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capítulo 99- Minha Anne com E

Olá, pessoal. Este capítulo não ficou exatamente como eu queria. Tentei passar todas as emoções dos personagens fielmente como imaginei, e espero que vocês possam me dizer por meio de sues comentários o que acharam , pois suas opiniões  são fundamentais para a minha inspiração e desenvolvimento da história. Para quem achava que escreveria apenas uns vinte capítulos dessa fanfic quando comecei, os quase cem que escrevi desde então me mostram que não tenho me saído tão mal assim, e isso eu devo a todos vocês que vem me acompanhando a mais de um ano e que sempre me incentivam com suas palavras adoráveis e inspiradoras. Vocês ainda terão vários capítulos, pois ainda tenho muita inspiração para me dedicar a esta história que amo de coração, e apenas espero que vocês tenham a paciência de continuar acompanhando e que não estejam cansados da história. Quero agradecer também a tantos favoritos, e aos novos leitores que sempre estão por aqui todas as semanas. Obrigada por tudo, desculpem-me pelos erros ortográficos, eu amo todos vocês. Beijos, Rosana.

ANNE

Ainda estava escuro quando Anne olhou pela janela, porém, o céu já começava a se abrir prometendo um dia ensolarado. O inverno estava quase no fim, e a primavera chegaria com todo o esplendor que Anne amava, e que a animava a passar mais tempo fora de casa.

Gilbert ainda dormia, e ela o observou por alguns minutos. Ele respirava calmamente, completamente mergulhado em um sono reparador que ele necessitava tanto. Seu corpo estava parcialmente coberto e seu peito musculoso estava a mostra deixando exposto aos olhos de Anne a fileira escura de pelos que se ondulavam em seus dedos cada vez que ela o tocava.

O rosto de Gilbert estava escondido pelo travesseiro, mas ainda assim, Anne conseguia ver seus lábios cheios, e os cílios escuros e curtos que tremiam de vez em quando, dando-lhe a impressão que ele acordaria, mas então, eles voltavam a ficar imóveis, e assim ela continuou absorvendo todos os detalhes da aparência dele que tinha gravado em sua mente, mas, que não conseguia deixar de admirar às seis da manhã.

Ela acariciou devagarinho os cachos de Gilbert, depois desceu a mão pelo peito dele só para sentir-lhe a temperatura, e enquanto fazia isso, Anne não conseguia deixar de pensar no quanto ela o amava. Era tão lindo sentir aquela emoção gigantesca, que já não cabia mais em seu coração, então, migrara para outras partes de seu corpo, também era dolorido não poder escapar de sua força que poderia esmagá-la facilmente, e sua dependência daquele sentimento a assustava, porque ela sabia que se por algum acaso ela e Gilbert não estivessem mais juntos, aquele amor acabaria por sugá-la inteira.

A realidade de tudo era que amar Gilbert era tão fácil que nunca lhe restara muita opção a não ser se entregar ao que sentia, assim como Anne sabia que se afastar dele seria impossível, porque naqueles olhos que lhe diziam tudo em momentos tão especiais estava o único caminho para sua felicidade.

Anne continuou explorando com seus dedos aquele território tão conhecido por ela, porque não havia nada de Gilbert que ela não tivesse guardado em sua memória, cada palavra dita, cada paixão declarada, cada toque das mãos. Ela se recordava de tudo como se um filme de uma vida inteira passasse por sua mente, e olhando para trás, ela podia claramente ver quantas coisas tinham vivido até ali, eles cresceram juntos, amadureceram juntos, e continuavam juntos, porque era forte demais o que tinham, era puro, e tão cheio de verdade que Anne imaginava que poderia viver mil vidas ao lado de Gilbert e ela ainda o amaria exatamente daquela maneira.

O rapaz se mexeu um pouco em seu sono, mas, não despertou, porém seu subconsciente parecia estar alerta em cada movimento de Anne, assim como ela nos dele, assim segurou-lhe a mão que passeava devagar pelo seu peito bem junto ao seu coração, e ela sentiu a batidas contra seus dedos, como se ouvisse Gilbert falando com ela através daquela pulsação forte e melodiosa. Uma vontade imensa de beijá-lo tomou conta dela, mas não o fez, porque ele acabaria acordando, e Anne queria que ele dormisse todas as horas necessárias e possíveis. Ela não deixara de notar a palidez do rosto de Gilbert que naqueles dois dias se tornara mais evidente. Ela tinha quase certeza que ele estava tendo suas dores de cabeça costumeiras, embora não tivesse lhe dito nada.

Gilbert ainda tinha a tendência de poupá-la de qualquer coisa que ele achava que a faria sofrer. Ela amava esse lado protetor dele que sempre cuidava dela de todas as formas, mas, isso não queria dizer que tinha que esconder coisas dela, principalmente no que se referia ao bem-estar dele, pois se compartilhavam tudo ela tinha o direito de saber em detalhes tudo o que se passava com Gilbert, sendo algo bom ou não.

Anne ficou mais alguns minutos olhando para seu noivo tão vulnerável em seu sono e tão lindo, e imaginou que poderia passar o resto da vida olhando para ele daquela maneira que sempre se apaixonaria do mesmo jeito e até mais, porque já se sentia mais louca por ele do que dez minutos atrás. Tudo em Gilbert era viciante, cada beijo, cada carícia, e o abraço dele era a melhor coisa que poderia existir, porque quando aqueles braços musculosos a envolviam por inteiro, ela sentia que nada poderia magoá-la ou ferir seu coração.

Os acontecimentos do dia anterior foram intensos, e ela ainda sentia os efeitos da ansiedade pela espera do bebê de Diana atingindo os músculos do seu corpo. Não fora fácil, mas, ela conseguira levar o seu apoio a amiga até no final. Não poderia dizer que não fora estressante ou que não sentira os fantasmas do seu passado não tão distantes ainda brincarem com sua sanidade mental, porém, ela prometera a Gilbert que ficaria bem, e que não deixaria que a dor do seu trauma fosse maior que a felicidade por Diana estar dando à luz ao seu primeiro bebê. E como sempre seu noivo fora maravilhoso em todos os sentidos. Ele entendera o seu sofrimento silencioso e não lhe cobrara nada, apenas lhe dera o apoio que sempre tivera dele em todas as situações, e ainda lhe proporcionara uma noite de amor incrível.

Compartilhar a intimidade de sua cama com Gilbert era sempre um momento de celebração, mas, na noite anterior ele se superara em romantismo, carinho e amor. Ele a tocara como se ela fosse uma flor rara, sem deixar que seus lábios se desgrudassem dos dela, e nos poucos momentos em que o fizera fora para dizer-lhe o quanto a amava, e ser amada por Gilbert era se entregar ao um prazer imenso de descobrir de quantas maneiras diferentes ele poderia fazê-la se sentir uma mulher especial, única e perfeita. E Anne desejava muito fazer o mesmo por ele. Ela queria que Gilbert se sentisse tão amado como ele a fizera se sentir e esperava ansiosamente por uma oportunidade de dar a seu noivo um momento perfeito no qual ele seria apenas seu por uma noite inteira.

