Capítulo 83- Voltando as origens
Olá, pessoal. Aqui está mais um capítulo. Espero que gostem e comentem, pois seus comentários me dão ânimo para continuar essa história que tem sido muito especial para mim. Muto obrigada. Beijos. Essa capa nova foi feita pela Aninha Cereja. Eu amei, e espero que vocês também gostem.
ANNE
Os primeiros dias de Ano Novo já estavam no seu auge, e aos poucos a vida começava a voltar ao normal perdendo o ar de festa que perdurara nas últimas semanas. Apesar de a maioria das pessoas ainda estarem de férias, outras já tinham iniciado sua rotina de ir para o trabalho todas as manhãs, e retornar somente quando o expediente findava às cinco da tarde.
No apartamento de Anne e Gilbert tudo continuava igual. Ambos curtiam os últimos dias do recesso de trabalho e Faculdade, e aproveitavam para prolongar a deliciosa dinâmica familiar que estabeleceram devido aos feriados e a enfermidade de Gilbert. Eles acordavam tarde todas as manhãs, e permaneciam na cama o maior tempo possível, pois o frio do inverno tinha se tornado mais rigoroso depois da virada do ano, e como não tinham nenhum compromisso pendente, não se importavam em perder parte da manhã naquela cumplicidade gostosa que os aproximava ainda mais.
O único habitante da casa que não gostara nada daquela novidade fora Milk. Ele continuara acordando cedo, e saía pela casa choramingando a procura de sua dona que em sua cabecinha canina o tinha abandonado naquele frio todo sem amor e carinho, e assim que aprendera o caminho para o quarto do casal, e sabia que Anne estaria escondida entre milhares de cobertas quentes, ele se metia entre ela e Gilbert na cama, encostando seu nariz gelado no rosto dela e fazendo-a despertar imediatamente. Gilbert não achara graça nenhuma naquilo e dizia que além de disputar a atenção dela o dia todo com seu rival peludo, agora também teria que disputar o direito de dormir com ela em paz. Assim, ele passou a trancar a porta, o que pouco ajudou, porque o cachorrinho passou a chorar e a uivar desesperado, e a solução fora deixá-lo ficar aos pés da cama, onde ele se instalava assim que despertava, e se aquecia enrolado entre as pernas de Gilbert e Anne.
Naquela manhã de terça -feira, aquela rotina mudara um pouco. Anne despertou assim que o sol surgira no horizonte, fez o café da manhã, e depois foi acordar Gilbert que ainda dormia, pois tinham uma consulta com o médico dele no hospital para saber se os seus pulmões estavam finalmente livres da infecção que o deixara acamado durante tantos dias. Assim, que chegou na porta não pôde deixar de sorrir ao ver os dois amores de sua vida dormindo juntos. Gilbert tinha a cabeça virada para Milk que colocara suas duas patinhas dianteiras na barriga do rapaz, enquanto Gilbert tinha um de seus braços apoiado em volta do corpinho roliço. Era uma cena tão adorável que Anne sentiu pena de despertar o seu noivo e desfazer aquele momento tão doce. Porém, eles tinham um compromisso importante, portanto, ela tratou logo de chegar perto dele e lhe dar um beijo no rosto, enquanto dizia baixinho em seu ouvido;
- Amor, acorda. Está na hora. - Gilbert abriu os olhos e tornou a fechá-los, mudando de posição na cama, e não dando a Anne nenhuma indicação de que se levantaria naquele instante. Ela o chamou novamente, e Gilbert teimosamente cobriu a cabeça com o travesseiro resmungando que ainda era cedo e precisava continuar dormindo. Anne não perdeu tempo, tirou Milk com cuidado de perto dele e tomou o lugar do cachorrinho na cama, Suas mãos correram pelo peito de Gilbert, e logo seus lábios seguiram o mesmo caminho, e a pele de seu noivot se arrepiou inteira fazendo-o abrir os olhos e dizer:
- Isso é golpe baixo, Anne.
- É a única maneira de te acordar quando se comporta como um garotinho desobediente. Agora vamos. Temos que ir até o hospital, pois sua consulta está marcada para daqui a uma hora. - ela se levantou da cama, e ouviu Gilbert dizer:
- Eu não acredito que você começou esse incêndio todo e não vai apagá-lo, vai mesmo me deixar assim? – Anne riu da expressão desesperada dele, e mesmo Gilbert estando coberto até o pescoço, ela sabia bem do que ele estava falando.
- Sinto muito meu amor, esse fogo todo vai ter que esperar. Não temos tempo para isso agora. Mas, se você for bem bonzinho, quem sabe eu não te ajude a apagá-lo mais tarde. Por ora, você vai ter que se contentar com um banho frio. - ela disse isso, e saiu do quarto, mas não sem antes ver o olhar frustrado que Gilbert lhe lançou.
Gilbert apareceu na cozinha quinze minutos depois vestido e como os cabelos molhados penteados para trás, enquanto alguns cachinhos rebeldes insistiam em se ondularem em sua testa, e Anne teve que confessar para si mesma pela milésima vez naquela semana, que nunca se acostumaria com aquela beleza toda que Gilbert exibia todas as manhãs. Como não ter pensamentos obscenos quando aquele rapaz de apenas dezenove anos desfilava na frente dela como se a desafiasse a resisti-lo? Era mais fácil quando ela não sabia como era sentir as carícias dele em seu corpo, porque ela sequer podia imaginar de quantas fontes de prazer ele podia fazê-la beber até que ela ficasse intoxicada pela paixão dele. Mas para sua sorte ou azar, ela sabia exatamente a luxúria que se escondia por trás daqueles olhos castanhos tão comportados naquele momento, mas que se transformavam em um vulcão se provocado além de seus limites. Por isso, Anne tinha o cuidado de levá-lo em banho Maria muitas vezes, porque ela tinha plena consciência de que não tinha o controle da situação como tentava deixar Gilbert pensar que ela tinha. Ela estava miseravelmente e completamente entregue aquele rapaz que fazia de seu corpo um mar revolto de sensações e desejos inimagináveis.
- Está se sentindo melhor? – ela perguntou inocentemente.
- Depende de que parte você está se referindo. - ele respondeu petulantemente, e Anne viu que ele estava com vontade de jogar com as palavras, por isso, ela resolveu não dar a ele o gostinho da vitória de deixá-la sem jeito quando ele era direto assim, e disse:
- Estou me referindo à sua saúde é claro. - Anne disse com um sorriso maroto, e Gilbert a olhou de um jeito que pareceu queimá-la completamente.
- Quanto a isso, meu amor, estou me sentindo completamente curado. Tive uma enfermeira eficiente durante o dia, e uma melhor ainda durante a noite, e posso afirmar com toda certeza que foi melhor que qualquer remédio que o médico pudesse me receitar. - Aquele jeito de Gilbert falar sempre a pegava de jeito, e Anne começou a ficar ruborizada. Não devia mais se sentir assim. Não estavam em início de relacionamento, e tinham mais intimidade que muitos casais que ela conhecia, ainda assim, apenas pelo fato de Gilbert conhecê-la tanto, ela se sentia encabulada quando ele falava com ela daquela maneira tão quente e tão excitante, pois sempre lhe trazia ideias na cabeça. Gilbert era um provocador assim como ela, e ainda bem que aquele magnifico espécimen masculino era um espetáculo particular apenas para os seus olhos.
