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Capítulo 66- Para o melhor ou para o pior


Olá, queridos leitores, eu não iria atualizar hoje, mas me senti particularmente inspirada. Minha vida está uma loucura, então, tenho feito o possível para não deixá-los sem os capítulos todas as semanas, e espero que apreciem este que escrevi como sempre com o meu coração. Estou tentando me equilibrar entre as histórias que escrevo, minha pós graduação, aulas de dança, pilates e trabalho. Mas, como tenho um cérebro criativo demais e que nunca descansa, como diz o meu médico, procuro dedicar minha atenção especial os leitores que me acompanham todas as semanas. Quero agradecer aos comentários inspiradores e incentivo para que eu continue essa história, e também gostaria de dizer que sinto falta de alguns leitores que costumavam comentar a cada capítulo meu, mas que de repente sumiram. Mas, tudo bem, valorizo cada palavra que me dizem aqui, e mesmo as pessoas que não gostam de comentar eu agradeço da mesma maneira, pois só de ver a quantidade de visualizações e favoritos, me sinto muito realizada. Um grande beijo a todos, e espero que me digam o que acharam deste capítulo em especial. Mil beijos. Rosana.



ANNE

Acordar, não era mais um problema tão sério para Anne como semanas atrás. Naquele tempo assim que amanhecia, e os raios solares entravam em seu quarto, ela afundava a cabeça no travesseiro e fingia ainda dormir, pois assim que colocava os pés para fora cama, seu drama recomeçava e lutar para-manter sua mente sã até o fim do dia era extremamente desgastante, por isso, lidar com a penumbra era muito mais fácil do que ter que enfrentar a luz do dia. Porém, após falar com Gilbert e abrir seu coração, os pesadelos tinham diminuído, e se levantar todos os dias deixara de ser uma agonia.

Ela afastou as cobertas, e foi até a janela sendo brindada com o aroma doce de sua cerejeira que parecia tão bela aquela manhã, que apesar de ser outono, ela mantinha suas folhas quase da cor dos cabelos de Anne. A ruivinha fechou os olhos e aspirou o ar fresco que chegava até ela pela brisa, e sentiu como se seus pulmões fossem purificados, e sua alma finalmente fosse livre como um pássaro pronto a levantar voo.

Anne podia dizer que era quase feliz de novo, e nesse quase havia ainda uma sombra que não permitia que seu sorriso fosse sincero de verdade. Ela aprendera a disfarçar bem, e fazia isso com tanta maestria que conseguia até convencer a si mesma às vezes. Não queria que ninguém percebesse que uma parte de si mesma ainda estava perdida, e por isso, ela escondia com seu melhor sorriso sua tristeza infindável, principalmente se Gilbert estivesse olhando. Não queria que ele soubesse que dentro dela havia um certo lado sombrio que impedia que seu coração voltasse a bater com o mesmo vigor e vitalidade de antes.

Pensar em Gilbert lhe dava ânimo agora, mas também lhe deixava inquieta por vários motivos. Estavam aprendendo a lidar com seu pesar sem deixar que influenciasse no relacionamento deles que era quase tão bom quanto antes, e que apenas precisava se ajustar para voltar a ser o que fora no passado.

Passavam momentos incríveis juntos, e Gilbert parecia cada vez mais cuidadoso com ela. Anne notara algumas mudanças sutis como a maneira como às vezes ele a olhava, como se a observasse de perto, talvez temendo que ela afundasse de novo em seu não conformismo por tudo que os atingira naqueles meses jogando Anne em um poço tão fundo que ele não poderia alcança-la, e o jeito com que Gilbert a abraçava também parecia ter um significado diferente. No passado, quando Gilbert rodeava sua cintura com seus braços era porque se sentia incapaz de tirar as mãos dela, mas agora, além do carinho explícito que o abraço de Gilbert sugeria, Anne podia sentir também a segurança que ele se esforçava em transmitir a ela, tentando compensar a solidão que fora companheira de Anne por dois meses consecutivos. Agora ela podia dormir e acordar sabendo que aqueles dias inquietantes tinham acabado de vez.

