Capítulo 15- Combinação perfeita
GILBERT
Gilbert acordara naquela manhã depois de ter tido mais um sonho com Anne. Seus pensamentos antes de dormir e antes de se levantar eram todos sobre ela agora, e ao abrir os olhos ele automaticamente procurava por ela ao seu lado, para descobrir frustrado que ela não estava lá. E como ele queria que ela estivesse, adoraria tê-la ao seu lado pela manhã, tanto quanto amaria dormir com ela todas as noites, mas aquilo estava longe de acontecer.
Enquanto Gilbert não resolvesse sua situação com Sarah, Anne deixara bem claro que podiam se ver, mas não poderiam ter um relacionamento mais íntimo. Ela não se sentiria a vontade em um uma relação à três, e Gilbert concordava com ela, embora seu desejo por Anne estivesse aumentando a cada segundo e a ideia de não tê-la o estava deixando maluco.
Gilbert estava pensando que se Sarah não voltasse logo, ele iria até ela para resolver aquela situação. Ele nunca fora do tipo de ter um relacionamento duplo, e reprovava quem tinha por isso, o sentimento de traição o vinha atormentando, mas ao mesmo tempo, ele não conseguia evitar que seu coração se agitasse feliz em seu peito quando estava com Anne. Ela era tudo o que ele queria e desejava todos a aquele tempo, e agora que a tinha de volta em sua vida, não conseguia mais se imaginar um minuto longe dela.
Ele se levantou e foi preparar o seu café da manhã, e logo em seguida se sentou na varanda como fazia desde criança. Esse hábito ele adquirira do pai, que costumava despertar bem cedo aos domingos e se sentar no mesmo lugar em que Gilbert estava agora e tomar seu café puro e sem açúcar. Gilbert sempre se juntava à ele, e embora não conversassem nesses momentos, eles compartilhavam aquela camaradagem que existia entre eles, sem necessidade de palavras. Assim, eles iam para a igreja e em seguida, seguiam para a fazenda dos Cuthberts onde eles almoçavam e passavam a tarde em ótima companhia.
Gilbert particularmente não ligava muito para a parte de ir à igreja, pois ele não tinha muita paciência em ouvir os sermões do pastor que parecia durar horas, mas ele acompanhava o pai porque sabia que Anne estaria lá, e estar com sua melhor amiga era a coisa que ele mais gostava de fazer aos domingos.
Não importava que se vissem na escola todos os dias, ou que passassem as tardes estudando na casa de Anne. Domingo era um dia especial, porque era o dia em que faziam suas coisas favoritas juntos e Gilbert não trocaria isso por nada no mundo.
O pai de Gilbert implicava com ele por não desgrudar de Anne um segundo, e profetizara que um dia eles iriam se casar, mas na época Gilbert simplesmente olhara para ele horrorizado com aquela ideia. Anne era como uma irmã mais nova, como ele poderia um dia se casar com sua irmã? Porém, agora pensando sobre isso, Gilbert entendia que o pai estava revelando a ele o que todo mundo percebia menos ele, que desde aquele tempo ele era irremediavelmente apaixonado por ela.
Na verdade, ele se sentira atraído desde o dia em que ela chegara a Green Gables e ele olhara fascinado para o seu cabelo ruivo, e no dia em que Billy Andrews a importunara, ele lhe entregara seu coração no momento em que ela segurara na mão dele olhando-o com toda a confiança do mundo. Gilbert tinha se perdido naqueles olhos azuis e nunca mais se encontrara. Porém, era jovem demais para compreender o que se passara entre eles, e o que julgara ser uma amizade inocente era na verdade um amor tão puro que começara sem que ambos pudessem evitar.
Eles estavam destinados a serem um do outro, e quando seus sentimentos por Anne na adolescência começaram a ser revelados, ele não pudera mais resistir e mergulhara completamente naquela emoção tão verdadeira, e os anos que se seguiram depois sem ela foram como um hiato em sua vida, que o separara do que foram um para outro, o que deixaram de significar, e o que eram agora. E por mais que quisesse esquecê-la seu amor sempre estivera lá, nas noites em que passara estudando exaustivamente para uma prova, nos momentos em que se divertia com os amigos, no seu namoro com Sarah, porque tudo sem Anne não tivera o mesmo sabor que teria se ela estivesse estado lá com ele.
Gilbert sempre pensara em Anne como uma parte de seu coração que faltava, como se fosse um órgão defeituoso que sempre doeria para lembrá-lo do que tinha perdido, mas bastara ela chegar depois de todos aqueles anos para que ele se sentisse inteiro de novo. Como poderia ficar longe de alguém que lhe fazia tão bem? Como deixar de amar alguém que lhe trazia as melhores lembranças de sua infância e que estivera com ele em momentos tão importantes? Como poderia simplesmente esquecer alguém nunca pudera de fato ser esquecido, que vibrava em cada célula de seu corpo como se fosse parte
de seu próprio corpo? Como se sentir culpado por querer estar com a única mulher que o fazia se sentir vivo depois de tanto tempo se sentindo morto, e sem grandes expectativas?
