Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Olá pessoal. Mais um capítulo de Corações em jogo. Essa história também é muito especial para mim, principalmente por conta do amor de Anne e Gilbert que nunca deixou de ser um sentimento intenso apesar dos obstáculos e das separações. Espero que me deixem seus votos e comentários como incentivo. Muito obrigada por acompanharem essa história também. Beijos.
GILBERT
O envelope nas mãos de Gilbert pesava como chumbo. Ele respirou fundo, tentando não se deixar levar pelas lembranças do passado que arrasaram com suas crenças pessoais.
A imagem de Sarah sempre surgia em sua mente em momentos assim, e apesar de já terem se passado tanto tempo, Gilbert não conseguia se esquecer da dor de perdê-la de maneira tão covarde.
A enfermidade que ceifara a vida de Sarah era covarde. Ela simplesmente destruía tudo o que havia de mais positivo na vida de alguém, e o reduzia a nada, pois não era só o aspecto saudável do corpo que ela arrasava com suas garras maléficas, ela também roubava a energia, a paz, a alegria e por último a esperança, enterrando dessa forma todos os sonhos, um futuro, os planos, deixando para trás um rastro doloroso de corações quebrados e banidos deste mundo para sempre.
Gilbert não se sentia mais fracassado, pois Anne tivera um enorme trabalho em fazê-lo enxergar diariamente o quanto o seu ofício era importante, e que mesmo que algumas batalhas fossem perdidas, muitas outras eram ganhas justamente por seu esforço em lutar por um paciente até a última gota de suor em seu rosto. No entanto, a mágoa de Sarah ter partido tão cedo ainda estava lá em sua mente, muito bem escondida na maior parte do tempo, porém, em momentos assim, o rapaz não podia deixar de senti-la em seu coração.
Ele olhou mais uma vez para o envelope, tomou coragem e o abriu. Os resultados dos exames de Bertha após o início do tratamento tinham chegado, e esperava que fossem melhores do que os primeiros. Gilbert sabia que não operaria nenhum milagre ali. Ele não tinha esperanças de salvar a vida de Bertha, mas, prolongá-la por mais algum tempo talvez fosse possível.
Gilbert tinha a muito despido sua capa de super homem que ele pensar ser um dia quando se tornara médico. Ele acreditara que tinha todo o poder nas mãos de resgatar almas perdidas da morte, e agora sorria de sua própria ingenuidade. O diploma em sua parede atestava o que ele era, um homem da ciência, formado em medicina, um cirurgião com muitos outros, e sem nenhum poder especial.
Ele era bom do que fazia porque amava sua profissão, mas, sabia que não tinha a frieza necessária para ver um paciente como um caso qualquer em sua lista, o qual deveria tratar sem envolver seu coração. Muitos de seus colegas de profissão conseguiam separar a medicina de seus sentimentos pessoais, mas, talvez a criação que se pai lhe dera, os princípios que ele o ensinara tivessem tornado-o sensível demais para não se importar.
Devagar, ele desdobrou a folha fina de papel que trazia com ela o destino de uma mulher que errara muito, não por desejo próprio, mas pelas circunstâncias que a levaram a abandonar sua filha de quem não se aproximara por anos. Gilbert não conseguia ver Bertha pelo mesmo prisma que Anne, embora também não a isentasse do sofrimento que causara a sua esposa. No entanto, ele achava injusto que a pobre mulher também tivesse que pagar com sangue por algo que a própria vida lhe impusera. Anne ainda não a perdoara, e Gilbert não conseguia ver quando isso aconteceria, embora a ruivinha tivesse mudado um pouco sua atitude em relação à mãe. Ela não mais se referia a Bertha como "aquela mulher", mas tampouco a chamava de mãe. Era um avanço, se ele pensasse em todas as coisas ofensivas que ouvira Anne dizer sobre Bertha
Qualquer pessoa que conhecesse a natureza doce de sua esposa, estranharia essa sua postura rancorosa em relação ao seu passado, mas, ninguém conhecia suas cicatrizes como ele, ou a tinha visto chorar como ele vira nos últimos dias, por não conseguir seguir em frente e apagar de suas lembranças o abandono que sofrera. Gilbert pensava que se ela conseguisse perdoar sua mãe biológica e deixar para trás todas as suas mágoas em relação a ela, Anne seria muito mais feliz, mas, ele não se sentia no direito de lhe dizer nada, ou mesmo explicar seu ponto de vista, porque o fardo que ela carregava era grande demais, e eventualmente iria diminuir se Anne assim o permitisse com o passar do tempo.
O jovem médico leu com atenção os números que indicavam qual o índice dos resultados do novo tratamento, e suspirou. Bertha estaria ali em dez minutos, e ele teria que encontrar uma maneira de explicar em palavras simples o que estava por vir, e não seria fácil.
Depois de estudar os números mais de uma vez, Gilbert se preparou para a chegada de Bertha que não demorou a acontecer. Os dez minutos voaram, e a batida na porta do seu consultório lhe mostrou que era hora de sair da teoria e ir para a prática que o caso exigia.
- Bom dia, Dr. Blythe.- ele a ouviu dizer e responder.
- Pode me chamar de Gilbert. Acho que já temos um pouco de intimidade para nós tratarmos pelo primeiro nome, se você não se importar.
