Capítulo 101- Na dor
Olá, pessoal. Capítulo atualizado, espero que gostem e me deixem seus comentários. Beijos.
ANNE
- Por que eu não sinto as minhas pernas, Gil?- a voz desesperada de Anne trouxe Gilbert para mais perto dela, que disse tentando acalmar sua agonia crescente.
- Calma, meu amor.- ela se agarrou a ele, como se ali estivesse todas as respostas, e a cura para suas pernas inúteis que por mais que tentasse não conseguia movimentá-las um centímetro que fosse.
- Como posso ficar calma, se não sinto as minhas pernas?- ela perguntou novamente com seus olhos cheios de lágrimas, que transbordaram pelo seu rosto como uma cachoeira abundante. Ela precisava de respostas e certezas imediatas, porém, o olhar de Gilbert tão cheio de dor quanto o dela não podia lhe garantir nada.
- Amor, era sobre isso que eu queria conversar com você. A lesão que sofreu com o tiro que Peter lhe deu foi próxima de sua medula, e com a cirurgia, o local ainda está inchado e sensível, por isso, você não tem sensibilidade nas pernas, mas, isso é reversível com o tempo.
- Quanto tempo?- ela perguntou ansiosa, mas, pelo olhar que Gilbert lhe lançou antes de lhe responder, ela percebeu que ele não tinha como lhe dizer.
- Você terá que ter paciência. É seu corpo que dita as regras, não as estatísticas. Eu poderia te dar uma estimativa de tempo de recuperação, mas, somente seu corpo é que dirá quando irá acontecer.
- Eu posso ficar assim para sempre? Por favor, meu amor, não me esconda nada.- ela disse desesperada, pois precisava saber, para tentar entender o que teria que enfrentar dali para frente.
- Não, você vai recuperar seus movimentos com o tempo. Essa é a única certeza que posso te dar. - Ele disse com os olhos tão marejados quanto os dela, e Anne sabia que ele estava sofrendo também, pois era assim que eram. Eles estavam juntos na alegria e na dor, e era tão bom ter a força de Gilbert a seu lado naquele instante em que não encontrava a sua de jeito nenhum. Então, ela não aguentou mais, e começou a soluçar, enquanto sentia Gilbert acariciar seus cabelos devagarinho. A tristeza que sentia era imensa, mas, ao mesmo tempo ela sabia que tinha muito a agradecer também. Ela perdera o movimento das perdas, porém, ganhara seus dois cristais , e tinha seu amor à sua frente, forte, saudável e lindo, e sua vida intacta, apesar de seu atual infortúnio.
- Perdoe-me, Anne.- Gilbert disse, e a dor na voz dele fez o coração dela se quebrar. Por isso, ela levantou cabeça e o encarou, vendo o rosto dele tão triste, Anne estendeu a mão e tocou o rosto dele com todo o seu amor ao perguntar:
- Por que, meu amor?
- Por não ter te protegido de Peter, e porque o tiro que você levou era para mim. Era para eu estar nessa cama de hospital, não você.
- Nunca mais repita isso. Eu não suportaria perder você. Eu já te disse uma vez que eu suporto qualquer coisa nessa vida se eu tiver você do meu lado, mas, nunca poderia continuar vivendo sem você. Eu sei que não vai ser fácil, e que cada dia daqui para frente será uma luta constante para minha recuperação, porém, se estivermos juntos eu faço qualquer coisa para ficar tudo bem de novo.- Gilbert se aproximou mais, e puxou o rosto dela para ele com ternura quando disse:
- Minha garota corajosa. Eu te amo tanto. Obrigado por salvar a minha vida. Nada do que eu fizer daqui para frente vai ser o suficiente para eu te agradecer por isso.
- Ter você aqui é meu maior agradecimento. Você nunca vai saber o quanto o meu amor por você é imenso. Obrigada a você por ter salvado minha vida também, pois sei que se não fosse por você, eu não estaria aqui agora.- eles se beijaram, com amor e paixão, sentindo o elo entre eles se intensificar. Aquele sentimento em seus corações era tão verdadeiro, que não conseguiam se ver separados de forma nenhuma. Eles se afastaram relutantes, e ainda com o rosto dela entre suas mãos Gilbert disse:
- Agora precisamos focar em sua recuperação, e cuidar para que você tenha todos os recursos necessários para que volte a ficar bem novamente.
- Farei o que me disser, eu prometo. Agora eu quero saber como você está e os nossos bebês.- Anne disse sentindo todo o amor do mundo por aquele homem raro que era seu marido. Ela nem queria pensar no que teria acontecido se Peter o tivesse ferido, por isso, ela não se arrependia de tê-lo protegido com sua própria vida, e o faria de novo, mesmo que isso lhe custasse mais do que a sensibilidade em suas pernas .
