de posse por ela, mas não era levado por nenhum tipo de machismo ou compulsão. Ele sentia que Anne pertencia ao seu coração, assim como ele pertencia ao dela, e juntos estavam construindo um relacionamento forte e duradouro.

Gilbert passou mais algumas horas cuidando de seus pacientes. Antes de fazer uma pausa para o café. Domingo era o dia em que famílias vinham ao hospital visitar seus entes queridos, por isso o ambiente ali parecia mais acolhedor que nunca. Ele esperava encerrar seu expediente tranquilamente naquele dia, e depois iria encontrar Anne. Mas, antes ele queria ter a oportunidade de conversar com o.psiquiatria do hospital de novo e conseguir descobrir sutilmente algumas pistas a respeito do real estado de Sarah. Ele nunca teria sossego se não soubesse a verdade e encontrar uma maneira de ajudá- la. Pesava em sua alma a maneira como o relacionamento dos dois terminar a e como ela parecera magoada e ferida

Não era em uma compensação no que ele estava pensando, e sim uma maneira de se redimir e tirar de seus ombros o peso que andava sentindo. Se pudesse ajudar Sarah, com certeza o faria de bom grado. Não pensava com isso conseguir o perdão dela, sua persistência naquele assunto era mais por que ele sentia que devia algo para Sarah, depois dos anos que passara com ele, e Gilbert fora incapaz de amá-la como merecia.

Ele esperava apenas que Anne pudesse entender essa necessidade que ele tinha de dar seu apoio a Sarah em tudo o que ela precisasse, pois seria difícil fazer algo sem a aprovação da namorada. Não queria causar conflitos. Anne era ciumenta, e às vezes não pensava coerência quando achava que algum obstáculo ou pessoa estava ameaçando o relacionamento deles. Ela era mais passional que racional, e se deixava levar por suas emoções e sentimentos. Anne sempre fora assim, desde muito pequena ainda, ela batia o pé ou fazia birra quando algo lhe era negado, e agora como mulher feita, apesar do ser humano incrível que era, Anne sabia muito bem ferir com palavras e atitudes quando queria. Na maior parte do tempo ela era doce e apaixonada , mas se magoada ou ofendida ela virava uma leoa para defender a si mesma e manter sua dignidade.

- Dr. Blythe. - ele ouviu alguém chamá-lo e viu que era a enfermeira Nora. Depois do último confronto dos dois, quando Gilbert lhe dissera o que achava das atitudes dela a respeito dele, ela parecia ter entendido o recado, e passara a tratá-lo com uma dignidade maior, embora Gilbert ainda duvidasse das reais intenções dela.

- Pois não, enfermeira. - ele respondeu solidamente.

-O paciente do quarto cinco apresenta febre acima dos 38 graus.

- Aumente a dose de antibiótico Ele está com um quadro de infecção que tem persistindo há dois dias. Se a febre não baixar teremos que fazer mais exames para encontrarmos a causa real da febre. - Gilbert disse checando os pulsos de um paciente que estava examinando.

- Certo. A paciente do quarto doze está reclamando de dores de cabeça constante. Devo mudar a medicação?

- Sim. Vamos ver como ela reage. Ela tem sofrido de enxaqueca há anos, e nunca descobriu porquê. Está aqui para tentar um novo tratamento.

- Bem, isso é tudo. Com licença. - ela disse sem olhar diretamente para ele, e Gilbert respirou aliviado ao vê-la sair da sala como uma ótima profissional que era, e não a mulher fatal que queria a atenção dele a todo custo.

Gilbert fez uma pausa para tomar um café, e coincidentemente, encontrou o psiquiatra de Sarah na sala dos médicos. Gilbert tentou puxar assunto, conduzindo a conversa para o problema de Sarah, mas o médico desconversou, e não permitiu que Gilbert tirasse qualquer informação dele, deixando-o frustrado com mais uma tentativa falha

Gilbert pensou em ligar para o irmão de Sarah e perguntar diretamente a ele, Sempre se deram bem e podia-se dizer que eram amigos, mas, depois desistiu dessa ideia, ponderando que se Matt, irmão de Sarah, o julgasse culpado pelo problema da irmã jamais lhe daria a informação que ele precisava.

Aquilo estava se tornando mais difícil do que pensar. Qual era o mistério que envolvia tudo aquela questão? Que segredo terrível era aquele que deveria ser guardado a sete chaves e mantido em sigilo absoluto até dele que era o cirurgião chefe daquele hospital?

Quando estava no final do seu expediente, Gilbert passou em frente ao consultório de Mike e viu que a porta estava aberta. Ele bateu de leve esperando que ele lhe respondesse, mas nenhum som veio de lá de dentro, o que o fez decidir-se a entrar.

Não havia nem um sinal de Mike quando Gilbert entrou, e ele logo deduziu que o rapaz já tinha ido embora. Ele já ia sair do consultório do amigo, quando viu que ele havia deixado as fichas dos pacientes em cima da mesa.

Gilbert hesitou por um momento, pensando que não seria ético o que lhe passara pela cabeça, mas a sua curiosidade e preocupação foram maiores que seu profissionalismo, por isso, ele foi até as fichas e procurou pela de Sarah. Não teve dificuldade em encontrá-la, então, seus olhos passaram rapidamente pelo diagnóstico que Mike escrevera ali e ele empalideceu violentamente sem conseguir acreditar no que lera.

Gilbert saiu do consultório de Mike e foi direto para o seu. Sentou-se em sua poltrona totalmente desorientado, balançando a cabeça em negativa. Foi então, que ele colocou a cabeça entre as mãos e chorou desconsoladamente.

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