A única coisa que ainda não tinha voltado a ser o que era antes entre eles eram seus momentos de intimidade. Anne não sabia exatamente porque ela relutava em se entregar ao amor reconfortante de Gilbert. Não era falta de desejo e nem de paixão. Anne podia sentir em suas veias todo o calor que o toque de Gilbert causava em sua pele, jamais poderia resistir a força poderosa de seus sentimentos por ele, mas, sempre que seu noivo tentava chegar mais perto, intensificando suas carícias, Anne não permitia que ele continuasse, porque ela sentia que sucumbiria facilmente a atração entre eles, mas seu coração seria mutilado nesse processo, pois dentro dela ainda havia o medo de sua infertilidade, e isso a fazia pensar que Gilbert merecia uma mulher plena e não pela metade como ela vinha se sentindo.

Se confessasse isso a ele, Gilbert diria que era bobagem, e que ela mais uma vez estava colocando um muro entre eles, porque preferia continuar sofrendo a deixar que seu coração seguisse por caminhos diferentes. Era como se ela se castigasse por algo que julgava não ser merecedora, e não se permitir viver intensamente os momentos de amor com Gilbert era se condenar a uma abstinência excessiva.

Anne saiu da janela e se vestiu. O dia estava bonito demais para que ela ficasse trancada em seu quarto tentando compreender seus sentimentos confusos. Ela colocou um vestido azul turquesa e sapatilhas, e depois arrumou os cabelos de forma caprichosa. Anne voltara a se interessar por sua aparência, embora aquilo não fosse o que mais importasse, mas pelo menos lhe dava a sensação de que estava seguindo em frente depois da tempestade que enfrentara.

Ela desceu as escadas e foi em direção a cozinha. Marilla tinha deixado o café da manhã pronto para Anne, mas não o tomaria com ela porque ela e Matthew estavam trabalhando em sua horta. Anne não se importava em tomar café sozinha, isso que dava oportunidade para pensar sem que suas reflexões fossem interrompidas.

Ficara aliviada pela pronta aceitação de Gilbert a respeito de tudo o que acontecera, e seu apoio estava sendo fundamental para o restabelecimento de Anne. Ela estava pouco a pouco voltando a recuperar todas as coisas que perdera, particularmente seu amor pela vida, e o orgulho de suas conquistas.

Ela ainda não tinha ido buscar o resultado dos exames que atestavam sua capacidade ou não de ter filhos, e Anne sabia que era essa incerteza que não permitia que se entregasse completamente a Gilbert. Era como se não fosse digna de viver aqueles momentos como antes, por mais que seu corpo falasse outra linguagem, o bloqueio de sua incerteza continuava magoando-a.

Como queria ser forte o suficiente para enfrentar seu medo e ir até o hospital e tirar a limpo suas dúvidas. Gilbert dissera que fariam aqui o juntos, que não precisavam ter pressa. Quando ela sentisse que estava pronta, eles poderiam descobrir de vez o que tanto a atormentava.

Mas, precisava de apressar, pois dali a duas semanas Gilbert voltaria coara a faculdade, e Anne tinha certeza de que não suportaria a pressão de seus pensamentos. Sem Gilbert para apertar sua mão ela enlouqueceria com certeza. Porém, era tão difícil se decidir, era tão difícil acordar daquele pesadelo. Anne tinha medo de nunca ser capaz de descobrir a verdade, condenando a si mesma e a Gilbert a viverem naquele tormento.

Não podia se casar com ele, enquanto não se desfizesse daquela dúvida, e também não podia permitir que tivessem a intimidade de antes se não pudesse saber que ainda era a mulher certa para Gilbert. Por mais que ele dissesse que aquilo não importava para ele, era importante para ela. Queria dar a ele um filho, aquele estava se tornando um pensamento obsessivo dentro dela, embora não o dissesse a Gilbert, precisava dar a ele um filho para que pudesse voltar a ser feliz. Era com isso que vinha sonhando desde que ele a pedira em casamento da primeira vez, talvez antes disso, e não aceitava que seus sonhos fossem destruídos assim.

Gilbert dissera que não importava que os filhos que tivessem fossem biológicos ou não. Anne também não se importaria em adotar um bebê, pois ela também fora adotada, e se fosse contra isso não estaria fazendo jus à sua própria história. Poderiam adotar um bebê, mas depois que ela tivesse o seu filho biológico com Gilbert. Devia isso a ele e a si própria. A única coisa que podia estragar esse seu sonho era o resultado dos exames que se confirmassem sua infertilidade, ela ficaria arrasada.