Deus! Como amava aquela mulher! Como a queria para si! Se Anne soubesse do tamanho do seu amor que não diminuíra com o tempo, somente aumentara e ficara escondido em seu coração, esperando apenas por uma oportunidade de se manifestar, talvez ela compreendesse que ela era a única mulher que desejara e que desejaria para sempre. Estava encantado por ela, seduzido, fascinado, e nunca em sua vida sentira isso por mais ninguém.
Esse pensamento o levou até Sarah novamente, e seus sentimentos em relação a ela. Quando começaram a namorar ele estava carente, e se sentindo sozinho, apesar de suas matérias na faculdade preencherem a maior parte de seu tempo, havia aqueles momentos em que sentia a falta de algo ou de alguém, e Sarah era tão divertida e simpática. Parecia estar sempre tão bem com a vida e era tão cheia de luz que Gilbert sentira uma necessidade enorme de estar com ela, para tentar iluminar aquela parte de sua vida tão imersa na escuridão.
Sarah o ajudara muito, fora uma excelente amiga e uma boa namorada. Se preocupava sinceramente com ele, embora não fosse dada a demonstrações de carinho explicitas. Eles gostavam da companhia um do outro e por muito tempo foram bons companheiros de estudo e diversão, mas quando pensava sobre o amor, Gilbert não tinha certeza se tinha amado Sarah como mulher. Ela era uma pessoa muito querida, e ele certamente a amara como amiga, mas outros sentimentos relacionados à paixão ele só conseguia pensar em Anne.
Gilbert terminou seu café e voltou para dentro pensando com tristeza que depois de conversar com Sarah sobre o relacionamento de ambos, ela nunca mais falaria com ele. Não tinha ilusões de que ela o perdoaria por ter escondido aquilo dela por tanto tempo, porém, Gilbert queria pelo menos conservar a amizade, mas ele sabia que Sarah não ia desejar isso de jeito nenhum.
Ele e Anne tinham combinado um passeio de bicicleta naquele dia, e não via a hora de encontrá-la novamente. Seria ótima poderem fazer algo junto que sempre amaram fazer quando eram adolescentes. Mas, antes, Gilbert resolveu ir até o hospital ver como Matthew estava. Era seu dia de folga, mas queria muito ver se o quadro dele evoluíra para melhor. Esperava que com a medicação que passara e depois com a alimentação adequada, o pai adotivo de Anne pudesse se recuperar logo. Gilbert sabia o quanto Anne amava aquele homem, e queria muito que ela ficasse mais tranquila em relação ao quadro clínico dele, e esperava de coração que ele se recuperasse para que ela pudesse voltar a se sentir feliz de novo, e isso era a coisa mais importante no mundo para ele, ver Anne feliz e tranquila.
Ele pegou as chaves do carro e saiu, chegando ao hospital em vinte minutos. Quando entrou no quarto de Matthew, Gilbert notou animado que ele estava acordado e se alimentando.
- Bom, dia, Sr, Cuthbert. Como se sente essa manhã? – ele perguntou beijando Marilla no rosto como forma de cumprimento.
- Estou muito melhor, filho. Graças a você. Suas mãos são mágicas. – Matthew disse cheio de humor.
- Q20ue bom ouvir isso. Se o senhor seguir todas as minhas prescrições em uma semana já 'poderá ir para casa.
- Uma semana? Vou ter que esperar tudo isso? – Mathew perguntou amuado.
- O senhor passou por uma situação muito crítica e precisa se recuperar bem, para que não tenha uma recaída, o que seria muito ruim na sua idade. – Gilbert explicou pacientemente.
- Não seja teimoso, Matthew. Você tem que fazer exatamente o que Gilbert disser. Ele é o médico aqui. –Marilla disse severa.
- Tudo bem, vou fazer o que esta' dizendo. Não vejo a hora de voltar para casa. – Mathew concordou a contra gosto.
- Uma semana passa rápido, Sr, Cuthbert. Fique tranquilo. – Gilbert disse dando um tapinha amistoso no ombro de Matthew. – Se me dão licença, tenho que ir ao meu consultório resolver algumas coisas. Até mais tarde.
