Capítulo 36- Despedidas
ANNE
Anne estava na cozinha e olhava para uma receita complicada que encontrara no armário de Marilla. Fazia algum tempo que resolvera voltar a cozinhar pratos diferentes, e toda semana Anne buscava entre as receitas francesas de Marilla, uma que satisfizesse seu subto interesse em aperfeiçoar suas habilidades como cozinheira.
Ela era extremamente habilidosa quando se tratava de fazer bolos, mas quando o assunto era outros tipos de assados, sua performance deixava muito a desejar. Por mais que tentasse, o sabor nunca ficava como esperava, embora Gilbert, que era sempre pego como cobaia para seus experimentos dissesse que tudo estava maravilhoso, Anne desconfiava que ele somente falava aquilo para deixá-la feliz, e ela tinha que admitir que Gilbert era um ótimo parceiro até para essas horas Não havia nada que seu namorado não fizesse para apoiá-la. Era incrível a maneira como ele a incentivava em tudo, e isso a estimulava a continuar mesmo que os resultados não fossem tão satisfatórios como esperava.
Já fazia um mês que Gilbert prestara o teste para a bolsa da Faculdade, e continuava naquela espera atordoante. Embora, ele aparentasse estar calmo, Anne sabia que toda essa serenidade escondia dentro dele um turbilhão de emoções. Gilbert não era uma pessoa que deixava totalmente as claras seus sentimentos em relação as coisas que o afetava, mas Anne aprendera a entender os pequenos sinais que ele sem querer deixava transparecer em algumas situações. Aquela euforia que às vezes tomava conta dele sem que ela estivesse esperando, ele falava demais, gesticulava demais, estava sempre envolvido em algum projeto da escola ou fora dela, arrastando Anne com ele a tudo que se decidia dedicar seu tempo..
Anne não se importava, pois achava divertido participar de tudo com Gilbert, além de aprender muito, o que a preocupava era que Gilbert estivesse se sobrecarregando de coisas para não pensar nos resultados finais do teste por medo de frustrar suas expectativas, e se tratando de Gilbert isso não era um bom sinal.
Ela pensou na viagem à praia que fizeram há três semanas. A magia tinha tomado conta dos dois e passaram o fim de semana em um lugar idílico e maravilhoso. Gilbert conseguira surpreendê-la mais uma vez, e por causa da criatividade e iniciativa dele tiveram momentos inesquecíveis.
Voltaram para cada no domingo à noite, ainda mais apaixonados, se é que isso era possível. Anne não se lembrava de ter vivido algo parecido.. Sua vida antes girava em torno de seus sonhos para o futuro, das histórias que inventava, da pessoa que queria ser. Ela ainda tinha os mesmos sonhos, só que agora tinham se ampliado, pois incluíam Gilbert, a Faculdade que ela também queria cursar, a casa que construíram juntos, e os filhos que conceberiam.
Eram sonhos que ela e Gilbert partilhavam e que muitas vezes discutiam entre um e outro beijo. Ser esposa de Gilbert era tudo o que ela desejava, e ficava imaginando como seria sua vida juntos. Muitas vezes sozinha em seu quarto, Anne se imaginava cuidando de um jardim cheio de rosas, ou preparando um café da tarde maravilhoso enquanto esperava Gilbert chegar do trabalho. Passariam as noites de inverno em torno de uma lareira, enroscados em um edredom na sala, e no verão fariam amor na praia, repetindo várias e várias vezes a experiência que ela tivera com ele em seu aniversário.
Ela ainda conseguia se lembrar do som das ondas que embalaram seus suspiros, enquanto Gilbert a levara além das estrelas. O contato da areia em sua pele e os lábios de Gilbert em seus cabelos, suas mãos entrelaçadas na hora do amor, e aquele leve pulsar em seu corpo que mesmo agora a deixava arrepiada. Nunca se cansaria dos beijos de Gilbert, assim como nunca se esqueceria do seu rosto.
Anne saiu de seu devaneio e voltou a se concentrar na receita em cima da mesa. Definitivamente, aquela era uma das receitas mais complicadas que já preparara. Os ingredientes escolhidos tinham nomes que ela nunca tinha visto. Precisaria de Marilla para ajudá-la desta vez.
- Anne, Está em casa? – era a voz de Diana chamando por ela.
- Estou aqui na cozinha. -Anne respondeu.
Diana entrou pela porta adentro, o rosto afogueado como sempre, pois a menina vivia correndo de um lado para outro feito um furacão, parecendo que sempre tinha milhões de coisas para fazer e muito pouco tempo disponível. Assim que se viu na cozinha com Anne, tirou o chapéu azul elegante e cheio de fitas da cabeça, e o atirou sobre uma cadeira displicentemente.
- Boa tarde, Anne. Espero não estar atrapalhando.
' – Você nunca atrapalha. Na verdade, você veio me salvar de ficar louca com essa receita que inventei de fazer. Acho que nunca serei uma cozinheira tão boa quanto Marilla. – Anne abandonou o livro de receitas em cima da mesa, sentou-se em uma cadeira, balançando a cabeça.
- Não desanime Anne. Você é melhor do que eu quando se trata de cozinhar. Logo será melhor até que Marilla.