Anne mudou o rumo de seus pensamentos, enquanto lavava a louça do café, em uma tentativa de aliviar a pressão em seu peito que inevitavelmente sempre a atingia quando pensava sobre aquilo.

Focou-se em sua faculdade que também retornaria em duas semanas, Ela tinha decidido que não voltaria naquele semestre. Tinha muitas coisas para pensar, e não conseguiria se concentrar o suficiente. Anne necessitava de paz para estudar, mas infelizmente não a encontraria tão cedo, então, achou melhor deixar aquele semestre passa, do que chegar ao fim dele e ver que tinha fracassado, e seria mais uma coisa para deixá-la arrasada.

Comunicara sua decisão a Matthew e Marilla no dia anterior. A boa senhora pareceu não concordar, mas Matthew, por saber de tudo o que ela vinha enfrentando, achou sua decisão a mais acertada diante das circunstâncias.

- Anne, tem certeza que é isso que quer fazer? Você se esforçou tanto para ter a chance de estudar. – Marilla disse, enquanto servia a Anne e Matthew uma deliciosa torta de maçã no café da tarde.

- Marilla, não estou desistindo. Somente estou fazendo uma pausa. Preciso cuidar de mim agora, e a faculdade nesse momento não parece ser o lugar certo para mim.

- Querida, se acha que isso é o melhor a fazer, então o faça. – Matthew disse trocando um olhar significativo com Anne.

- Matthew Cuthbert. Que absurdo é esse que está dizendo? Vai dar corda a loucura dessa menina? - Marilla disse indignada com o irmão.

- Marilla, você ouviu o que Anne disse. Ela precisa de tempo. - Matthew disse tentando fazer Marilla ver as coisas pelo seu ponto de vista.

- O que ela precisa é manter a cabeça ocupada. Nada vai ajudá-la se Anne ficar trancada em casa pensando bobagens. O que passou passou, o passado deve ser deixado para trás. – Marilla disse se recusando a aceitar que Anne estivesse deixando de lado seu maior sonho. Ela não sabia da extensão do trauma de Anne, por isso a garota compreendeu perfeitamente o seu ponto de vista.

- Marilla, eu realmente preciso desse tempo. Não fique chateada comigo. - Anne disse olhando-a com afeição.

- Eu não estou chateada, eu só acho que é desperdício de tempo. - Marilla disse devolvendo-lhe o olhar.

- Posso recuperá-lo depois. Você sabe que consigo. - Anne disse com um sorriso.

- Eu sei. - Marilla disse e logo mudou de assunto, e Anne percebeu que não a tinha convencido e voltariam a aquele assunto em outra oportunidade.

Anne deixou a cozinha, e resolveu trabalhar no jardim. O roseiral de Marilla precisava ser regado, por isso, Anne passou boa parte da manhã cuidando dele. Próximo da hora do almoço, Anne resolveu entrar e começar a preparar a comida, pois, ela sabia que Marilla ainda demoraria um bom tempo na horta da família.

Ela estava entretida preparando a salada quando ouviu alguém batendo na porta. Anne parou o que estava fazendo para ver quem era. Quando abriu a porta, ela ficou surpresa ao ver a garota loura a sua frente que lhe disse sorrindo:

- Oi, Anne. Não se lembra das velhas amigas? - Anne estreitou o olhar, e o coração veio a boca quando viu Ruby Gillis em sua varanda, mais bonita do que Anne se lembrava e aparentemente saudável. Ela estava acompanhada de um rapaz que mantinha sua mão direita carinhosamente no ombro dela, e havia mais um detalhe que fez Anne ter vontade de chorar. Ela estava grávida.

GILBERT

Gilbert brincava com Shirley, observando todos os seus movimentos infantis com grande interesse. Os olhinhos negros brilhavam enquanto ela ensaiava os passinhos rumo a sua liberdade. Logo não mais dependeria dos adultos, faria suas próprias escolhas, decidiria os brinquedos que mais lhe agradavam e iria para todos os cantos sozinha sem precisar que um adulto o fizesse por ela.