De repente, ele a puxou para os braços dele, e o coração dela quase saiu pela boca quando o rapaz disse, encarando-a como se quisesse penetrar em sua mente e roubar-lhe todos os pensamentos:
- Eu já te disse para não morder seu lábio dessa maneira. Não sabe o que se passa pela minha cabeça quando você faz isso. – Anne ficou sem fôlego com aquela declaração. Morder seu lábio inferior era algo que fazia inconscientemente, principalmente quando fazia ou pensava em algo que exigia mais de sua atenção. Ela não imaginou que Gilbert prestasse atenção naquilo, e nem que tivesse um efeito tão estimulante sobre ele.
- E o que se passa em sua cabeça? - ela perguntou e imediatamente se arrependeu. Que demônio a fizera dizer aquilo? Os olhos de Gilbert se insinuaram sobre o corpo dela demoradamente, e ele respondeu cheio de intenções nada inocentes:
- Você não vai querer saber. - o que ele queria estava claro naquele rosto, e Anne começou a perceber que queria a mesma coisa.
- E se eu quiser? - "Cala a boca, Anne!" O que deu em você para se deixar levar dessa maneira?", ela se recriminava interiormente. Eles precisavam sair, e ao invés de estarem se preparando para irem ao hospital saber das condições físicas de Gilbert ficavam se provocando daquela maneira.
- Tem certeza de que quer saber, Sra. Blythe? Por que eu vou adorar te mostrar agora mesmo. - ele a apertou contra si, e Anne percebeu irritada consigo mesma que seu corpo já estava se preparando para se envolver completamente naquele jogo sensual, pois os arrepios que lhe chegavam até seu ventre não eram definitivamente causados pela corrente fria de ar que entrava pela janela.
- Acho melhor deixarmos para mais tarde. Nós temos que sair, se lembra? - ela encontrou forças para dizer.
- Ah, não. Você não vai me deixar assim de novo, querida. Você continuou a alimentar o fogo ao invés de deixá-lo morrer, e por isso mesmo, vou castigá-la por ser uma garota tão má. - e assim ele beijou os lábios dela, fazendo-a sentir o que ele quisera dizer quanto ao fato dela alimentar o fogo, pois o beijo que trocaram era cheio de um sentimento que nenhum dos dois conseguia descrever. Ela se agarrou à camisa dele enquanto suas pernas fraquejavam, e sentiu as mãos de Gilbert em suas costas dando-lhe apoio, ao mesmo tempo em que ele a fazia ofegar pela maldita falta de ar. Aquilo tudo entre eles era uma loucura que se intensificara depois de todos aqueles dias juntos, e Anne estava quase lamentando que as suas pequenas férias estavam chegando ao fim. Ela estava vivendo uma história melhor que um conto de fadas, porque não estava apenas em sua imaginação, acontecia ali entre eles todos os momentos possíveis, e ela tinha que admitir que era cem vezes melhor poder sentir cada sensação em sua pele do que apenas escrever ou ler sobre elas. Gilbert a soltou, e Anne ainda se agarrou a ele por alguns segundos, pois suas forças a tinham abandonado completamente.
- Isso é apenas uma amostra do que estava em minha imaginação ainda a pouco. - ele disse sorrindo-lhe de um jeito que a fez querer esganá-lo. Gilbert sabia que tinha controle sobre as emoções dela, e fizera aquilo somente para provar-lhe que se ela conseguia deixá-lo a ponto de perder toda a sua razão, ele podia fazer o mesmo com ela, e Anne não podia dizer que não adorava quando ele agia assim, mas, era óbvio que não o deixaria saber ou estaria perdida.
- Acho que devemos ir agora. - ela disse assim que seu coração voltou ao normal. Eles não tinham muito tempo, e ela não queria chegar à consulta atrasada, mas se Gilbert continuasse agindo de maneira que dificultasse as coisas, isso fatalmente aconteceria.
- Muito bem, Sra. Blythe. Vamos fazer como deseja, mas, não pense que vou esquecer esse assunto, pois pretendo voltar a ele mais tarde. - Anne se sentiu aliviada e o mesmo tempo excitada. Fogo não ia faltar para eles naquela noite e amor muito menos.
Eles saíram do apartamento e desceram pelas escadas, e logo estavam caminhando de mãos dadas pela rua. Não acharam necessidade de pegar um táxi, pois o hospital não era muito longe do apartamento onde eles viviam. Anne e Gilbert também não conversaram muito durante o trajeto, mas, às vezes se olhavam cúmplices e sorriam um para o outro. Quando chegaram ao hospital, o médico já os esperava, e assim, como das outras vezes, Gilbert foi examinado cuidadosamente, e dessa vez o médico tinha boas notícias:
- Muito bem, Sr. Blythe. Creio que o senhor está curado finalmente, e liberado para realizar todas as atividades com as quais está acostumado.
- Graças a Deus". Não aguentava mais ficar dentro de casa. Eu já posso também viajar, doutor? - Gilbert estava ansioso e Anne sabia o que ele tinha em mente.
- Claro, desde que não abuse demais. - o médico avisou, e Gilbert sorriu aliviado.
Em seguida, eles se despediram do doutor com um aperto de mão, e deixaram o consultório dele, e Gilbert falou para Anne:
- Acho que podemos aproveitar os cinco dias que nos restam de descanso, e viajar para Green Gables.
- Você tem certeza? Não quer esperar mais um pouco? Eu fico preocupada em viajar com você em todo esse frio. - Anne disse com um olhar de dúvida.
- Amor, você ouviu o médico. Eu estou bem e já posso retornar a minha vida normal. - Gilbert rebateu o que ela dissera com aquele argumento enquanto viravam no corredor à esquerda, e alcançavam a recepção.
- Eu ainda n....- Anne parou de falar de repente. Gilbert seguiu seu olhar e se deparou com Dora. O que fez Anne comentar.
- Pelo jeito ela já voltou da casa dos pais. - o tom dela era ácido, mas Gilbert não percebeu, e Anne ficou mais irritada ainda quando a garota abriu um enorme sorriso para Gilbert, e qual foi murchando ao ver Anne do lado dele. Ela pareceu indecisa se apenas acenava ou se aproximava deles, e se decidiu pela segunda opção.
- Olá, Gilbert, Oi, Anne.
- Oi, Dora. - Gilbert respondeu simpático enquanto Anne apenas disse um cumprimento educado.
- Olá Dora.
- Você parece que já está tão bem. Sua recuperação foi rápida.
- Eu tive uma ótima enfermeira. - Gilbert disse olhando para Anne significativamente.
- Não duvido. - Dora comentou, e Anne sentiu o olhar da garota sobre ela, o qual ela enfrentou com firmeza. A ruivinha pôde perceber uma pontada de ciúmes nos olhos verdes da garota, mas, não se importou. Gilbert era seu noivo, e quem Dora pensava que era para ter qualquer tipo de sentimento como aquele por ele? Ela e Gilbert eram adultos e se amavam, faziam o que queriam juntos e quando queriam, e Dora não tinha o porque de olhar para Anne como se a recriminasse, e pior, se mostrar magoada. Se ela pensava que poderia se valer da amizade de Gilbert para conseguir o mínimo de atenção que fosse, Anne deixaria que ela percebesse que sua tática não daria em nada, porque entre estudar com Dora e passar uma noite quente com Anne, ambas sabiam bem o que ele preferiria. Anne não gostaria de usar os sentimentos de Gilbert por ela para mostrar à outra quem vivia nos pensamentos do rapaz, porém, ela o faria se tivesse que acabar com as esperanças de Dora de que algum dia Gilbert a olharia como mulher. Gilbert era seu homem, seu amante e seu futuro marido, e nenhuma Dora no planeta terra o tiraria dela.
