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Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão



Olá pessoal. Mais um capítulo de corações em jogo. Espero que gostem deste capítulo o suficiente para me deixarem seus comentários. Beijos.


ANNE

Era uma pequena esperança, sim, uma bem pequena, mas que fazia toda a diferença e lhe dava um ânimo tão incrivelmente novo que os últimos meses naquela prisão que lhe fora imposta pareceram desaparecer de sua mente lentamente.

Anne voltara a fazer os exercícios de fisioterapia com mais vontade e brilho no olhar, e a cada beijo que ganhava do marido por sua coragem em chegar aonde queria, redobrando seus esforços para isso era um presente doce demais. Ela até arriscara alguns passos, mas como os movimentos estavam voltando aos poucos, ela não conseguira o resultado que esperava, mas a certeza de que em breve voltaria a caminhar com as próprias pernas era o combustível que precisava para não desistir e insistir em cada pequena batalha pessoal que ia sendo ganha com muita determinação e dedicação.

Gilbert continuava tratando de Bertha, e apesar de seu marido sutilmente ter sugerido que ela deveria tentar se aproximar de sua mãe biológica, principalmente por compaixão ao problema que ela vinha enfrentando, Anne não conseguia abrir seu coração para aquela mulher que fora causadora de seu sofrimento no passado. Ela era mãe, e só de pensar em se separar de seus bebezinhos já sentia seu coração doer, então, Anne chegara a conclusão que se sua mãe fora capaz deixá-la no orfanato fora porque não a amara de verdade, assim, ela não queria perder tempo com alguém que só viera procurá-la agora, porque precisava do seu perdão para poder morrer em paz.

Pensar em sua mãe biológica morta não lhe causava nenhum sentimento especial. Ela tinha pena assim como teria de qualquer pessoa que estivesse enfrentando o problema, mas, não conseguia se sentir triste por isso. Anne sabia que era assim porque com a falta de convivência diária, ela não pudera desenvolver sentimentos por Bertha que a fariam sentir um pesar genuíno pelo que a mulher vinha enfrentando. Ela apenas se perguntava se deveria se sentir culpada por isso, porque às vezes lhe dava a sensação de que estava sendo mesquinha por não demonstrar mais simpatia por Bertha do que deveria, mas, também entendia que sentimentos assim não nasciam do nada, eles precisavam de tempo para brotar e crescer, e Anne não tivera a oportunidade de cultivar nenhuma emoção positiva em relação à sua mãe adotiva, porque ela simplesmente surgira do nada, e fizera Anne engolir da forma mais amarga possível toda a história de sua vida, e a ruivinha simplesmente considerara aquela ação como invasiva demais.

Talvez com o tempo ela conseguisse enxergar Bertha com outros olhos, mas, por enquanto preferia manter uma distância segura, pois depois de tantos tombos que levara nos últimos tempos, ela sentia que seu coração não aguentaria outra decepção, por isso impôs a si mesma a filosofia de viver um dia de cada vez para que assim suas expectativas não fossem maiores do que a realidade lhe apresentaria.

Desta forma, naquele incrível fim de tarde ela estava sentada no Central Park junto com seu marido que acabara de chegar do trabalho, e a mimara com aquela surpresa. Ele a convencera a sair naquela hora de casa para que pudessem desfrutar de alguns instantes juntos em outro ambiente, pois na maior parte do tempo Anne preferia ficar no sossego de seu apartamento, e isso se intensificara como problema de sua imobilidade. No entanto, agora que estava se recuperando, Anne se sentia mais à vontade para fazer parte do mundo real outra vez, e o grande responsável por isso, era seu marido maravilhoso que desde que toda aquela situação começara, fora o apoio mais sólido que tivera, e realmente exercitara um dos mandamentos do casamento que era apoiar sua parceira na alegria e na tristeza, e se não fosse por aquela fortaleza que era Gilbert Blythe, Anne não teria passado por tudo aquilo sem ter desistido na metade do caminho.

Eram tão incríveis os milagres que o amor podia fazer, e como era poderoso aquele sentimento que derrubara todas as barreiras de seu coração, e criara suas raízes ali, e Anne não tinha dúvidas que fora isso que a salvara de literalmente chegar ao fundo do poço ao se ver em uma situação, que não podia fazer nada para mudar, e que dependia do tempo e da medicina moderna para ter sua vida de volta, e fora seu amor por seus filhos e marido que a mantiveram boiando na superfície, não permitindo que se afogasse em seu desespero completamente.

E ali estava ela lutando mais uma vez para recuperar o tempo perdido, e agora com mais gana porque suas esperanças tinham sido renovadas. Ela já podia sentir os dedos dos pés, e agora estava reforçando a musculatura das pernas para logo poder andar como antes. Gilbert lhe dissera que uma vez que ela voltara a sentir a sensibilidade nos dedos, todos os seus outros reflexos dos membros inferiores também seguiriam o mesmo caminho. Por isso, ela vinha dando tudo de si nas sessões de fisioterapia, pois desta maneira sentia que estava realmente fazendo algo por si mesma, ao invés de continuar em seu processo de autopiedade naqueles dois meses em que praticamente se escondera dentro do seu apartamento.

O casulo tinha finalmente sido aberto, e se não fosse pela incansável luta de seu marido para que ela começasse a enxergar sua paralisia temporária como um processo de reconhecimento de suas capacidades mesmo que limitadas por um certo tempo, Anne não teria entendido que aquele tempo em que ficara presa em uma cadeira de rodas fora um aprendizado para que ela aprendesse a valorizar cada pequena coisa que acontecia em sua vida, olhando com mais carinho para suas falhas, ao invés de se autocriticar o tempo todo. Ela não tinha que ser perfeita em cada detalhe de sua vida, ou mesmo de seu corpo, e aprendera a gostar mais de si mesma, e a se enxergar pelos olhos de seu marido que sempre lhe afirmara que ela era maravilhosa.