Gilbert sorriu, ao vê-la vir em sua direção com os movimentos incertos como se avaliasse a distância que teria que percorrer até encontrar os braços do irmão de criação que se estendiam a sua frente, incentivando-a a continuar, e Shirley decidiu por fim, concluir sua jornada indo passo a passo em direção a Gilbert que a abraçou com carinho assim que a tomou nos braços.

Era maravilhoso acompanhar o processo de desenvolvimento de uma criança, vê-la crescer e dar seus primeiros passos, tudo o que ele talvez não tivesse a chance de fazer. Tal pensamento fez sua ferida ainda aberta doer, e ele piscou os olhos para afastar as lágrimas, enquanto ajeitava Shirley em seu colo. Ela começara a brincar com uma mecha do cabelo dele, como se tivesse feito uma descoberta muito interessante. Gilbert a beijou no rosto, e ela sorriu para ele com os olhinhos cheios de adoração. Ele teve vontade de chorar de novo pela necessidade que sentiu ter seu próprio filho nos braços, mas logo se recriminou pelo que estava sentindo. Não podia se deixar abater daquela maneira, ele tinha que se focar em outras coisas, e tentar deixar para trás tudo o que vivera naqueles dois meses.

Gilbert voltaria para a faculdade no prazo de duas semanas, e isso o estava deixando ansioso por um bom motivo. Teria que confrontar Sabrina, e tomar providências para que fosse afastada da faculdade. Ela não merecia estar em um ambiente cujo objetivo era salvar vidas, e Sabrina ao contrário dessa filosofia só conseguia causar o mal. Ele não era ninguém para julgar as pessoas, mas naquele caso, não só o envolvia pessoalmente quanto envolvia bem-estar de sua noiva que Sabrina tivera o prazer de perturbar. Ela pagaria por ter tentado destruir a única coisa que lhe era importante na vida, e ele não descansaria enquanto não tivesse certeza de que Sabrina estava fora de sua vida para sempre.

Mas, isso não diminuiria a dor que ele sentia por saber que por causa daquela garota, sua querida e tão amada Anne talvez não pudesse ter filhos, e era algo tão inconcebível que a cabeça de Gilbert dava voltas e ele não conseguia entender como alguém poderia ser tão invejoso e mesquinho para tirar de uma mulher o seu direito de ser mãe. Porém, ele garantiria que nada mais lhe fosse tirado, nem por Sabrina e nem por qualquer outra pessoa.

Shirley resmungou, fazendo os olhos de Gilbert posar sobre ela de novo. Ele percebeu que a garotinha já tinha se cansado de ficar em seus braços, por isso, permitiu que ela se sentasse no chão, e sob os olhares protetores de Gilbert ela começou a brincar com vários cubos que haviam por ali.

O rosto de Anne invadiu seus pensamentos e Gilbert não pôde evitar de suspirar e se lembrar em que pé estava seu relacionamento com ela. Anne parecia em estar melhor nos dias que se seguiram após ter-lhe contado sobre tudo o que acontecera enquanto ele ainda estava preso a uma memória inútil que não o deixava se lembrar do que realmente importava, e vê-la sorrir de novo mesmo que por um curto espaço de tempo, lhe dava esperanças de que Anne voltaria a ser a pessoa que fora antes dali a algum tempo.

Gilbert a vinha cercando de todos os cuidados possíveis. Ele sabia que não podia voltar atrás, e nem apagar com seu amor o trauma sofrido por Anne, mas podia pelo menos ajudá-la a seguir em frente tentando transformar a tristeza que se abatera sobre ela em um caminho mais verdejante e cheio de luz.

O amor que existia entre eles lhes dava armas para que pudessem se fortalecer e conquistar tudo o que haviam perdido naquele incidente infeliz, e Gilbert não tinha dúvidas de que superariam, precisavam apenas de tempo e compreensão mútua.