- Eu estou bem, um pouco cansado pela tensão das últimas horas, mas feliz por ver que você acordou e pelos nossos bebês estarem saudáveis. Eu tive tanto medo por você.- ele confessou quase em um sussurro, e Anne o abraço dizendo:
- Eu estou aqui, e preciso tanto de você. Por favor, querido, não fique assim tão triste. Odeio te ver esse jeito.- Gilbert a abraçou tão apertado que Anne pensou que fosse sufocar, mas, se permitiu ficara assim com ele, pois sabia que Gilbert precisava daquele momento tanto quanto ela.
- Você é tão forte, Anne, e por isso, eu te admiro tanto.
- Eu sou forte porque tenho você, e enquanto você estiver aqui, nada mais pode me machucar.- Anne respondeu com uma convicção que sempre trouxera dentro de si desde que conhecera Gilbert. Ele sempre estivera lá com ela e por ela, e era por isso, que ela sabia que não tinha nada a temer, por mas obscura que sua situação pudesse ser.
- Eu sempre vou estar aqui, eu prometo. Vamos superar mais este obstáculo juntos.- Gilbert disse , beijando-a na testa e depois beijando suas mãos como se elas fossem a coisa mais sagradas do mundo.
- É só disso que preciso, de você e dos bebês. Quando vou poder vê-los, Gil?
- Estou esperando Gabriela dar a autorização para que você possa estar com eles.- o rapaz disse com um sorriso, mas, Anne não conseguiu sorrir, porque se lembrou que não poderia ir até lá com as próprias pernas. Gilbert pareceu ler seus pensamentos, pois ao perceber seu olhar triste ele continuou:- Amor, eles virão até você. Não se preocupe.- Anne balançou a cabeça e após um longo suspiro, ela respondeu:
- Não foi assim que imaginei esse momento.
- Eu também não. Mas, se lembre que estamos aqui, vivos com nossos bebês a poucos passos daqui a nossa espera, e nos amando mais ainda.- Ela seguro no pulso dele e respondeu.
- Eu sei que tem razão, e eu não devia me sentir tão fragilizada, mas é que tudo isso foi um pouco demais para mim.
- Você tem todo o direito de se sentir fragilizada levou um tiro, sofreu duas cirurgias simultâneas. Qualquer pessoa mais forte que você se sentiria do mesmo jeito, até mesmo eu.- Ele disse, encostando a testa na dela.- Eu daria tudo para estar em seu lugar.
- Não diga isso. Estou muito feliz por você estar bem. Eu também vou ficar, eu juro.
- Não exija demais de você, meu amor. Se precisar chorar, chore, se segure em mim, e eu estarei aqui pronto para fazer de tudo para que você recupere sua vida de novo.
- Eu vou ficar bem, Gil. Não vou permitir que Peter tire minha alegria de viver. Eu vou voltar a andar, e fazer tudo o que costumava fazer antes que tudo isso acontecesse conosco.- ela tinha aquela determinação dentro de si, e lutaria por ela até o fim, mesmo que uma parte dela naquele momento ainda estivesse abalada, ela encontraria sua força total nos braços de seu marido.
- Essa é minha ruivinha linda. Eu sei o quanto deve estar te custando tudo isso, e vai ser uma batalha árdua a cada dia com fisioterapia e outros exercícios, mas estou pronto para te ajudar.- ele disse enterrando suas mãos nos cabelos dela.
- Eu já te disse hoje o quanto eu te amo?- Anne perguntou olhando toda apaixonada para seu marido espetacular
- Não disse com palavras, mas nunca precisamos disso quando se trata de nossos sentimentos. Eles se revelam em nossa pele, em nossos olhos e coração.
E Anne concordou om ele apenas pelo olhar, porque era a mais pura verdade tudo o que ele dissera. O amor que sentia por ele, Anne sempre levaria com ela a qualquer lugar que fosse, ainda que ela não pudesse dizê-lo. Gilbert sabia que estava no sangue dela assim como ela estava no dele, e nessa relação mágica e forte que tinham, também estavam incluídos seus bebês. Eles eram a prova irrefutável de que o sentimento que um dia nascera em ambos transcenderia até mesmo suas vidas.
Gilbert ficou com Anne, até que Gabriela apareceu para vê-la, e ao observar o sorriso que a ruivinha exibia apesar de tudo que passara, a jovem médica sentiu um imenso alívio dentro de si.
- E como vai a minha paciente favorita?
- Estou bem, e um pouco ansiosa para ver os meus cristais.- Anne disse com os olhos brilhando de ansiedade
- Eu vou te pedir que tenha só mais um pouquinho de paciência, pois como são prematuros, estamos ainda realizando alguns exames que são necessários nesses casos.
- Acha que correm algum risco?- Anne perguntou preocupada ao se lembrar de sua recente anemia que não tinha se curado totalmente.
- Não, eles estão bem no geral. São somente exames de rotina, Anne. Não precisa ficar tensa assim. Você precisa pensar em si mesma também.- Gabriela disse, se sentando ao lado dela e segurando em sua mão.