Anne também começara a olhar para Gilbert com outros olhos. Ela sempre o amara como ele era, mas, ao ver a paciência com que ele lidara com cada crise dela naquele período tão tortuoso para ambos, Anne compreendera de uma vez por todas que seu marido era um tesouro que a vida lhe dera, e que por ser tão raro, ela lhe devia mais cuidado e admiração que antes. Nunca ninguém faria por ela o que Gilbert fizera, e nunca ninguém a amara com tão completa abnegação.

O som de passos se aproximando fez Anne virar a cabeça e ver quem estava chegando. Por instinto ela sabia que era Gilbert, pois a seu pedido, o marido tinha ido comprar um suco natural na lanchonete que havia no parque, e o sorriso com o qual ele a brindou até a fez se esquecer da sede que estava sentindo para apenas se concentrar no homem maravilhoso à sua frente.

- Aqui está, meu anjo. Seu suco de uva.- ele se sentou com ela na grama, ainda sorrindo, enquanto o sol de fim de tarde brilhava em seus fios escuros e sedosos, fazendo Anne dizer a si mesma pela milésima vez em sua vida como Gilbert era bonito, e não só por fora, mas, por dentro também, e esperava que seus filhos herdassem do pai a bondade que fazia daquele coração enorme o conforto para qualquer alma perdida em sua enfermidade e dor, assim como ela.

- Obrigada. Eu adoro suco.de uva. - Anne disse, segurando o copo que Gilbert lhe entregava.

- Você está bem? - ele perguntou, acariciando o rosto dela.

- Estou sim. Faz tanto tempo que não tenho o prazer de sentir o calor do sol na minha pele.

- Seu rosto está mais corado, e você fica tão bonita quando está feliz. - Gilbert disse com aquele tom de admiração na voz que a deixava quente por dentro.

- Que mulher não se sentiria feliz com um homem como você do lado? - ela disse devolvendo o elogio, fazendo o sorriso de Gilbert se expandir.

- Ter uma mulher como você, me faz o homem que sou.- ele era sempre tão romântico e preciso em suas palavras que Anne sentiu tudo em sua alma se agitar como se o próprio sol irradiasse seu calor para dentro dela, e iluminasse cada recanto particular seu.

- Eu te amo. - ela não pôde deixar de dizer, porque essa era a verdade que resumia tudo, e a única coisa que fazia tudo valer a pena, cada sorriso, cada dor, cada lágrima, cada alegria.

- Eu te amo mais. - Gilbert respondeu, e Anne o encarou com seus olhos se derretendo de sentimentos intensos e imensos. E então, os lábios de Gilbert estavam sobre os seus, e se moviam devagar com doçura e uma paixão velada que não podiam extravasar naquele momento por razões óbvias. Eles se afastaram, e Gilbert levou as mãos a perna esquerda dela coberta com o jeans que colocara antes de sair de casa, e começou a massageá-la como o fisioterapeuta tinha lhe ensinado, e perguntou:

- Como está o movimento dos dedos?

- Está melhor. Consigo senti-los todos, e na fisioterapia tenho conseguido quase me manter em pé. - Anne disse com um sorriso radiante.

- Amo ver toda essa sua animação. - ele disse, continuando a massagear sua perna sem deixar de olhá-la.

- Eu me sinto realmente animada. É como se tivesse ganho minha vida de volta. - ela disse, colocando a mão no ombro dele e o acariciando de leve sobre a camiseta de algodão.

- É tão bom vê-la sorrindo de novo. Esses últimos meses me quebraram por dentro por observar sua tristeza e não poder fazer nada para te ajudar. Você não sabe o quanto eu sofri por você, querida. - As mãos dele estavam em seus cabelos, e ela adorava aquela carícia, pois a deixava extremamente relaxada.

- Você me ajudou muito, meu amor. Se não fosse por você, eu não teria conseguido passar por tudo isso. Foi só por você e pelos bebês que consegui forças para não me entregar a tristeza dentro de mim. Eu sei que não foi fácil para você, e te agradeço demais por não ter saído do meu lado, e me dado todo o amor de seu coração.

- Você é minha vida, Anne. Eu não podia deixá-la desistir, porque eu não saberia viver sem você, sem seu sorriso, sem seus carinhos e sem essa luz que te faz tão incrivelmente maravilhosa.- E mais uma vez ela se derreteu por aquele seu marido tão espetacular que sempre a colocava para cima em qualquer situação.

- Você é meu porto seguro, querido. Eu também não consigo e não posso viver sem você. - assim eles ficaram se olhando e curtindo aquela paz tão rara entre eles, antes que tivessem que voltar novamente para suas batalhas diárias.

- Eu estava pensando em fazer aquele jantar que Bertha nos ofereceu esse fim de semana. O que acha? - Anne se sentiu desconfortável com a pergunta, pois ela sabia o que o marido estava tentando fazer, e não estava com disposição para se reunir com sua mãe biológica outra vez.

- Eu não sei se é uma boa ideia.

- Anne, eu entendo que essa situação seja complicada para você, mas não custa demonstrar um pouco de boa vontade com alguém que está tentando consertar seus erros.

- É um pouco tarde para isso, não acha? - Anne disse em um tom mais ácido do que pretendia.

- Nunca é tarde para pedirmos perdão por nossas falhas. - Gilbert disse sério.

- Por que você tem que ter esse coração tão generoso, Dr. Blythe? - Anne perguntou, balançando a cabeça em negativa.

- Então, vai aceitar o jantar? Por favor, querida. Faça isso por mim. - ele pediu sorrindo.