O relacionamento íntimo entre ambos ainda não tinha evoluído do ponto em que pararam. Não era algo que particularmente o aborrecia. Ele não estava com Anne somente pelo prazer físico, e o que sentia por ela ia além disso. Era verdade, que sentia falta de acordar com a pele dela nua colada na sua, e receber as carícias dela suaves em seu corpo dando-lhe a certeza de que o que faziam juntos não era sexo e sim poesia pura. Os beijos de Anne sempre o levavam para muito além dos limites terrenos, era como atingir um patamar divino que ninguém mais conseguia alcançar, e cada vez que se amavam, Gilbert tinha mais um pouco de Anne, sabendo previamente que nunca chegaria o dia em que teria tudo dela. Anne tinha camadas tão profundas que para desvendá-las ele levaria anos, e ainda sim tinha certeza que ainda não seria o suficiente.

Ela era para Gilbert uma rosa delicada que devia ser amada e cuidada todos os dias, que devia ser lembrada que era tão essencial na vida dele quanto respirar, e que mais o preocupava no momento era deixá-la ali enquanto ia para Nova Iorque, porque longe dela eu não saberia se Anne não se deixaria sucumbir pela depressão que ele observara nela nos últimos dias. Era algo sutil que ele percebera em alguns momentos em que ela achara que Gilbert não saberia interpretar em seu olhar perdido no nada. Ele teria que falar com Diana e Josie, que eram suas amigas mais próximas para que ficassem de olho em Anne por ele, e que lhe avisassem se algo não estivesse muito bem, pois Gilbert tinha consciência de que Anne não lhe diria nada por medo de ser um peso para ele , e iria carregar de novo todo o fardo do mundo em seus ombros.

Gilbert compreendia que Anne só se libertaria daqueles sentimentos negativos que lhe roubavam o sorriso, quando soubesse dos resultados daqueles exames que fizera, e por piores que fossem, ela poderia seguir em frente sabendo finalmente que rumo tomar em sua vida. Ele somente não permitiria que ela se afastasse dele. Não aceitava que ela usasse sua provável incapacidade de ter filhos para construir um muro intransponível entre eles novamente. Eles pertenciam um ao outro, e nada o faria deixá-la.

Por isso, aquela semana Gilbert tomara uma atitude que talvez Anne não aprovasse, e que só seria revelada no momento certo. Ele fora até o hospital e pegara o envelope com os exames dela. Gilbert não ia abri-lo, porque queria fazer isso quando Anne sentisse que estava pronta. Ele manteria o envelope guardado seguramente na gaveta de sua escrivaninha, e esperava que Anne entendesse o motivo de seu gesto e não o odiasse demais. Gilbert jamais a forçaria a fazer nada que não quisesse, apenas decidira buscar os exames, porque pensou que assim seria um incentivo para Anne querer finalmente abri-los. Se isso nunca acontecesse, o envelope continuaria lá guardando para sempre os segredos de Anne.

- Oi, Gilbert. Está ocupado? – era Muddy que acabava de entrar em sua sala com sua costumeira animação fazendo tudo ao redor de Gilbert ganhar um brilho extra. Que bênção aquela amizade era para ele. Muddy era o irmão que a vida lhe dera, e sempre estivera com ele em todas as fases boas ou ruins, e estava ali novamente lhe sorrindo como se a vida fosse uma grande brincadeira que devia ser apreciada e desfrutada exatamente assim.

- Não muito. Estou cuidando dessa coisinha linda. - Ele disse fazendo cosquinha com o nariz no pescoço de Shirley que gargalhou feliz com o carinho de Gilbert.

- Bem, vim te fazer um convite. – Muddy disse com os olhos cheios de humor ao observar Gilbert com Shirley nos braços.

- Espero que não seja para outra partida de xadrez. Por que você sabe que vou te vencer de novo. - Gilbert disse rindo enquanto Shirley puxava uma mecha de cabelo dele.

- Não seja convencido, Blythe. Você sabe que jogo tão bem quanto você e na última partida não estava muito concentrado. - Muddy disse continuando a sorrir da expressão grave de Gilbert. – Mas, sossegue. Não foi por isso que vim. Quero te convidar para irmos à praia surfar. O Jerry é que sugeriu. Parece que Diana o está deixando louco por causa da aproximação do casamento, e Cole não está por perto para ajudá-la a se acalmar, portanto, ele sugeriu que levássemos nossas noivas para relaxarem um pouco nas areias da praia, enquanto gastamos nossas energias nas ondas. O que acha?

