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Capítulo 65- Infinito como as estrelas


Queridos leitores. Este capítulo está intenso, então, preparem os lencinhos, porque acredito que vão chorar de novo. Espero que se emocionem mais uma vez e que enviem seus comentários tão inspiradores. Obrigada por lerem esta história que tenho escrito com tanto carinho para vocês. Até o próximo. Beijos. Rosana.



GILBERT

O barulho do mar chegava até os ouvidos de Gilbert, mas ele realmente não o ouvia, pois o seu choro sentido e os soluços que cortavam o ar, o impediam de prestar atenção em qualquer coisa que não fosse a dor em seu peito e a pressão em sua cabeça que o fazia querer gritar incrédulo pelo que acabara de ouvir. Ele olhou para a garota em seus braços que não parecia estar em melhores condições que ele, e quis chorar mais ainda pela dor que ela suportara até aquele momento sozinha.

Deus! Eles iam ter um filho e Anne o perdera, e ele nem estava ao lado dela para confortá-la. Enquanto ele dormia em seu terrível esquecimento, Anne sofria a perda do filho deles sem seu apoio. Que espécie de pessoa ele era, que além de não lembrar de sua noiva ainda a condenara a estar sozinha em um momento tão horrível e traumatizante para uma mulher? Era preciso realmente ser muito forte para se suportar algo assim. Diante desde pensamento, Gilbert sentiu seu amor por Anne se tornar ainda maior. Que mulher incrível ela era, pois colocara seu sofrimento de lado para estar com ele todos os dias no hospital, como um anjo velando pelo seu bem-estar, quando era ela que mais precisava do apoio que ele não lhe dera.

E naquele exato momento, ela precisava dele de novo, e ele não podia sucumbir ao desespero que sentia dentro de si. Precisava dar a Anne o suporte necessário para que ela soubesse que não estava mais sozinha, e que não necessitava mais ser forte pelos dois. Ele estava ali para ajudá-la a dividir o fardo de superar a morte de um filho.

Gilbert controlou o choro, enxugando apressadamente as lágrimas que ainda rolavam por seu rosto, deu um passo para trás e encarou Anne que mantinha a cabeça baixa. Ela tinha parado de chorar, mas não olhava nos olhos dele como se não tivesse coragem suficiente para enfrentar o olhar de Gilbert sobre ela.

- Amor, olha para mim. - ela obedeceu e Gilbert viu o sofrimento estampado em seu rosto. Ele quase chorou de novo, mas se conteve a tempo. Anne precisava de alguém forte ao lado dela nesse momento, e ele não ajudaria em nada se debulhando em lágrimas feito um garotinho. Então, ela falou e suas palavras partiram seu coração a ponto de fazer Gilbert sangrar por dentro.

- Me perdoe, Gilbert. Você salvou minha vida, mas eu não pude salvar a vida de nosso próprio filho. - Anne soluçava abertamente, e Gilbert não queria acreditar que ela estivesse se culpando por aquilo. Ele se apressou em abraçá-la e dizer:

- Anne, você não teve culpa. Coisas assim acontecem, e não há nada a se fazer, a não ser superar e seguir em frente. - ela o olhou e sua expressão era grave quase como se seu sofrimento tivesse duplicado. Deus! Como queria afastar aquela dor do rosto dela, como queria curar sua alma ferida com seu amor. Se tinha que culpar alguém que fosse ele o culpado então. Ele a deixara sozinha em meio aquele caos, e quando ela o visitara no hospital ele estava envolvido em seu próprio drama para perceber alguma coisa. Agora entendia o súbito silêncio no qual ela mergulhava em alguns momentos, e aquela emoção estranha no fundo dos olhos dela que Gilbert nunca fora capaz de decifrar. Ele devia ter protegido Anne, mas fora ela que o protegera guardando aquele segredo a sete chaves dentro si até que a consumisse completamente.

Anne passou as mãos pelos cabelos, dirigiu novamente seu olhar para o mar que naquele momento se encontrava revolto com as ondas se avolumando e quebrando na praia, e Gilbert percebeu que se sentia exatamente assim. Uma confusão de sentimentos duelavam dentro dele, e ele não sabia definir exatamente em que proporção sentia cada um. O único pensamento que prevalecia era que tinha que libertar Anne daquela culpa, não podia deixar que aquele sentimento destruísse a criatura maravilhosa que ela era. A voz dela saiu por um fio, quase como se ela não suportasse o peso do próprio coração