Gilbert foi até seu consultório e colocou algumas fichas em dia. E quando estava se encaminhando para a saída do hospital, viu Anne caminhar pelo corredor. Como ela estava linda em um vestido de verão florido. Ela se parecia com sua garota do passado, mas muito mais bonita. Quando ela passou por ele sem tê-lo visto ele a agarrou pela cintura, e a levou para um canto do hospital onde não passava ninguém e perguntou, ao mesmo tempo em que a puxava para os seus braços.
- Está procurando por mim? – ele perguntou, enquanto esfregava seu nariz no pescoço dela e sentia o seu perfume. Como o cheiro dela era bom! Ele amava aquela fragrância de rosas que vinha do corpo todo dela.
- Não, estou procurando pelo Dr, Blythe bonitão, conhece? - Ele riu ao ouvi-la brincar com ele.
- Já ouvi falar dele sim. Mas, o que ele tem que eu não tenho? – Gilbert entrou na brincadeira, e para provocar Anne, colocou a ponta de sua língua na orelha dela notando deliciado ela se arrepiar inteira.
- Bem, além de bonito, ele é charmoso e sexy. – então ela o achava charmosos e sexy? Era muito bom saber que ela pensava daquela forma sobre ele. Assim, ele continuou provocando-a, pois adorava ver as reações dela quando a tocava. Ele começou a beijá-la por todo o rosto enquanto perguntava:
- Sexy é? E o que mais?
- Ele beija divinamente também. – mais uma coisa que descobria que ela gostava nele, e aquilo o deixou mais ousado quando disse:
- É mesmo? Pois eu duvido que ele te faça se sentir desse jeito. –o beijo que trocaram foi tão quente que Gilbert sentiu seu sangue entrar em ebulição no mesmo instante. Beijar Anne era como se afogar inteiro no calor dela, pois Anne era um poço de luxúria que o carregava junto com ela. Ele nunca sabia quem estava no comando quando estavam assim, nesse jogo de sedução, porque tudo era tão intenso que seus desejos se misturavam, seus corpos se queriam tanto que era quase impossível de resistir e ouvir o bom senso. Quando ele sentiu Anne colar o corpo dela no seu, Gilbert ficou louco e suas mãos começaram a acariciar o seio dela sobre o vestido. Desejando a carne quente dela por entre seus dedos. Ele a apertou mais contra si, enroscando suas pernas na dela, e já estava pensando em baixar-lhe a alça do vestido quando Anne o interrompeu lembrando-o que estavam no hospital.
- E quem se importa? - ele perguntou, se recusando a parar de tocá-la, pois já não controlava suas emoções. Mas, Anne era bem mais sensata do que ele, e o trouxe a razão antes que fosse tarde para parar.
- Anne, me desculpe, Eu não sei o que acontece toda vez que estou perto de você. Só de olhar para essa boca eu fico louco. – ela ficou adoravelmente vermelha com as palavras dele, e Gilbert quase a beijou de novo, mas se controlou quando ela disse:
- Acho melhor sairmos daqui. –
E assim caminharam juntos pelo corredor enquanto ele lhe perguntava como ela soubera que ele estava ali, e Anne disse que fora Marilla quem a avisara, e ela decidira procurar por ele para que pudesse vê-lo já que estava com saudades, e Gilbert aproveitou para dizer que adorara a iniciativa dela. Assim Anne perguntara:
- O que faz aqui? Não é sua folga?
Gilbert lhe explicara que queria examinar Matthew pessoalmente, e Anne lhe agradecera por ajudar Matthew a se recuperar tão rápido. Ele olhou-a maliciosamente e respondeu:
- Você poderia me agradecer com beijos, o que acha?
Anne disse que poderia fazer isso enquanto andavam de bicicleta aquela tarde, o que deixou Gilbert extremamente feliz por ver que ela não tinha se esquecido do convite, e estava tão a ansiosa por aquilo quanto ele. Anne então lhe dissera que iria se despedir de Matthew e levaria Marilla para casa.
- Eu levo vocês. Estou indo para casa também. Ele oferecera, e Anne disse que só aceitaria se não fosse atrapalhá-lo. e ele respondeu.
- Você não atrapalha nunca. – o que lhe valeu o sorriso mais lindo que ela já lhe dera.
Foram para casa assim que Anne se despediu de Mathew, e durante a pequena viagem ele conversara bastante com Marilla sobre o estado de Matthew, mas não perdia um só movimento de Anne, Quando ficaram sozinhos, assim que Marilla entrou em casa, ele lhe perguntou:
- Tudo certo para hoje à tarde? -
- Sim. – Anne confirmou e deu um beijo rápido antes de entrar.
Dessa forma, Gilbert foi para casa assoviando uma música que tocava no rádio de seu carro, pensando na tarde que o esperava ele pensou que seria mais um momento inesquecível que passaria com Anne como nos velhos tempos.
Olá. Outra psotagem. Por favor comentem. Beijos
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