- É claro que não me importo. - Bertha concordou sorrindo, e naquele instante Gilbert percebeu o quanto ela era parecida com Anne, o que o deixou momentaneamente chocado, mas, logo voltou a se focar no seu trabalho e disse com os resultados dos exames de Bertha nas mãos:
- Seus exames chegaram.
- Tive algum progresso?- ela perguntou aparentando estar calma, mas, Gilbert podia ver pelos seus olhos que a ansiedade dentro dela não era nem um pouco branda.
- De certa forma sim, mas, devo informá-la que não posso garantir lhe uma vida longa e feliz.- Gilbert explicou, vendo o sorriso dela murchar um pouco, fazendo-o se sentir pesaroso por não ter como dar a Bertha o que ela desejava.
- Tudo bem, Gilbert. Eu não esperava nada muito diferente do que os outros médicos me disseram. Muito obrigada por sua boa vontade em me ajudar. - ela disse sem se mostrar abalada pelo que ele dissera. Aquela aceitação passiva era o que mais doía em Gilbert, pois lhe dava a impressão que o paciente tinha desistido de lutar, Porém, Bertha já tinha estado naquele caminho antes, e após ouvir de tantos médicos o que ele acabara de falar, era mais fácil aceitar que o fim estava próximo do que se rebelar contra o inevitável.
- No entanto, o tratamento mostrou uma melhora em seu quadro anterior, então, temos também uma boa notícia aqui. Sua vida pode ser prolongada por dois ou três anos, se assim você o desejar.- Bertha o olhou surpresa e disse:
- Eu não sei o que dizer. Essa é uma excelente notícia. É claro que desejo viver todo o tempo que a medicina me permitir.
- Então, continuaremos com o tratamento. Você pode fazer uma nova sessão depois de amanhã, faremos uma pausa de quinze dias, e então faremos mais uma. O que acha?- Gilbert perguntou com um sorriso.
- Excelente, Gilbert. Nesses quinze dias de pausa posso ir para casa, e depois retornar para a outra sessão?- ela perguntou ansiosa.
- Saudades da família?- Gilbert perguntou, olhando-a de forma compreensiva.
- Sim, de meu marido principalmente. Que tem me apoiado desde o início.
- Então, está liberada. O apoio familiar é sempre importante
- Eu concordo. E como está Anne? - Bertha não pôde deixar de perguntar.
- Ela está cada dia melhor. Suas pernas já estão mais fortes, e creio que logo ela estará andando de novo.
- Que ótima notícia.- Bertha respondeu, parecendo tristonha e Gilbert entendeu que não ter o perdão da filha era mais difícil para ela que a própria doença.
- Bertha, eu sei o quanto essa aproximação com Anne é importante para você, mas, tudo o que lhe peço é paciência. Anne tende a ser muito difícil quando está magoada. Ela não sabe lidar muito bem com esse tipo de sentimento, e acaba afastando a pessoa que a magoou. E você tem que concordar comigo que essa mágoa não é recente, e que ela teve anos para construir muros em volta de seu coração que não serão simplesmente derrubados no primeiro pedido de desculpas.
- Eu entendo mais do que imagina, Gilbert. E tanto eu quanto você sabemos que tempo é o que menos tenho. No entanto, eu estou feliz de ter vindo até aqui e ter conseguido vê-la. Ela me deixou saber um pouco da vida dela, ver os bebês, e também compreendi observando vocês dois juntos, que existe muito amor em seu casamento. Você a faz feliz, e isso é tudo o que uma mãe pode desejar a sua filha. - Bertha disse, apertando a mão de Gilbert por cima da mesa com afeição. Logo em seguida, ela se levantou e disse:- Nos vemos em dois dias?
- Sim, estarei aqui à sua espera. - Gilbert disse, também se levantando da mesa, e acompanhando Bertha até a saída.
- Obrigada.- ela disse, beijando-o no rosto antes de ir embora.
Enquanto dirigia para casa naquele fim de tarde, Gilbert não conseguia tirar Bertha e Anne da cabeça. Era muito triste ver mãe e filha separadas daquela maneira, quando poderiam estar se conhecendo e passando o tempo que lhes restava juntas. Ele apenas esperava que Anne não se arrependesse caso decidisse que não conseguiria perdoar a mãe, pois viver com mais esse peso dentro de si apenas a tornaria mais amarga, e Gilbert não desejava que sua Anne sofresse mais com aquela história do que já sofrera.
Ele chegou no apartamento e logo encontrou sua esposa sentada na sala à sua espera. Ela lhe sorriu, estendeu-lhe a mão que ele segurou com carinho e a trouxe para seus braços. O abraço foi tão apertado, que fez Anne perguntar:
- Alguma coisa errada?
- Não, está tudo bem. Senti sua falta. - ele respondeu, continuando a abraçá-la forte.- Anne se afastou minimamente dele, segurou o rosto dele entre as mãos e afirmou:
- Você não está bem. O que foi, amor? Se abre comigo. - a voz preocupada dela o fez sentir vontade de colocar para fora seus pensamentos daquela manhã, mas, como envolviam Bertha, o rapaz não tinha certeza se Anne gostaria de saber sobre eles.