- Como posso seguir em frente se não consigo me perdoar? Eu devia saber, Gilbert que aqui dentro de mim havia um filho nosso. Eu não me cuidei, eu não cuidei dele, e eu o perdi. - o olhar dela em sua direção era atormentado, Gilbert pensou por um segundo nas palavras certas para dizer a Anne, mas elas não vinham, então, ele a puxou para baixo e a fez se sentar na toalha de frente para ele, e com o rosto dela entre as mãos Gilbert disse:

- Amor, entenda. A culpa não foi sua. Você não poderia prever que algo assim aconteceria. Eu deveria ter estado lá com você. Eu deveria ter ficado a seu lado e dito o quanto eu a amava. Você precisou de mim, e eu falhei com você. Perdoe-me. - Anne balançou a cabeça, e em seus olhos apesar da dor que aquela revelação estava causando à ela, ele viu o brilho do amor que ela sempre demonstrara sentir por ele enquanto dizia

- Gilbert, você levou um tiro por minha causa e perdeu a memória. Como poderia me ajudar? Você não pode se culpar por algo que estava fora do seu alcance.

- Não suporto pensar em tudo o que você passou sem mim. E ainda te impus a presença desagradável de Sabrina, pensando que ela era minha noiva. Como pude fazer isso? - ele viu Anne se enrijecer ao ouvir o nome de Sabrina e tomou aquilo como normal. Afinal, Anne nunca tinha se simpatizado com a garota e com razão. Sabrina era uma erva daninha, e ele nunca mais queria ter nenhum contato com ela, Embora ele soubesse que iria fatalmente encontrá-la pelos corredores da faculdade. Mas, não queria pensar isso agora. Queria apenas se concentrar na garota ao seu lado e fazê-la acreditar que o amor que sentiam era tão grande que os ajudaria a superar aquela tragédia e qualquer outra coisa que viesse pela frente.

Gilbert fixou seu olhar em Anne que não o olhava de volta naquele instante, mas ele pôde sentir a tensão em sua voz quando ela disse:

- Podemos simplesmente deixar esse fato de lado. Você estava com amnésia e eu não o culpo por isso. – Gilbert sentiu seu coração quase explodir de amor por Anne naquele instante. Por que ela estava tentando poupá-lo de sua parcela de culpa naquela história toda? Ela vira o seu noivo olhar para outra mulher quando não devia nunca ter desviado os olhos dela. Ela vira Gilbert beijar outra mulher, quando ele devia ter reservado seus beijos somente para ela. Ele tinha feito tanta coisa que magoara Anne, e esperava que com o tempo ela o perdoasse, mesmo ele sabendo que o perdão não viria fácil.

Anne dizia que não o culpava, mas, a postura rígida dela em seus braços naquele momento sugeria outra coisa, Ela ainda o amava, ele tinha certeza, e faria de tudo para conquistar o seu perdão e seu coração de novo.

Gilbert apertou as mãos dela com força, e a fez virar para ele novamente, encostando sua testa na dela ele disse:

- Anne, quero que saiba que meu amor por você não diminuiu nem um pouco durante esse tempo todo. Eu podia não me lembrar de você com minha cabeça, mas, o meu coração nunca te esqueceu. Eu até senti ciúmes de um noivo imaginário que você disse que tinha sem saber que esse noivo era eu mesmo. - Anne sorriu fraco com essa afirmação e Gilbert se sentiu aliviado por ela ainda conseguir ver humor em alguma coisa. - Eu continuo te amando, meu amor. do mesmo jeito, e esse amor viverá em mim para sempre.

- Eu também amo você do mesmo jeito, Gilbert. Só sinto tanto por não ter nosso filho em meu ventre agora. - ela começou a chorar baixinho, e Gilbert sentiu a dor dela em si mesmo.

- Anne...Ele começou, mas não sabia o que dizer. Por que ele nunca sabia o que dizer naquela situação? Estava vendo o amor de sua vida se sentindo péssima com a perda do filho deles, e Gilbert não conseguia consolá-la o suficiente para fazê-la parar de chorar. Pense, Gilbert. Diga alguma coisa que faça Anne sentir que não está sozinha em sua dor, ele disse a si mesmo em pensamento. Então, o que ela disse a seguir fez seu coração se partir em mais mil pedaços:

- Queria tanto esse filho, Gilbert. Queria tanto te dar esse filho, mas eu não posso. - Então, ela parou de falar, porque parecia ter perdido as forças para continuar, ela apenas baixou a cabeça olhando para areia e desenhando nela com os dedos. Gilbert a puxou para ele, e disse com a voz emocionada:

- Eu teria adorado ter esse filho com você. Fruto do nosso amor tão grande. Teríamos nos casado imediatamente, e te levaria para Nova Iorque comigo. Você poderia continuar sua faculdade lá e formaríamos uma família feliz. – Ele parou de falar nesse ponto, pois podia facilmente ver aquela cena em sua mente. Anne com seu filho nos braços na casa dela e, sorrindo como ele amava vê-la sorrir, e partilhando uma vida inteira junto dele. Mas, então, ele balançou a cabeça para afastar o pensamento que era como uma faca sendo fincada em seu coração provocando-lhe uma dor aguda, e continuou falando tentando não deixar que as lágrimas rolassem mais uma vez. - Mas, isso não foi o que o destino planejou para a gente. Teremos outros filhos, minha querida em um futuro próximo e seremos tão felizes que essa dor será minimizada pelo nosso amor. - Anne começou a chorar tanto que Gilbert ficou preocupado. O que dissera de errado. Será que perdera o jeito de fazer Anne se sentir melhor, pois cada coisa que dizia apenas parecia aumentar o sofrimento dela.

- Anne, o que foi? Eu te magoei?

- Não. Eu só fiquei emocionada com suas palavras. – Ela fez um esforço para parar de chorar, e disse encostando a cabeça no ombro dele.

- Obrigada por estar aqui comigo. Você não faz ideia do quanto isso me conforta.

- Eu é que tenho que te agradecer pelo seu amor por mim ser tão grande, e por me fazer sentir que tudo entre nós vale a pena, não importa o que teremos que passar para ficarmos juntos. - ela apenas o olhou com aqueles olhos imensos, e parecia ter mais alguma coisa para dizer, mas ficou calada olhando as ondas molhando a areia na praia. Gilbert puxou o rosto dela em sua direção com o polegar e a beijou, e se foi um beijo totalmente diferente, não havia paixão ou desejo, era um beijo de amor, um beijo de saudade, e um beijo de perdão. E quando o sol se pôs no horizonte, ainda os encontrou abraçados sob a luz do sentimento que os unia, apesar de todos os infortúnios, o amor permanecia entre eles ainda mais forte que antes.

ANNE

Os braços de Gilbert em volta de sua cintura era tão prazeroso quanto triste. Um lado seu entendia que ele não a estava odiando pelo que lhe contara, mas o outro lado lhe dizia que ele estava sofrendo terrivelmente

Ela já o vira chorar antes, mas, não com aquela dor e não com aquela mágoa, e saber que ela tinha causado isso a pessoa que mais amava na vida fazia a sua culpa ser três vezes maior.

O som dos soluços de Gilbert em seus ouvidos fazia Anne querer chorar mais que ele. Ela sabia das perdas pelas quais ele passara, e acrescentar mais uma em sua lista de tristezas parecia ser um pouco demais.

Ela ficava se perguntando no que ele estaria pensando enquanto a abraçava tão forte até ao ponto de lhe faltar o ar, mas ela suportou aquilo sem reclamar, pois assim como Gilbert parecia precisar dela para compartilhar o que estava sentindo, ela precisava dele para continuar em pé.

Anne esperava tensa pelo que ele diria enquanto as lágrimas dela eram secas pela brisa do mar que soprava. Gilbert não parecia estar culpando-a pelo que acontecera, mas isso ela só saberia quando ele estivesse bem o bastante para lhe confessar o que estava sentindo. E no momento ele parecia estar completamente sem chão. Continuaram abraçados por um tempo, até que Gilbert se acalmou e falou com ela:

- Amor, olha para mim. - Anne relutou um pouco. Ainda não tinha coragem de encará-lo. Ela estava muito envergonhada por toda aquela situação, não queria que ele visse seu desespero, pois acabaria refletindo no dele. Ela conhecia Gilbert melhor do que ninguém, se ele visse o que estava na alma dela certamente se compareceria de sua angústia, e não queria a pena dele, não era disso que precisava e sim do amor dele. Era a única coisa capaz de salvá-la, a única capaz de fazê-la sair daquele mar de angústia que tinha se tornado sua vida. Queria apenas mergulhar nos braços dele e voltar a se recordar como era ser feliz com apenas um beijo. O apelo na voz dele a fez encará-lo e a dor que viu nos olhos dele a fez prender a respiração. Ela podia suportar a própria dor, porque já se acostumara com ela. Anne acordava e dormia sentindo-se partida ao meio, mas nunca aguentaria a dor de Gilbert, a dele não.