Anne se levantou da cama, tomou um banho quente e se vestiu. Ela pretendia visitar Matthew e Marilla, passar no hospital para ver Diana e o bebê, depois voltaria com Gilbert para Nova Iorque dando a sua missão encerrada por ali. Quando ela deu uma última espiada em Gilbert e percebeu que ele continuava a dormir, ela decidiu que faria suas visitas sozinha, pois não queria acordá-lo de um sono tão necessariamente bom para apenas acompanhá-la naquele passeio que não duraria muito tempo. Anne queria apenas dar uma olhada em Matthew e ver como as coisas em Green Gables estavam, descobrir se Marilla estava precisando de alguma coisa, dar um último beijo em Diana e em seu bebê e retornar a fazenda para almoçar com Gilbert que com certeza já estaria desperto e poderiam ir para casa seguindo assim com suas vidas.

Ela se aproximou da cama, deu um último beijo na testa de Gilbert antes de descer as escadas e ir até a cozinha tomar café. Mary também já estava desperta e a olhou surpresa ao vê-la de pé tão cedo.

- Bom dia, minha, querida? Por que já e levantou? Não teve uma noite boa de sono? - ela perguntou com a testa franzida.

- Minha noite de sono foi maravilhosa. Não tenho do que reclamar. - Anne disse com um sorriso.

- Bem, tendo Gilbert como companhia, eu realmente acredito que sua noite foi esplêndida. - Mary disse com uma risadinha que fez Anne corar.

- Você me deixa sem graça, Mary. - Anne disse tomando um gole de leite para disfarçar seu embaraço.

- Por que, Anne? Somos duas mulheres adultas, e podemos conversar livremente sobre o que quisermos. - Mary disse acompanhando Anne no café da manhã.

- Eu às vezes ainda me sinto constrangida falando sobre determinados assuntos. Eu sei que não devia, depois de todos esse tempo de intimidade com Gilbert, mas é que sempre foi difícil para mim falar de como me sinto em relação a meu relacionamento com ele.

- Eu sei querida que não é fácil, mas, não deve se envergonhar do que sente. Vocês têm algo tão lindo juntos. - Mary disse tocando a mão de Anne por cima da mesa.

- Ele é o meu mundo, Mary, e me faz tão feliz como nunca pensei que seria. Eu o amo mais do que já amei qualquer coisa e isso às vezes me dá tanto medo. - Anne confessou em voz baixa.

- Por que tem medo, Anne? - Mary perguntou entregando para Anne um pedaço de pão caseiro.

- Eu tenho medo de perdê-lo, Mary, e eu não suportaria passar de novo por tudo o que passei com a amnésia dele.

- Querida, como pode perder alguém que te ama tanto? Se não percebeu, Gilbert é completamente louco por você. - Mary disse intrigada pelo que Anne acabara de dizer.

- Existem maneiras diferentes de se perder alguém, Mary, e não estou apenas falando de perder o amor de alguém, e sim de perder alguém para vida. - Anne disse com aquele aperto no coração que a vinha acompanhando desde que pisara em Avonlea de novo. Não era nada concreto, apenas uma sensação, mas desagradável o suficiente para fazê-la sentir um vento gelado em seu ossos mesmo que já não estivessem mais em um inverno rigoroso.

- Anne, por que está dizendo isso? Você e Gilbert são tão jovens, e têm uma vida inteira para viverem juntos. - Mary disse olhando para ela com seus lindo olhos negros amorosos.

- Eu não sei, acho que estar aqui depois de tanto tempo tem me trazido certas lembranças que me deixaram sensível,

- Está falando do bebê? - Mary perguntou com cuidado.

- Não somente sobre o bebê. - Anne disse engolindo em seco e não encarando Mary nos olhos.

- Anne, eu imagino o quanto tudo o que aconteceu no ano passado foi pesado para você. Eu mesma não consigo sequer pensar no quanto você conseguiu ser forte e suportou toda aquela carga emocional sozinha, mas, você não pode deixar de viver o hoje por causa disso, e também não pode se apegar ao dia de amanhã porque a vida é incerta Anne, porém, quando duas pessoas se amam como você e Gilbert se amam, o universo sempre conspira para o melhor. - Mary disse sorrindo fazendo com que Anne sorrisse também. Ela gostava muito de pensar que tudo era como Mary descrevera. O amor verdadeiro era algo difícil de se encontrar, e ela agradecia demais por ter encontrado o seu tão cedo. E apesar de ela às vezes tropeçar nos obstáculos que vez ou outra se interpunham entre ela e Gilbert, eles sempre davam um jeito de ficarem juntos.

- Desculpe-me, Mary. Creio que estou sendo uma tola. Eu deveria estar feliz por ter vindo para casa depois de tanto tempo, e não me lamentando por coisas que já passaram.

- Você não é uma tola, querida. Eu entendo que as lembranças são pesadas, e ainda serão por um bom tempo, mas, procure se divertir e relaxar um pouco enquanto estiver aqui. Afinal, Avonlea é o seu lar e de Gilbert.

- Tem razão. Eu vou fazer isso agora mesmo. - Anne disse se levantando.

- Vai sair? - Mary perguntou.

- Vou até Green Gables ver Matthew e Marilla, e depois pretendo visitar Diana no hospital. Devo estar de volta até na hora do almoço.

- Não vai esperar Gilbert acordar para que ele vá om você?

- Não. Ele está dormindo tão bem que não quis acordá-lo. Gilbert tem tido problemas com suas enxaquecas, e essa é uma das poucas vezes que o vi realmente descansar nessa semana. Deixe-o dormir o quanto quiser, e se eu não tiver voltado quando ele acordar, diga a ele que estarei aqui logo.

- Está bem, então. Te esperamos para o almoço. Mary disse se levantando da mesa e amarrando seu avental.

- Até logo. - Anne deu-lhe u m beijo no rosto e saiu de casa, caminhando até Green Gables.

Ela fez o caminho pela floresta, pois queria ver como andava seu antigo clube de leitura onde nunca mais pisara desde que fora para Nova Iorque, e ficou encantada em ver que ele continuava exatamente igual quando Gilbert o reformara. Seus livros antigos continuavam todos no mesmo lugar, seus papéis de carta, as almofadas coloridas e muitas lembranças de Gilbert por todos os lados. Os momentos de amor que tiveram ali tantas vezes, seu jeito de segurar a mão dela quando liam um livro juntos, ou a maneira com que ele deitava a cabeça no colo dela quando apenas namoravam depois de terem estudado para uma prova, e todos os beijos que trocaram deitados juntos naquelas almofadas. De repente, Anne se deu conta de que mesmo que quisesse esquecer Gilbert um dia, ela nunca conseguiria, pois havia partes dela espalhadas por todos os lugares que ela conhecia. Ele sempre seria uma presença constante em sua vida, e era por isso que nunca deixaria de amá-lo.