- Eu não consigo me preocupar comigo enquanto meus bebês estão longe de mim. Eu preciso deles comigo. Gabriela.- Anne disse como se implorasse, e a amiga lhe respondeu;
- Amanhã sem falta vocês poderá vê-los, querida. Eu prometo. Agora, por que não descansa? Você precisa recuperar suas forças, pois logo irá para casa com dois bebezinhos lindos que vão precisar muito da mãe deles, e para isso, você precisa estar em forma novamente.- Gabriela disse com animação, porém, Anne a olhou com tristeza e respondeu:
- Acho que vai demorar um pouco para que eu volte a minha forma antiga.- Gabriela a olhou com carinho e disse:
- Você é tão forte, minha amiga. Eu tenho certeza de que vai superar isso em breve.
- Não vai ser fácil.- Anne disse com um meio sorriso.
- Não, mas, nós estamos com você, e sabe que pode se apoiar em todos nós que te amamos e queremos te ver bem.
- Obrigada. Isso é muito importante para mim.- Anne disse se sentindo confortada, e olhando com afeição para a amiga que toda a sua gravidez lhe dera um suporte incrível.
- Bom , agora preciso voltar ao consultório. Vou providenciar para que você veja os bebês amanhã assim que possível.- Gabriela disse ao se despedir, e deixando Anne sozinha com Gilbert novamente.
- Gabriela tem razão. Você precisa descansar.- Gilbert disse, segurando sua mão.
- Eu não quero que vá embora.- Anne disse chorosa, e ele respondeu:
- Eu não irei. Vou passar a noite com você.
- Não vai ficar cansado? Amanhã você tem plantão.- Anne disse. Ela precisava demais de Gilbert ali com ela, mas, não podia ser egoísta e esquecer que seu marido tinha uma rotina dura, e precisa ter suas horas de sono regradas.
- Eu troquei com o Daniel, assim terei dois dias seguidos para cuidar de você.- Gilbert disse, beijando-a na testa e se sentando ao lado dela na cama.
- Já te disseram que você é um homem formidável, Dr. Blythe?
- Eu só preciso ser formidável para minha esposa.- ele disse acariciando-a com os olhos.
- Você já é, ou melhor, você sempre foi.- Anne respondeu com todo seu amor por ele se agitando em seu coração.
- Acha que consegue descansar agora?- Gilbert perguntou, e Anne viu a preocupação nos olhos dele.
- Se ficar aqui do meu lado, eu acho que consigo.
- Então, feche os olhos que vou te ajudar a dormir.- ele disse, se ajeitando ao lado dela, e colocando a cabeça dela em seu colo com cuidado, beijando-a de leve nos lábios.
E depois de muito reclamar a falta dos beijos dele de verdade, Anne acabou adormecendo com a mão de Gilbert segurando a sua.
GILBERT
Observar Anne dormir sempre foi um de seus passatempos favoritos, pois ele adorava ver sua expressão serena enquanto ela estava totalmente submersa no mundo de seus sonhos, e também porque a beleza dele nesses instantes ultrapassava o senso comum, e se tornava tão estonteante que ele não conseguia tirar os olhos dela.
Cada detalhe daquele rosto angelical sempre o atraíra, e sua vontade de tocar cada traço com seu indicador era difícil de refrear. Porém, naquele dia, sua necessidade de vê-la entregue a uma inconsciência reparadora tinha outro motivo. Ele estava aliviado por ela ter acordado, por ter passado pelas duas cirurgias e fisicamente estar bem, apesar da imobilidade reversível das pernas. Por outro lado, seu coração estava partido justamente por esse motivo. Vê-la naquelas condições o deixava extremamente aflito, embora ela tivesse aceitado muito bem sua atual situação, Gilbert sabia da enorme batalha que se iniciaria dali em diante, com força de vontade, autoestima, e fisioterapia, além das adaptações temporárias à sua nova realidade dentro de casa e aos bebês, que precisariam muito dela logo no início.
Anne era forte, e mais uma vez lhe provara isso ao entender o que seria esperado dela dali em diante até que conseguisse voltar a sua vida normal. Contudo, Gilbert também sabia de seus episódios de ansiedade que às vezes beiravam ao pânico, e tais problemas emocionais demandavam muito gasto de energia e isso poderia piorar seu estado de ânimo, levando-a a depressão. Por isso, ele pretendia focar toda a sua atenção nela, cuidando para que ela não desistisse e nem tivesse pensamentos depreciativos acerca de si mesma.