Ela tinha que dizer alguma coisa, o silêncio entre eles era opressivo, ela se apegou a aquele olhar carinhoso com o qual ele a fitava apesar de Gilbert manter o maxilar travado ainda por causa da tensão em seu corpo, então a voz dela se fez ouvir quando ela disse também tensa:

Perdoe-me, Gilbert. Você salvou minha vida, mas eu não pude salvar a vida de nosso próprio filho. - para seu horror, ela começou a soluçar. Prometera a si mesma que não o faria, mas não conseguiu manter a promessa, sua alma estava quebrada demais, e se despedaçara mais ainda ao vê-lo tão devastado quanto ela. De repente, ela se deu conta, que o rapaz a sua frente não era mais o garoto que prometera matar qualquer dragão que a assustasse, e sim um homem que passara por aquela transformação cedo demais. Anne podia ver que dentro dele o Gilbert Blythe que era antes dera lugar a outro, mais duro, mais realista, mas também mais forte, e ela o amava por todas as coisas que ele fora um dia, e ainda mais pelo que ele era agora, e perdê-lo nessa etapa da sua vida a destruiria de tal maneira que não teria volta para ela.

Então, como um bálsamo sobre suas feridas, Gilbert a abraçou, e ali naquela praia onde tudo tivera início, Anne sentiu que ele ainda a amava apesar do sofrimento que lhe infligira, e ouvir o que ele tinha a dizer a ela soou como música aos seus sentidos entorpecidos por meses de agonia intensa.

- Anne, você não teve culpa. Coisas assim acontecem, e não há nada a se fazer, a não ser superar e seguir em frente. -

Seguir em frente? Ela tinha esse direito? Um ser inocente morrera por causa dela, e ela devia seguir em frente como se aquilo não tivesse sido nada? Seu olhar se perdeu nas águas do mar novamente, e tudo o que ela queria era conseguir respirar de novo. Estava sufocada, queria fugir daquele sentimento, mas não havia lugar nenhum para ir. Ela então respondeu tendo pleno consciência do olhar preocupado de Gilbert sobre ela:

- Como posso seguir em frente se não consigo me perdoar? Eu devia saber, Gilbert que aqui dentro de mim havia um filho nosso. Eu não me cuidei, eu não cuidei dele, e eu o perdi.

Gilbert pegou em sua mão com carinho e juntos se sentaram de novo na areia, e em seguida, ele disse tudo que ela ansiava ouvir. Gilbert disse que não a culpava, que ela não devia pensar dessa maneira, e que a culpa maior era dele por não ter estado com ela nesse momento tão difícil, ele falhara com ela miseravelmente.

Assim, ela olhou para aquele homem que era o mundo para ela, e pensou que era típico de Gilbert querer assumir a culpa por algo que ele não tivera controle, e quando ela disse isso a ele, Gilbert continuou acusando a si próprio pela dor que Anne suportara sem ele, e quando ele falou sobre Sabrina e por seu engano em pensar que ela era sua noiva, Anne teve vontade de gritar. Não queria pensar em tudo o que acontecera, não queria lembrar que fora aquela garota maldosa tinha talvez causado a sua incapacidade de ter filhos. Ainda não tinha contado a Gilbert essa parte, estava tomando fôlego para mais um round de tristeza, ela apenas pedira que ele esquecesse aquele incidente causado por sua amnésia. Anne pensou que precisava apenas de mais um segundo para despejar sobre ele a fatalidade daquilo tudo, mas estava enganada.

Enquanto ela se debatia entre esses pensamentos, Gilbert continuou a dizer -lhe palavras que eram absorvidas por seu coração como chuva no deserto, trazendo um pouco de luz ao seus olhos tristes.

- Anne, quero que saiba que meu amor por você não diminuiu nem um pouco durante esse tempo todo. Eu podia não me lembrar de você com minha cabeça, mas, o meu coração nunca te esqueceu. Eu até senti ciúmes de um noivo imaginário que você disse que tinha sem saber que esse noivo era eu mesmo. - neste ponto ela teve que sorrir, e também assegurou seu amor por ele.

- Eu também amo você do mesmo jeito, Gilbert. Só sinto tanto por não ter nosso filho em meu ventre agora. - aquilo doeu e muito, ela pôde ver Gilbert curvar momentaneamente os ombros para tornar a endireitá-los logo em seguida. O olhar dele era grave quando ouviu-a dizer:

- Queria tanto esse filho, Gilbert. Queria tanto te dar esse filho, mas eu não posso. - Anne precisava continuar, ela tinha que contar a pior parte de tudo, mas seu erro foi olhar para Gilbert e ver que ele estava a ponto de desmoronar, então, ela soube que não podia falar com Gilbert sobre o seu pior medo, não suportaria magoá-lo mais um pouco, aquilo seria demais em um único dia.

