Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
ANNE E GILBERT
Anne alisou a saia do vestido simples de algodão que escolhera para aquela noite. Não quisera nada glamoroso porque o lugar para onde iam não exigia nada extremamente elegante, mesmo porque prometera a si mesma quando viera para Avonlea, que deixaria a modelo em Nova Iorque e ali seria somente Anne Shirley.. Queria poder andar na rua do jeito que quisesse sem se preocupar se alguém a estava fotografando.
Em Nova Iorque ela tinha que estar maquiada até para ir à padaria, porque tudo era motivo para ir parar nos tabloides, e se fosse pega em um estado não muito satisfatório, a mídia caía em cima, tecendo comentários nada agradáveis, e muitas vezes acabavam com a carreira promissora de qualquer modelo. Ela vira isso acontecer com algumas de suas amigas e demorara muito tempo para que se recuperassem, e voltassem ao topo do sucesso.
Ane ajeitou os cabelos pela última vez, estava nervosa e não entendia porque.. Já tivera vários encontros ao longo de sua vida, mas nenhum a deixara se sentindo tão insegura como estava naquele moimento. "Calma, Anne, é só o Gilbert, seu velho amigo de infância que te conhece melhor que qualquer pessoa", ela disse a si mesma, mas aquilo não a ajudou a se acalmar.
Ela desceu as escadas, depois de respirar fundo três vezes, e encontrou Gilbert conversando animadamente com Marilla. Quando ele a viu, seus olhos passaram pela figura dela com enorme admiração, e Anne se sentiu tímida com a maneira como ele olhava para ela, e observou com prazer que Gilbert estava lindo demais aquela noite, vestindo uma camisa azul marinho e calça jeans.
- Aí está você, querida. Gilbert estava me dizendo que vai levar você ao cinema. Fico muito contente que você vai sair um pouco, pois precisa se divertir. - Marilla disse sorrindo.
- Marilla, você se esquece que vim para Avanloe para fugir das badalações, e não me importo nem um pouco de ficar em casa relaxando. Eu já estava farta de ir a festas todo o fim de semana, - Anne disse tentando fugir do olhar de Gilbert que não abandonava seu rosto um só segundo.
- Eu sei, querida, mas você pode relaxar e se divertir ao mesmo tempo.
- Está bem. Marilla, vou tentar fazer os dois. Você vai a algum lugar? – Anne perguntou vendo Marilla toda arrumada.
- Vou visitar Matthew e passar a noite com ele no hospital.. – Marilla respondeu.
- Queria tê-lo visitado hoje, mas não estava em condições. – Anne riu um pouco constrangida. – prometo que amanhã estarei lá.
- Está bem, querida. Não se preocupe com nada, somente se divirta. – Anne assentiu e se voltou para Gilbert que parecia paralisado desde que ela tinha entrado na sala:
- Oi, Gilbert. Como você está?
- Eu estou bem. – ele respondeu pensando talvez que aquela não fosse a resposta correta para o tumulto que sentia dentro de si só de ver Anne vestindo um vestido branco simples, parecendo ter sido feito especialmente para ela. Os cabelos presos de lado por uma presilha e as únicas jóias que usava eram brincos e pulseira de prata. Ela estava magnífica, como naquelas fotos de revista que ela costumava aparecer. Você está melhor? – ele perguntou.
- Sim, o remédio que você me deu fez maravilhas comigo hoje à tarde. Não sinto mais dor nenhuma,
- Ótimo. Podemos ir então.
- Sim. – Anne respondeu se despedindo de Marilla, e seguindo Gilbert até o carro.
Enquanto se encaminhavam para a cidade, mantiveram uma conversa neutra sobre amenidades. Então, Gilbert perguntou:
- Como se tornou modelo, Anne. Se bem me lembro você queria ser professora de literatura.