- É uma ótima ideia. O tempo ainda está bom para nadar, e acho que Anne não vai se opor, ela adora a praia. - Gilbert disse animado.

- Ótimo. Nos encontramos às duas horas então. Até mais tarde, meu amigo. - Muddy disse se despedindo.

- Até. – Gilbert respondeu vendo o rapaz desaparecer de seu campo de visão.

Ele então, devolveu Shirley para a mãe, e depois foi para o próprio quarto trocar de roupa, animado com a tarde que desfrutaria com Anne e seus amigos depois de tanto tempo.

ANNE E GILBERT

Ruby olhava para Anne cheia de simpatia enquanto dizia:

- Deixe-me apresentar meu marido para você. - Anne olhou para ela surpresa e perguntou um tanto abobalhada:

- Marido?

- Sim. Faz dez meses que nos casamos. Este é Thomas, ele acaba de se formar em medicina e é médico residente em um hospital importante de Nova Iorque. Foi ele que me ajudou com minha doença, cuidando de mim até que eu ficasse recuperada. Foi impossível não me apaixonar. - Ruby disse cheia de orgulho, olhando para o marido que retribuiu o seu olhar cheio de amor.

- Muito prazer, Thomas. - Anne disse, pensando que não era surpresa nenhuma que Ruby tivesse escolhido um rapaz moreno e que fosse médico para marido. Afinal, ela nunca superara sua paixão por Gilbert na adolescência. Esperava apenas que ela estivesse feliz, e parecia que estava, ao se julgar pelos olhos brilhando e o sorriso sincero nos lábios.

- O prazer é meu. Ruby me falou muito bem de você. – Thomas disse simpático.

- Eu vim visitar alguns parentes por aqui, e volto para Nova Iorque amanhã. Josie me contou o que aconteceu com Gilbert. Espero que ele esteja bem. - Ruby disse tocando o braço de Anne com carinho e sorrindo. Anne só achou difícil de retribuir, principalmente quando a gravidez da amiga era evidente demais, e a estava deixando ansiosa, e com o coração apertado.

- Ele está bem melhor. - Anne respondeu tentando manter a voz firme. - Vejo que está grávida. – não pôde evitar de dizer.

- Sim, de cinco meses. Por isso, quis vir até aqui hoje, pois logo estarei tão grande que não poderei mais viajar.

- Fico feliz por você. Depois de tudo que passou com sua doença, merece essa bênção em sua vida. – Anne comentou tentando não parecer triste.

- Você também. Quem sabe nossos filhos não possam brincar juntos um dia? - Ruby disse animada, e Anne sentiu novamente uma faca cravada em seu coração. Será que nunca pararia de sofrer com aquilo?

- Sim. - ela respondeu fracamente.

- Bem querida. Precisamos ir, pois temos várias pessoas ainda para visitar antes de irmos embora amanhã. Venha nos visitar quando vier a Nova Iorque. – Ruby disse beijando Anne no rosto.

- Claro. Anne respondeu automaticamente.

Assim que Ruby foi embora, Anne se sentou na mesa da cozinha, sentindo uma vontade enorme de chorar, mas as lágrimas não vinham. Ela pensou em quanto tempo aquela dor iria durar, e quantas vezes seu coração seria colocado a prova. Mas depois sacudiu a cabeça, se sentindo ridícula. Não podia se autoflagelar cada vez que visse uma mulher grávida. Tinha que superar aquilo e continuar vivendo.

Dando aquele pensamento por encerrado, ela terminou o almoço e esperou que Matthew e Marilla chegassem para comerem juntos. Porém, quando Gilbert apareceu em Green Gables para dizer que tinha combinado de ir para a praia com os amigos deles, Anne ainda tinha a imagem de Ruby grávida em sua cabeça, mas disfarçou seu estado de espírito de Gilbert, não queria deixá-lo mais preocupado do que ele já estava com ela. Anne não sentia vontade de ir para a praia naquele dia, mas a animação de Gilbert a convenceu.

Quando chegaram à praia se juntaram a seus amigos que já estavam ali reunidos, e enquanto os meninos iam surfar, Anne sentou com Diana e Josie na areia, e a morena foi logo perguntando

- Você viu a Ruby?