Momentos depois, ela continuou seu caminho para Green Gables, onde chegou menos de quinze minutos, mas, para sua decepção, Matthew e Marilla tinham ido para Charlotte Town em uma feira de animais onde seu querido amigo queria comprar alguns gados para a fazenda e somente voltariam no próximo domingo. Assim, Anne escreveu um bilhete e deixou com um dos empregados da fazenda, e foi em direção à casa dos Barry onde por sorte, ela encontrou Jerry que a levou até o hospital para visitar Diana.

A amiga estava descansando no quarto com o bebê nos braços a quem tinha acabado de amamentar, e ficou imensamente feliz em ver Anne que a abraçou com carinho:

- Querida, que bom que veio. Desculpe-me por ontem não ter te dado a atenção que merecia.

- Não precisa se desculpar. Eu entendo que estava em um momento especial com Jerry. Eu não fiquei chateada. – Anne disse om sinceridade.

- Ele não é lindo, Anne? Eu não me canso de olhar para esse pedacinho de gente que eu e Jerry conseguimos gerar. - ela disse acariciando a pele do rosto do bebê com carinho.

- Ele é lindo, Diana. É um anjinho vindo diretamente do céu. - Anne respondeu olhando fascinada para o bebê.

- Você não quer pegá-lo? - Diana perguntou fazendo o coração de Anne gelar.

- Eu não sei se devo. - ela respondeu sem jeito.

- É claro que deve, pois você será a madrinha dele. Isto é se quiser.

- É claro que quero. - Anne disse pegando o bebê com cuidado em seus braços. Era uma experiência linda ter aquele bebezinho nos braços. Anne sentiu sua garganta se apertar, mas, escondeu de Diana sua emoção. A amiga não tinha que saber o quanto Anne a invejava pela sua dádiva de ser mãe. Porém, assim como Gilbert, Diana parecia pressentir o que se passava com ela, sem que Anne tivesse que dizer nada.

- Anne, está tudo bem com você?

- Está, eu só...- ela não conseguia dizer enquanto seus olhos não largavam o pequeno milagre em seus braços.

- Ah, Anne, minha amiga, me desculpe. Eu sou mesmo uma insensível.

- Não precisa se desculpar. A culpa não é sua. - Anne disse devolvendo o bebê para o colo da mãe. Diana pegou em sua mão e segurando-a forte lhe disse:

-Você um dia vaio ter o seu bebê. Eu tenho certeza disso.

-- É o que espero também. - Anne disse com um sorriso triste.

- Eu sinto muito que uma ocasião que deveria ser tão feliz lhe traga lembranças tristes.

- Diana, Eu realmente estou feliz por você e Jerry. Ser mãe é uma dádiva maravilhosa. Você não deve se sentir assim por minha causa. - Anne disse acariciando o rosto da amiga que parecia a ponto de chorar.

- Me parece tão injusto que você tenha que sofrer tanto por isso. - Diana disse olhando para Anne com certa compaixão.

- A vida é muito pouca justa minha amiga. Mas, eu aprendi que preciso viver um dia de cada vez, e aceitar o que me é oferecido sem questionar demais. - Anne disse tentando fazer Diana se sentir melhor. A amiga acabara de ter um filho, não era bom para ela pensar que isso causaria em Anne qualquer ressentimento, por que realmente não causava, ela somente se sentia triste por conta das lembranças que ainda eram muitas, mas não deixaria que isso tirasse o brilho do que a maternidade significava para a amiga.

Desta forma, elas passaram um bom tempo falando sobre o bebê, o medo de Diana de achar que não seria uma boa mãe, ao mesmo em que se sentia realizada por ter dado ao marido um filho lindo e saudável. E quando Anne deixou o hospital, ela ainda tinha seu coração magoado, mas menos pesado que o dia anterior, por isso, ao invés de voltar para casa como era seu plano inicial, ela resolver ir até a praia recarregar suas energias, recuperando sua paz de espírito e seu otimismo interior.

Quando Anne pisou na areia branquinha, logo percebeu seu humor mudar. Ela sentiu a brisa em seus cabelos lhe dando boas-vindas, e sorriu. Ali sempre fora seu lugar preferido, embora tivesse ao longo dos anos encontrado outros ambientes para se esconder quando sentira a realidade pesada demais sobre os seus ombros, aquela praia era seu porto seguro.

Ela e Gilbert viveram tantas coisas ali desde que se reencontraram pela primeira vez, e retornar depois de um certo tempo vivendo em um cenário totalmente diferente, fazia Anne sentir como se cada momento do passado fosse atirado pelas ondas aos seus pés na areia. Ela se sentou por um instante, pensando em quantas Anne diferentes tinham mergulhado naquele mar e sentiu os olhos úmidos ao se lembrar de cada uma delas.

Ela pensou na garota tímida que em uma festa de luau entregara seu amor de vez ao seu príncipe galante, nos momentos divertidos com os amigos, na dor da partida de Gilbert para a faculdade, na sua volta desavisada quando ele a encontrara exatamente ali, na fase mais dolorosa de contar para ele sobre seu bebê perdido, e na esperança renascida quando ele lhe dissera que a levaria para Nova Iorque. Momentos intensos de uma vida ainda jovem que tinha tanto a explorar, e uma alma que fora magoada além da conta, mas que sempre encontrara um alento naquelas águas tão límpidas que beijavam seus pés agora como se a confortassem enquanto lágrimas de saudade e dor escapavam por seus olhos.

- Se escondendo de mim, Sra. Blythe? - aquela voz amada que sempre estivera em sua mente, e que era parte de seu presente e todo o seu futuro chegou até ela, e quando Anne olhou para trás e viu Gilbert tão sorridente quanto no dia sem que o conhecera, seu coração gritou o nome dele por pura felicidade.

- Vem cá. - ele disse abrindo-lhe os braços, e não perdendo tempo, Anne se levantou e se atirou neles sabendo que ali era o seu lugar para sempre.

GILBERT

As mãos de Gilbert se estenderam involuntariamente para o seu lado direito procurando por Anne, enquanto seus olhos ainda se mantinham fechados, e quando seus dedos apenas tocaram o travesseiro vazio, ele os abriu confuso.

Anne parecia já ter se levantado e não havia nenhum sinal dela no quarto. Ele se sentou na cama, passando as mãos pelos cabelos em um ato tão comum seu, e franziu o cenho preocupado.

Ele e Anne tinham ido dormir depois de passarem mais uma noite maravilhosa nos braços um do outro, mas mesmo depois de tê-la completamente relaxada e suave ao seu lado enquanto trocavam beijos apaixonados, ele notara seu semblante triste, e esperara que naquela manhã quando acordassem juntos, ele pudesse dar toda a sua atenção à ela, porém, se ela já se levantara era porque ainda não estava tão bem emocionalmente.

Ela não tinha o sono pesado, mas costumava dormir tranquilamente quando estavam juntos na mesma cama. Ela sempre dizia que Gilbert era seu único incentivo para mantê-la mais tempo deitada pela manhã, porque ele era mais macio e quente que sua manta de lá. Gilbert a acabara rindo desse seu comentário, mas adorava saber que Anne apreciava dormir e acordar com ele, porque para ele aquela também era uma experiência deliciosa despertar com o corpo todo dela encostado no seu, e às vezes até dividiam o mesmo travesseiro.