- Talvez você não queira saber, amor. São coisas do trabalho. - ele disse beijando-a na testa.
- E quando foi que não me interessei por suas coisas do trabalho? Você sempre me contou tudo, o que é diferente dessa vez? - Anne perguntou com a testa franzida.
- É sobre Bertha. - ele viu a fisionomia de Anne mudar para um estado de ira que ele não desejava, e se arrependeu de ter dito o que ela queria saber.
- Então é isso? Agora você vai deixar de partilhar suas coisas do trabalho comigo por causa de Bertha?
- Anne, eu não quis te aborrecer. - Gilbert disse, acariciando lhe as costas.
- Mas, aborreceu, Dr. Blythe. Eu sabia que Bertha era problema no momento em que atravessou a porta do apartamento. Só não tinha ideia que ela ia se meter no meio de nós dois.- Anne tinha fechado a cara, e Gilbert odiava quando ela não lhe sorria.
- Você sabe que não é assim, amor. Se quer mesmo saber eu te digo. Os resultados de Bertha apontaram uma sensível melhor, mas não o suficiente para salvar a vida dela. - Ele disse sem encará-la diretamente.
- Quanto tempo ela ainda tem? - Anne perguntou sem mostrar a ele nenhuma emoção aparente.
- Dois anos, talvez três com esse tratamento que estamos fazendo.
- Você deveria estar orgulhoso de si mesmo, e não chateado. Você conseguiu acrescentar um pouco de esperança a quem não tinha nenhuma. - Anne disse, beijando-o no rosto.
- Ela me fez pensar em Sarah. - ele confessou de cabeça baixa.
- Nós já falamos sobre isso tantas vezes. Você fez o que podia por Sarah como está fazendo por Bertha. Não permita que isso te desanime.
- Eu só queria poder fazer mais.- ele disse sentindo a garganta apertada.
- Eu te admiro tanto. Você não tem ideia de como eu te vejo.- Anne o encarou com suas joias azuis que eram a luz dos dias dele e continuou: - Você é o ser humano mais incrível que já conheci. Eu tenho muito orgulho do homem e do pai que você é, e ainda mais do médico que se tornou. Você é sensível, luta por seus pacientes, se importa com eles, e eu espero que nossos filhos um dia tenham metade das qualidades que você tem.
- O que eu faria sem você? - Gilbert disse emocionado com as palavras dela.
- O recíproco é o mesmo. - Anne respondeu sorrindo, aproximando seu rosto do dele, e assim seus lábios se colaram em um longo beijo, que logo Gilbert aprofundou, deitando Anne sofre as almofadas que cobriam o sofá. Anne afundou suas mãos nos cabelos dele, chegando até a nuca e puxando-o com mais força para ela. Quando as mãos de Gilbert começaram a desabotoar os primeiros botões da blusa de Anne, um chorinho de bebê fez o rapaz parar no mesmo instante, enquanto Anne sorria ainda com seus lábios nos dele, e disse:
- Parece que tem alguém implorando por cuidados.
- Eu vou lá. - Gilbert respondeu, se levantando do sofá e indo em direção ao quarto. Quando ele abriu a porta, ele ouviu Anne chamá-lo e se virou dizendo:
- O que é ?
- Eu te amo.
Gilbert lhe soprou um beijo, e entrou no quarto, enquanto sorria e pensava no quanto era bom estar em casa.
ANNE
Perdão. Essa era uma palavra tão forte quanto libertadora, mas também muito difícil, levando-se em conta tudo o que ela implicava. Anne sempre ouvira Marilla dizer que desculpar alguém era humanamente possível, mas perdoar era algo divino que tinha relação direta com o Todo Poderoso. E só naquele momento em que estava na posição mais difícil de sua vida, Anne entendia quão sábias eram aquelas palavras.
Aproximar-se de Bertha não estava sendo fácil, por mais que sua mente lhe dissesse para ceder e acabar com toda aquela situação de vez, seu coração ainda não tinha amolecido, e seu temperamento difícil tornava sua visão sobre tudo o que estava acontecendo muito pior.
Todavia, ela prometera a Gilbert que faria um esforço, porque não estava completamente insensível ao sofrimento de Bertha, e porque também estava mexendo com Gilbert e colocando mais uma vez em xeque suas capacidades médicas.
Ela detestava quando seu marido começava a duvidar de si mesmo como profissional. Depois do que acontecera com Sarah, isso tinha se tornado um fato recorrente, e Anne presenciara mais de uma vez suas batalhas internas. Gilbert queria ser capaz de salvar o mundo, porém, por mais talentoso que fosse e por mais recursos que tivesse isso nem sempre era possível, e ele se culpava toda vez que perdia um paciente assim como não parava de sorrir se um tratamento desse certo, e essa sensibilidade excessiva dele por muitas vezes lhe causava problemas emocionais complicados.
Gilbert nunca tinha chegado ao ponto de entrar em depressão por conta de insatisfação com o trabalho, mas, os pensamentos que deveriam bombardear aquela mente inteligente demais o massacravam constantemente, e Gilbert não era muito de se abrir até que Anne o confrontasse com suas perguntas que não lhe davam escapatória, e dessa forma ele acabava desabafando sobre seus piores pesadelos.