- É verdade, e fui para a Faculdade, me formei, e quando eu estava no penúltimo ano, um agente me viu no shopping em um evento e me convidou para tirar algumas fotos. Eu fui apenas por curiosidade, e quando me disseram que eu tinha o porte perfeito para ser modelo, eu resolvi arriscar. Não é uma vida fácil, como todos podem pensar. Trabalhamos duro, muitas vezes o dia começa às cinco da manhã e somente termina às dez da noite, e nem sempre nosso esforço é reconhecido. Eu não posso reclamar, pois consegui bons contratos com facilidade, pois parece que minha figura pouco comum atrai contratantes. Quem diria que meu cabelo ruivo que odiei a vida todos tenha me ajudado a conquistar o sucesso.
- Eu sempre adorei seu cabelo, ele é lindo- a voz de Gilbert soou quente e Anne sentiu seu rosto corar com o elogio, mas não disse nada, apenas sorriu de leve para disfarçar seu embaraço.
Chegaram ao cinema e escolheram uma comédia romântica para assistir que se chamava Procura-se um amor que goste de cachorro. O nome peculiar chamou a atenção de Anne e insistiu com Gilbert que deveriam assisti-lo, mesmo sabendo que ele não era muito fã daquele tipo de filme. Logo, ela percebeu que acertara na escolha, pois até mesmo Gilbert estava rindo das confusões que aconteciam entre os protagonistas. Depois do filme, ele a levou para tomarem sorvete, assim se sentaram na praça para saborearem a sobremesa gelada e conversarem um pouco..
Anne sentiu como se estivesse de novo no passado, quando ela e Gilbert passavam o Sábado fazendo alguma coisa divertida, e ela percebeu que há muito tempo não se sentia tão a vontade como naquele momento;
- Você ainda gosta de andar de bicicleta, Anne? – Gilbert perguntou com um leve sorriso.
- Eu adoro, Sempre que posso, levo meinha bicicleta para o Central Park e pedalo por horas. É muito divertido.
- Você se lembra de quando te ensinei a andar de bicicleta?
- Como eu poderia ter esquecido? Cai mais tombos do que consigo me lembrar, e você ficou o tempo todo rindo de mim. – Anne riu da lembrança.
- É verdade, você ralou o joelho muitas vezes, e corria para mim chorando.
- E você sempre me abraçava e dizia que não era nada e que iria passar logo.
- Se fosse hoje, eu agiria diferente. Talvez ao invés de te abraçar eu te beijasse e com certeza a dor desapareceria em um segundo. – Anne sentiu a atmosfera entre eles mudar. De repente, os olhos dela estavam perdidos no dele. Ela viu Gilbert se aproximar e começar a beijá-la com suavidade, ao que ela correspondeu imediatamente. Quando Gilbert a puxou para mais perto intensificando o beijo, ela o afastou suavemente e disse:
- Estamos em um lugar público e teoricamente você ainda é comprometido.
- Tem razão, Anne. Eu não quis embaraçá-la. – ele tocou o rosto dela com carinho.
- Tudo bem, você não me embaraçou. - Gilbert olhou para ela e viu que aquele momento era perfeito para falarem sobre Sarah. Ele segurou nas mãos dela e disse:
- Anne, hoje a Sarah me ligou para falar sobre o estado de saúde do pai dela.
- E ele está melhor? – ela perguntou interessada.
- Sim, mas precisará de cuidados médicos, e como ela é enfermeira ficará cuidando dele por mais algumas semanas. Sinto muito, Anne. Eu sei que deve estar decepcionada ao ouvir isso, mas eu não podia terminar tudo com ela por telefone, especialmente devido ao momento pelo qual ela está passando. - ele esperou pela expressão de raiva , as palavras iradas e tudo o que acompanharia a frustração dela, mas , Anne continuou em silêncio olhando para frente, como se estivesse analisando cada palavra dele.
- Anne? – ele tocou os cabelos dela, e ela olhou para ele com o rosto sereno.