Anne abaixou a cabeça e ficou brincando com os grãos de areia em suas mãos, mas nada poderia prepará-la para o que ouviria a seguir dos lábios tão amados de Gilbert e que a fez chorar mais ainda.

- Eu teria adorado ter esse filho com você. Fruto do nosso amor tão grande. Teríamos nos casado imediatamente, e te levaria para Nova Iorque comigo. Você poderia continuar sua faculdade lá e formaríamos uma família feliz. Mas, esse não foi o que o destino planejou para a gente. Teremos outros filhos, minha querida, em um futuro próximo e seremos tão felizes que essa dor será minimizada pelo nosso amor. - Anne não conseguia se conter. Ela pensou que não tinha mais lágrimas para chorar, mas seus olhos pareciam uma cascata abundante. Não sabia como pará-los. Porque não acabava logo com as esperanças de Gilbert? Por que não dizia a ele o que ele precisava saber? Por que era tão covarde? Por que continuava a fingir e a mentir? Gilbert não merecia aquilo.

- Anne, o que foi? Eu te magoei? - ela ouviu Gilbert perguntar em tom preocupado de novo por causa de sua crise de choro, e ela teve que mentir de novo dizendo que as palavras dele a tinham emocionado, e soube que continuaria mentindo até que pudesse pôr para fora a terrível e triste verdade que colocaria em risco seu relacionamento com Gilbert.

Enquanto ele falava das bênçãos de seu amor por ele, tudo no que Anne conseguia pensar era na longa estrada se estendia à sua frente como se acenasse com seu futuro ao longe tão difícil de alcançar. E quando os lábios de Gilbert tocaram os seus, Anne sentiu um fio de esperança tocar seu espírito como o pôr do sol que deixava para trás a magia da noite que se aproximava, as mãos de Gilbert nas suas trouxeram um pouco de calor ao seu coração.

ANNE E GILBERT

Enquanto levava Anne para Green Gables naquele fim de tarde, Gilbert se sentia emocionalmente esgotado, mas não mais do que Anne deveria ter estado naqueles dois meses em que lidara sozinha com seus trauma e medos, ele pensou. Por isso, ele queria compensá-la de alguma maneira, dar-lhe um pouco mais de conforto, um alivio de suas tensões, e quando alcançaram os portões da fazenda dos Cuthberts, ele já tinha uma ideia do que queria fazer.

Assim, quando Anne deu-lhe um selinho para se despedir, ele a segurara pela cintura, e disse acariciando-lhe o rosto:

- Janta comigo amanhã em minha fazenda? – Anne não sabia se era uma boa ideia. Não estava muito animada para conversar com pessoas, mesmo sendo Mary e Sebastian quem estariam lá. Ela adorava a ambos que eram pessoas maravilhosas, e que a tinham apoiado durante todo o tempo da amnésia de Gilbert, mas, ela sabia que eles também eram um lembrete de tudo o que vivera naquele período, e pelo menos por um tempo ela não queria nada que a fizesse pensar naquilo. Ia recusar, mas o olhar esperançoso de Gilbert fez com que aceitasse. Não queria deixá-lo ainda mais triste naquele dia,

- Está bem. Pode me esperar às sete horas? - ela perguntara.

- Claro. Eu ia mesmo sugerir este horário- Gilbert disse sorrindo.

- Estamos combinados então. - mais um beijo e então Anne entrou, e Gilbert voltou para casa.

Quando chegou em sua fazenda, o olhar que lançou a Mary quando adentrou a cozinha com sua boina nas mãos e olhar entristecido a fez entender o que tinha acontecido.

- Ela te contou, não é?

- Sim, Mary. - Gilbert respondeu em um fio de voz, e ela o abraçou dizendo:

- Sinto muito, Gilbert. Queria muito que as coisas fossem diferentes.

- Eu também, Mary. Principalmente por causa de Anne. Ela sofreu tanto esse tempo em que fiquei no hospital. Queria ter estado com ela. Dói tanto saber que eu não estava lá quando ela precisou de mim. – Mary apertou-lhe o ombro com afeto e tentou consolá-lo.

- Você não podia fazer nada. Ninguém podia.

- Mesmo assim eu podia ter ajudado de alguma forma. Ela está tão frágil agora, que temo por sua saúde. – Gilbert disse suspirando de preocupação.

- Querido. Você está aqui agora, apenas mostre a ela que seus amor ainda é o mesmo e que vai apoiá-la no que precisar.