Anne não gostara de saber que ao aceitar o caso de Bertha, Gilbert estava de novo se enchendo de questionamentos. Ela conhecia bem a necessidade de seu marido de ajudar quem estivesse sofrendo, mas, não podia aceitar que isso lhe fizesse mal a ponto de perder a fé no que sabia fazer de melhor.
Não queria parecer insensível, e nem pedir que ele largasse o caso de sua mãe biológica, mas, quando se tratava de proteger Gilbert, Anne podia ir até o ultimo extremo para impedir que qualquer coisa ou alguém o fizesse deixar de acreditar em si mesmo.
Entretanto, ela estava tentando ser um pouco mais razoável naquela situação, e por amor ao seu marido ela tentaria se aproximar de Bertha e conhecê-la aos poucos como se estivesse estabelecendo uma relação nova de amizade, mas, daí a desenvolver um relacionamento de mãe e filha com ela era uma possibilidade que Anne não conseguia enxergar nem naquele momento e nem em tempos futuros.
Naquela quinta feira, Anne tinha acordado antes de Gilbert, e como era sempre ele que preparava o café, ela quis deixá-lo descansar um pouco mais e foi para a cozinha querendo surpreendê-lo com um dos quitutes que ele gostava de comer assim que acordava.
Por sorte o apartamento era todo acarpetado, e abafava qualquer ruído inoportuno, assim, ela se sentia segura em usar sua cadeira de rodas até a cozinha sem se preocupar se poderia acordar Gilbert ou não.
Assim, ela fez o café do jeito que ele gostava, preparou as panquecas exatamente como o pai de Gilbert preparava na infância dos dois, pois ela sabia o quanto seu marido adorava relembrar o passado por meio do paladar. Depois de tudo pronto, a ruivinha colocou cada item do café da manhã em uma bandeja, acompanhado de torradas, mel e manteiga, e com muito cuidado, ela equilibrou a bandeja em seu colo, e com muito cuidado para não derramar tudo pelo caminho, ela levou a bandeja até o quarto.
Gilbert ainda dormia pesado, e sequer tinha percebido que Anne tinha deixado o quarto, ficado algum tempo na cozinha e voltado com o café pronto. Ela aproveitou para observar o rosto sereno do marido que quando dormia exibia uma paz reconfortante, e logo seus olhos examinaram cada parte daquele corpo enlouquecedor, que não pudera tocar na noite anterior porque os bebês precisaram da atenção dos dois e quando eles finalmente tinham adormecido, Anne e Gilbert estavam exaustos e acabaram dormindo logo que encostaram a cabeça no travesseiro, dominados pelo cansaço.
Felizmente, desde a última semana, Sarah e John tinham sido colocados em seu quartinho, e apesar de estranharem o lugar nos dois primeiros dias, no terceiro já, tinham se adaptado e já estavam conseguindo dormir à noite inteira sem acordar, assim, Gilbert e Anne puderam ter sua privacidade de volta que ainda não tinham conseguido desfrutar totalmente naqueles dias, pois Gilbert vinha trabalhando demais, e estava sempre cansado no fim do dia, e deste modo os momentos íntimos tão desejados foram adiados para noites mais tranquilas quando pudessem se curtir de verdade.
Anne passou de leve as mãos pelo peito do marido, a fim de acordá-lo devagar, e quando ele abriu os olhos sonolentos, e a fitou ainda confuso, ela lhe sorriu e perguntou:
- Dormiu bem, querido?
- Por que já está de pé? Eu estou atrasado?- Gilbert perguntou, esfregando os olhos e se sentando na cama. Então, seus olhos caíram sobre a bandeja no colo de Anne, e ele disse espantado? - Como você preparou tudo isso?
- Eu tenho os meus truques, meu amor. E também queria te surpreender. É sempre você que faz o café da manhã, assim pensei que poderia ser minha vez de retribuir. - Anne disse, colocando a palma da mão sobre o peito quente do marido. Era tão bom tocá-los, depois de dias apenas namorando-o com os olhos.
- Você é surpreendente, Sra. Blythe. Por que ainda está tão longe de mim? - Gilbert disse, deslizando o olhar sobre a camisola curta que mal cobria as suas coxas, sentada na cadeira de rodas, dava a ele uma boa visão do que havia por baixo, já que o tecido era fino e bastante aderente.
- Se me ajudar com a bandeja, posso me aproximar mais de você. - Anne disse encarando os olhos castanhos dourados, que tinham escurecido de leve, e imaginava porquê.
Ela não precisou pedir uma segunda vez para ter seu desejo atendido, pois Gilbert pegou a bandeja que estava em seu colo, a colocou sobre a cama, e depois com mais cuidado, ele colocou Anne sentada a seu lado e disse:
-Pronto, meus olhos azuis. Seu desejo foi atendido.
Ah, se ele soubesse, as mil coisas que se passavam por sua cabeça quando olhava para ele descontraído daquela maneira. Nos últimos tempos, Gilbert não sorria tanto, e ela sentia falta de sua espontaneidade. Anne sabia que essa seriedade era por causa dela. Ele ainda não tinha se livrado do sentimento de culpa sobre o que acontecera com ela, e no início, Gilbert mantinha uma expressão tão dolorosa no rosto que Anne tinha vontade de chorar só de olhar para ele, porém, conforme o tempo foi passando, e ela foi aos poucos se recuperando, seu marido foi voltando a sorrir. Contudo, ele ainda não era o mesmo, e Anne ansiava demais por ver aquele sorriso que fazia seu coração dar cambalhotas dentro de peito
- As panquecas estão boas?- Anne perguntou, vendo-o comer cada pedaço devagar.