- Sim. - Anne respondeu, não querendo falar daquele assunto, mas não disse nada por medo de parecer grosseira.

- Ela realmente parece feliz agora que encontrou seu Gilbert Blythe para amar. – Diana disse tentando parecer engraçada, mas ao perceber que Anne não sorria ela disse preocupada.

- Tem algo errado, Anne? - a ruivinha ia negar, mas depois desistiu. Precisava botar sua mágoa para fora, e sabia que Diana e Josie eram as únicas pessoas com quem poderia fazer isso.

- Ela está grávida, Diana. - sua voz saiu mais cheia de dor do que pretendia.

- Oh, minha querida. - Diana a abraçou se compadecendo da tristeza dela.

- Quer falar sobre isso, Anne? – Josie perguntou.

- Não. Quero apenas esquecer isso. Podemos falar de outra coisa? - e Diana atendeu ao seu pedido. Ao ouvir a amiga tagarelando sobre o seu casamento, Anne começou a se sentir melhor, e depois de algum tempo a tensão tinha abandonado o seu corpo. Ela procurou por Gilbert que passara mais tempo dentro do mar do que fora dele, e começou a sentir falta dos braços dele ao seu redor.

Anne se levantou e foi em direção ele que estava parado com a prancha de surf ao seu lado enquanto falava com Muddy. Ela o abraçou por trás se agarrando na cintura masculina, e sentiu Gilbert ficar tenso imediatamente. Ela estranhou a reação dele, por isso deu a volta, e ficou de frente para ele se pendurando no pescoço de Gilbert e vendo a tensão no rosto dele se intensificar.

- Você está bem? – Ela perguntou preocupada, não sabendo o que pensar daquele olhar estranho de Gilbert sobre ela.

- Sim, não se preocupe, querida. – Ele sorriu e depois disse:- quer nadar?

- Claro. - ela respondeu, e então, Gilbert pegou em sua mão e a levou para a água. E durante todo o tempo em que permaneceram no mar, Anne percebeu que Gilbert teve o cuidado de manter uma distância segura dela, o que a deixou intrigada.

Ficaram a tarde toda na praia, e depois foram para casa de Gilbert. Quando chegaram lá, Mary estava descansando com Shirley e Sebastian estava trabalhando no celeiro.

- Vá até meu quarto. Vou preparar um suco e a gente pode ficar mais a vontade lá para conversarmos. – Gilbert disse. Anne concordou com a cabeça, e subiu as escadas até o quarto de Gilbert, enquanto ele sumia pela porta da cozinha.

Quando já estava no quarto. Anne resolveu tomar um banho, pois tinha areia em sua pele e a estava incomodando. Gilbert surgiu no exato momento em que Anne estava testando a água do chuveiro. Ele a chamou e ela apareceu só de biquíni, pois já tinha tirado o shorts e a camiseta que estava vestindo e se preparava para entrar no banho. Ela viu Gilbert colocar a jarra se suco sobre a sua escrivaninha, sem tirar os olhos dela e engolindo em seco.

Aquilo era covardia, ele pensou. Evitara chegar perto de Anne ou mesmo toca-la na praia para evitar a tentação, e de nada adiantara, pois ali estava ela, apenas coberta por dois pedaços de pano que quase não cobriam seu corpo, deixando-o mais excitado do que pretendia. Seu corpo traiçoeiro não escondia o seu desejo evidente, que era fácil de se notar pelo volume coberto pelos seus shorts que o deixava constrangido. Ele queria sair dali mas não conseguia, então, se rendeu ao apelo de seu íntimo e se aproximou dela que também não parecia estar se sentindo muito diferente dele.

Anne sentia o olhar de Gilbert sobre ela, e seu corpo começou a reagir assim que ele começou a caminhar em sua direção, sabendo previamente qual seria a sensação assim que ele tocasse sua pele. E quando a boca dele desceu faminta sobre a sua, ela já estava excitada demais para protestar. Anne queria demais aquilo, e depois de tanto tempo sem sentir o toque de Gilbert em seu corpo, as sensações eram infinitamente maiores e melhores.

