Capítulo 24- O tempo é algo relativo
GILBERT
Gilbert estava exausto. Estava trabalhando a exatamente 20 horas sem parar, salvo alguns momentos de descanso entre um paciente e outro, mas definitivamente aquela semana estava sendo a mais dura que já tivera nos últimos meses.
Ele apoiou sua cabeça nas mãos, enquanto tentava ter um segundo de paz em seu consultório. Em cima da mesa estava seu prato de refeição inacabado e um copo de suco pela metade, e tudo o que queria era dormir uma semana sem ser interrompido, e de preferência em companhia de Anne. Ele sorriu ironicamente ante esse pensamento, pois sabia que se passasse uma semana na cama com Anne, dormir seria a última coisa quer faria, ela era estonteante demais para ser trocada por horas de sono intermináveis, e ele estava tão encantado por ela que não conseguiria pregar o olho um minuto se quer.
Ela já lhe fazia tanta falta. Depois do último fim de semana, não conseguira um minuto sequer para ficar com ela ou mesmo lhe mandar uma mensagem. Naquela semana tudo aconteceu ao mesmo tempo, e ele não tivera como escapar do trabalho e de suas obrigações como médico e cirurgião daquele hospital.
Primeiro, dois de seus pacientes precisaram de cirurgias longas e delicadas, depois um dos residentes do hospital ficara doente, e ele tivera que cobrir todos os seus horários, e por último um dos seus colegas de profissão faltara aquela semana por motivos de problema de família e seu plantão fora esticado. Normalmente, Gilbert não se importava de trabalhar tantas horas, já tivera expedientes extensos como aquele e se saíra muito bem. Só que naquela época, ele não tinha uma namorada por quem era loucamente apaixonado o esperando em casa, e como Sarah era sua companheira naquele tempo, e trabalhava com ele no mesmo hospital, ele não tivera tempo de sentir falta dela.
Esperava que Anne não ficasse aborrecida ou entediada, mas essa era uma parte de sua profissão da qual não podia evitar, e desejava muito que ela compreendesse e tivesse um pouco de paciência com ele, e prometera a si mesmo que a compensaria no dia em que tivesse uma folga maior.
Era curioso como Anne tinha se adaptado ao recente relacionamento dos dois, parecia que a intimidade recém adquirida já estava entre eles há séculos. Era verdade que quando amigos eram íntimos, mas, não como eram algo. A intimidade de antes era uma coisa que se encontrava entre irmãos, e nem de longe tinha a ver com envolvimento físico que partilhavam agora.
O sexo entre ele e Anne também não se assemelhava em nada com o que tivera com outras garotas em seu período de faculdade ou mesmo Sarah. Ele nunca se sentira arrebatado como se sentia com ela. Ele não partilhava somente seu corpo, mas também entregava a ela de bandeja seu coração, e aquilo nunca acontecera antes com mais ninguém. Talvez outras pessoas se sentissem apavoradas por se envolver em algo tão profundo assim, mas ele achava tão natural que fosse assim com Anne, porque bem no fundo sabia que não tinha como ser de outra forma.
Se estavam destinados a serem desse jeito desde de sempre ele não sabia, o único pensamento que cruzava a sua mente naquele momento era que queria que durasse para sempre, porque ele não conseguia imaginar sua vida sem Anne, assim que se dera conta de que nunca amaria outra garota, e se um dia pensara diferente, ele fora cruelmente iludido por si mesmo.
Gilbert olhou para seu relógio e viu que seu horário de almoço já tinha acabado, mas se deixou ficar ali mais um pouco, porque queria ter mais uns minutos sozinho para pensar em Anne. Ela era como uma lufada fresca de vento em seu corpo cansado, e se lembrar de como a tivera sem seus braços por duas vezes lhe dava a energia que precisava para continuar naquele dia tumultuado que estava tendo. Quase não conseguia acreditar que estavam juntos de novo, e que o problema com Sarah tinha se resolvido, embora não tivesse ficado contente como tudo tinha acabado, mas também não ia ser hipócrita e dizer que não estava miais feliz do que um dia já fora.