Anne viu a amiga de Gilbert recuar ao ver o olhar de desafio de Anne, e a ruivinha comemorou internamente aquela vitória. Não queria humilhar a garota e o quanto antes ela entendesse que Gilbert estava fora de seu alcance, melhor seria para ela.
- Você está visitando alguém aqui no hospital. – Gilbert disse todo simpático, e Anne sentiu seu estômago retorcer. Será que ele não percebia o que Dora queria com ele? Às vezes ela se perguntava se seu noivo era cego para não perceber o olhar de interesse de sua pretensa amiga sobre ele.
- Vim me encontrar com Jonas. Ele vai sair agora do trabalho, e combinados de comer alguma coisa no centro de Nova Iorque. Você se lembra daquele pequeno restaurante que costumávamos ir juntos todas semanas depois da aula da faculdade? - Gilbert ia responder, mas Anne se apressou e disse:
- Ela deve estar falando daquele restaurante adorável no qual você me levou outro dia. A comida de lá é divina. - Anne se aconchegou mais a Gilbert e pegou na mão dele, enquanto via o brilho nos olhos de Dora desaparecer. Ela devia achar que Anne era idiota para não compreender o que ela tentara fazer. Dora tentara deixar Anne com ciúmes, ao tentar dizer que aquele restaurante era especial para ela e Gilbert. Ela só não contara que seu lugar favorito de passar o tempo com Gilbert Blythe tinha sido maculado pela presença da noiva dele, a quem ele fizera questão de apresentar o restaurante. Dora engoliu em seco, e isso não passou despercebido a Anne. Ela considerara a ruivinha uma simplória, sem um pingo de discernimento, mas se enganara redondamente, pois na arte de atrair todo o foco de atenção de seu noivo para ela, Anne era diplomada, tivera meses de treino e noites de prática.
- Então, vocês estão juntos? - Gilbert se animou com aquela ideia, mas Dora não demonstrou muito interesse quando disse:
- Não exatamente. Voltamos a sair juntos, mas, sem compromisso. Eu disse a ele que quero me focar nos estudos. - Uma resposta atravessada veio até os lábios de Anne, mas ela se manteve quieta. Entretanto o, seu cérebro estava ferino aquele dia, e simplesmente lhe passou pela cabeça que não era bem nos estudos que Dora parecia querer se concentrar. Ela precisava sair dali antes que falasse algo que não devia.
- Amor, desculpe interromper a conversa, mas, temos que nos preparar para a viagem. - a voz dela soou doce demais, e Gilbert a olhou interrogativamente. Porém, Anne fingiu que não entendeu a confusão em seu rosto.
- Vocês vão viajar? - Dora perguntou parecendo mais do que curiosa.
- Sim. Vamos para Green Gables passar o fim de semana juntos. Não é romântico? - ela não esperou Dora responder. Apenas se despediu da garota apressadamente assim como Gilbert, e o puxou para longe dali.
- Nós vamos viajar? Até bem poucos minutos você não sabia se queria ir. O que mudou? - ele perguntou enquanto caminhavam para a saída.
- Nada mudou. Eu apenas pensei melhor e vi que você tinha razão. Devemos aproveitar os últimos dias de nossas férias. Além do mais, quero muito ver Matthew e Marilla. Estou com tantas saudades deles. - ela suspirou. Aquilo era verdade, Anne sentia falta do humor ranzinza de Marilla, que mantinha sempre aquela postura severa, mas que no fundo tinha um coração enorme e cheio de amor, e seu doce Matthew que ela amava desde o seu primeiro dia em Green Gables. Ninguém no mundo fora mais pai para ela do que aquele homem desajeitado ao andar, olhos tímidos e de poucas palavras. Ele lhe dera tanto apoio em tantas ocasiões, e a ele Anne devia muito mais do que o lar que ele lhe dera em Green Gables,
- Se é o que quer, então iremos. Eu sei que está curiosa por saber o que Marilla tem a lhe contar sobre os seus pais. E eu quero que tenha isso, Anne. É o seu passado, suas raízes, e eu quero que se sinta inteira e completa. Eu quero que se sinta orgulhosa de quem você é.- A ternura na voz dele a comoveu. Ela o olhou de volta, e sentiu que o mundo todo se resumia naquele rosto, naqueles olhos, naquele homem que se tornara tudo o que ela desejava e precisava.
- Eu já me sinto completa com você. - e então a magia dos velhos tempos se misturou com a energia do agora, e de repente estavam no centro de Nova Iorque, com pessoas transitando por todos os lados, e Anne não conseguia ver nada, não conseguia ouvir nada. Apenas seu coração e de Gilbert falavam, eles eram os únicos no mundo. Gilbert a puxou para ele, e a beijou, enquanto Anne sentia as borboletas em seu estômago se agitarem. Seria possível que um dia deixaria de se sentir assim com ele? ela pensou.
Eles se separaram e se olharam profundamente ainda um instante. Logo, voltaram a caminhar abraçados pelas calçadas irregulares, mas não prestavam atenção em nada, pois tinham pressa e por isso, apressaram cada vez mais o passo. Subiram as escadas que levavam ao apartamento deles quase correndo, e quando abriram a porta e entraram na sala de estar, Gilbert a pegou no colo e disse:
- Agora, Sra. Blythe. Eu vou cobrar a promessa que me fez essa manhã; - Anne apenas sorriu sabendo o que a esperava nos momentos seguintes, suspirou feliz, e não pensou mais em nada.
GILBERT
A noite já ia longe, e Gilbert observava Anne dormir. Em momentos como aquele é que ele enxergava a verdadeira face de seu amor por ela. Os últimos dias poderiam ter sido tediosos se não fosse por ela, e embora Gilbert tivesse reclamado horas sem fim de estar cansado do ócio, ele não estava sendo de todo sincero, porque adorara cada minuto com ela, trancados naquele apartamento.
Anne era divertida, inteligente, doce e apaixonada, e se fosse possível dizer qual era o tamanho de sentimento que tinha por ela, ele arriscaria falar que estava ainda maior. Ela estava saindo do casulo, esse tornando uma linda borboleta, e esse seu novo lado exposto à luz do dia a tornava ainda mais apaixonante. A garota que um dia ele amara quando ainda eram mais jovens do que agora fora se transformando e ganhando novas cores. Seu rosto lindo era uma inspiração, e dormir e acordar com ela lhe mostrara como era bom tê-la em um tipo de intimidade que somente se podia partilhar com alguém que se amava.
Seus dias eram leves por causa dela, e mesma a enfermidade que o incomodara por dias não fora tão intolerável, porque ela estivera ali, ao lado dele, cuidando , zelando por seu bem estar e amando-o com seu jeito tão especial de ser. Anne tinha tanto amor dentro de si, e Gilbert podia percebê-lo, pela maneira como ela cuidava de tudo naquele apartamento como se fosse seu palácio particular, na forma como ela acariciava a cabecinha de Milk até que ele adormecesse, e no jeito que se entregava à ele sem reservas. Nesse ponto, Anne vinha surpreendendo-o também, porque se antes ela sempre se mostrara ansiosa por seus beijos e toques, agora ela não se deixava reprimir por limite nenhum. Ela estava se libertando das barreiras que impediram no passado de voar como as asas de sua imaginação, e permitia que seus desejos a levassem pelos caminhos que quisesse ir, e era extremamente excitante vê-la se tornar a mulher que ele sempre soube que ela seria, e constatar que ela era toda sua, dava a tudo aquilo um gosto completamente especial.