- Divinas. Iguaizinhas as do meu pai. Obrigado por isso, querida.- Anne sorriu ao ver o prazer no rosto do marido, e ao observá-lo colocar mel por cima das panquecas, uma ideia maliciosa lhe ocorreu. Ela se aproveitou de um minuto de distração de Gilbert, pegou o pote de mel, e fez com que algumas gotinhas caíssem sobre o peito dele, e as capturou com a ponta da língua, sorrindo do efeito que aquele pequeno gesto causou em Gilbert, que a puxou para seu colo e perguntou um tanto ofegante
- O que está tentando fazer, Sra. Blythe?
- Saboreando meu marido como se deve. E devo confessar querido, que o mel sobre você é muito mais delicioso que sobre as panquecas.- na mesma hora, Gilbert a girou sobre o seu corpo, arrancou-lhe a camisola, e antes de deitá-la sobre a cama, ele disse com as mãos deslizando por seu corpo:
- Acho que desejo experimentar essa delícia também.- e como ela, fizera com ele, Gilbert espalhou um pouquinho de mel sobre os seios dela, e a levou a loucura quando Anne sentiu os lábios de Gilbert sugando seus seios vagarosamente. A falta que sentia dele se intensificou, e seu corpo saudoso se arqueou para cima, enquanto Anne sentia a rigidez de seu marido no meio de suas pernas. Seus quadris se movimentaram em direção aos dele, e a fricção de suas intimidades apimentava ainda mais o momento, deixando ambos mas desejosos de chegarem logo ao final. Anne afundou as mãos nos cabelos sedosos de Gilbert, enquanto ele se preparava para tirar sua calcinha, porém uma batida na porta interrompeu os próximos gestos de Gilbert que olhou para Anne sem entender quando ouviram a voz de Norma:
- Sra. Blythe, desculpe o incômodo, mas, preciso trocar os gêmeos e o armário de roupas deles está trancado.
- Deus! Gilbert. Nós esquecemos que Norma tem a chave do apartamento.
- E o que a gente faz agora? - Gilbert perguntou, encarando Anne assustado.
- Vá falar com ela. Diz que eu deixei a chave dentro da gaveta da cômoda. - Gilbert olhou para Anne como se ela tivesse enlouquecido e disse:
- Ficou maluca? Como vou aparecer na frente da Norma assim.- Anne entendeu o que ele queria dizer ao olhar para baixo e saber que a situação era bem complicada ali, e quase riu da cara se pânico do marido. Só não o fez porque ele acabaria se sentindo ofendido.
- Gil, você é mais rápido do que eu, e a pobre mulher deve estar se sentindo constrangida na porta. Vá até lá, e explique rapidamente onde a chave está.
- Anne. - Gilbert disse protestando, mas acabou se levantando da cama e indo atender Norma, pois não tinha outra alternativa, já que a sua mulher ainda não estava andando.
Quando Gilbert abriu a porta, a boa mulher ficou vermelha como um pimentão ao olhar para os cachos bagunçados do rapaz, seu peito coberto de mel, e o corpo que ele tentava esconder atrás da porta para que Norma não visse o tamanho de sua excitação que sua cueca boxer não conseguia disfarçar. Para não rir da situação, Anne colocou um travesseiro na frente do rosto ao ver a enfermeira tentando não olhar para Gilbert que lhe sorria amarelo, sem saber o que fazer para acabar com a situação constrangedora.
- Bom dia, Dr. Blythe. Então, a chave.
- Na gaveta da escrivaninha.
- Obrigada.- ela disse virando-lhe as costas e saindo apressadamente dali. Não conseguindo mais se conter, Anne começou a rir sem parar, enquanto dizia:
- Eu nunca vi uma conversa ser tão rápida.
- Você ainda ri? A pobre da mulher vai ficar traumatizada o resto da vida. - Gilbert disse indignado.
- Ou não. Quem perderia a oportunidade de ver o lindo Dr. Blythe só de cueca, coberto de mel e despenteado? Eu no lugar dela teria pedido uma foto.- Anne disse apenas para provocar.
- Você é uma tarada, cenourinha.- Gilbert respondeu balançando a cabeça.
- A culpa é sua, e nem vou ter que te dizer porque.- Anne falou, olhando o corpo dele em todos os detalhes.
- Vou tomar banho. - Gilbert disse, de cara fechada, se dirigindo ao banheiro do quarto, e quando fechou a porta atrás de si foi que ele explodiu em uma sonora gargalhada.
GILBERT E ANNE
Gilbert já tinha ido para o trabalho a algum tempo, e Anne estava sentada na sala a espera de sua convidada. Norma de vez em quando passava por ela e lhe lançava olhares engraçados, fazendo Anne rir e logo imaginar que a boa enfermeira tinha chegado à conclusão naquela manhã que trabalhava para um casal de pervertidos.