- Você sabe usar seu charme para conseguir o que quer, não é? - Ela disse, sabendo que iria ceder, porque Gilbert ficava tão irresistível quando sorria daquele jeito que ela não conseguia lhe dizer não.

- Eu só uso esse charme com minha esposa. - ele respondeu acariciando seu pulso suavemente.

- Está bem. Pode marcar o jantar, mas, não espere muita simpatia da minha parte com essa mulher.

- Tudo bem, amor. Já é o suficiente que tenha aceitado. Vou falar com Bertha amanhã. - ele disse acariciando a bochecha dela com o polegar.

- Podemos voltar para casa? Estou com saudades dos bebês. - Anne perguntou, apertando as têmporas. Gilbert tinha pedido para Norma ficar com os bebês enquanto levava Anne ao Central Park, mas, já estava quase na hora do expediente dela acabar e a ruivinha também tinha que amamentá-los.

- Podemos sim. - ele disse, ajudando-a a se levantar, porém, ao invés de colocá-la na cadeira de rodas, Gilbert a pegou em seus braços, o que fez Anne dizer:

- O que está fazendo, Gil?

- Carregando minha esposa até o carro. Alguma objeção, Sra. Blythe? - ele perguntou com um arquear de sobrancelha.

- Nenhuma, Dr. Blythe. - Anne respondeu, se aconchegando ao peito do marido, se lembrando exatamente porque era tão apaixonada por aquele homem.

GILBERT

Gilbert estava animado pela primeira vez em meses, depois do incidente que quase tinha causado uma tragédia em sua vida, e quase levado embora a pessoa mais importante do mundo para ele junto com seus filhos.

Felizmente, apesar da agonia daqueles dias em que vira a alegria de Anne murchar junto com sua vontade de encarar aqueles dias tão duros com mais otimismo, as coisas estavam se encaminhando para o melhor. Os movimentos dela estavam aos poucos voltando, assim como toda a vitalidade que ele a vira perder no prazo de quase três meses. Ela ria com mais alegria agora, e voltara a se interessar pela vida fora do apartamento. Gilbert sabia o quanto era duro para ela lidar com os olhares de outras pessoas enquanto ele a empurrava na cadeira de rodas. Esse sentimento negativo não tinha a ver com vaidade, e sim em como aquilo afetava suas emoções de forma arrasadora. Cada olhar de pena a lembrava de como sua vida tinha sido antes de tudo aquilo acontecer, e a incerteza de que recuperaria tudo de novo a deixava perto de uma depressão crescente e perigosa. Por isso, ela desistiria de ir a restaurantes com ele, se recusava a acompanhá-la em seus exercícios matinais, mesmo que ele trocasse a corrida pela caminhada para que assim pudesse tê-la a seu lado enquanto ele a ajudava a manobrar a cadeira de rodas pelo calçadão. Ele insistira tantas vezes com ela para que pelo menos tomassem um sorvete sentados na praça em frente ao apartamento, mas, ela negara todas as suas tentativas, e no fim para não incomodá-la mais, ele simplesmente aceitara a escolha dela de sair apenas quando tinha que ir ao trabalho, o que ocorria três vezes na semana para não cansá-la demais.

No entanto, Gilbert detestava vê-la tão impotente, se afundando em uma tristeza que não fazia parte dela. E esses momentos faziam-no se lembrar da viagem de lua de mel que fizeram ao Havaí, e como a felicidade contagiante de Anne o deixara ainda mais fascinado por ela, o dia a dia da gravidez dos gêmeos nos quais ela não parava de fazer planos, enquanto sua beleza resplandecia como nunca. É claro que tiveram os maus momentos também, mas, esses, ele fazia questão de deixar de fora de suas lembranças. Ele não queria pensar em como se sentira magoado com a falta de confiança dela, e tudo o que tivera que fazer para reconquistá-la, e quando isso acontecera, ele prometera que até o último dia de sua vida, nunca mais ficariam separados , pois a dor que sentira, o sofrimento pelo qual passara pela falta dela fora o pior sentimento que já experimentara um dia, por isso, ele cuidava do relacionamento deles como se fosse uma rosa que precisava ser regada todo a os dias para continuar a crescer e se multiplicar, porque o amor que sentia por aquela garota ruiva era infinito, e ele não deixaria que mais nada ou ninguém tirasse Anne dele.

Porém, havia mais um obstáculo que precisava ser vencido, e aquele também não seria fácil. Fazer Anne se reconciliar com Bertha Shirley seria uma tarefa dura que ele pretendia realizar com sucesso, pois sentia que por mais que Anne negasse, ela precisava de sua mãe biológica por perto, para que o perdão acontecesse de forma definitiva. Sua ruivinha tinha uma enorme mágoa em seu coração que necessitava urgentemente ser liberada de seu sistema emocional, e para isso, ela precisava dar uma chance para que isso acontecesse.

Gilbert entendia que Bertha tinha errado em não ter tentado entrar em contato com Anne mais cedo, porque Anne estava encarando aquilo como uma tentativa de sua mãe biológica em ficar em paz com seu passado, justamente por estar em uma condição de enfermidade letal, e não levada por um amor maternal.

Em suas consultas, Bertha lhe dissera que não o fizera antes por medo que Anne a rejeitara, o que acabou acontecendo da mesma maneira, mas diante da situação que estava enfrentando, ela não tivera alternativa senão procurá-la, pois não queria morrer sem ver o rosto de sua filha pelo menos uma vez.