Era uma pena que o pai não tivesse vivido o bastante para ver aquilo. John Blythe amava Anne tanto quanto Gilbert, e sempre sonhara que ela seria sua nora um dia. Gilbert perdeu a conta de quantas vezes tinha ouvido o pai falar aquilo, repetindo sempre que ela um dia seria a esposa dele como uma ladainha que nunca tinha fim. Naquele tempo ele era somente um garoto de 11 anos que nada sabia da vida, e se apaixonar estava longe de seus ideais da idade. Ele se contentava apenas em jogar pelada com seus amigos na rua, ou andar de bicicleta com Anne pelas redondezas de Avanloe. Ele nunca pensara que a profecia de seu pai se tornaria realidade, e que um dia a garotinha ruiva seria para ele muito mais do que uma irmã. E agora quando olhava para trás, ele pensava que em sua ingenuidade de menino do campo ele não percebera que ela sempre fora a única garota para quem tinha olhado, e que quando ela começara a crescer e suas formas se tornaram mais arredondadas, ela tinha se tornado o seu ideal de mulher e esposa.
O tempo os levara para onde precisaram ir, mas isso não queria dizer que os tivera separado realmente, pois assim como Anne lhe contara que em mesmo em sua raiva nunca o esquecera, ele em seu sofrimento jamais deixara que ela partisse. Sarah fora o entorpecimento para sua dor, e tinha um pouco de vergonha de admitir que sem o perceber o mesmo o desejar a tinha usado para isso, e por um tempo a presença dela fora eficaz como um remédio que mascara a dor, mas, quando Anne voltara, seu coração falara mais alto, e ele não tivera como evitar que o amor que sufocara por anos fosse libertado e renascesse mais vivo do que nunca, e a única coisa que lamentava era que magoara Sarah, e ele não calculara que isso aconteceria um dia.
Anne tinha sido uma grata surpresa. Quando eram adolescentes ela não passava de uma menina tímida, que mesmo quando começaram a trocar beijos, ela ficava corada diante de qualquer elogio que ele lhe fizesse, mas, embora eles já tivessem passado momentos íntimos juntos, ela conservasse a timidez inicial depois que faziam amor, quando se tocavam ela simplesmente se transformava. Parecia que ela deixava a roupagem de moça ingênua para se transformar na mulher ardente que queria dar a ele todo o prazer do mundo sem privar a si própria do mesmo prazer. Era difícil para ele olhá-la por dois ângulos diferentes agora, mas a verdade era que estava adorando esse jeito arbitrário dela, tão surpreendente que nunca o deixava saber como ela agiria no próximo minuto.
Gilbert nunca fora de fazer jogos eróticos na cama, o sexo sempre fora algo natural e uma necessidade física do seu corpo, porém, como ele poderia imaginar que a ruiva mais maravilhosa do mundo adorasse jogar com ele? A maneira como o olhava quase sempre o provocando a desafiar os seus limites e embarcar com ela em uma viagem de delícias era tão irresistível para ele como saborear um sorvete de chocolate em pleno verão. A maneira como o tocava ou deixava que ele a tocasse era quase como se ela implorasse para que Gilbert lhe mostrasse o paraíso além dos sentidos e isso fazia com que ele ficasse tão viciado pela pele dela, que não conseguia afastar as suas mãos.