Ela se mexeu durante o sono, e Gilbert percebeu sua careta de dor, intuindo que o efeito dos analgésicos estavam enfraquecendo, por essa razão, ele trocou o frasco de soro que já estava quase no fim, e administrou mais um pouco do remédio que a impedia de sentir qualquer desconforto. Ele esperava que o corte da cirurgia na altura de suas costas cicatrizasse com facilidade, e ela deveria ficar com uma marca pequena que quase não apareceria caso ela tivesse que fazer alguma foto de biquini em seu trabalho, o que também poderia ser disfarçado com maquiagem. Porém, isso era algo que deveria preocupá-la depois, pois assuntos mais urgentes precisavam ser levados em conta e discutidos com ela assim que Anne tivesse condições para isso.
Gilbert ajeitou as cobertas em volta do corpo dela, pois o ar condicionado do quarto deixava o ambiente mais gelado que o normal, acariciou os cabelos dela com carinho, não deixando que seus olhos fugissem do rosto dela um segundo, pois cada reação que ela expressasse era um elemento importante para que ele soubesse como ela estava se sentindo mesmo dormindo. Sua vontade era pegá-la no colo e levá-la para casa onde todo o seu amor e dedicação estavam esperando por ela, no entanto, talvez isso fosse possível dali a uma semana quando ele avaliaria as chances dela ter atendimento em domicílio, onde com certeza ela se sentiria mais à vontade, acelerando assim seu processo de recuperação.
Seu relógio de pulso sinalizou dez da noite, e Gilbert se lembrou que não havia comido nada desde o horário de almoço naquele dia. A tensão da cirurgia e do nascimento dos bebês o fizeram se esquecer completamente de se alimentar adequadamente, por isso, ele decidiu deixar Anne sozinha por algum tempo, pois ele sabia que ela só despertaria somente no dia seguinte por conta dos remédios que ele administrara, e caminhou até a cantina do hospital que àquela hora estava praticamente vazia, e escolheu uma mesa de canto onde havia uma janela pela qual ele poderia ver o movimento do lado de fora, e parcialmente o céu, onde uma lua cheia enorme exibia toda a sua exuberância a quem se dispusesse a observá-la naquele instante.
Gilbert suspirou ao pensar que Anne teria adorado ver a beleza da noite naquele momento, principalmente por conta da quantidade de estrelas que brilhavam naquele instante. Ela sempre fora fascinada por coisas relacionadas a astrologia assim como ele, e não poder partilhar com ela aquele instante único o deixava extremamente triste.
- Então, é aqui que está se escondendo, meu amigo?- Daniel perguntou, e Gilbert o olhou surpreso, pois não tinha percebido a presença do amigo até aquele momento.
- Vim fazer um lanche rápido. Anne está dormindo, e aproveitei para sair um pouco do quarto e me distrair.- Gilbert disse com um sorriso hesitante.
- Como ela está?- Daniel perguntou se sentando na outra cadeira disponível na mesa de Gilbert.
- Ela está melhor do que eu esperava.- ele disse brincando com o pão do sanduíche que a garçonete trouxera a pouco, sem realmente sentindo vontade de comê-lo.
- Anne já sabe sobre a perda de movimento nas pernas?- Daniel perguntou, enquanto sinalizava para a garçonete se aproximar e fazia seus pedidos.
- Ela mesma descobriu.
- E como ela enfrentou a situação?
- No começo ficou desesperada, depois se sentiu mais otimista em relação a sua recuperação. Você conhece a Anne. Ela nunca deixa que o pessimismo a afete por muito tempo. Gilbert respondeu, ao mesmo tempo se sentindo preocupado e orgulhoso de sua linda esposa.
- Isso é bom.- Daniel concluiu, começando a saborear o lanche que tinha pedido.- Ela já viu os bebês?
- Ainda não. Gabriela disse que ela poderá vê-los amanhã. – Gilbert suspirou e Daniel o olhou intrigado ao perguntar.
- Por que parece que você não está feliz?- Gilbert passou as mãos pelos cabelos e respondeu:
- Porque não me sai da cabeça que era para eu estar naquela cama e não ela.
- E acha que se sentindo culpado dessa maneira vai ajudá-la a se recuperar mais rápido?- Daniel perguntou, olhando diretamente para o amigo.
- Eu sei que não. Mas, não consigo evitar de pensar nisso. Anne poderia ter tido uma gestação normal, andar com as próprias pernas sem precisar da ajuda de ninguém, a agora por conta de um ato vil de um homem louco, ela terá que enfrentar uma lenta recuperação nos próximos meses.- Gilbert disse, desistindo de comer de vez.
- Se sabe disso, então não tem motivos para se sentir culpado. O tiro partiu de outra pessoa, assim como Anne decidiu te proteger. Você não podia intuir que ela faria isso, e nem o que aconteceria depois. Além do mais, você salvou a vida dela e isso não é pouca coisa, Gilbert. Eu não sei como é ter que fazer a cirurgia de alguém que se ama, e essa pessoa estar correndo risco de vida, mesmo sabendo que não é o mais recomendado nesses casos, pois envolve demais seu emocional e a cabeça nem sempre consegue pensar com clareza nesses momentos.