O rapaz amava toda essa intimidade, as pequenas coisas das quais sentira falta naquele período em que se separaram, o olhar que ela lhe lançava assim que abria os olhos e sentia seus corpos enroscados. Nunca ninguém olhara para ele daquela forma. Era ver o amor ser expressado por aquela íris azul que fazia cada parte dele compreender que aquela mulher lhe pertencia, era toda sua e de mais ninguém. A maneira como Anne dizia seu nome quando estavam no auge de seu ato de amor, era tão sexy, que por Deus, seu corpo todo doía por ter tudo dela até que não conseguisse mais respirar.

Gilbert não sabia o que era tudo isso antes de partilhar com Anne momentos tão intensos assim. Talvez porque quando se amava alguém tão profundamente, as sensações fossem especiais demais para serem comparadas a qualquer outra que ele já tivera antes de se envolverem daquela maneira.

Ele sentia que seus corpos eram como templos sagrados que quando se uniam não era um ato apenas sexual, eles recebiam um do outro emoções e sentimentos como um presente para se amarem cada vez mais. E era por aquele sentimento divino que ele lutava todos os dias para se manter à altura da mulher que tão generosamente lhe entregara seu coração sem sequer duvidar do que poderia ser seu futuro juntos. Ela mergulhara com ele naquela aventura tão maravilhosa, e que mesmo em certos momentos em que parecia que tateavam no escuro e caminhavam a passos incertos nunca pensavam em recuar, porque era certo estarem juntos, e se apaixonarem a cada dia um pouco mais. Anne era como um livro aberto para ele agora, e não havia mais nada dela que ele não conhecesse, embora ela ainda o surpreendesse com certas atitudes, porém o seu coração, ele já mapeara todo e não havia um só pedacinho que já não tivesse visitado.

Uma única mulher, e tão incomparável com nenhuma outra, Anne Shirley Cuthbert era um ser divino na terra, uma garota incrível, tão incontestavelmente linda, forte mesmo quando sua vulnerabilidade a fazia duvidar de sua capacidade de seguir em frente quando sua dor era grande demais. Ela cometia seus erros, já o magoara mais de uma vez, mas ainda assim, ela nunca deixara de ser perfeita para ele, com seu espírito sem nenhuma mácula, ela era todas as maravilhas juntas do mundo, ela era sua Anne com E.

Jogando as cobertas de lado, Gilbert por fim se levantou. O dia não parecia tão gelado, e a temperatura agradável levantava os ânimos de pessoas que por meses ficaram enclausuradas em suas casas por conta de tanta nevasca, e temperaturas absurdamente baixas. Em Nova Iorque, havia tanta coisa para se fazer mesmo que o tempo não estivesse tão favorável assim, contudo, em Avonlea, além das festas da colheita e comemorações familiares não havia muito o que se fazer no inverno, a não ser as pessoas se amontoarem nas igrejas nos cultos de domingo, ou se abrigarem dentro das próprias casas ficando em volta da lareira para afugentarem a friagem excessiva.

Animado com o bom tempo, Gilbert tomou uma ducha rápida, se vestiu e foi para a cozinha em busca de Anne. Ele tinha quase certeza de que a encontraria sentada na mesa de madeira conversando com Mary, com uma enorme xícara do seu chá favorito, mas, tudo o que viu foi Mary lavando a louça do café e Shirley que correu para ele assim que o viu entrar.

- Olá, princesa. Está cada vez mais linda. - ele disse para a garotinha que tocava seu rosto encantada pelo irmão mais velho de coração,

- Oi, Gil. - ela disse com sua vozinha infantil de quem ainda não conseguia pronunciar todas as letras do nome dele corretamente, mas, era tão adorável que Gilbert teve vontade de lhe morder as bochechas.

- Como está minha bonequinha? - ele perguntou fazendo cosquinha no pescoço da menina com o nariz, enquanto ela gargalhava sem parar.

- Está mais arteira do que nunca. - Mary disse sorrindo.

- Ela está crescendo tão rápido. Daqui a pouco será tão alta quanto Sebastian. - Gilbert afirmou acariciando os cachinhos de Shirley que colocara seus bracinhos em volta do pescoço dele.

-- Ela te adora. Você será um excelente pai, Gilbert, assim como já é um excelente quase marido.

- Você acha, Mary? Não tenho muita experiência com crianças, e Shirley é a única com quem convivi mais tempo. - ele disse entregando a garotinha para a mãe.

-Não tenho dúvida nenhuma a respeito disso. Cada vez que te vejo com Shirley, eu tenho mais certeza do que digo.

- Eu também espero que Anne pense assim. Às vezes tenho medo de falhar nessa parte e decepcioná-la. - de repente, ele olhou em volta e perguntou:- Por falar nisso, você sabe onde ela está, Mary? Eu acordei e ela não estava mais comigo na cama.

- Ela levantou bem cedo e conversamos um pouco, depois ela disse que iria para Green Gables visitar Matthew e Marilla, e passaria no hospital para ver Diana e o bebê. - Mary ouviu Gilbert praguejar baixinho, e perguntou assustada;

- Gilbert, o que foi?

- Por que ela não me esperou? Por que tinha que voltar naquele hospital sozinha? - ele estava nervoso e preocupado, enquanto pensava no que devia fazer.

- Quando Anne me disse que ia sair, eu lhe perguntei se não ia esperar por você, mas, ela me disse que você não tem dormido direito por conta de suas enxaquecas, então, ela não quis te acordar, uma vez que estaria de volta para almoçar com você.

- Ela não devia sair sozinha, e principalmente visitar Diana. - Gilbert disse inconformado.

- Anne me pareceu muito bem, Gilbert. Acho que você devia dar mais crédito à capacidade dela de controlar certos sentimentos- Mary disse com um leve ar de censura.

- Você diz isso porque não a conhece como eu, Mary. Eu sei que ela está melhor do que quando foi para Nova Iorque, e Anne é mais forte do que realmente parece. Mas, quando o assunto se trata de filhos, ela se perde, e se quebra de tal jeito que me preocupa. Eu já a vi chorar no escuro feito uma criança cheia de dor. Ela tem febres emocionais, e chega a um nível de tristeza que me faz temer pela sua saúde emocional. Ontem quando fomos ver Diana, ela tentou esconder sua tensão, agarrou em minha mão como se estivesse a ponto de cair no mar e se afogar, depois ficou trancada nesse quarto sem se alimentar, e quando vim ver como ela estava, Anne me pediu para ajudá-la a esquecer a dor. Você não sabe como é um inferno pessoal para mim não poder ajuda-la como ela precisa. Eu posso amá-la, cuidar dela, abraçá-la enquanto ela chora, mas, eu não posso curar essa ferida que nunca se cicatriza de verdade. – Gilbert se sentou na mesa se sentindo completamente frustrado, depois lançou para Mary um olhar atormentado e perguntou:- O que posso fazer para curar o meu amor, Mary? Como posso fazer Anne voltar a sorrir sem essa sombra que não a abandona? Eu daria qualquer coisa para que ela fosse completamente feliz.