Lembrar de tal episódio a livrava um pouco da tensão do que iria fazer, pois fora algo que decidira em um impulso, e nem mesmo discutira aquilo com Gilbert antes, preferindo mantê-lo em segredo até o último minuto, porque não sabia no que resultaria aquela situação e não queria que seu marido criasse falsas expectativas acerca daquele assunto.
Anne tinha ligado para Bertha no dia anterior e pedido para que ela viesse até sua casa para que pudessem conversar. Anne tinha adiado aquilo por tempo demais, e agora que era uma mulher casada e era mãe, a ruivinha queria acabar logo com aquela situação e seguir em frente, pois sentia que aquela mágoa mal resolvida a estava impedindo de curtir a sua vida plenamente ao lado de seu marido e filhos. Era jovem demais para se prender a fantasmas antigos e traumatizantes.
A campainha tocou e Anne soube que tinha chegado a hora de enfrentar seu passado, e quando Norma abriu a porta, e convidou Bertha a entrar, o coração de Anne começou a bater tão rápido que por um momento, ela pensou que não conseguiria seguir em frente com o que planejara, mas, decidiu que não se acovardaria, pois devia isso a si mesma e a Gilbert.
- Boa tarde, Anne. Que bom encontrar você tão bem disposta. - Bertha disse mantendo certa distância, pois ela sabia que desagradava demais a Anne sua proximidade.
- Boa tarde, Bertha. Sente-se e fique à vontade.- Anne disse com polidez, sentindo um nó se fazendo em seu estômago. Deus! Por que inventara aquele encontro? Como iria ter uma conversa franca com Bertha se mal conseguia olhar na cara dela?
- Fiquei muito feliz quando me ligou. - A mulher ruiva disse com animação, mas Anne tratou logo de acabar com as esperanças dela ao dizer:
- Eu não quero que tenha uma ideia errada desse encontro. Isso não é uma reconciliação. Eu estou fazendo isso pelo meu marido, que me pediu várias vezes para te dar uma chance de se explicar e pela minha paz de espírito, pois quero encerrar esse capítulo da minha vida de vez. - ela estava sendo deliberadamente fria, pois não queria dar nenhuma chance de demonstrar seus sentimentos. Anne sabia que era cruel sua postura dada as circunstâncias, mas pela primeira vez estava se colocando em primeiro lugar, e nenhum sentimento de culpa ia impedi-la de saber tudo o que precisava para enterrar seu passado infeliz.
- Entendo. Pergunte o que quiser. Eu estou preparada.- Bertha disse encarando Anne de frente, e a ruivinha não pôde deixar de admirar sua coragem em confortá-la com sua verdade.
- Quem é meu pai, e como você o conheceu?
- Seu pai se chama Walter e eu o conheci em uma festa em Avolea quando ele atracou no porto de lá. - Isso batia com o que Anne já sabia, a ruivinha pensou.
- Você o amava?
- Eu gosto de pensar que sim, pois eu era uma menina muito jovem e sem experiência nenhuma de vida, romântica que acreditava em amor à primeira vista, e seu pai era um rapaz muito bonito e charmoso que me conquistou na primeira dança. Vivemos juntos dias incríveis. Ele não foi só uma aventura para mim, e eu me entreguei por amor. Não sei se para Walter significou alguma coisa o que tivemos, mas naquele tempo eu realmente acreditava que tinha encontrado o amor da minha vida. - Anne viu um sorriso triste surgir no rosto de Bertha, e se perguntou se a dor que via naqueles olhos tinha a ver com a partida de seu pai. Era óbvio o que acontecera ali. A história típica da mocinha seduzida e abandonada pelo seu amante.
- Ele nunca soube que eu nasci?
- Não. Quando eu descobri que estava grávida, e fui procurá-lo, Walter já tinha partido, então, eu me desesperei, pois não sabia o que fazer. Eu era só uma menina que ainda dependia da família. E aconteceu exatamente o que eu tinha imaginado quando não pude mais esconder a gravidez, e tive que contar para eles. Meus pais me puseram para fora de casa, e eu tive que arrumar um emprego para me sustentar até a gravidez, aí quando você nasceu ficou tudo mais difícil, o dinheiro era pouco e mal dava para nós duas, e foi assim que como último recurso, eu te levei para o orfanato, e prometi as freiras que iria te buscar assim que tivesse dinheiro suficiente, mas isso demorou a acontecer. - Bertha enxugou algumas lágrimas, que acabaram rolando por seu rosto durante a narrativa, e Anne pode perceber que ela realmente ficara emocionada com sua volta ao passado.
- Em algum momento você pensou em abortar? - era uma pergunta muito direta , mas Anne sentiu que precisava saber.
- Não, minha querida. Não vou dizer que foi fácil, mas, quando eu te peguei nos braços pela primeira vez e vi esses olhos azuis lindos, eu soube que todo o sofrimento tinha valido a pena. - mais algumas lágrimas rolaram ali, enquanto Anne tentava não abrir seu coração para as palavras de Bertha. Ela era mãe agora, e embora não tivesse visto seus bebês nascerem, ela tinha aquela mesma sensação todo vez que pegava seus bebês nos braços. Sarah e John eram os seus tesouros, e não havia absolutamente nada que não fizesse por eles. Mesmo entendendo que Bertha não tivera muita escolha, teimosamente ela se apegava a sua imagem de criança de uma mulher que lhe prometera algo e não cumprira. Era mais fácil alimentar essa ideia do que começar a se afeiçoar a Bertha e acabar se magoando de novo, justamente porque ela iria embora e dessa vez para sempre.