Gilbert podia ver a sinceridade nos olhos de Bertha, e quanto amor ela sentia por Anne. No entanto, aquilo não comoveria Anne, pois ele conhecia sua esposa, e ela lhe diria que a mulher estava representando apenas para ganhar sua simpatia, por isso, ele não contara a ruivinha sobre essas suas conversas com Bertha, pois ele preferia aproximá-las aos poucos. Já fora parte da batalha ganha fazê-la aceitar o jantar com Bertha. Deste modo, naquele dia, ele pretendia conversar com

a mãe de Anne sobre isso, e acertar tudo para sexta-feira quando seria um dia mais tranquilo para a ruivinha, e não estaria exausta quando a noite chegasse. Bertha teria uma consulta com ele naquela tarde para ver o resultado dos exames que ela fizera recentemente e essa seria uma oportunidade para comentar sobre o tão esperado jantar.

Enquanto pensava em tudo isso, Gilbert preparava o café de ambos, pois Anne teria sessões de fotos para fazer naquele dia. Logo Norma chegaria para ficar com os bebês, enquanto Anne estivesse no trabalho para que assim ela ficasse tranquila em relação ao bem-estar deles, pelo tempo em que estivesse fora. Essa era a sua maior prioridade nos últimos tempos desde que voltara para a agência, e Gilbert se admirava no quão boa mãe ela havia se tornado. Talvez em um futuro ainda não tão próximo pudessem ter mais filhos. Gilbert não sabia o que Anne pensava sobre isso, por ainda não tinham conversado sobre essa possibilidade, porém, ele gostaria de ser pai de pelo menos mais um, isso se Anne concordasse. Caso ela pensasse em ter apenas os gêmeos, ele estaria satisfeito também, pois imaginava que depois do trauma que sofrera com o nascimento de John e Sarah, talvez ela não quisesse se arriscar a ter mais um bebê.

Ele se virou a tempo de ver Anne entrar sentada na cadeira de rodas que ela aprendera a manusear com destreza. Gilbert gostava de carregá-la no colo pela manhã, e fazer todas as suas vontades, mas, nos últimos dias Anne começara a se tornar ainda mais independente, e preferia fazer tudo sozinha, até mesmo se vestir que era a parte mais difícil para ela, porém, ela lhe dissera que já estava na hora de se libertar daquela prisão interna e voltar a ser a mulher por quem ele se apaixonara, como se ele tivesse deixado de amá-la um só dia em todo aquele tempo que se conheciam e viviam juntos.

- O cheiro está maravilhoso, meu amor. Estou morrendo de fome.- Anne disse toda sorridente, seu rosto tão iluminado que parecia o próprio sol entrando naquela cozinha como a muito tempo Gilbert não via.

- Que bom, querida. Você tem comido tão pouco ultimamente. Espero que agora consiga recuperar todo o peso que perdeu nesses meses de inatividade.

- Está com saudade das minhas curvas, Dr. Blythe?- Anne disse, comendo as panquecas que Gilbert lhe preparara com animação.

- Seu corpo é lindo de qualquer jeito, anjo. Nenhuma mulher te supera em beleza e elegância.- ele respondeu, contornando os traços do rosto dela com as mãos.- Eu amo absolutamente tudo em você.

- Que palavras incríveis, meu amor. Você sabe como fazer uma mulher se sentir segura com ela mesma. Posso te afirmar que não sou tão perfeita assim.- ela disse de bom humor, comendo mais um pedaço de sua panqueca com genuíno prazer.

- Não confia mais no julgamento de seu marido?- ele fez cara de ofendido e Anne riu, respondendo:

- É claro que confio, seu bobo. Só acho que você me enxerga com os olhos do coração, e não enxerga que sou como qualquer mulher.

- Você é que não enxerga o quão perfeita você é. - Ele disse apaixonado, e Anne riu novamente, fazendo Gilbert olhá-la com intensidade.

- Está bem, meu marido. Não vou discutir com você sobre quem tem mais razão aqui. Vou terminar essas panquecas deliciosas, pois preciso ir para o trabalho. - Anne disse, saboreando cada pedaço de panqueca feito uma criança gulosa e feliz.

Gilbert não se cansava de olhar para ela naquele dia, pois parecia que todos aqueles meses em que ela escondera sua própria beleza dentro de si tinha subitamente desabrochando ali naquela cozinha diante dele, especificamente naquela manhã que estava se mostrando tão diferente das outras.

- Tudo o que quiser, meu anjo.- ele disse apertando a mão dela entre as suas.

Assim que Norma chegou, Anne e Gilbert estavam prontos para saírem para o trabalho, porém, antes de alcançarem a porta da sala, Gilbert viu Anne se despedir dos bebês com lágrimas nos olhos, e para consolar a esposa, ele disse:

- Logo você vai estar com eles de novo. São apenas algumas horas fora de casa.

- Eu sei, só que detesto deixá-los. Se eu não gostasse tanto do meu trabalho, eu juro que ficaria com eles em casa o tempo todo.- ela disse enxugando os olhos com o dorso das mãos.

- Não acha que ficaria entediada? Você trabalha a tanto tempo, que não acredito que se acostumaria com uma vida de dona de casa.- Gilbert disse, empurrando a cadeira para fora do apartamento.

- Eu faria qualquer sacrifício por eles.- A voz dela ainda estava chorosa, e sua expressão não mudou muito durante o trajeto até a agência. Quando Gilbert estacionou o carro, ele se virou para Anne que tinha os olhos perdidos na paisagem fora do carro e disse:

- Querida, não fique assim. Eles vão ficar bem.

- Eu sei.Mas, às vezes me sinto tão culpada por deixá-los, É como se eu os estivesse abandonando como a Bertha fez comigo.

- Anne, você apenas saiu para trabalhar. Não tem comparação nenhuma com o que te aconteceu quando tinha a idade deles. Você sabe que no fim do expediente vai voltar para casa e encontrá-los como os deixou.- Gilbert disse, acariciando as costas de Anne para acalmá-la naquela súbita crise de consciência sem sentido.