- Eu pensei muito sobre isso hoje, e convidei Anne para jantar aqui em casa. Acho que ela merece uma distração e eu também. - Gilbert disse enquanto se sentava no sofá da sala.

- Então, acho que Sebastian e eu deveríamos sair e deixar vocês sozinhos. Tenho certeza de vocês ainda têm muito o que conversar, e voltar a ter o mesmo tipo de relacionamento que tinham antes. - Mary disse.

- Faria isso por mim? Não quero incomodar nem você e nem Sebastian. - Gilbert disse inseguro.

- Você não incomoda nunca, meu amor. Vou aproveitar e visitar minha irmã. Faz tempo que ela tem me cobrado uma visita. Ela quer muito ver Shirley.

- Obrigado, Mary. Por tudo. – Gilbert disse com os olhos úmidos. Nunca fora de chorar, mas, depois daquele dia, sentia seus olhos marejados todo o tempo, principalmente quando pensava em tudo o que ele e Anne conversaram na praia.

- Você sabe que pode contar comigo e com Sebastian sempre. Boa sorte com o jantar. - Mary disse indo em direção à cozinha.

- Obrigado. - Gilbert agradeceu mais uma vez.

O dia seguinte foi bastante agitado para Gilbert. Sebastian e Mary partiram logo cedo e somente voltariam no dia seguinte, por isso, Gilbert ficou sozinho para preparar o jantar do jeito que quisesse. Quanto mais se aproximava a hora de Anne chegar, mais nervoso e tenso ele ficava. Era a primeira vez em meses que ela jantava ali, e diante das circunstâncias ele queria que tudo saísse perfeito.

A campainha soou às sete horas, e ele foi abrir a porta a tempo de se despedir de Matthew que havia acompanhado Anne até ali.

- Boa noite. - ela disse um tanto tímida e estendendo para Gilbert um pote com as suas rosquilhas favoritas. – Eu quis contribuir para a sobremesa.

- Obrigada, meu amor. – Gilbert a beijou no rosto, e depois a convidou a entrar.

- Sebastian e Mary não vão jantar com a gente? - ela perguntou olhando ao redor em busca do casal.

- Não. Mary e Sebastian foram visitar alguns parentes perto daqui. - Anne digeriu a informação devagar. Não esperava ficar sozinha com Gilbert. Mas, depois resolveu esquecer esse pensamento e curtir o jantar que seu noivo tinha preparado para ambos.

O ambiente era bastante acolhedor e Anne se sentiu completamente à vontade, a não ser pelo olhar de Gilbert que caia em cima dela a todo instante como se estudando cada detalhe de seu corpo. Eles se sentaram à mesa, e Gilbert serviu o jantar. Anne saboreou a comida e suspirou satisfeita. Gilbert sempre tinha sido melhor cozinheiro que ela, e tudo que ele cozinhara estava excelente. Tinham acabado a sobremesa, quando Gilbert se levantou, colocou uma música e disse:

- Venha dançar comigo. - Anne ficou dividida entre aceitar ou recusar, pois de repente, sentiu o ambiente entre eles mudar, e uma sensualidade latente se instalara ali fazendo-a engolir em seco. Não estava preparada para aquilo, sabia que não, mas não podia negar que Gilbert a atraía como sempre, e estar nos braços dele de repente pareceu ser a única coisa que realmente desejava aquela noite.

Se aninhou entre eles, enquanto Gilbert rodeava sua cintura e a trazia para tão perto que nenhum espaço sobrou ali. Era tão natural se colar ao corpo dele quanto aqueles lábios que corriam por seus cabelos, e as mãos que subiram até às suas costas alcançando o decote do vestido, e parando ali para acariciar a pele dela exposta. Gilbert afastou os cabelos dela, e pousou os lábios atrás das orelhas dela em uma carícia lenta e sensual. Anne gemeu baixinho enquanto sentia seu corpo pegar fogo. Por mais, que tentasse evitar, não conseguia não se excitar como antes, cravando suas unhas nos músculos das costas de Gilbert sobre a camisa que ele usava e arranhá-lo suavemente.