Anne não se escondia mais por trás do espelho, ela se enxergava exatamente como era. A menina ruivinha, mirrada e pálida se fora para sempre, e como pessoa, ele podia sentir a força dela em cada gesto, palavra ou olhar. Anne Shirley Cuthbert tinha muito a ensinar para esse mundo, e ele com certeza seria seu aluno mais aplicado. Amá-la nunca fora uma sacrifício para ele, longe disso. Amar Anne sempre fora um privilégio que ele pretendia nunca perder, embora ele soubesse que ela estava em um patamar muito maior do que ele próprio pudesse se enxergar, Gilbert jurou lutar diariamente para ter a dádiva de caminhar com ela ao longo da vida e quando a velhice chegasse, ele queria ainda estar de mãos dadas com ela observando o pôr do sol.
Anne se mexeu um pouquinho, enroscando suas pernas no meio das dele. Ela dormia completamente nua aquela noite, e ao senti-la movimentar os quadris contra os dele em seu sono inconscientemente, ele precisou respirar fundo para se controlar. Ele fizera amor com ela aquela tarde, assim como todas as noites depois do ano novo. Era uma fome insana que tinha por ela, e se aquilo era indecente ou pecaminoso, ele não se importava de ser condenado ao purgatório todos os dias, porque era assim que continuaria a querê-la até que nenhuma vida restasse em seu corpo.
Anne sabia como deixá-lo louco por ela, e alimentava aquele sentimento até quase vê-lo implorar. Ela era impiedosa com o desejo dele, e somente cedia quando ele não era mais dono de si. Seu corpo ficava a mercê do dela, e seus lábios não queriam outra coisa a não ser prová-la intensamente e completamente, fazendo com que ela perdesse a cabeça também. Eles eram bons juntos, e Gilbert não tinha receio nenhum em confessar que era refém daquele sorriso e daquela mulher que era o seu centro do universo.
Naquela manhã, ele despertara sentindo os beijos dela em sua pele como uma punição por não levantar quando ela o chamara. Seu castigo depois foi pior quando ela simplesmente o deixara sozinho na cama, sem saciar o fogo que ela acendera em seu corpo. Quando ele reclamara de sua crueldade, ela respondera com o sorriso mais lindo do mundo:
- Sinto muito meu amor, esse fogo todo vai ter que esperar. Não temos tempo para isso agora. Mas, se você for bem bonzinho, quem sabe eu não te ajude a apagá-lo mais tarde. Por ora, você vai ter que se contentar com um banho frio. - Gilbert a olhara incrédulo, se perguntou se ela ia mesmo fazer aquilo com ele? Um banho frio não surtiria efeito nenhum naquele calor insuportável que ele sentia por dentro, e a única mulher que poderia operar aquele milagre decidira que ele deveria se arrumar para ir ao médico. Como ele poderia ter um pensamento coerente que fosse, quando Anne o virava do avesso à sua vontade?
Como provocação parecia ser a palavra de ordem do dia, Gilbert resolveu pagar para ver e provocá-la também, Ela era boa jogadora, mas Gilbert sabia quebrar mais regras do que Anne era capaz, Ela o vira sair do banheiro, e o seu risinho divertido inflamou-lhe o ego, assim, Gilbert esperou pala primeira oportunidade para ver até onde ela resistiria às investidas dele. Anne adorava aquilo tanto quanto ele, pois era um ótimo combustível para o relacionamento de ambos que nunca fora morno no passado, e que no momento estava mais quente a cada dia se isso fosse possível.
Anne olhou para ele da cabeça aos pés como se o estudasse, e a pergunta que ela lhe fez deu-lhe a chance que esperava para fazê-la sentir o gostinho do que o fizera sentir assim que acordara.
-Está se sentindo melhor? – aquele olhar dela o excitava, mas, Gilbert não desviou os seu nem por um momento.
- Depende de que parte você está se referindo. – a malícia era explícita, e o sentido do que dissera também, Gilbert a viu respirar fundo, mesmo que Anne tentasse disfarçar, ainda assim ela lhe deu um sorriso que de inocente não tinha nada, se recusando a entrar de cabeça no duplo sentido do que ele lhe dizia.
- Estou me referindo à sua saúde é claro. – Gilbert riu internamente. Ela estava tentando escapar dele de novo, mas, isso não ia ser tão fácil dessa vez.
- Quanto a isso, meu amor, estou me sentindo completamente curado. Tive uma enfermeira eficiente durante o dia, e uma melhor ainda durante a noite, e posso afirmar com toda certeza que foi melhor que qualquer remédio que o médico pudesse me receitar. – Anne ficou corada, e Gilbert achou aquilo adorável, ao mesmo tempo em que seu olhar caía sobre aquela boca vermelha e macia. A temperatura entre eles estava subindo, e nenhum dos dois conseguia ignorar. Ambos sabiam onde toda aquela conversa os estava levando, mas, realmente não pareciam se importar nem um pouco. Era estimulante e os deixava conscientes um do outro. Era sensual e trazia à tona sentimentos que ainda não tinham ousado se manifestar. Era sedutor e os incitava a medir forças, quando na verdade os dois estavam na mesma onda de vibração, e nenhum conseguia vencer o outro quando seus sentimentos eram colocados em xeque sobre a mesa.
Então, Anne mordeu o lábio inferior, e aquele gesto tirou toda a sua concentração. Será que ela não percebia que aquilo era terrivelmente provocante? Ou ela fazia aquilo deliberadamente porque ela tinha consciência do quanto aquilo o atiçava ainda mais? Sem perder tempo, ele a tomou em seus braços, sentindo o coração dela bater mais forte que o normal, e disse com sua boca bem próxima da dela, seus olhos um no outro, e suas pernas encaixadas da forma mais íntima possível.
- Eu já te disse para não morder seu lábio dessa maneira. Não sabe o que se passa pela minha cabeça quando você faz isso. – o perfume dos cabelos dela o deixou embriagado, a suavidade das curvas dela em suas mãos era mais do que ele podia aguentar.
- E o que se passa em sua cabeça? – Gilbert se impressionou com a ousadia da pergunta, e respondeu:
- Você não vai querer saber.
- E se eu quiser? - Gilbert inspirou profundamente. Anne o tirava do sério. Será que ela tinha noção do eu estava lhe perguntando? Se ela pudesse saber todas as coisas que ele pensava em fazer com ela enquanto estavam ali somente naquela provocação, talvez ela tomasse mais cuidado ao perguntar algo assim da próxima vez.
Naquele instante, Anne tentara interromper o clima sensual entre eles, mas, Gilbert não permitiu que ela fugisse. Ela ateara fogo em suas veias de novo, e ia dar a ela exatamente o que Anne queria, mas, tentava em vão negar.
Ele colou seus lábios, e ele sentiu Anne se agarrara a ele como se não confiasse em suas pernas para mantê-la firme no chão, e seus corpos se procuraram necessitados. Gilbert não conseguia parar de beijá-la, porque aqueles lábios eram sua perdição, e ele estava condenado a querê-la sempre mais. Anne era tentadora de todas as formas que pudesse imaginá-la, e ele estava completamente subjugado pelo amor daquela mulher extraordinária. Ele a soltou e disse com seu olhar acariciando-a por inteiro:
-- Isso é apenas uma amostra do que estava em minha imaginação ainda a pouco. Ele não acrescentou que havia muito mais coisas em sua mente, mas, que a deixaria apenas saber quando estivesse de novo entre as quatro paredes de seu quarto.