- Não é culpa sua, Gilbert e nem de Sarah, Vamos esperar o tempo que for necessário, está bem? - Gilbert quase gritou de alívio, ele esperava qualquer reação dela, mas não aquela compreensão calma que lhe dizia que não desistiria dele tão fácil assim. Ele tinha que tirar Anne dali e ficar sozinho com ela. Queria beijá-la longe dos olhares curiosos, queria abraçá-la para sempre.
- Vamos sair daqui? – ele a convidou com os olhos queimando-a em sua intensidade. Anne apenas assentiu com um sorriso.
Gilbert então a levou a um mirante, perto de Green Gables onde casais costumavam ir para namorarem e curtirem a companhia um do outro.. Era um lugar com uma vista incrível. Ele estacionou o carro, se virou para ela tocando seus cabelos, e pegando em seu queixo. Quando Gilbert fez menção de beijá-la, Anne o impediu dizendo:
- Gilbert, eu quero falar com você sobre uma coisa.- ela estava tensa, mas iria até o fim. Tinha que acabar com aquele mal entendido que ainda havia entre ela e Gilbert,
- O que é? – ele perguntou acariciando as bochechas dela com o polegar.
- Você se lembra que me perguntou sobre que tipo de mágoa você tinha me causado no passado?
- Sim. – ele respondeu simplesmente, esperando pelo que viria a seguir.. Anne tomou coragem e continuou,
- Bem, no dia em que fui embora de Avonlea, eu te procurei em sua casa. Queria te contar sobre minha partida, e saber se teria alguma chance de continuarmos nos vendo, mas quando cheguei lá, você estava abraçado com uma garota. – os olhos de Gilbert se iluminaram, ao mesmo tempo em que ele dizia:
- Winnifrey.
- Não sei se esse era o nome dela, mas, a verdade é que me senti tão traída que fui embora sem me despedir,. Queria tanto ser sua namorada, e vê-lo naquela situação amorosa com outra garota acabou comigo. Por anos isso me incomodou. Eu tentei te odiar, mas quanto mais raiva eu tinha, mais saudade eu sentia de você, Eu fingi que não me importava com você, tentei te deixar esquecido dentro do meu coração, mas foi inútil As lembranças me assombravam noite e dia e nunca consegui ter um relacionamento sério com ninguém, pois ao mesmo tempo em que te odiava, eu te colocava em um pedestal tão alto, que ninguém nunca conseguiu alcançar o seu padrão. Quando voltei para Avonlea, eu te vi e percebi que ainda sentia raiva por tudo o que acontecera no passado, e muitos outros sentimentos que me confundiam, e não soube como lidar com isso, e tudo ficou confuso demais. Agora você sabe o que aconteceu. Sei que parece uma coisa boba, mas foi importante para mim na época, - pronto, tinha dito tudo, Estava se sentindo mais leve, como se um peso muito grande tivesse sido tirado de seus ombros. Gilbert olhou para ela com uma expressão tão terna no rosto que a fez suspirar.
- Anne, no dia em que você me viu com Winnifrey eu estava indo para sua casa pedi-la em namoro, e então essa garota apareceu e se declarou para mim, mas eu a dispensei lhe dizendo que amava outra garota. Quando ela foi embora, corri até Green Gables para te falar sobre os meus sentimentos, mas então, Marilla e Matthew me disseram que você tinha ido embora e me contaram toda a história. E enquanto eles falavam eu me perguntava por que você tinha ido sem se despedir. Eu te procurei, Anne, por todos os lados, mas não consegui encontrar nenhuma pista do seu paradeiro.. Fui até a casa de Diana e implorei que me desse seu endereço em Nova Iorque, mas ela me disse que não tinha permissão, e quase fiquei louco.
- Eu a fiz prometer que nunca te daria meu endereço, e também a proibi de tocar no seu nome, então nunca soube que tinha me procurado. No fundo eu esperava que de alguma forma você descobrisse uma forma de me encontrar e me procuraria, e quando isso não aconteceu fiquei ainda com mais raiva.- Gilbert apertou a mão dela mais forte ainda e continuou a falar.