- Meu querido, ela é feliz. Ela mesma me confessou hoje de manhã que você a faz feliz. O que pode continuar a fazer é amá-la como tem feito até aqui, pois certas coisas não podemos mudar. Dê a ela seu apoio, a faça sentir que não está sozinha, e o resto virá com o tempo. - Mary aconselhou segurando as mãos de Gilbert entre as suas.

- Mary, eu a amo tanto, e nunca em minha vida pensei que um dia amaria alguém tão completamente. É lógico que sonho em ter um filho com ela, mas, se não pudermos ter um filho biológico, eu não vou culpa-la, e nem vou me sentir frustrado. Tudo que me importa é ela, e somente ela, o resto deixa de existir para mim. Eu preciso de Anne, Mary, mais do que talvez ela precisa de mim. Eu sou totalmente dependente do que sinto por ela, e me dói pensar que ela está sofrendo sem mim. Por isso, eu não queria que ela fosse ver a Diana sozinha, embora eu saiba que elas são quase irmãs, não acho que fará bem a Anne ver Diana com o bebê. É algo brutal, porque traz lembranças ainda recentes, e eu não quero vê-la se afundar na sua tristeza outra vez sem conseguir tirá-la de lá. - cada palavra que ele dizia estava em seus olhos, e emocionou Mary ver tanta paixão em alguém tão jovem.

- Gilbert, como é lindo ver esse amor que você sente por Anne. Que sorte a sua ela te amar do mesmo jeito.

- Eu realmente me sinto sortudo por ela me amar. Anne é uma joia rara. - ele disse sorrindo de leve.

-Uma joia rara que foi feita para ser lapidada por você. - Mary completou.

- Será que ela está bem, Mary? - Gilbert disse preocupado.

- Se está preocupado, por que não vai atrás dela? – Mary sugeriu

- Eu vou. Não consigo ficar aqui pensando em como ela está se sentindo nesse momento. - o rapaz disse tomando um café rápido e se levantando logo em seguida.

- Isso, mesmo. Vai atrás do seu amor e a traga com você para casa. - Mary disse dando--lhe um tapinha no ombro com afeto.

Gilbert pegou as chaves do seu carro e foi até Green Gables, mas percebeu desalentado que não havia ninguém ali a não ser os empregados que lhe contaram que Anne estivera na fazenda mais cedo, mas tinha ido embora quando soubera que os Cuthberts estavam viajando. Então, ele foi até o hospital, contudo, tampouco encontrou Anne por lá. Diana estava dormindo, e Jerry que o recebeu com um abraço, lhe dissera que Anne ficara com Diana por um tempo, depois disse que iria para casa. Ele se oferecera para levá-la, mas, ela negara dizendo que iria pegar um carro de aluguel já que taxis nãos eram tão comuns por ali como eram em Nova Iorque.

Assim, Gilbert começou a fazer o caminho de volta, imaginando onde ela poderia estar. Quando Anne estava em suas crises, ela se perdia em seus pensamentos obsessivos, e era exatamente isso que deixava Gilbert apreensivo. Ele não pensava mais que ela poderia se machucar externamente, mas internamente era outra história. De repente, um estalo lhe veio, e Gilbert soube exatamente onde ela estava;

A praia não ficava muito longe dali, assim, dez minutos foram gastos na estrada até que ele estacionasse em um ponto qualquer, e fosse o resto do caminho a pé, e ao pisar na primeira faixa de areia, Anne foi a primeira coisa que ele avistou naquele cenário encantador. Ela estava sentada na areia, com seus cabelos esvoaçantes pela brisa que se destacavam lindamente ao seu redor, o que fez Gilbert parar um instante e observá-la de longe. No minutos seguinte, ele se aproximou devagar e para chamar-lhe a atenção ele disse:

- Está se escondendo de mim, Sra. Blythe? - ele a viu se virar com seu lindo sorriso quase como se não estivesse surpresa por encontrá-lo justamente naquele local que significava tanto para ambos, e no momento em que ele lhe dissera:

- Vem cá. - Anne se aninhou sem eu braços cabendo perfeitamente entre eles, e com seus olhos nos dele ela perguntou:

- Como soube que eu estava aqui?

- Eu sempre sei onde você está, meu amor. Meu coração sempre me leva em direção ao seu. - Gilbert esfregou a ponta do seu nariz no dela, e depois acariciando-lhe o rosto devagar ele disse;

- Você esteve chorando. Por que meu amor? O que te deixou tão triste que te trouxe para cá?

- Nada me deixou triste. Eu estava indo para a fazenda quando me deu vontade de vir até aqui, e acabei ficando com saudades de nossos momentos juntos neste lugar, e foi impossível não chorar, me desculpe. - ela disse se aconchegando mais a Gilbert.

- Por que não esperou por mim? – Gilbert perguntou segurando o rosto dela com as duas mãos.

- Porque você precisava dormir, e não quis roubar-lhe horas preciosas de sono. Eu não pretendia ficar muito tempo fora.

- Pois eu preferia gastar essas horas preciosas de sono com você. Eu fiquei preocupado. - as mão dele se moveram pelas costas dela e pararam na base da cintura.

-Pois não devia. Eu estou bem, você opera milagres, Gilbert Blythe. - ela pegou as mãos dele e entrelaçou os dedos de ambos, provocando uma sensação gostosa em Gilbert aos sentir o calor da palma dela encostada na sua. Ele olhou para o mar calmo sem ondas naquele dia, e observou todo o cenário ao redor deles, e perguntou:

- Você tem noção que a maioria dos nossos momento importantes acontecerem aqui? - Anne balançou a cabeça assentindo e depois respondeu:

- Isso quer dizer que esse momento em que estamos aqui é também importante?

- Todos os momentos em que passamos juntos são importantes desde o dia em que te conheci. - O olhar azul profundo de Anne o deixou intrigado, o que o fez perguntar:

- O que foi?

- Como você consegue dizer sempre a coisa certa no momento certo?

- Eu faço isso? - Gilbert disse com o olhar em dúvida.

- Todo o tempo.

- Talvez você me inspire. - ele disse beijando-a no queixo.

- Eu te amo mais do que todo o universo junto. - ela disse de repente deixando Gilbert surpreso

- É mesmo? E de que tamanho é o universo? - ele disse em tom de brincadeira.

- Não faço a menor ideia, mas, tenho certeza de que não é tão grande quanto o meu amor por você. - ela roçou seus lábios devagar nos dele, e Gilbert suspirou olhando-a sério e disse:

- Eu te amo muito também, Anne, por isso não quero que me esconda nada, por mais doloroso que possa ser.- Gilbert disse acariciando os cabelos dela.

- Tudo bem. O que quer saber?

- Eu quero que me diga se ao ver o bebê de Diana te deixou tão abalada que te arrastou para cá sem mim.

- Eu não fiquei chateada. São apenas sentimentos difíceis com os quais eu tenho que lidar dentro se mim. Eu sei que prometi que não me sentiria afetada dessa vez, desculpe-me por falhar. - Anne disse baixando o olhar, mas Gilbert pegou em seu queixo e prendeu os olhos dela nos seus.