Anne o convenceu de que deveriam ir ao médico naquele instante, e Gilbert assentiu, mas, não deixou de lembrá-la que aquele assunto não seria esquecido e que voltariam à ele assim que possível.
Eles caminharam juntos naquele dia feliz, que fez Gilbert se lembrar de Avonlea tempos atrás, Naquele lugar ele vivera os melhores momentos com Anne, e os mais dolorosos também, mas, nenhum deles deixavam de ser parte deles, da vida que tinham e o que representavam um para o outro. Eles se apaixonaram e se entregaram, perderam tudo e conquistaram tudo de volta, e ali estavam eles juntos, como sempre estariam, e Gilbert sentia que naquele momento não havia mais barreiras que não pudessem atravessar, porque tinham um ao outro, porque tinham se encontrado, tinham se reconhecido entre milhares de rostos no mundo como sendo o dono de seus corações, e aquilo era raro e especial, aquilo era para sempre.
A ida ao hospital fora cheia de surpresas boas. Gilbert tivera alta finalmente, e ele estava livre para ir com Anne para Green Gables em busca do passado tão almejado dela, E também tiveram aquele encontro estranho com Dora na saída da consulta, quando a avistaram na recepção. O clima entre ela e Anne estava estranho e era quase como se as duas se enfrentassem de alguma maneira, e porque Gilbert tivera essa sensação, ele não saberia dizer. Porém, não foi algo que particularmente o aborreceu, porque o rapaz não queria perder tempo com coisas tão pequenas. Ele estava feliz demais para deixar que algo assim abalasse seu humor, por isso, quando ele dissera a Anne que estava contente por finalmente descobrirem por Marilla a peça que falava da vida da ruivinha que finalmente a faria se sentir completa, ela respondeu:
- Eu já me sinto completa com você. – tudo mais deixou de ter sua atenção, porque ele apenas viu diante de seus olhos a única coisa que lhe importava em todo o mundo, e era isso que ele queria viver todos os dias. Aquela troca de olhares, e sentimentos, aqueles beijos que falavam tudo, aquela vibração entre eles que os deixava em seu universo particular e amar aquela mulher era o seu objetivo principal de vida.
Nunca a ida para casa demorou tanto, Gilbert ansiava por ter Anne em seu braços, e despertar nela as mesmas sensações que ela o fizera sentir naquela manhã. Ele nunca precisara tanto fazer amor com ela como naquele moimento em que seu corpo falava por si, e implorava para que ele a tornasse sua mais uma vez. Eles passaram horas se amando e fazendo planos para o dia seguinte, e quando finalmente a noite chegou e se deitaram juntos em sua cama imensa, dividindo uma cumplicidade sem igual, eles dormiram pacificamente e agarrados, e Gilbert somente despertara no meio da noite, porque sentira a respiração de Anne fazer cócegas em seu pescoço.
Ele gostava de vê-la dormir, assim como adorava observar o jeito com que ela se grudava nele durante o sono. Aquela mulher lhe pertencia e ele se sentia tão dela também. Gilbert nunca mais se sentira sozinho depois que Anne entrara em sua vida. Aquele vazio que ele sentira enquanto velejava em um cargueiro tinha desaparecido completamente, porque seu coração e sua vida se encheram daquela garota maravilhosa de cabelos ruivos e esvoaçantes, e pela primeira vez em anos, depois do peso que carregara pela morte da mãe, depois sua tristeza por ter perdido seu pai, Gilbert podia finalmente admitir para si mesmo, sim, ele estava feliz, e sim Anne o fazia se sentir completo.
Ele a trouxe para mais perto, juntou seus corpos ainda mais intimamente, e ficou ouvindo as batidas do coração dela contra seu peito, e deixou que o sono chegasse devagar novamente. Quando despertou, Anne o estava observando, seus olhos azuis muito mais claros naquela manhã pareciam um espelho dos pensamentos dela.
- Bom dia. - ele disse beijando a ponta do nariz dela.
- Bom dia. - ela lhe deu-lhe um sorriso radiante.
- Está pronta para viajar? - e perguntou afastando um fio de cabelo que caía sobre os olhos dela.
- Sim, mas, confesso que estou nervosa. Esperei tanto por isso e agora não sei o que pensar.
- Eu estarei lá com você, não precisa se preocupar. - ela sorriu agradecida enquanto encostava sua testa na dele.
- Obrigada por estar do meu lado, Gilbert. Significa muito para mim.
- Eu sempre estarei com você, nunca mais vai estar sozinha, Anne. Eu prometi que ia cuidar de você, e é o que quero e vou fazer a vida toda. - ele puxou a cabeça dela para seu ombro. Enquanto Anne acariciava seu maxilar. Esses momentos entre eles de manhã eram tão íntimos e pessoais, e Gilbert amava ficar assim com ela, tê-la perto, seu cabelo macio sobre o seu peito, o calor dela em seus dedos.
- E você tem cuidado muito bem de mim. Não tenho nada a reclamar. - ela passou de leve as unhas em seu peito, e Gilbert viu a malícia brilhando em seu par de olhos incríveis,
- Fico feliz em agradar. - ele respondeu com a mesma malícia, e mais um beijo foi dado antes que eles realmente se levantassem.
O café da manhã foi preparado às pressas, porque eles tinham um trem para pegar naquela tarde, e Anne ainda teria que levar Milk para a casa de Cole que prometera tomar conta dele nos dias que ela ficasse fora com Gilbert. Ela arrumou sua pequena mala e a de Gilbert rapidamente porque não precisariam levar muita coisa, já que planejavam ficar apenas quatro dias, e depois alimentou Milk e o enrolou em uma mantinha quente, deixando-o descansar em sua cestinha enquanto ela e Gilbert se encaminhavam até o apartamento de Cole.
Seu coração se apertou ao pensar em se separar de Milk. Ela tinha se apegado tanto que quando Cole abriu a porta, e ela entregou a cestinha com Milk dentro seus olhos se encheram de lágrimas.
- Não se preocupe, Anne. Vamos cuidar muito bem dele.- Cole disse ao vê-la relutante em se separar de seu querido amiguinho.
- Eu sei. É só que ele trouxe tanta alegria para minha vida que é difícil deixá-lo para trás enquanto faço essa viagem. Queria muito leva-lo, mas, não é possível. - Anne disse afagando a cabecinha peluda enquanto Milk dormia tranquilamente sem se quer imaginar que ficara longe de sua dona por quatro dias.
- Até a volta, meu querido amigo. - ela disse beijando-o com carinho.
- Faça uma boa viagem, querida. Espero que tenha novidades quando voltar. - Cole disse beijando-a no rosto.
Ela estava calada enquanto caminhavam para a estação, e Gilbert sentindo-a tristonha lhe disse:
- Anne, são somente quatro dias. Isso não é um adeus, é apenas um até logo. Você o terá de volta na segunda -feira.
- Eu sei, Acho que você deve pensar que sou ridícula, não é? Ficar assim por causa de um cachorro. - ela disse parecendo envergonhada.