- Realmente, não foi fácil, mas, uma vez que eu estava lá, a única coisa que me passou pela cabeça era que eu tinha que salvá-la de qualquer jeito, e isso me ajudou a manter o sangue frio necessário para fazer a cirurgia. Ela salvou a minha vida, Daniel, e eu não podia agir diferente. Talvez seja condenável eu ter aceito o desafio, pois quando operamos alguém precisamos ter o mínimo de envolvimento emocional com o paciente, mas, meu coração me pediu para que eu agisse exatamente assim, e foi o que fiz. Não sei se em outra oportunidade, eu faria a mesma coisa, mas, dessa vez eu senti que era necessário.- ele abaixou a cabeça, sentindo pela primeira vez a exaustão tomar conta dele, e desejou que pudesse ter uma noite de sono decente, mas, Anne precisava dele, e ele não deixaria no hospital sozinha de forma nenhuma.
- E estamos todos orgulhosos de você por isso. Você é um médico de muito valor, Gil, e um homem melhor ainda. Anne tem sorte de ter você.- Daniel disse, se inclinando sobre a mesa e colocando sua mão no ombro de Gilbert com afeição.
- Eu é que tenho sorte de tê-la. Ela é surpreendente e é o amor da minha vida. – Gilbert disse emocionado. Ele precisava tanto de Anne que seu coração doía quando estavam separados. Ela era sua motivação diária, e sua única felicidade além dos bebês, e não via a hora de poder vê-la completamente recuperada de verdade.
- Seus bebês são lindos.- Daniel elogiou.
- Sim, se parecem com a mãe.- Gilbert disse cheio de orgulho por sua prole recém nascida.
- Eles têm muito de você também, principalmente a Sarah. Será que vai querer ser cirurgiã igual ao pai?- Daniel perguntou em tom de brincadeira.
- Com o tempo saberemos.- Gilbert disse, chamando a garçonete e pagando a conta.- Vou voltar para o quarto. Talvez Anne acorde e precise de mim.
- A enfermeira pode cuidar dela, Gilbert.- Daniel disse, observando o amigo se levantar da cadeira todo apressado.
- Eu preciso estar perto dela, Daniel. Você me conhece.
- Eu sei. Nos vemos depois então.
Em poucos minutos Gilbert estava no quarto, e observou que Anne continuava adormecida. Ele esperava que ela pudesse dormir assim até de manhã, pois ela precisava de todo o descanso possível se quisesse se recuperar bem. Felizmente, ela só acordou no dia seguinte, quando o sol começou a adentrar o quarto pela janela. Gilbert já estava acordado a horas, por força do hábito, e porque queria trocar os curativos da cirurgia antes que ela despertasse, pois assim seria menos incômodo para ela, o que ele conseguiu fazer com sucesso.
- Bom dia, como se sente?- ele perguntou assim que ela abriu os olhos.
- Estou bem. As minhas costas doem um pouco, mas acho que consigo aguentar por certo tempo.- Anne disse com um sorriso fraco, e com a voz ainda sonolenta.
- Eu tenho que trocar seu soro, e a medicação que vai junto deve amenizar seu desconforto.- ele disse, fazendo a troca dos frascos com facilidade, e logo viu Anne respirar aliviada.- Melhor?- ele perguntou, se sentando perto dela.
- Sim, mas estaria melhor ainda se você estivesse deitado a meu lado, Dr. Blythe.- Anne disse com seu jeito maroto de ser que fez Gilbert responder:
- Você não sossega nem a cama de um hospital.
- Com um marido como o meu, eu tenho que aproveitar todas as oportunidades.- ela disse olhando-o com malícia.
- Porém, devo avisá-la que terá que ficar de molho por algum tempo.
- Isso é o que veremos, meu marido gostoso.- Anne disse, tocando os músculos dos braços de Gilbert de maneira insinuante que fez o rapaz olhar para ela e dizer:
- É sério, amor. Vamos ter que nos segurar até que você esteja totalmente recuperada.
- Conversamos sobre isso depois. Agora tudo o que eu quero é ver nossos filhos.- Anne disse de maneira mais séria.
- Vou verificar com Grabriela se você já pode vê-los.- Gilbert disse com intenção de sair do quarto mas, então, Gabriela apareceu e disse:
- Bom dia, minha querida. Como está?
- Estou ansiosa. Será que posso ver meus bebês agora?
- Eu vim justamente para te dizer isso. Está liberado, Anne. Você vai poder conhecer suas duas joias nesse exato momento .- Gabriela disse sorrindo de orelha a orelha.
Sem pensar muito, Anne tentou colocar suas pernas para fora da cama em toda a sua ansiedade e euforia, e esqueceu totalmente de sua condição atual. Quando não conseguiu mexer nem um dedo sequer, ela olhou desesperada para Gilbert que veio em seu socorro, e disse:
- Você não pode sair da cama ainda, querida.