- E para onde você foi depois? - Ela continuou seu questionamento para afastar a onda de emoção que ameaçava tomar conta de seu coração, não podia e não iria ceder, pelo menos, não naquele momento.
- Eu consegui um emprego na casa de uma família rica cujo dono tinha perdido a esposa em um acidente, que deixou três filhos para ele criar. Com o tempo eu me afeiçoei às crianças, e elas a mim, e Robert, o pai deles me pediu em casamento, mas, eu só aceitei depois que eu soube que não podia ter você de volta, e assim estamos juntos até hoje. - Bertha disse com um sorriso de canto.
- Ele sabe sobre mim?- Anne perguntou, pensando na possibilidade de Bertha ter escondido aquele fato do marido.
- Sabe sim. E até se prontificou a me ajudar a conseguir a sua guarda na época, mas, eu não aceitei porque eu soube que você estava muito feliz com a nova família, e não quis te fazer sofrer mais do que tinha sofrido com minha ausência , e quando Amélia conseguiu a sua guarda, ela me fez prometer que eu ficaria longe de você, pois não queria novos traumas em sua vida, por isso concordei e não me aproximar desde que ela me desse notícias suas. Como vê, eu fiquei longe fisicamente, mas meu coração sempre esteve com você.- Bertha a olhou com uma expressão tão cheia de amor, que de repente, Anne se sentiu triste por tudo o que haviam perdido, ela só não conseguia ver de que maneira recuperariam isso, mesmo que ela de alguma forma conseguisse perdoar Bertha de verdade.
- E quanto aos filhos? Você disse que não quis tê-los por minha causa. Seu marido não ficou aborrecido?
- Um pouco, mas ele compreendeu quando eu disse que não queria filhos biológicos, porque eu tinha perdido a minha menina, então, eu estava feliz por ser mãe adotiva dos filhos dele. - Bertha baixou a cabeça como se precisasse de um segundo para pensar, e depois disse:
- Eu sei que não é fácil para você me enxergar diferente do que me via antes, e talvez eu jamais consiga seu perdão, mas, eu lhe agradeço por ter me permitido conhecê-la e ao seu maravilhoso marido que tem feito de tudo para me ajudar. Eu também fiquei feliz de ter podido conhecer seus bebês. Eles são lindos.- Bertha disse com entusiasmo.
- Gostaria de vê-los?- Anne perguntou em um impulso, sem querer se questionar demais pelo motivo que o fizera.
- Eu posso?
- Claro que sim.- Anne apertou um sininho, e Norma apareceu, sorrindo com simpatia para as duas mulheres.
- Pois não?
- Você poderia por favor, trazer os bebês?- Norma assentiu, e logo ela voltou com os bebês que ainda estavam acordados, mas já esfregavam os olhinhos sonolentos.
Bertha brincou com eles por alguns minutos, e observando-a, Anne pensou no quanto sentira falta de uma mãe nos momentos mais difíceis de sua vida. Era uma pena que Bertha tivesse aparecido tão tarde, em um momento em que Anne sentia aquele rancor absurdo dentro de si. Talvez com o tempo, esse sentimento ruim desaparecesse e ela pudesse olhar para sua mãe biológica com mais bondade.
Depois de ter mimado Sarah e John e os entregado para Norma já quase totalmente adormecidos, Bertha se levantou do sofá e disse:
- Preciso ir.
- Obrigada pela conversa, ela foi extremamente esclarecedora. - Anne disse sorrindo fraco, e antes de se encaminhar para a porta, Bertha falou:
-Você pode pensar que te deixar foi fácil, mas está enganada. Não houve um só dia que eu não tenha te amado, e sofrido pela escolha que fiz, embora eu realmente não pudesse ter agido de outra forma. Você não teria sobrevivido comigo, porque eu não tinha dinheiro sequer para comprar seu leite. E entre ver você, tão pequena, passando por tantas privações, e vê-la em um orfanato sendo cuidada e alimentada mesmo que longe de mim, eu preferi a segunda opção, pois não suportaria que ficasse doente por falta de comida. Você não teria feito o mesmo por seus filhos? - a mulher mais velha perguntou, porém não esperou que Anne respondesse, e assim continuou: - Até logo, minha querida. Espero que essa conversa tenha lhe mostrado que não sou a vilã que pensou que eu fosse. - e sem se demorar mais um segundo ali, ela se foi.
Anne suspirou fundo, sentindo o peso de tudo o que ouvira se acumular dentro dela. Tinha muitas coisas nas quais pensar, e ela sabia que levaria algum tempo para assimilar tudo, e entender como se sentia em relação à elas, mas naquele momento tudo que desejava era um banho, pois logo Gilbert estaria em casa, e ela queria estar bonita quando ele chegasse.
- Norma, você poderia me ajudar a ir até o quarto? - ela perguntou para a enfermeira que tinha acabado de aparecer por ali.