- Eu não penso que você é ridícula. E Milk não é somente um cachorro, agora ele é um membro da família, e eu também vou sentir falta dele.- Gilbert disse abraçando-a pela cintura.
Logo eles estavam no trem embarcando para Avonlea. Demorariam algumas horas para chegarem até lá, por isso, Gilbert se ocupou admirando a paisagem lá fora, enquanto Anne lia um livro. Depois de algum tempo, ela adormeceu encostada no ombro dele, e Gilbert ajeitou-a melhor que pôde para que ficasse confortável, admirando-lhe o rosto suave de sardas incríveis, e desejou ardentemente que as notícias que a esperavam em Green Gables fossem realmente o que ela desejava, pois sua Anne merecia o melhor sempre.
GILBERT E ANNE
Pisar em Avonlea depois de tanto tempo trouxeram sensações diferentes para Anne e Gilbert. Enquanto ela se sentia exultante por estar novamente em casa, acariciando com o olhar cada pedacinho da estrada que os levava na Green Gables. Gilbert sentia uma súbita melancolia tomar conta de si. Ele de repente se lembrou do pai, e sentiu uma saudade imensa daquele homem tão bom e dedicado ao filho e à sua fazenda. O pior de tudo era que não havia nada que pudesse fazer para aplacar aquela mágoa que o pegara de surpresa, justamente agora que devia estar feliz por Anne. O único lugar que ele poderia ir era o cemitério da cidade onde seus pais foram enterrados, mas, Gilbert não conseguia sentir que seu pai estivesse ali. Nos primeiros dias que ele falecera, e depois quando voltara de viagem, Gilbert costumava visitar o túmulo dele quase que diariamente, mas, depois de um tempo desistiu, porque ele não podia conceber a ideia de que a beleza da alma e bondade de seu pai tivessem sido enterradas e esquecidas depois de seu velório naquele lugar triste e frio.
Tudo o que seu pai fora nesse mundo não deveria ser resumido a uma lápide com apenas algumas palavras bonitas. Ele merecia mais do que aquilo, pois John Blythe em sua simplicidade tinha conquistado muitas amizades naquele lugar, cultivados suas raízes, e espalhado ao seu redor sabedoria e tranquilidade, e pensar que tudo isso findara depois de sua morte parecia cruel demais. Por esta razão, Gilbert gostava de imaginar que seu espírito voava livremente ao sabor do vento, e muitas vezes quando Gilbert sentia a brisa tocando os seus cabelos, ele quase podia imaginar que seu pai lhe dizendo que estava por perto, sempre vigilante e cuidando para que seu filho tão amado seguisse pelos caminho certo e conquistasse seu espaço no mundo. Gilbert apenas desejava que ele estivesse orgulhoso de quem ele tinha se tornando, e da vida e carreira que estava construindo para si onde quer que ele estivesse.
Anne sorriu quando o carro que alugaram na estação de trem fazia uma curva e ela pôde finalmente avistar Green Gables. Ela estava em casa, e veria Matthew e Marilla e com sorte ficaria sabendo alguma coisa sobre seus pais biológicos. Gilbert a viu sorrir e no mesmo instante sua tristeza foi embora, e perguntou enquanto pegava em sua mão:
- Você está feliz? -
- Sim. Eu quero agradecer mais uma vez por ter vindo comigo. - ela disse entrelaçando mais os dedos dele nos seus.
- Eu te amo. - ele disse de repente, fazendo o sorriso de Anne se alargar tanto que que o rosto dela se iluminou com aquela declaração. Gilbert já dissera aquilo milhares de vezes, mas ela se emocionava igual que a primeira vez.
- Eu também te amo. - Gilbert lhe deu um beijo na bochecha e ficaram abraçados até que o carro estacionou em Green Gables.
Marilla veio recebê-los com um sorriso discreto em seu rosto sério, mas, não escondia em seus olhos a felicidade de vê-los chegando.
- Anne, Gilbert. Que bom que chegaram. Vamos entrar. - ela abraçou cada um deles com carinho. Logo, Anne olhou ao redor e perguntou:
- Onde está Matthew?
- Estou aqui, Anne. - ela se virou e viu seu velho amigo se aproximar, e seu amor por ele transbordou direto de seu coração, e quando ele a abraçou foi que ela sentiu que finalmente tinha chegado em casa, pois Matthew assim como Gilbert, eram os únicos que conseguiam fazê-la se sentir protegida e em paz.
- Senti saudades, meu amor.
- Eu também. - ela disse, beijando-o no rosto, e assim que ele cumprimentou Gilbert com um abraço, eles entraram em casa.
- E como está a vida em Nova Iorque? - Marilla perguntou enquanto servia a eles um pedaço de pão feito em casa e café.
- Bastante ocupada. - Anne respondeu. E depois contou tudo o que vinha acontecendo com ela na grande metrópole. Marilla ficou extremamente feliz ao saber que Anne estava trabalhando e que voltaria a estudar Literatura na mesma Faculdade de Gilbert, enquanto Matthew em sua versão genuinamente calada lhe sorriu, não escondendo o orgulho que sentia dela. Anne viu Marilla olhar várias vezes para a aliança em seu dedo, mas, ela não lhe fez nenhuma pergunta sobre isso como era de seu feitio. Então, após Anne ter saciado a curiosidade dos dois irmão sobre sua vida em Nova Iorque, Marilla foi até seu quarto e trouxe o que parecia ser um álbum com ela nas mãos, e Anne ficou ansiosa, pois sabia o que aquilo significava.
- Aqui está, Anne. Eu e Matthew fizemos uma visita a uma senhora que conheceu seus pais, e ela nos entregou isso. Creio que aqui dentro tenha algumas informações sobre os seus pais biológicos. Anne olhou para Gilbert, e ele lhe disse com apenas um olhar que fosse em frente e desse uma olhada no álbum. Anne tomou coragem, pegou o livro que Marilla lhe estendia, e o abriu um tanto nervosa, pois não sabia o que exatamente encontraria ali, e temendo se decepcionar se nada relevante fosse encontrado.
Logo, ela percebeu que se tratava de um diário que sua mãe preenchera algumas páginas por algum tempo. Seus olhos marejaram com as informações contidas ali, e lágrimas abundantes correram por seu rosto deixando Gilbert preocupado.
- O que foi, amor? Por que está chorando? - Anne fungou pesadamente antes de responder, e as palavras que saíram de seus lábios estavam cheias de emoção:
- Gilbert, eu me pareço com minha mãe. Ela também tinha o cabelo ruivo, e era professora. - era tão reconfortante descobrir que tinha uma raiz em algum lugar, e Anne de repente não se sentiu mais uma alma anônima no mundo.
- Agora eu entendo o seu amor pelo magistério. – Gilbert disse feliz por ver que Anne passava as mãos nos próprios cabelos quase com carinho.
Anne continuou a ler o diário que não tinha muitas páginas e que fora interrompido em um certo ponto, mas, o pouco que descobrira a fizera se sentir aliviada e livre dos estigmas do passado. Ela tivera uma mãe e um pai que a amaram muito, e ela sabia disso, porque a mãe mencionara várias vezes a sua felicidade de ter sua filhinha tão linda em seus braços, e agora Anne tinha certeza de que teria o que contar para seus filhos no futuro. Sua vida não tinha mais lacunas, ou segredos, estava completa e ela podia finamente se sentir livre e seguir em frente.
- Obrigada, Marilla. Este foi o melhor presente que já recebi na vida. - Anne disse tão sorridente que fez Marilla rir junto com ela.