- Nunca mais peça desculpas por sentir. Eu jamais poderia te julgar sobre isso.

- Por que você é tão bom para mim? - Anne perguntou.

- Eu te amo, Anne. E quero te apoiar em tudo. Por isso, quero te perguntar uma coisa. - Anne assentiu e Gilbert disse:- Ter um filho é tão importante assim para você a ponto de te  deixar infeliz? - Anne o encarou de frente e respondeu:

- Ter um filho seu sempre será importante para mim, porém, você é mais importante que tudo

- Você também é importante para mim, e tudo o que quero é que seja feliz como antes disso tudo quase te afastar de mim.

- Eu sou feliz, meu amor. E o fato de Diana ter um bebê me deixou mais sensível sim, porque me faz pensar no quanto eu quero te dar um filho, e ver aquele mesmo sorriso do Jerry no seu rosto. - ela tocou o maxilar de Gilbert, e ele mordeu o lábio inferior antes de responder:

- Aquele sorriso eu já tenho em meu rosto por amar você, e tê-la em vida me completa de um jeito que você nunca poderá saber. Eu ia amar que me desse um filho, porque seria uma extensão de nós dois e ter essa conexão contigo seria incrível, mas, não termos um filho não muda nada do fato de como me sinto por você ser minha. - Gilbert a puxou para ele e a beijou não deixando dúvidas de como se sentia em relação ao que acabara de dizer. Era um beijo doce sem ser exigente, mas ao mesmo tempo tão poderoso que fez a cabeça de Anne rodar em questão de segundos. Quando Gilbert a soltou, Anne o abraçou pela cintura e olhou para a imensidão do mar e disse com os olhos encantados:

- Isso não é lindo?

- Sim, lindo demais. - Gilbert respondeu olhando para o seu rosto.

- Eu falava do cenário.

- E eu falava de você. - Gilbert disse sem tirar os olhos dela.

- Eu nunca vou me acostumar com o jeito que me olha. - Anne disse sorrindo.

- E como eu te olho?

- Eu não sei explicar. Me faz me sentir especial

- E você é especial, única e linda para mim. - ele disse tocando-lhe a linha dos lábios

- Acho que a gente pode ir para casa agora. - Anne sugeriu se agarrando ao braço dele.

- Vamos para cada então meu amor. - Gilbert respondeu dando-lhe um último beijo, caminhando para o carro, e durante todo percurso Anne não deixou de olhar para ele nenhuma vez.

ANNE E GILBERT

Eles almoçaram com Mary, Sebastian e a pequena Shirley que não queria sair do colo de Anne. As duas sempre se deram bem e Gilbert ficava impressionado com a habilidade de sua noiva de lidar com a menina que era um doce, mas deixava Mary de cabelo em pé com sua imperatividade. Anne nascera para ser mãe, disso ele não tinha dúvidas, pena que talvez a vida tivesse decidido o contrário, mas, ainda podiam adotar um bebê se Anne se desligasse daquela sua necessidade de gerar uma criança em seu ventre. Ele sabia que era importante para ela, e tinha noção do quanto deveria ser difícil e frustrante querer algo e não poder realizá-lo, porém, ele estava disposto a tentar se ela achasse que valia a pena, e que podia aguentar a espera que poderia ser longa e estressante, e essa era a parte que mais o preocupava naquele processo todo.

Eles terminaram o almoço e se sentaram na sala. Sebastian desafiou Gilbert para uma partida se xadrez, e Anne e Mary se envolveram em uma conversa totalmente feminina sobre receitas e vestidos, e a tarde já ia alta quando Gilbert resolveu que se deitaria um pouco e Anne se distraiu com um livro. Ela observou que Gilbert não parecia tão bem, mas, não disse nada, porque ela sabia que Gilbert não lhe diria nada por saber de sua preocupação excessiva com ele, e por toda a sua sensibilidade em relação ao bebê de Diana, mas, ela o faria ver um médico assim que voltassem para Nova Iorque. Aquelas dores de cabeça tinham que ser tratadas mais seriamente, e talvez encontrassem uma medicação que as tornasse menos frequentes. Anne não entendia muito de enxaquecas, e tudo o que sabia era que eram desencadeadas por algum motivo. No caso de Gilbert, o estresse era um deles, pois elas tendiam a piorar quando ele entrava em semanas de provas na faculdade, ou se exaltava demais como acontecera nas semanas que ficaram separados, e ela não pretendia deixar que seu amor sofresse daquele jeito se tivesse uma maneira de ajudá-lo a melhorar.

Quando desceram novamente já era hora do jantar, que comeram sozinhos, pois Sebastian e Mary tinham saído com Shirley. A esposa de Bach atenciosamente tinha deixado tudo pronto e eles somente tiveram que lavar a louça depois, e irem para a cama, pois decidiram partir no dia seguinte bem cedo para Nova Iorque, pois seria menos desgastante que viajarem de trem durante a noite.

Assim que Gilbert se deitou na cama, Anne o observou atentamente, ele parecia estar melhor, sua palidez tinha desaparecido e seu ar de cansaço também, então, ela pensou que seria oportunidade perfeita para o que tinha em mente, pois desde aquela manhã ela vinha pensando em quantas vezes Gilbert a fizera se sentir melhor em seus piores momentos, e por isso, ela queria dar a ele um motivo para se sentir bem e amado como ele fazia com ela.

Por isso, ela tomou um banho de banheira demorado, sabendo que Gilbert esperava por ela. Ele nunca dormia se não estivessem abraçados na cama, por esta razão, ela sabia que ele estaria bem desperto quando ela voltasse para o quarto.

Logo que terminou seu banho, ela se enxugou em uma toalha macia, vestiu um roupão e voltou para o quarto um tanto nervosa, pois era a primeira vez que tomaria realmente a iniciativa naquele jogo de sedução que ela e Gilbert se envolviam em todas as oportunidades quando estavam juntos. Era sempre Gilbert que a tocava ou beijava primeiro, então era-lhe mais fácil seguir o ritmo dele do que ditar-lhe o seu. "Não seja boba, Anne. É o seu amor que está ali a sua espera. Vocês já se conhecem tão bem, tome coragem e faça-o ver o quanto o ama.", sua voz interior a encorajou.

Respirando fundo, ela se aproximou de Gilbert na cama que abriu os olhos assim que sentiu o perfume dela. Ele a olhou de cima embaixo e perguntou com um olhar intrigado:

- Por que demorou tanto? Eu estava quase indo te resgatar no chuveiro. - Anne riu tentando parecer relaxada, ela se sentou na cama perto dele e respondeu:

- Desculpe. Eu resolvi tomar um banho de banheira para relaxar. - ela disse subindo a mão de leve para o peito dele, seus dedos dando voltas nos pelinhos escuros que tornavam aquele região dele tão máscula e excitante.

- E por que precisava relaxar? Acha que nossa conversa hoje na praia tivesse te ajudado a melhorar de sua ansiedade. - ele continuava sem entender aquela expressão tensa no rosto dela.