- Eu tenho tanto medo, Gil, que eles um dia me odeiem, pensando que amo mais minha carreira do que os amo.

- Amor, eu tenho te visto dedicar todo o seu tempo aos bebês desde que eles nasceram, e você é uma mãe maravilhosa. No entanto, você também precisa pensar em si mesma, e fazer coisas que te deem prazer. Não se sinta culpada por isso, pois tenho certeza que Sarah e John preferem a mamãe deles feliz e não tristonha dentro de casa.- Anne sorriu de leve com as palavras dele, e respondeu:

- Obrigada. Você sempre sabe o que me dizer para me fazer sentir-me melhor.

- Eu não mereço um beijo por isso?- Gilbert disse com um sorriso ladino, e Anne disse:

- Você merece todos os beijos do mundo, meu amor.

E então, seus lábios se colaram em um beijo apaixonado e cheio de sentimentos. Gilbert queria beijá-la e abraçá-la daquela maneira para sempre, mas, ele teve que se afastar quando não conseguiram mais suportar a falta de ar.

- Agora, vai lá e arrasa naquelas fotos, e quando forem publicadas, eu quero mostrá-las para todos os meus amigos e pacientes e deixá-los ver a esposa linda que eu tenho.

- Querendo se gabar as minhas custas, Dr. Blythe?- Anne perguntou com seu humor visivelmente melhor.

- Na verdade, eu quero matar todos de inveja com a mulher gostosa que eu tenho em casa.- Gilbert disse malicioso, subindo a mão pela perna esquerda dela, chegando aos quadris, os quais ele acariciou com mais intensidade.

- Talvez eu também queria deixar minhas amigas do trabalho babando pelo meu marido com aquelas fotos dele sem camisa que tirei enquanto ele dormia.- Anne disse, mordendo o lábio inferior de modo provocante.

- Você não faria isso.- Gilbert disse, mordiscando-lhe o queixo.

-Quem disse?- Anne perguntou com um arquear de sobrancelha.

- Seu ciúme, Sra. Blythe.- Gilbert disse rindo de leve da expressão que Anne fez quando falou:

- Eu odeio como você me conhece tão bem.

- Tive quase uma vida toda para isso, querida.- Gilbert respondeu, dando-lhe um selinho, e depois continuou: - Vamos lá ou vai chegar atrasada.- Anne assentiu, e deste modo, Gilbert a levou até a portaria do estúdio onde o mesmo rapaz a esperava todos os dias em que ela vinha fotografar, e disse: - Te vejo em casa hoje à tarde.- e com um beijo curto, ele se despediu e voltou para o carro, pensando que ele estava certo em insistir naquele jantar, pois pelo que pudera perceber dentro do carro, o passado de Anne a assombrava mais do que pensara, e por isso tinha que ser enterrado de uma vez por todas.

ANNE E GILBERT

Gilbert tinha sua agenda apertada naquele dia. Ele quisera ligar para Anne, mas, não conseguira um tempo livre para falar com ela. A única coisa que fez foi ligar para o apartamento para saber sobre os bebês, e constatando que estavam bem, ele voltou ao trabalho e se concentrou em seus casos mais graves do dia.

Bertha apareceu para a consulta às duas horas em ponto .Gilbert estava ansioso para vê-la, pois precisavam falar sobre os exames que ela fizera e também conversar sobre o jantar que Anne aceitara realizar naquele fim de semana.

-Como vai, Dr. Blythe? - Ela perguntou no momento em que entrou no consultório de Gilbert elegantemente vestida, e os cabelos em estado impecável. Olhando-a, ninguém diria que estava tão gravemente enferma, e Gilbert realmente desejava que esse fosse o caso, pois não sabia bem por que, ele se simpatizava com aquela mulher que tinha um ar tão bondoso, apesar do que ela fizera com Anne. Diferentemente da mulher, Gilbert não era tão rápido em julgá-la, pois em sua profissão já tinha visto quase de tudo, e não estava justificando as ações de Bertha, mas sim os motivos que a levaram a abandonar Anne. No entanto, ele entendia que sua esposa não tinha o mesmo olhar que ele para certas coisas, e perdoar era um ato difícil para ela que não concebia a ideia de sua mãe tê-la se afastado por tanto tempo, e ter formado uma outra família que não a incluía.

- Estou ótimo, Bertha. Como tem se sentido?- Gilbert perguntou, apertando a mão que ela lhe estendia.

- Me sinto bem na medida do possível. Você já tem meus resultados, não é?- ela perguntou, mostrando-se ansiosa pelo que viria.

- Tenho sim.- Gilbert respondeu, olhando para os papéis em cima de sua mesa.- Sente-se e vamos conversar.- Assim que Bertha se acomodou, ela perguntou :

- Estão muito ruins?

- Você está em uma fase séria de sua doença, não vou mentir, mas se fizermos um tratamento alternativo, podemos reverter a situação.- Gilbert explicou, vendo o rosto de Bertha se iluminar um pouco.

- Isso quer dizer que tenho esperanças de ficar curada?- Bertha disse, sorrindo com a notícia.

- Eu não quero te dar falsas esperanças, Bertha. Vamos primeiro fazer o tratamento, e depois de algum tempo, avaliando os resultados, eu posso te dar uma resposta concreta. Tudo o que posso te dizer, é que vou lutar por você, desde que você também se empenhe em seguir o tratamento à risca. - Gilbert disse, se lembrando de Sarah, e seu coração se apertou. Ele nunca superara a perda da amiga para aquela doença terrível, e tomava cada caso seu naquela área como uma briga pessoal.