- Estamos felizes por você finalmente saber quem são seus pais biológicos. - Matthew disse abraçando-a com carinho.
- Eu também, mas, saibam que nem por isso vou amar menos vocês dois. Ela disse, e percebeu que Marilla disfarçadamente enxugava uma lágrima emocionada.
Depois, disso, ela e Gilbert deixaram suas bagagens em Green Gables, as quais viriam buscar depois, e foram dar uma volta nos arredores, ideia essa sugerida por Gilbert. Eles foram até a praia completamente vazia devido ao frio do inverno, e se sentaram na areia se recordando de tantos momentos que tiveram ali. Alguns lembranças eram lindas e outras trouxeram lágrimas aos olhos de Anne, mas, nem por isso deixavam de ser importante na construção da vida que queria para si e Gilbert naquele momento.
Ele também a levou para ver como estava a casa que Sebastian continuava a construir para eles, e Anne viu admirada que a construção estava bastante adiantada. Ela não via a hora de Gilbert se formar logo e se mudarem definitivamente para aquele lugar paradisíaco, porque ali estava a promessa que um dia Gilbert lhe fizera quando ainda apenas sonhavam com o casamento e nenhuma reviravolta triste tinha tocando-os ainda, e ela tinha certeza que seriam muito felizes vivendo ali com seus filhos ,não importando a sua origem
Eles voltaram para Green Gables de tardezinha, e quando Gilbert foi pegar as bagagens. Marilla disse:
- Seu quarto está pronto, Anne, e eu deixei o de hóspede para você, Gilbert. - Anne viu a expressão confusa no rosto de Gilbert, e ficou sem jeito pela maneira como ele a olhou. Contundo, ele educadamente respondeu para Marilla:
- Muito obrigada, Sra. Cuthbert mas, vou para minha fazenda. Quero ver como tudo está por lá.
- Claro, meu querido, Fique à vontade então.
- Obrigado. Anne, posso falar com você um minuto? - Anne viu o rosto sério dele e respondeu:
- Claro. – Assim o acompanhou até o jardim, e quando se viram sozinhos. Gilbert disse:
- Como assim você vai dormir em Green Gables? Pensei que iria para a fazenda comigo. - a voz dele soou indignada, e Anne tentou aplacar sua raiva abraçando-o pelo pescoço e dizendo:
- Amor, tente entender. Não estamos em Nova Iorque, e sim em Avonlea, e você sabe muito bem como as coisas são por aqui. É natural que Marilla imaginasse que eu passaria esses dias em Green Gables.
- Anne, mas, e a gente? Não quero ficar longe de você. – Gilbert disse estreitando o abraço, já sofrendo com a possibilidade de não ter Anne dormindo em seus braços.
- Gilbert, será por pouco tempo. A gente aguenta, amor. - Gilbert pensou em argumentar, e tentar convencer Anne a ir para a fazenda com ele, mas, ela se manteve irredutível. Não queria causar constrangimento àquelas pessoas que sempre foram corretas com ela. Por fim, ele desistiu, não sem antes deixar Anne perceber o quanto tudo aquilo o aborrecia. Ele se despediu dela com um beijo, prometendo vir buscá-la para dar um passeio pela cidade no dia seguinte.
Assim, ele seguiu para a fazenda e quando chegou lá, ele estava realmente chateado. Mary e Sebastian o receberam com um abraço amistoso, e logo perceberam sua carranca e quiseram saber o motivo de ele estar ali daquele jeito sem Anne. Enquanto o rapaz brincava com Shirley, ele contou o que acontecera em Green Gables e o real motivo de Anne não estar ali com ele.
- Gilbert, não seja tão intransigente. Nova Iorque é outro mundo totalmente moderna e cheia de outras culturas. As pessoas daqui são muito ligadas ao moralismo, e adoram se meter na vida dos outros. - Mary disse tentando fazer Gilbert levasse em conta a situação de Anne. Ele era homem e podia ter a liberdade que quisesse, mas, ali, as mulheres eram vistas de maneira diferente e não existia toda aquela igualdade entre o sexo masculino e feminino que havia em outras cidades longe dali.
- Eu sei, Mary. Mas, eu não me conformo de ter que dormir longe da Anne. - ele disse teimosamente.
- Não exagere, Blythe. Será por pouco tempo. Acho que você dá conta. - Sebastian disse, e Gilbert apenas concordou não querendo mais falar naquele assunto.
Mais, tarde, ele tomou um banho, jantou em companhia de sua família, jogou xadrez com Sebastian e foi para o seu quarto bem tarde, sem esperanças nenhuma de conseguir dormir. Anne não estava ali, e ele já sentia sua falta, e por esta razão, ele se levantou várias vezes durante a noite sem conseguir conciliar o sono. Aqueles dias iam ser longos, e Gilbert sabia que sua insônia duraria exatamente quatro dias.
Enquanto isso, em Green Gables, Anne se sentia do mesmo jeito. Depois que Gilbert partira para sua fazenda, ela desfez as malas, ajudou Marilla com o jantar, tomou banho e foi para a cama, mas também teve dificuldade em dormir, virando de uma lado para outro sem pensar. Aqueles meses todo tendo Gilbert ao seu lado na cama a fizeram a desaprender a dormir sozinha. Ela precisava do braço dele ao redor de sua cintura, seu corpo colado no dela, e o beijo longo e apaixonado que sempre trocavam antes de se entregarem ao mundo dos sonhos. Anne se levantou, foi até a janela e olhou para sua velha cerejeira e sentiu como se ela pudesse entender seus pensamentos naquele momento que voavam até Gilbert, desejando tanto a presença dele fazendo seu corpo inteiro doer com falta que sentia dele.
Ela desceu as escadas e foi até a cozinha tomar um copo de água, e depois se sentou na cadeira de balanço de Matthew no escuro, sem conseguir esquecer de seu noivo um minuto se quer;
- Não consegue dormir, Anne? - a voz de Matthew era um sussurro ali na sala, e Anne entendeu que ele falava assim, porque não queria acordar Marilla. Ela balançou a cabeça concordando, e Matthew perguntou:
- Está sentindo a falta de Gilbert?
- Sim. Desde que fui para Nova Iorque não dormimos uma noite separados. É difícil ficar longe quando a gente se apega assim.- ela disse tristemente.
- E o que está esperando? Por que ainda está aqui? – Anne o olhou espantada com a pergunta e disse:
- Não posso. O que Marilla iria pensar?
- E quem se importa com o que minha irmã ranzinza pensa? O importante é que você se sinta feliz. Vá se arrumar que eu te levo até lá. E quanto a Marilla, deixa que eu me entendo com ela.
Anne não precisou de mais nenhum incentivo para fazer o que Matthew estava dizendo. Ela correu para o seu quarto e vestiu apenas um roupão por cima da camisola, pois não ia precisar de nada disso mais tarde. – ela pensou maliciosa, e em poucos segundos estava de volta e sorriu para Matthew feliz, ele lhe correspondeu e logo estavam na frente da casa de Gilbert.
- Obrigada, Matthew. - ela disse, beijando-o no rosto.e o bom senhor respondeu.