E era por isso que naquele exato momento não conseguia voltar ao trabalho enquanto não falasse com ela por dois segundos, assim, enviou-lhe uma mensagem, e espero ansiosamente que ela respondesse imediatamente, e foi o que aconteceu. Ele escreveu:
"Oi, amor, está ocupada? " – e ela respondeu:
"Não, estou apenas fazendo companhia ao Matthew. "
"Estou com tantas saudades de você que não vejo a hora de vê-la"
"Eu também. "
"Hoje, vou, conseguir ter a noite de folga. Quer dar uma volta? "- esperava que sim, pois eram as únicas horas de folga que conseguira para aquele dia, pois teria que voltar à rotina no dia seguinte, bem cedo pela manhã:
"Claro, mas você não está cansado? " – na verdade, estava exausto, mas , faria qualquer coisa para estar com ela, por isso respondeu:
"Não para te ver."-
"Onde quer ir? "
"Você escolhe. "- não importava o lugar só queria ficar com ela.:
" Podemos dar uma volta no lago. "
"No lago? Tem certeza que não quer sair e comer alguma coisa? "- ele se espantou com a escolha, mas não podia dizer eu não gostara.
"Não, só quero ficar com você. E o lago me faz relembrar nossa adolescência. " – a ele também, por isso respondeu sorrindo para si mesmo:
"Está bem. Passo ai depois das sete para te pegar. "
"Vou te esperar. Te amo. "
"Eu também. Agora preciso, ir. Estão me chamando na emergência. Até mais tarde. " Ele disse ao ver seu bip disparado e suspirou.
"Até".
Ele boqueou seu celular e voltou à sua rotina. Ainda tinha cinco horas pela frente antes de ver Anne, e esperava que passassem bem rápidas. Felizmente, os casos que surgiram foram problemas simples de resolver e ele pôde ir para casa assim que o relógio apontou para às cinco horas da tarde. Ele pendurou seu jaleco branco no seu consultório e despediu de sua enfermeira, indo direto para a saída.
Quando estava indo para o estacionamento, sentou alguém segurar em seu braço e viu com surpresa que era a nova enfermeira que entrara no hospital para ocupar o antigo lugar de Sarah que se transferira para outro hospital na cidade de seus pais. Ela se chamava Norah e era bastante eficiente, além de bonita, mas nada fora do comum. Nora tinha quase a altura dele sem saltos, os cabelos eram escuros, e os olhos castanhos. Desde o dia em que começara no hospital, ela lhe lançara olhares interessados que Gilbert não tivera a melhor vontade de corresponder. Na verdade, quem o alertara para esse fato tinha sido Daniel, um amigo do trabalho enquanto estavam lanchando na cafeteria do hospital, e Nora extava estrategicamente sentada em uma mesa em frente à deles.
- Ei, Gilbert. Você notou a nova enfermeira? Que peixão não? - Gilbert olhara para onde Daniel apontava discretamente apontava.
- Ah, sim. Ela veio substituir Sarah.- ele disse totalmente desinteressado.
- Você não reparou que ela não tira os olhos de você?
- Daniel, eu tenho coisas mais importantes para fazer do que me preocupar com flerte no trabalho.
- Quer dizer que não está interessado? – Daniel parecia animado.
- Não, se estiver a fim, vá em frente e invista.
- Obrigado, vou fazer isso.
Essa conversa tinha sido há uma semana, e depois disso, Gilbert não mais encontrara Daniel para saber se sua nova conquista tinha dado certo. Ambos estavam trabalhando em turnos diferentes, e com a correria da semana não se encontraram nenhuma vez. Mas, pelo jeito a enfermeira nova continuava com esperanças de uma aproximação com Gilbert, pois naquele exato momento ela segurava em seu braço como se fossem amigos íntimos, e ele não gostou nada daquela atitude dela, demonstrando claramente o que pensava sobre a investida dela pelo olhar grave que lhe lançou, fazendo-a largar seu braço instantaneamente.
- Em que posso ajudá-la enfermeira? – ele deu um ênfase especial no título profissional dela, para acabar com qualquer intimidade que ela imaginasse que pudesse ter com ele.