- Eu tenho muitos pensamentos em minha cabeça que me deixam em dúvidas sobre alguns assuntos. - a mão dela subiu até o ombro dele massageando-o de leve. Por que era tão difícil agir de uma vez ao invés de ficar dando voltas? Não era como se nunca tivessem feito isso, e Gilbert não a julgaria por ser mais aberta ao deixar claro o que queria fazer, ele mesmo a incentivar a tantas vezes a se soltar e deixar certas inibições para trás, mas parecia mais fácil falar do que fazer.

- E quais são esses pensamentos? - Gilbert perguntou sentindo seu corpo reagir ao toque leve de Anne em sua pele. Ela estava estranha, mas como não podia deixar de observar, ela estava também extremamente linda com a pele rosada do banho, e os cabelos presos no alto da cabeça em um coque que ela fizera antes de entrar no banheiro.

- Não sei se consigo dizer. - as mãos dela agora estavam no rosto dele, bem próximas ao lábio que ela estava louca para beijar, mas estava se segurando, porque além da inibição não queria ser apressada demais estragando uma noite que ela queria que fosse perfeita.

Gilbert segurou a mão dela, e lhe beijou o pulso suavemente, sem desviar o olhar do dela porque ele queria entender o que se passava na cabeça de sua noiva tão enigmática aquela noite, e Anne sentiu o impacto daqueles lábios em sua pele. Gilbert sabia provocar sem ser abertamente incisivo, e Anne gostaria de ter mais segurança para se entregar ao momento sem se sentir estranhamente constrangida. Então, Gilbert acariciou seu rosto e disse:

- O que foi, querida? Não tenha vergonha de me dizer o que quer. - O olhar carinhoso dele a fez se decidir, e assim, Anne levou as mãos aos cabelos e os soltou, deixando que caíssem ao seu redor como um manto. Depois, ela se levantou e abriu o roupão deixando-o cair a seus pés enquanto observava os olhos de Gilbert percorrerem sua nudez e escurecerem cheios de um desejo feroz.

Enquanto olhava para ela, Gilbert sentiu sua respiração travar. Anne nunca tinha se despido espontaneamente para ele dessa forma, e vê-la assim sem uma peça de roupa embaixo de seu roupão o deixava completamente vidrado nela sem que sequer a tivesse tocado ainda. Ela se inclinou e deitou o corpo sobre o dele coberto apenas por um moletom fino. Anne podia sentir o corpo dele reagir ao contato de suas peles quentes, e sorriu ao dizer:

- Respondendo à sua pergunta anterior sobre o que eu quero. - ela encaixou suas pernas entre as dele, levou os lábios ao ouvido de Gilbert e continuou. - Eu quero você, Gilbert Blythe, ardentemente e completamente. Quero senti-lo em todas as partes de mim, e principalmente eu quero senti-lo inteiro dentro de mim. - Gilbert respirou profundamente. Isso era a coisa mais sensualmente erótica que Anne já tinha lhe dito. Ele nunca pensara que ela seria ousada o suficiente para dizer algo assim um dia, mas ele devia saber que surpreendente como ela era, Anne Shirley superaria seus limites e o deixaria louco por ela outra vez. Sua voz soou rouca quando ele respondeu:

- Sou todo seu. Faça o que quiser. - A boca de Anne colou na de Gilbert no mesmo instante, deixando clara todas as intenções dela com ele naquele noite.

A língua dela brincou com a dele sedutoramente, arrancando de Gilbert um gemido alto que aumentou a vontade de Anne de dar-lhe cada vez mais prazer. Suas mãos desceram até o moletom de Gilbert arrancando-o rapidamente junto com sua roupa íntima, deixando-o nu exatamente como ela estava. Desta forma, ela deixou que seu corpo roçasse o dele devagar, ouvindo mais uma vez Gilbert gemer baixinho. Ela estava adorando provoca-lo daquela forma ao mesmo tempo em que se sentia excitada também ao ter consciência das mãos dele em sua lombar, enquanto os dedos de Gilbert não paravam de deslizar por todas as suas curvas. Ela ousou um pouco mais, e desceu sua língua devagar pelo peito dele, avançando pelo abdômen, até tocá-lo tão intimamente como ele fizera com ela no apartamento deles, e sentiu o desejo dele chegar ao auge, mas antes que fosse até o fim, Gilbert a puxou para cima, e quando alcançou o rosto dele, ele devorou seus lábios rosados, mordiscou a linha do seu pescoço, e tocou os seus seios até que Anne ficasse ofegante com as ondas de calor que deixavam seu corpo em chamas, depois ele girou o corpo devagar acomodando Anne embaixo dele com a cabeça apoiada no travesseiro macio, e esculpiu-a inteira com seus lábios e dedos que deixavam marcas suaves por cada centímetro da pele dela. Ambos vibravam na mesma sintonia, como se fossem madeira em lareira quente, Anne entrelaçou a cintura dele com suas pernas dando a Gilbert acesso a sua intimidade úmida que pulsava cada vez mais forte por ele.

Enquanto se amavam, Gilbert não podia deixar de admirar aquele rosto delicado totalmente transformado pela paixão, que implorava com seus olhos imensos que ele a possuísse. Ela o levara a um estado de excitação tão grande aquela noite que ele se controlava para não ser impetuoso demais e machucá-la. Mas, quando Anne arqueou seu corpo roçando sua intimidade na dele, Gilbert não conseguiu mais se segurar e tomou o que ela lhe oferecia com toda paixão de sua alma, e assim eles se moveram rápido cada vez mais rápido, até que seus sentidos foram tomados por uma febre cada vez mais intensa, e se entregaram por fim a explosão de sensações que os engoliu de uma só vez, deixando-os exauridos de suas forças.

Quando Anne abriu os olhos, Gilbert sorria enquanto afastava os fios suados de seu rosto. Ele deu um beijo em sua testa, e rolando para o lado, ele a trouxe junto pra cima de seu corpo, com seus rostos próximos se encarando, quando ele pôde perceber que os olhos dela tinham adquirido um tom de azul escuro denunciando toda a paixão e o prazer que tinha vivido mais uma vez nos braços ele.

- Então, a Sra. Blythe resolveu tomar a iniciativa essa noite. - ele disse fazendo-a corar e esconder o rosto em seu peito antes de responder:

- Você me fez me sentir tão bem ontem à noite que eu quis fazer o mesmo por você. Sinto muito se não pareci tão sensual, eu não faço a menor ideia de como ser sexy. - ela disse corando lentamente o que fez Gilbert pensar no quanto ela ficava encantadora envergonhada daquele jeito.

- Querida, você não entendeu ainda o quanto é linda, não é? E te observar se despindo para mim foi a coisa mais sexy que eu já tinha te visto fazer. Você já se olhou de verdade no espelho, Anne? Pois, devia prestar mais atenção a esse seu corpo que quando se move sobre o meu é capaz de fazê-lo doer inteiro por você. Como pode dizer que não é sensual depois de tudo o que me fez sentir essa noite? Você foi incrível. - ele disse beijando-a com amor.