- Anos se passaram nessa agonia, ai um dia vi um pôster com seu rosto nele, e senti que finalmente a tinha encontrado, Comecei a pesquisar tudo sobre você na internet, até descobri onde estava morando, fiquei obcecado por tudo o que dizia respeito a você, mas depois de tanto tempo te procurando e vendo você exposta a um mundo tão diferente, eu pensei que aquela garota no pôster não era mais a minha Anne, e que eu não fazia mais parte do mundo dela. Então, resolvi te esquecer, foquei em passar na faculdade, e nesse meio tempo meu pai adoeceu e veio a falecer. Então, fui para a faculdade de Medicina, conheci Sarah, e o resto você já sabe. - ele encostou a testa na dela e disse com a voz cheia de emoção:
- Por favor, Anne, acredite em mim. Eu nunca quis magoar você. Tudo o que eu quis era te fazer feliz. – Anne estava tão alegre com tudo o que ele dissera que não conseguia falar sobre aquilo naquele momento. Teria que ficar sozinha e analisar cada palavra dele com cuidado, para então se libertar daquela prisão emocional que a magoara por anos.
- Está tudo bem. A culpa foi minha. Eu deveria ter esperado por uma explicação, mais achei mais fácil fugir e tentar te esquecer, mas a verdade é que você esteve por todo este tempo em minha vida, e só percebi isso quando te reencontrei de novo... –ela entrelaçou os dedos nos dele e ficaram assim por algum tempo, perdidos em pensamento, pois eram muitas emoções para serem expressas por palavras naquele momento. De repente, uma chuva fina começou a cair e Anne olhou pela janela e lhe deu uma vontade imensa de se misturar a ela, deixando que lavasse sua alma e seu coração, levando embora todas as dores acumuladas pelos anos de solidão sem Gilbert, deixando dentro dela somente aquele sentimento vibrante que pulsava dentro dela cheio de vida. Então, ela se soltou de Gilbert e disse abrindo a porta do carro:
- Venha, Gilbert, vamos tomar banho de chuva como nos velhos tempos. – ele a viu entrar no meio da chuva, deixando que a água que caía torrencialmente do céu molhasse seu cabelo, e suas roupas. Em seguida, ela começou a dançar e ele se lembrou do sonho que tivera com ela dias antes. Gilbert se juntou a ela em sua dança e ambos começaram a se mover devagar, enquanto a chuva os deixava encharcados. Seduzido pela beleza de Anne toda molhada naquele moimento, Gilbert a puxou para seus braços e começou a beijá-la com paixão, suas mãos acariciando cada parte do corpo dela que conseguiam alcançar. Anne correspondia com o mesmo ardor, e em segundos estavam ofegantes.
Gilbert então a guiou para o banco dos passageiros do carro, deitando-a no estofado macio, e cobrindo-a com seu corpo. As mãos dele subiram por sua coxa sentindo-lhe a pele macia, avançando um pouco mais, tocando-a por cima da calcinha, subindo e subindo até alcançar os seios dela que estavam arrepiados a espera do toque dele. Gilbert acariciou cada um dos seios de Anne com o polegar, fazendo-a arfar com a onda de desejo que a atingiu, ansiando por tocá-lo também, Então suas mãos abriram a camisa de Gilbert, deslizando-as delicadamente pelo peito dele. Gilbert se livrou da camisa, e Anne desceu seus dedos pelas costas fortes dele, arranhando-o suavemente com suas unhas compridas. Ambos pegavam fogo a cada toque, experimentando maravilhados cada parte do corpo um do outro, mas , quando Gilbert fez menção de lhe tirar o vestido, Anne sussurrou o nome dele ofegante.
- O que foi? – ele perguntou com os olhos escuros de desejo. – Eu te machuquei?
-Não- ela respondeu com o rosto corando de embaraço pelo que teria que dizer a ele.
- Então, qual é o problema? Será que me enganei e você não me quer como eu te quero?- Gilbert perguntou intrigado com a resistência dela em se entregarem ao que estavam sentindo..