A música continuava tocando, e Gilbert foi empurrando Anne até o sofá, onde a deitou e posicionou seu corpo em cima do dela. Ele estava com tanta saudades daquela pele suave, não planejara nada daquilo, mas agora que estavam assim não conseguia mais parar. Ele a queria e precisava tê-la naquele momento desesperadamente. Anne acompanhava cada movimento dele, correspondendo na mesma intensidade. Ela achara que estava morta por dentro, mas, as mãos e os beijos de Gilbert estavam de novo despertando nela aquele desejo que sempre os levara além de todos os limites. Ela queria e precisava ser amada por ele da forma mais primitiva, da maneira mais intensa, não queria pensar em nada, somente queria sentir a pele dele contra a sua, e suas mãos quentes em seu corpo para provar a ela que ainda era capaz de sentir e dar a ele todo o prazer do mundo.

-Mas, então, ela se lembrou do que ainda não tinha contado a ele, e congelou por dentro. Anne o empurrou e se levantou do sofá ficando de costas para Gilbert que não estava entendendo nada. Então ela disse com a voz baixa:

- Desculpe, mas eu não posso. - Gilbert a olhou com o rosto magoado e perguntou:

- Não pode por que não quer, não me ama mais o suficiente ou por que não consegue me perdoar?

- Não é nada disso. - Anne disse sentando-se nervosa na poltrona perto da janela e escondendo as mãos nas pregas do vestido.

- Então, me explique, Anne. Isso tudo está confundindo a minha cabeça. Parece que não te reconheço mais. Eu posso entender o trauma pelo que passou, e do qual ainda está tentando se recuperar. Mas, apenas me diga que ainda não está pronta e eu juro que não vou me importar em esperar o tempo que for preciso por você. Você não faz ideia do quanto eu quero você, mas estou disposto a deixar meu desejo de lado se você me garantir que vai voltar para mim de novo um dia. Eu não aguento essa distância entre nós. Isso está me matando. - Anne não suportava ver aquela mágoa no olhar de Gilbert se tornar maior. Ela precisa terminar de contar a ele o que começara na praia, mas não tivera coragem de seguir em frente. Não podia permitir que ele pensasse que ela não o queria. Ela reuniu toda sua força de vontade, olhou para ele e disse:

- Gilbert, eu não sei se as coisas vão voltar a ser o que eram antes entre nós, e eu não sei mais se quero casar com você. - aquilo caiu como uma bomba sobre ele. Ele tinha ouvido direito? Ela dissera que não queria mais se casar com ele? Não, não podia permitir, aquilo era cruel demais. Ela o estava castigando? Gilbert não sabia o que fazer para convencê-la do contrário.

- Anne, por favor, não faça isso comigo. Por que não quer mais se casar comigo? Me diga o que devo fazer para que você me perdoe? Não me ama mais, é isso? Quer se ver livre para ir em busca de outro amor? - Anne viu o rosto atormentado de Gilbert, e aquilo a fez sangrar mais ainda pelo que iria dizer.

- Não, Gilbert. Eu te amo mais que a mim mesma. Mas, eu preciso te contar uma coisa que não tive coragem lá na praia. – ela se afastou um pouco dele porque não teria coragem de encará-lo enquanto dissesse aquilo. Estava prestes a matar as últimas esperanças de Gilbert de ser feliz com ela e ter uma família, e ela sabia que não suportaria o seu olhar de dor.

Ainda tinha mais? Gilbert pensou. Além do que ela lhe contara. Ele foi até a mesa e se serviu de um copo de suco. Precisava tomar algo para aliviar sua garganta que parecia cheia de areia, enquanto esperava Anne começar a falar.

- Gilbert, eu não sei se a Mary te contou da briga que tive com a Sabrina no hospital. - Anne falava devagar por que seu coração estava batendo rápido demais, e a deixava com. dificuldade para respirar.

- Sim, ela me contou.

- Bem nessa briga, ela me empurrou, eu caí e bati minha barriga no chão, Tive uma hemorragia, e os médicos me disseram que sofri uma lesão no útero, e por causa disso...ela-parou um segundo, e depois continuou, precisava ir até o fim. – eu acho que não posso mais ter filhos. - pronto tinha dito, agora era só esperar pela tempestade que arrasaria com seus últimos sonhos.

Ela olhou para Gilbert, e o que viu a assustou. Os olhos dele brilhavam em uma fúria cega, e ele apertava tanto o copo que tinha nas mãos que sem que esperasse o vidro se partiu em suas mãos, e por pouco não o feriu. Então, Gilbert gritou bem alto como se um furacão o estivesse varrendo por dentro:

- NÃO! POR FAVOR. ANNE DIGA QUE ELA NÃO.FEZ ISSO COM VOCÊ. DIGA-ME QUE ELA NÃO FEZ ISSO COM A GENTE! - o desespero de Gilbert era tanto que ele enterrou as mãos nos próprios cabelos, enquanto Anne fechava os olhos e tremia feito uma vara verde. Ela nunca vira Gilbert assim tão transtornado.