-Pode contar comigo, Dr. Blythe. Depois de ter perdido todas as esperanças, suas palavras são como uma lufada de vento fresco em minha vida. Obrigada por tentar.- Bertha disse, com lágrimas nos olhos.

- Fique tranquila. Farei o possível para ajudar. Agora vamos falar de algo mais agradável. Eu queria te perguntar se poderíamos ter aquele jantar na próxima sexta-feira.

- Claro. Mas, a Anne sabe sobre isso? - Bertha perguntou, com o semblante preocupado.

- Sim, ela concordou.

- Que bom. Diga a ela que não se preocupe com nada. Eu vou providenciar toda a comida e bebida. Como está a recuperação dela?- Gilbert havia contado a Bertha sobre Anne estar recuperando o movimento das pernas, e a mulher ficara muito feliz.

- Está cada vez melhor. Anne tem se mostrado muito animada com essa nova fase. - Gilbert disse com um sorriso no rosto. Ele sempre se sentia feliz quando falava de sua esposa.

- É tão óbvio seu amor por ela. E o recíproco também é verdadeiro. Vocês dois formam um casal tão lindo, ainda mais com aqueles dois bebezinhos adoráveis.- Bertha disse, olhando para Gilbert com carinho.

- Eu conheço Anne a vida inteira, e também a amo pela mesma quantidade de tempo. Ela é e sempre será a mulher da minha vida.- Gilbert disse com convicção.

- Que lindas palavras, Gilbert. Eu fico muito feliz que ela tenha encontrado um homem tão bom quanto você que nitidamente a faz feliz. Eu vi o jeito que ela te olha. Existe não só amor ali, mas também uma sincera admiração.

- Eu também a admiro muito. Ela é tão forte que me emociona. Apesar de tudo o que passou e tem passado, ela continua sendo a garota por quem me apaixonei aos onze anos.

- Tenha certeza que muito da força dela se deve ao seu amor por ela. Anne se apoia muito nisso, e quando sabemos que temos todo o suporte que precisamos naquele a quem dedicamos nosso coração, todo o sofrimento se torna mais suave.- ao ouvir Bertha falar daquela maneira, Gilbert tinha quase certeza que ela falava do marido, mas, não quis perguntar, pois ainda não tinham tanta intimidade para falarem de coisas tão pessoais.

- Ela também é minha força. Sem ela eu não seria o homem que sou hoje. Sua filha é inspiradora, Bertha Shirley. - Ele disse sorrindo largamente

- Sim. Eu espero que ela consiga me aceitar pelo menos um pouco.- Bertha disse, suspirando tristemente.

- Estou trabalhando nisso também, pois eu acredito em suas intenções, e acho que Anne se beneficiará imensamente convivendo com você. Apenas dê a ela tempo, pois Anne não é uma pessoa fácil de perdoar, mas quando isso acontece, ela o faz de coração.

- Obrigada por me dar essa oportunidade. Prometo que vou fazer o possível para me aproximar dela. No entanto, eu não espero realmente que ela me perdoe, pois sei que a magoei profundamente. Se ela apenas me olhar com simpatia já é uma vitória para mim.- Bertha disse com uma dolorosa aceitação da rejeição de Anne que fez Gilbert se sensibilizar com sua situação.

- Seja apenas sincera com ela, e tenho certeza que com o tempo Anne vai começar a vê-la com outros olhos.

- Obrigada mais uma vez por tudo. Preciso ir, pois meu marido está esperando notícias minhas sobre os exames. Vejo você e Anne na sexta. Até logo.

- Até logo, Bertha. Fique bem.- Gilbert disse antes de vê-la sair de seu consultório.

A sexta-feira chegou rápida demais para Anne que queria a todo custo adiar aquela noite o quanto fosse possível, mas, como não podia controlar o tempo, o jantar que Gilbert combinou com Bertha finalmente aconteceria naquela noite.

As emoções dentro de Anne fervilhavam ao pensar em passar algumas horas em companhia daquela mulher que tanto lhe causara mal, mas, prometera a Gilbert que faria um esforço e não voltaria atrás em sua palavra, pois amava demais aquele homem para desapontá-lo depois de tudo o que ele vinha fazendo por ela naqueles dias.

Como prometido por Bertha, toda a comida do jantar foi entregue naquela tarde, e o máximo que Anne teria que fazer era aquecê-la, mas isso poderia ser realizado momentos antes de servirem, e o que Anne pode observar foi que sua mãe biológica tinha bom gosto, pois escolhera o melhor restaurante da cidade cuja comida era deliciosa.

Duas horas antes do horário combinado, Anne começou a se preparar. Não iriam a nenhum lugar sofisticado, mas, ela queria se sentir confiante consigo mesma, por isso, ela escolheu um vestido azul marinho de mangas curtas, justo até a cintura, onde havia um cinto que marcava sua cintura feito com o próprio tecido do vestido, cuja saia era rodada e chegava aos seus joelhos. Ainda não podia usar salto, então, se contentou com uma sapatilha baixa da mesma cor do vestido, e prendeu os cabelos em um coque alto, deixando o seu pescoço à mostra de forma elegante. Não usou nenhuma joia a não ser um par de brincos prateados, e a aliança de casamento, e a maquiagem que ela escolheu foi bastante suave.

Anne estava feliz por já ter atingido um grau de independência no qual conseguia tomar banho sozinha e se arrumar, e depois de tanta dificuldade no início, ela descobriu que tudo era questão de prática, e se ajustar às possibilidades. Em breve, ela estaria fazendo tudo normalmente, porém, nunca esqueceria dos inúmeros aprendizados que adquirira durante aquele período, os quais pretendia levar com ela pelo resto da vida.

Quando Anne estava terminando de passar seu perfume favorito, Gilbert entrou no quarto e ficou admirando-a da porta.