- Você não pode me carregar até o berçário?- Gilbert viu a angústia dela, e lamentou não poder fazer nada para afastar aquela dor emocional dela e respondeu tão triste quanto ela;
- Não, meu amor. Você acabou de sair de uma cirurgia séria, e te carregar até lá seria perigoso para o seu atual estado. A corte que sofreu nas costas por conta da retirada da bala ainda não está cicatrizado. Vai precisar de algumas semanas para que isso aconteça.- ela o olhou com seus olhos azuis imensos marejados e concordou com a cabeça, sem realmente falar nada, o que fez Gilbert imaginar que ela estava tentando reprimir suas emoções o máximo que podia.
-Não se preocupe, Anne. Vou pedir para que os bebês sejam trazidos até aqui para que possa vê-los.- Gabriela se adiantou, desejando animá-la com suas palavras, e novamente Anne concordou com a cabeça, enterrando o rosto no peito de Gilbert que a abraçou com cuidado, sentindo sua camisa ficar úmida com as lágrimas silenciosas dela.
Alguns minutos depois, Gabriela reapareceu com os dois bebezinhos nos braços, e quando Anne levantou a cabeça, e viu aqueles dois cristaizinhos, um vestido de rosa o outro de azul com as roupinhas que Cole os tinha presenteado, ela começou a soluçar e estendeu os braços, onde Gabriela colocou cada um dos bebês, e os beijou com carinho na testa,, enquanto examinava cada detalhezinho daquelas crianças lindas, sem acreditar que existisse tanta perfeição no mundo como aqueles dois pedacinhos dela e de Gilbert.
O rapaz por sua vez, ao ver aquela cena comovente não se conteve. Ele começou a chorar silenciosamente, e tentou por várias vezes esconder as lágrimas, mas desistindo no final, permitindo que corressem livres pelo seu rosto enquanto observava aquele encontro tão esperado. E então sua esposa o encarou, e seus olhos se comunicaram daquela maneira única que somente os dois entendiam, e assim, Gilbert se aproximou e abraçou Anne, ao mesmo tempo em que ele segurava a mãozinha de Sarah que agarrou seu polegar, como se soubesse que ali estava o homem que a gerara e que a amava demais, enquanto John prendia uma mecha do cabelo de Anne tão parecido com o dele em seus dedinhos minúsculos. Desta forma, aquela cena familiar que enchia os olhos de quem quisesse ver, não conseguia esconder a emoção entre aquele casal tão jovem e seus dois filhos gêmeos que predominava naquele quarto de hospital, onde nenhum outro som se ouvia a não ser o do amor.
GILBERT E ANNE
Duas semanas se passaram, e Anne foi aos poucos se adequando a sua nova condição de mamãe de gêmeos e sua limitação física. Como ela não podia ir até o berçário amamentá-los, uma enfermeira sempre os trazia até o quarto onde ela podia fazê-lo sem pressa e no seu próprio tempo.
Esses momentos eram extremamente especiais para ela, porque assim ela podia compartilhar com seus pequenos todo o seu amor materno, que somente aumentara desde o dia que os colocara no mundo. Ela os carregara por sete meses e vê-los tão bem e se desenvolvendo como o esperado era uma grande alegria e também um imenso alívio, depois de tudo o que tinham passado com sua anemia. Outra surpresa para Anne foi a grande quantidade de leite que seus seios produziam, pois após o trauma de tudo aquilo, tanto ela quanto Gabriela pensaram que ela não teria leite nenhum, e que os bebês teriam que ser alimentados com algum tipo de suplemento especial, mas, felizmente, essa suposição não se concretizara, e assim, suas duas preciosidades podiam receber seu leite materno tão merecido.
Naqueles quinze dias que passara no hospital, Anne recebera algumas visitas de Cole, Marilyn, sua agente, e outras amigas modelos que trabalharam com elas tantas vezes, e para ela que se mantinha confinada naquele quarto sem poder andar, receber tanto carinho era consolador demais. Gilbert estava sempre presente. Ele cumpria seu horário no hospital e depois corria para ficar do lado dela, e mesmo durante o seu expediente, o rapaz dava um jeitinho de passar pelo quarto dela ou pelo berçário, onde não se cansava de admirar seus filhos que cresciam a olhos vistos, e se tornavam cada vez mais parecidos com a mãe.
Suas noites se dividiam entre os plantões e o quarto de hospital de sua esposa, onde ele passou a dormir diariamente, pois voltava para o apartamento apenas para buscar alguma muda de roupa para ele ou Anne, ou para receber a correspondência que o síndico do prédio se comprometera a guardar para ele. O resto do tempo, ele passava no trabalho, ou com Anne, e assim permaneceu até que o dia da tão sonhada alta aconteceu.