- Claro. - e assim, com Anne apoiada em seu braço, elas foram caminhando passo a passo até o quarto, e depois até o banheiro, e foi nesse momento que Norma disse: - Suas pernas estão cada vez mais fortes. Ainda não contou ao seu marido sobre isso?- Na verdade, já fazia alguns dias que Anne tinha começado a andar de novo, mas não contara para Gilbert porque queria estar bem para lhe fazer uma surpresa. Ela até já tinha muletas para ajudá-la a recuperar mais rápido em sua locomoção, mas as deixara bem escondidas para que Gilbert não descobrisse antes do que ela desejava.
- Ainda não, mas, acho que já chegou a hora. – ela respondeu se apoiando na pia para ter mais equilíbrio.
- Ele vai ficar feliz. - Norma disse ajudando Anne a se despir.
- Eu tenho certeza disso. - tudo que ela queria era que Gilbert voltasse a ser feliz, pois ele mais do que ninguém merecia isso.
- Precisa de ajuda para mais alguma coisa? - Norma perguntou solícita.
- Não precisa. Eu dou conta agora- Anne respondeu.
- Então até amanhã. - Norma disse.
- Até. - Anne respondeu, abrindo a água morna do chuveiro e entrando embaixo dela, sentindo pela primeira vez em tempos o prazer de tomar um banho sem depender de ninguém. Aos poucos ela estava redescobrindo o prazer das pequenas coisas, e aprendendo a valorizar com mais intensidade tudo o que perdera e estava recuperando devagar.
O barulho da porta do quarto se abrindo aguçou os seus ouvidos, e ela soube que Gilbert estava em casa. Com o coração batendo forte ela esperou até que ouviu-o dizer:
- Anne.
- Aqui no chuveiro. – ela respondeu, sentindo sua ansiedade atingir cada nervo do seu corpo.
O carpete abafou o barulho dos passos dele, mas Anne podia sentir a aproximação de Gilbert, e quando a porta do banheiro finalmente se abriu, a ruivinha se virou para encarar seu marido que a olhou atônito enquanto lágrimas copiosas corriam pelo seu rosto.
- Amor, o que foi? - ela imaginara que Gilbert ficaria feliz, mas, não que o veria chorando feito uma criança.
- Desculpe-me. Eu não pensei que depois do nosso casamento, e do nascimento dos bebês eu sentiria essa emoção imensa.- Gilbert disse passando a mão pelo rosto para enxugar as lágrimas. - Você não sabe o quanto eu esperei por isso. - ele balançou a cabeça como se não pudesse acreditar naquele milagre, porque aquilo fora mesmo um milagre que abençoara suas vidas novamente.
- Então, por que não vem até aqui e me mostra o quanto está feliz por nós dois? - Anne disse, e sorriu ao ver Gilbert se despir com rapidez e se juntar a ela debaixo do chuveiro.
Os lábios dele esmagaram os seus em um beijo profundo de amor e alívio, e suas mãos desceram pelo corpo dela, ao mesmo tempo em que ele murmurava entre o beijo:
- Como eu senti falta de ficar assim com você.
- Eu também. - Anne respondeu, descendo a boca pelo pescoço dele, distribuindo beijos por toda a região, colando seu corpo ao dele, enquanto seus corpos dividiam o calor e a paixão que logo se tornou seu único objetivo ali. Gilbert desligou o chuveiro, pegou Anne no colo e a sentou em cima da pia, enquanto ela enlaçava a cintura dele com suas pernas, trazendo-o para mais perto.
Fazer amor com Gilbert daquela maneira lhe trazia tantas lembranças, e por muitas vezes naqueles meses de inatividade, ela acreditara que nunca mais seria assim. No entanto, eles estavam ali juntos, enquanto suas peles desfrutavam uma da outra naquela celebração que tinha demorado tempo demais para acontecer.
Gilbert correu seus lábios pelo colo dela, tocando cada seio com suavidade, chegando no umbigo onde brincou por um instante com a ponta da língua, fazendo Anne ofegar e se agarrar em seus cabelos para tentar controlar um pouco a própria excitação, até que ele chegou em sua intimidade quente e úmida onde seus lábios encontraram seu paraíso particular, levando Anne a um estado tão febril que ela achou que desfaleceria ali mesmo, mas, Gilbert não permitiu que ela chegasse ao seu limite sem ele, e logo, ele a possuiu com estocadas tão fortes que Anne teve que se segurar no ombro dele para não cair. Uma volúpia arrebatadora os atingiu em cheio enquanto o desejo explodiu de formas diferentes dentro dos dois. Anne se sentiu tragada pela intensidade de Gilbert que não se fartava de tê-la em seus braços com a mesma paixão de antes. Eles tinham feito amor nos últimos meses, mas eram sempre cuidadosos por conta da lesão de Anne, mas, agora a tempestade tinha ido embora e eles podiam se amar livremente outra vez.
Minutos depois, eles ainda se mantinham agarrados um no outro como se não quisessem que aquele momento se acabasse, e enquanto Anne pensava que teria que tomar outro banho, pois estava toda suada, ela notou que seu marido finalmente sorria largamente de olhos fechados.
-Olá pessoal. Eu tenho uma fic nova da Anne, se quiserem dar uma olhada e me deixar sua opinião, eu vou ficar feliz. O nome é all about love and hate.
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