- Como você consegue ficar mais bonita a cada segundo?- ele disse, fazendo-a sorrir ao responder:

- Eu posso dizer o mesmo de você, meu marido. Quanto mais o tempo passa, mais lindo você fica. É por isso que sou tão ciumenta.- Anne disse, passando os olhos pelo jeans apertado do marido que fazia maravilhas com seus músculos torneados, e a camisa esporte que ele deixara propositalmente aberta alguns botões, e que deixava o seu peitoral à mostra. Anne tentou não olhar demais, ou acabaria tendo fantasias que não eram apropriadas naquele momento, por isso, tratou de fixar sua atenção em sua imagem no espelho, e fingir que estava ainda ajeitando sua maquiagem.

- Como está se sentindo com esse jantar?- Gilbert estava preocupado com Anne. Ela parecia nervosa, mesmo tentando disfarçar e fingir que estava tudo bem.

- Não vou mentir para você. Estou fazendo isso, porque você me pediu, pois no fundo você sabe como eu me sinto.

- Dê uma chance a ela, amor. Pelo menos essa noite, e se no fim do jantar você me disser que não consegue ver nenhum futuro nessa relação, eu juro que não te peço mais nada.- Gilbert disse, ficando atrás dela e lhe massageando o ombro.

- Você sabe que pode me pedir o que quiser, e eu nunca vou te negar nada.- Anne se virou para olhá-lo melhor.

- Não quero que faça coisas só para me agradar. Quero que faça por si mesma. Eu só insisti dessa vez, porque acho que vai te fazer bem. Mas, não precisa ser assim se não quiser.

- Está tudo bem, Gil. De verdade. Pare de se preocupar.- Anne disse, colocando sua mão sobre a dele.

Um chorinho de bebê desviou a atenção de ambos do assunto sobre o qual estavam conversando, e Gilbert levou Anne até o berço. Sarah tinha acordado, e logo John seguiu o mesmo caminho. Aqueles dois faziam tudo juntos, e era algo incrível de se ver.

Gilbert pegou a garotinha no colo, que como de costume segurou na gola da camisa de Gilbert. O rapaz começou a niná-la, e quase em seguida ela adormeceu, aconchegada ao peito do pai. Anne fez o mesmo com John, encostando sua testa na do garotinho, pois ela descobriu que ele adorava esse tipo de contato com ela. Em seguida, ambos foram colocados de volta ao berço onde ressonavam pacificamente. Anne e Gilbert ficaram olhando encantados para as suas duas criações, e o jovem médico disse:

-Eles estão crescendo tão rápido. Logo essa fase de bebê vai passar, e estarão correndo pela casa, enlouquecendo nós dois.

- Você gosta de ter seus momentos com eles, não é?- Anne disse, segurando na mão dele.

- Eu amo.- ele disse, sorrindo para ela. - Posso te fazer uma pergunta?

- Claro que sim, amor.

- Acha que no futuro poderemos ter pelo menos mais um filho.

- Com certeza. Eu sempre quis ter uma família grande.- Anne respondeu encantada com essa ideia.- Vamos apenas esperar que os gêmeos cresçam um pouco, e eu me recupere totalmente. Aí poderemos pensar em tentarmos de novo.

- Vou adorar praticar com você todas as noites de novo. - Gilbert disse com um olhar cheio de intenções.

- Já está tendo ideias criativas, meu amor?- Anne perguntou, sabendo no que exatamente ele estava pensando.

- Você nem imagina.- Gilbert respondeu, e ia se abaixar para beijá-la quando a campainha tocou.

Anne ficou tensa no mesmo instante, e sabia que estava exagerando na reação, pois não era a primeira vez que se encontraria com Bertha, mas, todas as vezes ela se sentia assim, acuada e com vontade de fugir. Gilbert lhe beijou o rosto, como se assim pudesse lhe dar uma injeção de coragem.

Respirando fundo, ela assentiu com a cabeça, dando-lhe permissão para empurrar a cadeira de rodas até a sala. Quando Gilbert foi recepcionar Bertha, Anne estava confortavelmente instalada no sofá, tentando manter sua expressão neutra e até conseguiu responder com um meio sorriso quando Bertha disse:

-Boa noite, Anne.

- Boa noite, Bertha.

- Gilbert me contou que você está se recuperando. Fiquei muito contente por saber disso.- Bertha disse de forma simpática.

- Obrigada. Acho que já podemos jantar, se não se importa. - Anne disse, evitando que a conversa se prolongasse. Ela não queria dividir sua intimidade com Bertha, mesmo que Gilbert já tivesse feito isso por ela.

- Claro, querida. Como quiser.- Bertha respondeu de forma tranquila, e assim todos foram para a cozinha, onde a comida que Bertha providenciou foi servida .

Durante o jantar, Anne pouco falou, deixando para o marido o trabalho de entreter sua mãe biológica. Já era um grande esforço sorrir e fingir que estava gostando da presença de Bertha ali, quando na verdade estava apenas suportando cada segundo como se tivesse uma faca enfiada em seu coração. Assim, ela passou pelo jantar, pela sobremesa, e quando a hora do café chegou, ela suspirou aliviada, e não parava de olhar para o relógio, desejando que aquela noite terminasse logo, e Bertha fosse embora. Esse momento finalmente chegou, mas, antes de ir, a mulher fez um pedido especial.

-Será que eu poderia dar uma olhadinha nos bebês?- Anne queria negar, mas, ao ver o olhar de súplica de Gilbert, ela achou que não custava nada ceder só mais um pouquinho.

- Claro. Venha comigo.- Anne disse, manuseando a cadeira de rodas até o quarto para onde Bertha a seguiu.