- Não é isso... Gilbert, eu sou virgem, - ela disse aquilo tão baixo que ele quase não a ouviu. Ele fixou sua atenção no rosto dela e a olhou incrédulo:
- O que?
- Desculpe-me. Eu não queria decepcioná-lo. Sei que minha falta de experiência é vergonhosa.- Ane disse, interpretando erroneamente a expressão do rosto de Gilbert.
- Anne , o que está dizendo? Isso não é vergonha nenhuma, na verdade, é lindo. Eu só estou impressionado por você nunca ter tido nenhuma experiência sexual, principalmente no mundo em que você vive. - ele tocou o rosto dela suavemente.
- Eu acho que nunca encontrei ninguém que me fizesse sentir do jeito que você me faz sentir.- ela respondeu com toda sinceridade, o que fez Gilbert sorrir e beijá-la na testa.
- Fico feliz que tenha esperado por mim, e juro, que vou fazer esse momento ser o mais especial possível para você. Mas, não quero fazer isso dentro de um carro. A primeira vez de uma garota é um momento muito importante, e quero que o seu seja o melhor de todos. – ele viu o olhar de alivio que ela lhe lançou e continuou.- Agora, acho melhor irmos para casa, antes que você pegue um resfriado por casa dessas roupas molhadas.- Anne concordou, e assim, eles passaram para o banco da frente e foram para Green Gables.
Gilbert a acompanhou até a varanda, e a beijou de novo dessa vez sem pressa nenhuma. Quando se separaram, Anne disse:
- Ainda bem que Marilla não está em casa, caso contrário eu não saberia como explicar sobre as roupas molhadas. – Gilbert riu e disse:
- Tome um banho quente antes de dormir, assim você não corre o risco de ficar doente.
- Está bem, Doutor. – Anne deu-lhe um selinho e entrou em casa.
Gilbert voltou para sua fazenda, pensando em tudo o que Anne tinha lhe contado. Agora ele entendia o porquê das atitudes dela. E pensar que ficaram separados por sete anos por causa de um mal entendido.
Ele entrou em casa, e foi procurar seu baú com os recortes de Anne e enquanto remexia dentro dele, Gilbert encontrou um papel dobrado, e quando o abriu ele viu que era o poema que tinha escrito para ela quando Anne foi embora. A intenção era enviar-lhe pelo correio confessando o seu amor, mas isso nunca acontecera. De repente, ele sentiu uma vontade enorme de entregá-lo a Anne naquele momento. Sabia que estava tarde, mas iria até Green Gables novamente. Se ela já 'estivesse dormindo, ele o entregaria no dia seguinte,. mas tentaria a sorte naquela mesma noite.
Gilbert dirigiu em tempo recorde de volta até Green Gables, rezando para que ela ainda estivesse acordada. Por sorte, quando estacionou o carro a luz do quarto dela estava acesa. Ele atirou uma pedrinha para chamar-lhe a atenção e esperou que ela aparecesse na janela.
Anne tinha acabado de sair do chuveiro. Estava enrolada em um roupão e secava os cabelos com a toalha com vigor. Ela ouviu a pedra tocar sua janela, e ficou intrigada, porque aquilo era um gesto que Gilbert fazia no passado, quando era tarde da noite e ele queria que ela saísse para o jardim para verem as estrelas juntos. Era um código que tinham naquela época, e que usavam sempre que queriam falar um com o outro. Mas porque ele tinha voltado? Ela foi até a janela, e o encontrou lá embaixo com um grande sorriso.
- Anne, pode descer até aqui?
- Por que? – ela perguntou intrigada.
- Quero te mostrar uma coisa.
-- Nossa, o que é tão importante que te fez voltar aqui e que não podia esperar até amanhã?
- Precisava ser agora. É importante.
- Está bem, estou descendo.
Quando ela abriu a porta da sala, Gilbert foi até ela e disse estendendo o pedaço de papel que trouxera com o poema.