Quando os lábios dele desceram pelo seu pescoço, e as mãos dele tocaram seus seios por cima do tecido do biquíni, ela já se sentia fora de si e gemeu baixinho ao sentir que os dedos deles se insinuavam em outras partes de seu corpo.

Gilbert a empurrou de encontro a cama, na qual ela se deitou trazendo-o com ela, e enroscando suas longas pernas na cintura dele, puxando-o para mais perto. Seus corpos ficaram colados, e seus lábios além do toque das mãos, pareciam ter fôlego para se beijarem por horas sem se cansarem.

Gilbert estava perdido nas delícias daquele corpo jovem e suave que ele amava, e depois de se controlar por dias, não conseguia ter nenhum pensamento coerente em sua mente. Ele queria apenas se perder naquelas curvas e tornar Anne sua, antes que o fogo da paixão que estava sentindo o consumisse de vez. Então, ele desamarrou as fitas laterais que prendiam a calcinha do biquíni dela, já se preparando para sentir a consumação dos seus desejos, assim que entrasse em contato com a intimidade dela macia e quente, mas então, sentiu-a ficar tensa, e percebeu que tinha passado dos limites. O que estava fazendo? Prometera que esperaria o tempo dela, e agora como um bruto e insensível a submetia a experimentar a versão mais crua e primitiva de seus desejos por ela, sem que Anne realmente estivesse preparada para aquilo.

- Querida. Me desculpe. Não quis me descontrolar assim. – Ele falou, saindo de cima do corpo de Anne, e se deitando ao seu lado, vendo com tristeza uma lágrima solitária escorrer pelo rosto dela.

- Não é culpa sua, Gilbert. Eu também queria. – Anne confessou.

- Mas então por que ficou assim? - Gilbert perguntou tocando os cabelos sedosos dela.

Anne se virou de lado, encostando seu corpo no de Gilbert, e ele rodeou sua cintura com as mãos, enquanto a ouvia desabafar:

- Eu vi a Ruby hoje. Ela apareceu em Green Gables para me visitar. Ela está casada e grávida, Gilbert. Dá para acreditar? Eu nunca me senti tão incapaz em toda minha vida. Até a Ruby, depois de lutar contra uma doença tão grave, foi abençoada pela maternidade. E por que eu não, Gilbert? Por que tive que perder o nosso bebê? Por que não posso tê-lo em meus braços como deveria ser? - ela não chorava, mas, Gilbert podia sentir sua infelicidade. Ele não disse nada, apenas beijou-lhe os cabelos, se levantou e foi até a gaveta da escrivaninha de onde tirou um envelope e veio até Anne novamente e disse:

- Podemos acabar com essa incerteza agora mesmo. Basta que abra este envelope e leia o resultado que está nele. - Anne arregalou os olhos e perguntou;

- Isso é o que estou pensando?

- Sim. Mas, não preocupe. Eu não o abri. Eu disse que faríamos isso quando você quisesse. E então?

- Não posso! - ela disse se encolhendo toda, o que fez Gilbert correr para ela e a abraçar beijando seu rosto repetidas vezes para acalmar o nervosismo que se espalhara pelo corpo todo dela.

- Calma, querida Eu disse que faríamos isso quando estivesse pronta. Não precisa ser hoje. – Anne ficou calada por um instante e depois parecendo mais calma disse.

- Desculpe-me por ser tão covarde.

- Você não é covarde. Só está com medo. Isso é normal depois do trauma que viveu. Espero que não esteja zangada porque peguei o resultado dos exames.

- Não, meu amor. Na verdade, estou grata por ter um homem ao meu lado que sempre coloca a minha felicidade acima da dele. É por isso que você merece todo o. amor do mundo. - ela disse beijando-o.

- Eu é que sou abençoado por ter a garota mais linda e incrível ao meu lado. A mulher da minha vida que será minha esposa em um futuro próximo. – Se beijaram novamente dessa vez com mais calma e cheios de amor.

Mais tarde, quando Anne estava tomando banho. Gilbert guardou o envelope do exame dentro da gaveta de novo. Não tinha sido daquela vez que Anne tinha finam ente se libertado daquelas dúvidas que a atormentavam, mas ela um dia teria coragem para fazê-lo, e Gilbert estaria do lado dela para o melhor ou o para o pior sempre.

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