O dia que Anne deixou o hospital com seus filhinhos nos braços foi de grande alegria e motivo e comemoração por todos. Anne só não sorriu mais, porque a falta de movimentos em suas pernas a incomodavam, mas, tentou não deixar que esse contratempo atrapalhasse aquele momento tão maravilhoso no qual deixava a sua prisão e ia em busca de sua liberdade do lado de fora do hospital. No entanto aquela batalha não estava no fim, e Gilbert sabia o quão difícil seria para Anne os meses que se seguiriam, mas, prometera a si mesmo dar todo o suporte emocional que a esposa precisasse para se recuperar.
A chegada até o apartamento ocorreu sem grandes problemas, pois para alcançar o andar onde moravam, Anne foi colocada em uma cadeira de suporte para poder subir de elevador, enquanto John e Sarah dormiam calmamente nos braços protetores de seu pai. Assim que abriram a porta, Anne arregalou os olhos ao ver a quantidade de flores espalhadas pelo recinto, que foram arrumadas cuidadosamente por Cole com a permissão de Gilbert.
- Meu Deus! Isso parece uma floricultura ambulante.- Anne disse quase gargalhando, mas ao mesmo tempo se sentindo feliz pela demonstração de carinho de seus amigos mais queridos.
- Você merece isso e muito mais, meu amor.- Gilbert disse, beijando-a de leve nos lábios.
- Senti muita falta daqui. Desse nosso cantinho particular.- Anne disse, assim que Gilbert colocou os bebês nas cestinhas que ela ganhara de Gabriela de presente, e a ajudou a se ajeitar no sofá.
- Eu também. Porém, eu não conseguia ficar nele sem você.- Gilbert completou, olhando-a nos olhos e a trazendo para mais perto.
- Você tem sido maravilhoso, Gil. Obrigada por sua paciência e compreensão comigo. Eu quero que saiba que te amo ainda mais.- Anne disse quase em um sussurro, segurando o rosto dele enquanto seus lábios procuravam pelos de Gilbert ansiosos.
Foram tantos dias sem beijá-lo de verdade, sentir o gosto dele, e seu calor. Porém as mãos em sua cintura eram reais, assim como o coração que batia forte contra o seu. Era ali que sempre encontraria sua força, seu ânimo para continuar na sua luta. Era naquele homem generoso que Anne sabia que tinha o que precisava, pois aqueles braços que a protegiam de tudo eram a fonte de sua mais pura inspiração.
- Deus! Como senti falta de beijar você.- ele murmurou necessitado, porém refreando seus desejos ao máximo, pois sabia que por mais que não quisesse, ele e Anne teriam que esperar um certo tempo para que o corpo dela se recuperasse realmente, e só aí poderiam dar vazão à sua paixão.
- Eu também. Senti falta de dormir na mesma cama que você, de nossas conversas de madrugada, de suas provocações atrevidas, e do seu toque em minha pele.- Anne disse, deixando que suas mãos corressem pelo peito dele por debaixo da camisa.
- Você sabe que não podemos.- Gilbert murmurou afastando-a de si suavemente.
- Eu sei, mas meu corpo não concorda.- ela respondeu, encostando sua testa na dele.
- Teremos muito tempo para isso daqui a alguns dias. Agora, por que não descansa.? Eu não vou trabalhar hoje, e nem mais um dia dessa semana. Como tenho muitas horas acumuladas, o Dr. Phillips me deu o resto da semana de folga para ficar com você.
- Que notícia maravilhosa, amor. Eu vou adorar ter a sua companhia.- ela comentou com seus olhos brilhando.
- Porém, você sabe que isso é provisório, não é? Precisamos contratar uma enfermeira para te ajudar nos dias em que eu não puder estar aqui com você.
- Não gosto muito da ideia.- Anne respondeu com cara amuada que Gilbert fez questão de abraçá-la e dizer:
- Eu sei que não se sente muito confortável com tudo isso, mas, tente se lembrar que será por pouco tempo. Logo você estará caminhando com as próprias pernas.- Anne queria acreditar nisso com todas as forças, porém tinha medo de se iludir com tal pensamento, pois como Gilbert lhe dissera a alguns dias, era o seu corpo que ditava as regras. E teria que esperar a boa vontade dele para que recuperasse a parte de sua vida que lhe for roubada. Assim, ela apenas acenara com a cabeça sem saber que dali em diante sua própria perspectiva acerca de tudo aquilo seria testada.
Ela acabou adormecendo no sofá , somente acordando horas depois com o choro alto de um dos bebês que parecia estar faminto pelo desespero que ela podia sentir no som de seus soluços. Ainda atordoada pelo sono do qual fora arrancada inesperadamente, ela tentou se por de pé, falhando miseravelmente e escorregando para o chão no mesmo instante. Uma tristeza desesperadora tomou conta de Anne ao pensar que sequer podia correr para acudir seus filhos em um momento que deveria ser corriqueiro e banal, e acabara se tornando um drama dolorosamente real.