- Já está indo? Pensei que poderíamos tomar um café juntos hoje?- Gilbert franziu a testa, tentando pensar quando foi que ele lhe dera entender que estava interessado, mas não quis ser mal educado com ela, por isso, respondeu com frieza:
- Meu turno acabou por hoje. Estou indo para casa.
- E manhã, não poderíamos talvez lanchar juntos? – essa garota era mesmo insistente.
- Amanhã nem sei se terei tempo para lanchar. Se não percebeu enfermeira, estamos atolados de trabalho. – a ironia saiu naturalmente sem que Gilbert pudesse evitar. – Agora preciso ir, pois minha namorada me espera.
- Você tem namorada? – Nora perguntou surpresa.
- Sim, a mais linda de todas. Então, até logo. – ele sequer olhou para trás para ver se ela tinha entendido o recado. Se não tivesse, pior para ela.
Ele entrou no carro e foi direto para seu apartamento. Chegando lá tomou um banho rápido, vestiu roupas descontraídas e fez um lanche rápido, saindo de casa novamente indo em direção a Green Gables. Em pouco tempo estava na porta dos Cuthberts e apertava a campanha impaciente. Anne demorou um pouco para aparecer, mas quando ele a viu no batente da porta todo o cansaço dos últimos dias desapareceu, dando lugar a uma euforia súbita que o surpreendeu. Ela se desculpou pela demora e deu-lhe um beijo tão rápido no rosto que o deixou decepcionado. Depois de dias sem vê-la, tudo o que queria era mergulhar naqueles lábios rosados tão provocantemente pintados de vermelho naquela noite, e ele disse sem deixar de admirar-lhe a beleza que sempre o deixava sem fôlego.
- Não tem problema. Valeu a pena. Você parece radiante.- Anne também o elogiou, sem deixar de sorrir para ele, e cansado de esperar pela iniciativa dela, Gilbert disse:
- Só faltou você cumprimentar seu namorado direito. –e deu-lhe um tremendo beijo que quase roubou todo o ar de seus próprios pulmões, tamanha saudade que sentai dela. Separou-se de Anne com relutância, e então disse: – Agora sim, podemos ir.
O percurso até o lago foi rápido, e logo se sentaram na grama com suas mãos entrelaçadas, e ficaram s conversando por alguns minutos, até que Gilbert a lembrou do tempo que o desafiava para nadar no lago e provar quem era o melhor naquele esporte, e Anne respondeu que ganhava dele sempre e por isso nunca tinham muito o que provar, e para irritá-la Gilbert disse:
- Eu sempre te deixava ganhar todas às vezes, porque não queria te levar para casa choramingando atrás de mim, pois não tinha sido justo.- ao que ela respondera com as sobrancelhas arqueadas:
- Que mentira mais deslavada é essa, Gilbert Blythe! Eu sempre ganhei de você porque sempre fui melhor nadadora que você. – e ele continuou provocando-a até que ela se levantou sem nenhum aviso e disse alto e em bom som:
- Ah, é? O que acha de eu te desafiar agora. – quando Gilbert percebeu, Anne já estava se despindo, deixando que sua gloriosa nudez fosse completamente contemplada pelos olhos castanhos dele. Deus do céu! O que dera nela? Anne só podia estar louca por agir assim, ele pensou. Mas, ele não podia negar o quanto ela estava incrivelmente sedutora nua daquele jeito, apenas com a luz da lua a iluminar seu corpo perfeito, e olhando para ele como se dissesse, " consegui sua atenção agora, Gilbert Blythe? " E como conseguira, todos os seus sentidos estavam concentrados nela e somente nela, esperando em expectativa o que ela faria em seguida, Foi quando ouviu-a dizer:
:- Venha me pegar se for capaz. – o desafio era claro, e a resposta foi rápida, pois Gilbert não perdeu muito tempo pensando. Em um segundo ele já estava se despindo, e se atirando na água, indo atrás da sereia ruiva que o esperava olhando-o provocantemente de onde estava. Nadaram em círculos por alguns minutos, enquanto Gilbert tentava agarrá-la e em um momento de distração ele conseguiu seu intento, segurando-a em seus braços impedindo-a de escapar, então, ele disse triunfante:
- Agora me fala quem é o melhor nadador aqui? - seus olhos se encontraram e Gilbert perdeu o foco da brincadeira assim que viu os lábios dela perto dos seus, tomou-os sob os seus sem esperar mais tempo, e saboreou aquela boca que conseguia enlouquecê-lo somente com um sorriso. Logo, ele sentiu Anne corresponder, e rodear sua cintura com suas longas pernas, deixando-o ainda mais louco por poder senti-la pulsando por ele embaixo de toda aquela água, ele colou seus corpos e o calor do dela se espalhou pelo seu, fazendo-o perceber que já estava perdido, precisava dela naquele momento, pois o desejo que sentia exigia satisfação imediata.