De repente, Gilbert caiu em si ao ver Anne encolhida tremendo de medo, respirou fundo várias vezes para se acalmar, se aproximou dela e a abraçou com cuidado dizendo.

- Querida, desculpe -me. Não quis te assustar. - Anne não disse nada, apenas se deixou abraçar por ele até sentir que as batidas de seu coração voltassem ao normal, e Gilbert pensou com ironia, que no espaço de um dia ele tinha pedido tantas vezes perdão a Anne que já perdera a conta. Só não sabia se em alguma das vezes ele realmente merecia ser perdoado.

Anne abriu os olhos e viu que a fúria ainda estava nos olhos de Gilbert, mas não era mais tão assustadora porque vinha acompanhada de outra coisa, uma ternura imensa por ela, e somente isso já lhe trouxe um certo alento. Ela encostou a testa na de Gilbert e ficaram assim se encarando sem dizer nada, apenas os olhares unidos em uma compreensão muda e calorosa.

Gilbert pensou no quanto queria protegê-la, no quanto queria pegá-la no colo e levá-la para um lugar onde nenhum sofrimento pudesse alcançá-la, onde ele pudesse ver de novo aquela garotinha cheia de alegria por quem tinha se apaixonado em um tempo que parecia tão longínquo agora. Ele chegara tarde desta vez, não conseguira impedir que o dragão da maldade a tocasse com seu veneno e sua falsidade, e tudo o que podia dar a ela era a segurança do seu amor.

- Gilbert. Se você achar que isso tudo é demais para você. Se você achar que precisa ir embora, eu juro que vou entender, meu amor. Você me deu tantas coisas boas, que eu não poderia condená-lo a uma vida vazia ao meu lado. – O que ela estava falando? Ela achava que ele iria embora? Iria deixá-la? Será que ela não compreendia a extensão do amor que ele sentia por ela? Gilbert segurou nas mãos de Anne com tanta força, a mesma que queria transmitir a ela pelas pontas dos seus dedos, ainda com a testa encostada na dela, ainda com seus olhos presos nos dela:

- Anne, como pode pensar isso de mim? Eu não vou a lugar algum. Como pensou que eu iria colocar você de lado como se fosse um brinquedo quebrado sem concerto? Você me completa, me faz feliz, sem você nada do que eu fizer vai valer a pena. Eu não estou com você pelos filhos que pode ou não me dar. Eu estou com você porque sou irremediavelmente apaixonado pela pessoa extraordinária que você e podemos ter nossos filhos, se é tão importante assim para você, podemos adotá-los, pois eu amarei um filho adotado com você da mesma maneira que amaria um biológico. O que importa para mim é ter você na minha vida do jeito que for.- Anne chorava, embora estivesse irritada consigo mesma por isso. Parecia que tudo era motivos de lágrimas agora, e ela não conseguia ter controle sobre elas, e nem evita-las naquele instante em que as palavras de Gilbert eram libertadoras, lhe davam uma paz imensa, lhe dava esperanças. Ela o amou mais ainda do que o tinha amado desde então, porque ele era a única coisa que precisava para ficar bem. Não precisava mais nada além dele.

- Eu queria muito ter um filho seu, Gilbert. Gostaria de poder ter dar a criança mais linda do mundo. Mas, tem razão. Existem muitas outras nesse mundo abandonadas nos orfanatos que merecem ter um lar. Eu adoraria poder ter a chance de fazer isso por uma delas.

- Você tem mesmo certeza do diagnóstico? - ele perguntou com ela ainda em seus braços.

- Na verdade, eu fiz o exame de fertilidade, mas não tive coragem de buscar os resultados. - ela disse um pouco envergonhada de sua covardia.

- Faremos isso juntos, meu amor. Quando estiver pronta.

Em seguida, Gilbert a abraçou mais apertado e ficaram assim por um longo tempo. Quando Anne adormeceu no sofá da sala, com a cabeça em seu colo, ele prometeu a si mesmo que faria Sabrina pagar pelo que fizera a Anne. Ele podia tê-la poupado se o problema fosse somente ele, mas ela ferira a pessoa mais preciosa de sua vida, e por isso não podia perdoá-la.

Enquanto olhava para o rosto da garota que era dona de seu coração, Gilbert teve certeza de que seriam felizes novamente, era uma questão de tempo, e ele devolveria a Anne tudo o que ela tinha perdido, porque seu amor por ela era maior que o mundo e tão infinito quanto o brilho das estrelas.

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