- Aqui está, quero que leia isso, pois se ainda duvida do que te contei hoje, isso vai ajudá-la a compreender o que estou dizendo.
Anne desdobrou o pedaço de papel que estava amarelado pelo tempo e viu que dentro dele havia um poema que dizia:
Quantas palavras existiriam
Para eu te falar o que sinto por você?
Quantas estrelas eu contaria
Até achar a perfeita para te enviar o meu amor?
E quantos sonhos eu sonharia
Até que encontrasse um que me trouxesse você?
Não é mais primavera, mas é assim que me sinto, em festa
Porque você vive neste mundo, mesmo estando tão fora do meu alcance.
Quantas vidas terei que viver até que eu possa ver o seu sorriso?
Quantas vezes terei que repetir seu nome até que você ouça minha voz pela brisa.?
Amar você nunca foi uma escolha, mas um presente tão lindo
Que a vida me deu, mesmo que venha com o estigma da distância entre nós.
Você é como um casaco antigo tão caloroso e aconchegante,
e se perder nos seus olhos é mergulhar em uma velha canção tocada mil vezes em meu silêncio.
Quantas milhas terei que caminhar até que te encontre na próxima curva?
Quantos anos luz terei que vencer para segurar em sua mão?
A vida nos leva por caminhos que às vezes não desejamos,
E não existem garantias e nem certezas absolutas,
Não sei quanto tempo me resta, e nem onde estarei amanhã.
Mas quero que saiba que te desejo todas as belezas do mundo,
E todas as alegrias que a vida puder te ofertar,
E se um dia por acaso a gente se encontrar
Quero que saiba que meu coração é seu e sempre será.
Gilbert- 2002
Anne olhou para Gilbert com lágrimas nos olhos. Aquela era a declaração de amor mais linda que já recebera na vida. Ele segurou o rosto dela nas mãos e disse.
- Eu te amo Anne, Sempre te amei e vou amar para sempre.
- Gilbert, eu...- ela tentou falar mas as palavras não saiam, Queria dizer que também o amava, mas o peso das palavras ainda a assustavam. Ela sabia que uma vez que fossem ditas não poderia nunca voltar atrás.
- Eu sei. – Gilbert respondeu percebendo sua hesitação em dizer o que sentia, e a beijou de um jeito tão intenso que ela se sentiu flutuar. Ela amava Gilbert Blythe com todas as forças de seu coração, e o mais incrível era que ele também a amava. Parecia que o tempo não tinha passado para eles, e todas as barreiras que ela construíra par mantê-lo longe dela caíram de vez. Ele era o homem dos seus sonhos, o único que sempre quisera, o único que sempre amara, e ela nunca mais se sentiria sozinha porque tinha o coração de Gilbert com ela para sempre. Ele interrompeu o beijo ofegante e disse:
- E melhor entrar ou todas as minhas boas intenções vão acabar aqui, e não quero que nada seja apressado entre nós.
- Está bem. A propósito, eu amei o poema.
- Fico feliz, pois nunca fui tão bom com as palavras como você, – ele respondeu.
- Não seja modesto, Gil. Você sempre foi bom em tudo. Inclusive com as palavras. - ele ficou emocionado ao ouvi-la chamá-lo pelo apelido, mas percebeu que ela o fizera naturalmente sem notar.
- Que tal se andássemos de bicicleta amanhã? – ele sugeriu.
- Vou adorar. – Anne disse sentindo-se incrivelmente feliz.
- Boa noite, Anne. – ele se despediu com um selinho. – durma com os anjos.
- Você também. – ela sorriu para ele e Gilbert pensou que era como se uma luz iluminasse a escuridão da noite.
Assim que ele se foi, Anne disse baixinho para si mesma:
- Eu te amo, Gilbert Blythe. – e com os olhos brilhando e a alma leve ela entrou em casa fechando a porta atrás de si.
-
-
Olá, Espero que gostem deste capítulo e comentem. Beijos
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