Assim, enquanto sua dignidade se encontrava esparramada pelo chão, ela ouviu Gilbert no quarto dos bebês falando com eles de um jeito suave que logo os acalmou, e então o som de passos caminhando pelo corredor, e indo em direção aonde ela estava se ouviu, e Gilbert acabou encontrando-a sentada no chão e com o rosto banhado de lágrimas.
- Anne, você está bem?- ele perguntou preocupado, assim que a colocou de volta ao sofá. A ruivinha balançou a cabeça em negativa e depois o encarou ao completar:
- Não sei se consigo, Gil. Tudo isso é pesado demais para mim.
- É claro que consegue. Eu estou aqui, e como prometi, eu vou te ajudar, meu amor. É apenas uma questão de tempo. Não se desespere assim.
- Como não vou me desesperar se sequer posso ir até meus filhos com minhas próprias pernas quando eles precisam de mim? Sabe o quanto isso é humilhante para mim?- ela falou de um jeito tão dolorido, que Gilbert respondeu;
- Eu posso imaginar como se sente.
- Não, não pode.- ela quase gritou, cheia de frustração.- Você sabe o quanto eu sonhei em poder carregar esses dois tesouros em meus braços? Como eu quis passear com eles por aí e mostrar ao mundo a perfeição divina que o nosso amor gerou em meu ventre? Agora eu sequer consigo sair desse sofá sem sua ajuda, e como será os dias em que não estiver aqui?- aquelas eram perguntas que Gilbert sabia que ela fatalmente lhe faria nos dias que se seguiriam, mas, mesmo assim, não ter as respostas que ela desejava o deixava mais desesperado do que ela.
- Eu te disse que vou contratar alguém para te ajudar. Você não estará sozinha.- ele disse enxugando lhe o rosto com um lenço de algodão que ele tinha no bolso, enquanto tentava acalmá-la como podia.
- Eu não quero que alguém me ajude, o que eu desejo é fazer tudo isso por mim mesma como antes.
- Anne...- ele começou, mas, ela continuou falando sem permitir que ele terminasse sua frase com palavras de consolo como desejava.
- Por que, Gil? Por que isso tinha que acontecer comigo?- ele quis responder, mas, as própria culpa não permitiu. Assim, ele apenas a abraçou e deixou que ela chorasse tudo o que precisava chorar, e então, quando ela apenas encostou sua face na dele parecendo exausta e sem emitir nenhum som, ele perguntou:
- O que deseja, amor? Diga-me e juro que o farei.
- Acho que gostaria de tomar um banho.- ela disse com a voz cansada.- Você me ajuda?- ela perguntou parecendo tão triste que Gilbert respondeu:
- É claro. Só espere aqui um instante.
Assim, ele a deitou com cuidado no sofá, foi até o banheiro, encheu a banheira de água e sais de banho, e depois voltou para sala, onde pegou Anne no colo, e a levou até o banheiro. Com todo o carinho do mundo, ele a despiu, a colocou no meio de toda aquela espuma, e depois se juntou a ela, usando seu corpo para que ela apoiasse o dela. Cuidadosamente, ele pegou uma esponja, e passou bem devagar por todas as áreas do corpo dela, inclusive no vale entre os seus seios, massageando toda a região devagar, fazendo-a suspirar, repetindo esses movimentos várias e várias vezes até sentir que Anne relaxava contra o corpo dele. Em seguida, ele a fez se virar para ele, e a beijou profundamente, desejando que ela pudesse sentir todo o seu amor e devoção naquele instante no qual ela se sentia a ponto de sucumbir à sua infelicidade, e quando ela retribuiu na mesma sintonia, ele soube que Anne entendera o significado do seu gesto.
- Eu te amo, querida, e quero tanto vê-la voltar a ser feliz. Por favor, diz que vai tentar por mim, pelos bebês e por nós.- Anne tocou-lhe o rosto devagarinho, como se quisesse tatuar em seus dedos todos os traços dele e respondeu com seus olhos cheios de amor por ele.
- Eu prometo.- e então, Gilbert a beijou mais uma vez, e no instante seguinte ele enxugou o corpo dela com cuidado, a ajudou a vestir sua camisola preferida, e a levou para o quarto onde pretendia fazê-la descansar, mas um novo chorinho de criança o fez se lembrar que era hora de Anne alimentar os bebês, e por esta razão, ele a deixou por alguns minutos sozinha, foi ao quarto logo ao lado do deles, e trouxe em seus braços John e Sarah para serem amamentados pela mãe.
Anne os tomou em seus braços, e enquanto eles sugavam seus seios com toda a força, ela começou a cantarolar uma canção de ninar que aprendera ainda quando estava no orfanato, e uma calma surpreendente tomou conta dela, fazendo-a sorrir de leve. Observando a cena adorável a sua frente, Gilbert sentiu pela primeira vez , depois de tudo que acontecera nos dias anteriores, um calor suave a aquecer lhe o coração, e soube que apesar dos obstáculos que ainda teriam que ser superados ao longo do caminho, tudo ficaria bem.
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