Ele a carregou-a em seus braços até o carro, sentindo os lábios dela deslizando pelo seu rosto. Quando a deitou no banco de trás, seus corpos molhados já' se encontravam grudados um no outro, e as mãos de Gilbert explorava todas as formas de Anne com o desespero de quem passara dias sem senti-la assim. Os seios dela foram explorados por suas mãos e cada vez que apertava os mamilos dela devagar ela gemia baixinho, e Gilbert decidiu que queria que ela gemesse mais alto, e por isso começou a percorrer o corpo dela devagar com sua boca, deixando-a cada vez amis excitada, quando estava quase alcançando o centro máximo do prazer dela, seu bip disparou, e ele quase o ignorou, pois no ponto em que estavam era quase impossível parar. Mas, o barulho insistente começou a perturbá-lo, e Gilbert praguejou baixinho por ser interrompido naquele momento em que tinha Anne em seus braços.
Ele pegou o aparelho para checar a mensagem, e percebeu incrédulo que seu momento de amor tinha acabado antes de ser consumado. Ele passou a mão pelos cabelos frustrado pelo fim de sua noite, quando Anne lhe perguntou o que acontecera, Gilbert explicou a ela que teria que voltar para o hospital para atender a uma emergência e se desculpou pela inconstância de sua profissão que acabava interferindo em momentos como aquele, e ela respondera:
- Não tem importância. Eu entendo. Podemos nos encontrar outro dia. Agora, o mais importante é que você possa ajudar seu paciente.- Gilbert nunca a amou tanto como naquele momento pelo carinho de suas palavras e apoio incondicional à ele, e Gilbert a agradeceu por isso. Mas foi só depois que ela disse :-
- Gilbert, ser médico é o que faz parte de você, e da mesma maneira que você ama sua profissão, eu também a amo e respeito. Então, pare de se preocupar, pensando que vou me chatear por você ter que interromper nosso momento para ajudar alguém que precisa. Temos o tempo todo do mundo para isso.- foi que ele teve plena certeza de que ela era a mulher certa para ele.
Ele a levou de volta a Green Gables, e antes que ela saísse do carro ele fez o convite no qual pensara a manhã inteira:
- Janta comigo amanhã? Quero muito te levar a um encontro e por isso pensei que poderíamos comer em um ótimo restaurante que conheço. Prometo que não vou deixar ninguém nos interromper: - ela concordara sorrindo e depois perguntara:
- A que horas? - e ele respondera:
- Ás oito. – ela sorrira e se despediram com um beijo.
Enquanto Gilbert dava a ré em seu carro e se dirigia para o hospital, ele olhou pelo retrovisor e viu Anne parada na frente da casa esperando que ele chegasse ao portão da fazenda, ele suspirou baixinho pensando que contaria as horas no dia seguinte até tê-la em seus braços de novo, e ele garantiria que a noite terminaria exatamente como estava planejando.
-
Espero que gostem e cometem. Conto com isso, Beijso.
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