- Como são lindos . Parecem maiores que a última vez que os vi.- Bertha disse, ao ver os gêmeos adormecidos.

- Sim, eles estão crescendo rápido. Já não consigo segurar os dois em meus braços de uma vez. - Anne disse, olhando com carinho para seus filhos.

- Bebês são uma benção.- Bertha disse passando os dedos de leve pelos cabelos macios de Sarah.

- Você parece gostar de crianças, já que teve mais filhos. - Anne disse, tentando esconder a mágoa em sua voz.

- Eu não tive mais filhos.- Bertha disse, olhando para Anne com seriedade.

- Como assim? Pelo que sei você tem três filhos adultos.- Anne disse espantada.

- São apenas filhos do meu marido. A mãe deles morreu quando eles eram um pouco maiores que Sarah e John, e quando me casei com Robert, eu os adotei como meus.

- E por que não teve mais filhos?- Anne perguntou ainda mais espantada

- Porque eu não achava justo com você. Eu não me sentia bem tendo outro filho, se não podia tê-la comigo. Então, me contentei em ser mãe adotiva de três crianças maravilhosas que precisavam tanto de amor. Porém, eu nunca me esqueci de você, embora você não acredite em mim.- Bertha disse com um sorriso doce..- Acho melhor eu ir, você parece cansada e não quero abusar da hospitalidade de vocês. Obrigada por me receber aqui em sua casa, e por ter me deixado ver essas duas maravilhas. Você é uma excelente mãe.

- Como sabe disso?- Anne perguntou, ainda tonta com o que Bertha lhe contara.

- Seu marido me disse.- Bertha respondeu, antes de sair do quarto e voltar para a sala.

Quando Anne retornou para perto do marido, Bertha já estava se despedindo, e com um sorriso de gratidão para Anne, ela foi embora.

A ruivinha voltou para o quarto, e quando Gilbert se juntou a ela, Anne já tinha se despido e estava de camisola, sentada na cama com ar pensativo.

- O que foi, anjo. O jantar te aborreceu tanto assim?

- Não. Eu só estava pensando.- ela disse, sentindo a mão dele tocando seu rosto.

- Quer conversar sobre isso?- ele perguntou, chegando mais perto, fazendo Anne fixar o olhar no ponto entre os botões da camisa aberta dele e seu peito desnudo.

- Não. Na verdade, nesse exato momento, eu quero outra coisa.- ela respondeu, mordendo o lábio inferior enquanto suas mãos abriam o restante da camisa do marido, e seus dedos viajavam pela pele quente dele.

- Anne, o que está fazendo?- a respiração dele estava mais rápida, e seus olhos castanhos estavam mais brilhantes.

- O que acha que estou fazendo?- ela perguntou, fazendo-o arrancar a camisa de vez.

- Anne...- Gilbert disse, como se hesitasse.

- Não diz nada. Só me beija.- ela pediu, e Gilbert alcançou seus lábios, ditando o ritmo bem devagar que durou bem pouco, pois logo estavam se beijando com paixão, e quando Gilbert ia lhe tirar a camisola, Anne disse baixinho.

-Vamos para o quarto de hóspedes. Não quero acordar os bebês.

Assim, Gilbert a levou no colo até o quarto ao lado, deitando-se de costas na cama, e colocando Anne sobre ele. Com extrema habilidade Gilbert lhe tirou a camisola, e sua calcinha fazendo-a suspirar de prazer ao sentir o corpo dele quente embaixo do seu. Anne arrancou o cinto dele, assim como o zíper da calça jeans foi aberto por suas mãos ansiosas em senti-lo logo em seus dedos. Em pouco tempo, ambos estavam nus, e Anne deixou sua língua correr pelo corpo dele, deixando-o maluco quando os lábios macios chegaram perto de sua intimidade, mas não o tocou como ele esperava, pois ela trilhou todo o caminho que fizera antes até voltar a beijá-lo na boca.

Anne sabia bem porque começara aquilo. Ela não queria pensar no que Bertha lhe dissera no quarto, porque depois de anos sofrendo com a ideia de sua mãe biológica ter construído uma família sem ela, a ruivinha descobria que nada do que deduzira na época não era verdade, e isso a deixou ainda mais consternada.

Gilbert podia sentir o desespero dentro dela, e por isso não protestara quando ela começara a provocá-lo além da conta. Sua esposa precisava de carinho, e ele faria o possível para ela ter tudo o que desejava naquela noite.

Gilbert a fez trocar de posição, enquanto sua boca desvenda-lhes cada curva do corpo dela que levava a sua imaginação ao mais alto grau de excitação, ao mesmo tempo em que cada fibra da pele de ambos ardia pelo desejo ainda não satisfeito, criando uma tensão que crescia a cada segundo, conforme seus gemidos se misturavam entre as quatro paredes daquele quarto que eram como uma música cheia de luxúria, fazendo os quadris de Anne irem de encontro aos de Gilbert preparando-a para recebê-lo, causando-lhe uma necessidade imensa de senti-lo profundamente

Então, Gilbert fez sua vontade, preenchendo-a com sua paixão, levando o corpo enlouquecido de ambos ao ponto mais alto entre um homem e uma mulher. Então, os quadris dela se arquearam pela última vez com a ajuda de Gilbert , assim como ele diminuiu a intensidade de suas investidas, e com um gemido alto, ambos caíram um sobre o corpo do outro, completamente exaustos.

A madrugada já tinha caído, mas Anne continuava acordada, olhando para o teto enquanto sentia os braços de Gilbert em volta de sua cintura, e a respiração calma e cadenciada dele em seu ouvido Foi só nesse momento que Anne sentiu que talvez com o passar do tempo, seu coração pudesse finalmente começar a perdoar.

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