- Eu sei que não devia mais me sentir tímida depois de tanto tempo de intimidade, mas, é que certas coisas ainda são difíceis para mim. - ela disse com a cabeça deitada sobre o peito dele.

- Eu sei, e entendo. Mas, pode tomar a iniciativa quando quiser. Você sabe que não precisava se sentir inibida de fazer ou me dizer o que quer. Nós nos amamos, e confiamos um no outro, por isso, temos esse tipo de liberdade. Só quero que saiba que amei cada momento com você esta noite, e quero repeti-los muito mais vezes. Eu te amo demais, pequena. - Anne o olhou surpresa. Gilbert nunca a tinha chamado assim. Ela gostou do apelido simples, mas tão carinhoso, que fez seu coração suspirar encantado.

- Eu também te amo demais, Gilbert. Cada vez que acordo a seu lado, eu sinto que esse sentimento cresceu um pouco mais. - Anne respondeu puxando-o para mais um beijo intenso. Ficaram trocando carinhos por mais algum tempo, até que Anne começou a bocejar, e Gilbert disse:

- Vamos dormir. Amanhã teremos uma longa viagem de trem para fazer, e quero que esteja descansada. – ele ia colocá-la para dormir ao seu lado quando ela o impediu dizendo:

- Eu posso dormir assim com você? Gosto de sentir seu coração batendo enquanto pego no sono. - ela confessou.

- Claro, meu amor. Também gosto de te sentir assim em meus braços, mas, não vai se sentir desconfortável? – ele perguntou tocando lhe o ombro de leve.

- De jeito nenhum. Acabei de descobrir a minha posição favorita de dormirmos juntos - ela respondeu, acomodando sua cabeça no peito dele, e fechando os olhos.

A noite passou tão rápido, e o amanhecer de um novo dia veio despertá-los aos primeiros raios do sol. Anne foi a primeira a acordar, e deu inúmeros beijinhos no rosto de Gilbert até que ele abrisse os olhos e a beijasse de verdade.

- Bom, dia. meu amor. Como passou a noite? - ele lhe perguntou com um sorriso doce.

- Maravilhosamente bem, e você? - ela perguntou afastando-lhe os cachinhos da testa.

- Acho que fazia semanas que não dormia tão bem.

- Que pena que temos que voltar para casa tão cedo, se não poderíamos dormir mais um pouco. - Anne disse esfregando os olhos.

- Você sabe que esse horário é melhor para viajarmos para Nova Iorque, Anne. É mais confortável e menos lotado de gente. - Gilbert disse puxando-a para o chuveiro com ele, onde tomaram um banho juntos e depois se vestiram, descendo para o café da manhã em seguida.

Como Gilbert tinha previsto, a estação de trem estava quase vazia, assim puderam viajar com mais conforto e completamente sozinhos nas poltronas do trem que escolheram para passarem a viagem até chegarem a Nova Iorque.

Assim que pisaram na grande metrópole, eles foram buscar Milk na casa de Cole e voltaram para o apartamento para aproveitarem o resto do dia juntos. Dormiram por algumas horas abraçados no sofá da sala, e no meio da tarde, eles se levantaram e fizeram um lanche reforçado, pois não tinham almoçado quando chegaram. Anne preparou um café fresquinho, e depois de tomar uma xícara, Gilbert se levantou e disse:

- Preciso ir até a faculdade falar com meu grupo de pesquisa. Combinei com eles antes de viajarmos que assim que chegasse me reuniria com eles na biblioteca para decidirmos o tema de nosso novo trabalho.

- Mas, tem que ser hoje, amor? Não pode deixar para amanhã? Eu pensei que teria você o dia inteirinho só para mim. – Anne reclamou, se levantando da mesa também.

- É importante, querida. Vale a metade da nota do semestre. Prometo que não vou demorar. - ele disse abraçando-a com força;

- Está bem. Ter espero para o jantar, então. - ela respondeu ainda chateada porque Gilbert tinha que sair.

- Não comece sem mim. - ele disse sorrindo.

Anne acompanhou Gilbert até a porta, e quando ele tinha dado alguns passos. Ela sentiu um aperto em seu coração que a fez dizer:

- Gilbert, espere. - ele parou e esperou que ela se aproximasse. Então, ela o abraçou e disse baixinho:

- Eu te amo.

- Eu te amo também. - ele respondeu, dando-lhe um beijo apaixonado. - Agora preciso ir. Eu volto logo, está bem? - Anne apenas balançou a cabeça. Ela não queria que ele fosse, mas, sabia que não podia impedi-lo de ir em vista de que o compromisso dele era importante para suas notas acadêmicas.

Depois, que ele saiu, o apartamento ficou tristemente vazio, e embora Anne fizesse várias coisas para se distrair para que assim o tempo passasse mais rápido, ela não conseguia relaxar. As horas foram se espaçando e nada de Gilbert voltar. Ela começou a fazer o jantar, se dizendo que não devia se preocupar, que se ele estava atrasado era por um bom motivo. Já passava da sete horas, quando ela ouviu a campainha tocar, e correu para atender pensando que talvez fosse Gilbert que tivesse esquecido a chave, e como a porta estava trancada, ele teve que usar a campainha para chamar atenção de Anne.

Quando ela abriu a porta, Anne ficou surpresa por ver Jonas e Carlos do lado de fora e disse com um sorriso:

- Jonas, Carlos, que surpresa. O Gilbert não veio com vocês? - ela viu que ambos se entreolharem, e sentiu a boca do seu estômago se contrair, e perguntou novamente cheia de apreensão:- Onde está o Gilbert?

- Anne, queremos que fique calma. - "não", ela gritou dentro de sua cabeça. "Por favor, não, fale", mas, então Jonas falou o que ela mais temia:

- O Gilbert estava na faculdade com a gente, passou mal e desmaiou, e como ele não acordava, o levamos para o hospital. - Jonas disse com cuidado, observando o efeito que suas palavras tinham nela.

Anne olhou para ambos, sem conseguir acreditar em seus ouvidos. Dentro dela, todos os seus sentidos gritavam, todos os seus sonhos desmoronavam em cima de sua cabeça, e pela segunda vez em sua vida, depois da tragédia que quase levara Gilbert dela seu coração estava sangrando.

-Espero que não me odeiem por esse final, mas, era algo no qual pensei desde o tiro que o Gilbert levou. O intuito aqui não é fazer nossa ruivinha sofrer, é mais uma vez mostrar que o amor deles é tão grande que ultrapassa qualquer tragédia. Eu sei que já passaram por muita coisa, e talvez, vocês pensem que sou cruel por fazer a Anne passar por mais essa provação, mas o que virá depois disso valerá muito a pena, e os fortalecerá cada vez mais. O amor não é feito apenas de momentos felizes, e sim de momentos trágicos também, e é nesses momentos  que ele prova o quanto é forte e verdadeiro, pois é fácil amar alguém na alegria, o difícil é fazer o mesmo com o coração magoado e triste, e quando isso acontece o amor prova que pode superar qualquer coisa.. Boa leitura. Espero por vocês no próximo.

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