- Por nada, querida. Vá até lá e seja feliz. - Anne sorriu de novo, saiu do carro e correu até a porta da frente, imaginando como entraria na casa. Era bem tarde e não queria acordar todo mundo ali. Ela olhou para a janela de Gilbert, e percebeu que o quarto estava ás escuras, e de repente, se lembrou que as pessoas em Avonlea não tinham o costume de trancar a porta como as pessoas de Nova Iorque, porque ali roubos ou invasões raramente aconteciam. Ela forçou a maçaneta e como esperava estava destrancada. Assim, ela subiu as escadas que levavam até o quarto de Gilbert tomando o cuidado de não fazer barulho. Ela abriu a porta e quando o viu deitado na cama, seu sorriso se alargou. Ele era realmente lindo, e nesses momentos era que Anne percebia o quanto. Os olhos castanhos que ela adorava estavam fechados naquele momento, e ela podia ouvir sua respiração calma e rítmica, ele tinha um braço dobrado em cima da cabeça, e seu peito estava descoberto, e os olhos da ruivinha passearam por aquela região, fazendo-a respirar mais fundo. Gilbert sempre tivera músculos, mas, conforme ficava mais velho aquela região estava ficando cada vez mais definida, e Anne constatou que era a parte do corpo dele que mais a atraía, apesar de cada pedacinho dele ser incrivelmente sedutor. Ela se aproximou em silêncio, e se deitou ao lado dele sem fazer barulho, porém, Gilbert percebeu sua presença, abriu os olhos e encarou o seu olhar azul espantado.
- Anne, o que...- ela colocou seu dedo nas boca dele impedindo-o de falar.
- Shhh..., quero apenas que me escute. Eu vim até aqui porque estava com saudades. Você tem razão, é impossível dormirmos separados, e não quero que isso aconteça nunca.
- Como você chegou até aqui a essa hora? - ele perguntou estendendo a mão e acariciando a curva do ombro dela.
- Matthew me trouxe. Ele percebeu a minha insônia e o motivo dela, e assim me trouxe até aqui. – Gilbert olhou pra ela admirado, mas não fez nenhum comentário sobre aquilo. Assim, Anne aproveitou para olhar Gilbert mais um pouco. Ela observou os pequenos pontinhos esverdeados dentro daquele olhar castanho que a encarava quase sorrindo, o nariz perfeitamente modelado, o maxilar forte, e aqueles lábios que ela estava louca para beijar, e assim passou os dedos sobre eles em uma carícia leve percebendo Gilbert estremecer com aquele toque suave dela.
Naquele instante em que ficavam em silêncio apenas olhando um para o outro e gravando na memória cada detalhe, Anne pensou nas inúmeras coisas que Gilbert dizia para ela e que a faziam feliz, mas, que ela nunca tivera a mesma atitude em relação a ele, a não ser quando escrevia seus poemas. Porém, a coisa toda era tão metafórica, que ela não sabia se Gilbert conseguia entender o sentido amplo de seus sentimentos por ele que ela sempre colocava ali. Por esta razão, ela quis que ele soubesse exatamente como ela se sentia e vinha se sentindo desde que estavam juntos. Era importante para ela que Gilbert compreendesse o quanto ele significava em sua vida, e assim, ela começou a falar, tendo toda atenção do seu noivo sobre si:
- Eu realmente amo Green Gables, mas eu percebi que ela perde totalmente o brilho se você não está lá comigo. Eu me senti tão sozinha e vazia sem você essa noite, então eu tive que vir até aqui e te falar que adoro estar com você. Adoro te beijar e te tocar, adoro quando sussurra coisas em meu ouvido e suas mãos deslizam devagar sobre o meu corpo. Adoro esse seu sorriso que me deixa tão feliz quando o vejo em seu rosto, Adoro quando fazemos amor e você me faz sentir única e especial para você, adoro quando diz o meu nome em momentos tão incríveis que experimento ao seu lado, e adoro ainda mais ser sua mulher, porque é isso que sou, tão única e exclusivamente sua mulher.
Gilbert não soube o que dizer diante de tantas palavras sinceras que vinham do coração de Anne. Ela nunca lhe falava abertamente do que sentia, e ele sempre respeitara essa característica da personalidade dela, e nunca se sentira magoado por isso, pois ele compreendia que depois de tudo que Anne tinha passado era difícil para ela conseguir colocar em palavras suas emoções latentes, mas, tudo isso o que ela dissera o emocionava demais, ele nunca duvidara do amor dela, porém, agora que ela dissera tudo aquilo, ele percebia que sentira falta de ouvi-la se declarar daquela maneira, porque isso lhe dava uma ideia tão exata do que ele significava na vida dela. Gilbert levou a mão até o rosto dela e disse:
- Você é tão incrivelmente perfeita. - e sem esperar mais a beijou, e Anne correspondeu imediatamente, suas mãos correndo sobre o abdômen dele, arranhando-o de leve, fazendo Gilbert suspirar baixinho. Então, ele a puxou para cima dele, se livrando de todas as peças de roupa dela que o impedia de senti-la como queria ,ao mesmo tempo em que suas próprias roupas eram também retiradas com ajuda de Anne. O beijo se aprofundou, e Gilbert apertou Anne contra si, deixando que suas mãos percorressem todo o corpo dela que implorava por mais e mais toques. Os suspiros profundos dela o deixavam inebriado, assim como os lábios ela que beijaram cada parte do corpo masculino levando Gilbert a um frenesi tão imenso que ele teve que fechar os olhos para curtir melhor a sensação. Era embriagador ter Ane ali em seu quarto onde tantas vezes se amaram assim. A diferença era que ela não sentia mais medo, mágoa ou decepção, e permitia que ele a amasse de todas as maneiras ampliando de maneira gigantesca todas as sensações que explodiam em seus corpos. Ela era como uma pequena chama naquela noite capaz de incendiar tudo, com seus suspiros cada vez mais altos, e Gilbert se sentiu mais excitado ainda por ver o que suas carícias eram capazes de causar em Anne. Ela seguia os movimentos dele, enquanto cada fibra ou cada curva de seus corpos estavam conectados em uma energia que transcendia tudo o que tinham sentido até ali. Ela o levou ao auge muitas vezes com suas mãos aveludadas que pareciam falar por ela, e buscavAm encontrar em Gilbert a mesma paixão que fazia sua pele se arrepiar e esquentar como se estivessem em pleno verão no meio do inverno E assim cada degrau que subiam juntos rumo a união perfeita que sempre os deixava perdidos um no outro era mais uma barreira que se rompia deixando-os livres para chegaram ao clímax cheios de uma satisfação sem limites. O amor que ali se fez naquela noite trazia em sua bagagem uma história que foi contada em cada carícia que trocaram, e cada olhar ou entrelaçar de dedos, abrindo espaço para mais capítulos que seriam construídos ao longo de suas vidas juntos, criando assim uma existência rica de muitos sonhos, lutas e entrega.
Antes de adormecer naquela noite, Anne olhou parA o homem ao seu lado que era a razão de ela se sentir tão cheia de vida e tão feliz e disse baixinho enquanto seus dedos tocavam o rosto dele com carinho.
- Quero que seja meu, Gilbert, assim como eu sou sua.
- Eu já sou seu, Anne, desde sempre.
Mais um beijo se seguiu e foi acrescentado naquele álbum de memórias que nem o tempo apagaria, pois era feito de verdade, de sentimentos que se transformavam e cresciam a cada dia, era feito do mais lindo e puro amor de duas pessoas que um dia se encontraram no intervalo de seus sonhos e continuaram a seguir naquela jornada juntos que os conduziria finalmente ao final feliz que mereciam e desejavam em seus corações.
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