- Obrigada, amiga. Vou tentar me esforçar para isso. – Ela olhou para Diana e percebeu que ela parecia nervosa, embora seu rosto apresentasse o mesmo aspecto calmo de todos os dias, Anne percebeu as mãos delas rígidas ao lado do corpo, o que indicava que estava tensa.
- O que aconteceu, Diana?Parece nervosa. – Diana sorriu com a perspicácia de Anne. Não conseguia esconder nada dela, pois a amiga a conhecia melhor que ela mesma.
- Aconteceu algo, mas não é nada ruim. - Fez uma pausa como se escolhesse as palavras certas.- O Jerry irá para a França em duas semanas. Recebermos a notícia hoje de manhã de tia Josephine. Ela nos enviou um telegrama com as boas novas, e ele precisa estar lá para iniciar a Faculdade.
- Eu sei que são boas notícias para ele, mas imagino como você deve estar se sentindo. Foi pega sem nenhuma preparação. Como se sente com a ideia de ficarem separados por um tempo? – Diana olhou para a amiga parecendo mais tensa ainda do que minutos atrás. Aproximou-se de Anne e pegou em sua mão dizendo;
- Eu vou com ele, Anne.
- O que? – A menina arregalou os olhos surpresa.
- Eu vou com ele. – Diana respondeu com paciência.
- Você só pode estar brincando. – Anne de afastou de Diana, chocada demais com a novidade que ela estava lhe contando.
--Você sabia que eu iria para Paris. Não sei por que você está tão surpresa.
- Você me disse que só iria para a França após a nossa formatura- Anne olhava para Diana com uma fisionomia contrariada.
- Eu sei, mas as coisas mudaram, e acabei mudando de ideia também.
- Sua mãe sabe?
- Ela sabe sim, mas não me apoia. Quando contei, ela me disse que eu estava fora do meu juízo perfeito. Discutimos como você deve imaginar, mas no fim teve que aceitar, pois meu pai disse que está do meu lado , e fará o que eu quiser.- Diana se aproximou de Anne novamente.- Não fique zangada.
- Como não vou ficar zangada. Você está me abandonando, e me conta isso somente agora. - a voz de Anne falhou com as lágrimas que lhe subiram à garganta.
- Anne, já tínhamos conversado sobre isso. Achei que entenderia.- ' Diana suspirou.. Sabia que seria difícil, mas não imaginou o quanto. Detestava magoar Anne. Ela era sua melhor amiga. Tinha sido assim desde que ela viera para Avonlea, mas Anne tinha que entender que Diana tinha seus próprios sonhos para realizar e ficar com Jerry era um deles.
- Não posso, Diana. Não consigo deixar você ir. - Anne estava chorando, as lágrimas, rolaram grossas pelo rosto, mas não se importava. Um pedaço dela estava sendo arrancado, e não conseguia suportar a dor.
- Anne, não vou embora para sempre. Vou ficar na França apenas por tempo, até o Jerry se adaptar. Ele me pediu, e eu não pude me negar. Ele é meu noivo. E você faria o mesmo pelo Gilbert. – Diana abraçava Anne agora, e também tinha lágrimas nos olhos por ver a menina sofrer tanto.
- Mas, e a escola? Você vai embora sem ter terminado o ano. – Anne sabia que Diana estava certa, mas teimosamente se recusava a aceitar aquilo.
- Vou terminar o ano na França. Tia Josephine já arranjou tudo.
- Achei que terminaríamos a escola juntas, iríamos à formatura, nos divertiríamos e depois, você iria para França. Era para isso que eu estava me preparando, mas não para vê-la ir embora dessa maneira. - Ela estava sendo egoísta, mas a tristeza que sentia pela partida da amiga a fazia se sentir assim, e não sabia como lidar com aquilo.
- Eu também queria tudo isso, mas como eu disse, as coisas mudaram e eu preciso viver minha vida. Eu te amo de todo o meu coração, Anne, mas também amo o Jerry é ele precisa de mim. Nossa amizade irá comigo por onde eu for. Não fique assim, minha amiga. Eu te disse que chegaria a hora em que cada uma teria que seguir seu caminho e chegou a minha hora, assim como chegará a sua também. – Ambas continuaram abraçadas e Anne percebeu que as palavras da amiga estavam certas.
Não eram mais crianças, cada uma estava construindo a vida que desejavam, e isso implicava tomar decisões que nem sempre fariam todos felizes, e tal atitude se chamava crescer, e Anne pensou com tristeza que crescer não era nada fácil.
- Desculpe Diana. Não queria parecer egoísta. Você tem razão. O Jerry precisa de você mais do que eu no momento, e quero muito que vocês dois sejam felizes.
- Eu vou sentir muita a sua falta. Mas, prometo que vou voltar. Quero me casar em Avonlea com toda a minha família e amigos por perto. - Diana disse feliz por ver Anne sorrir de novo.
- É eu estarei lá com o Gilbert com certeza. - Anne disse.
- Bem, além de vir aqui te contar sobre isso, também vim te convidar para uma pequena aventura. Como não teremos tempo para o baile de formatura, queria te propor que fôssemos acampar esse fim de semana. O que acha? – Diana viu os olhos de Anne brilharem com o convite, e ficou aliviada por compreender que sua velha amiga estava de volta.
- Que ideia fantástica! Preciso falar com o Gilbert. - Anne estava toda ansiosa agora.
- Jerry falou com ele e o Muddy essa manhã e parece que eles adoraram a ideia.
- Que bom! Então vamos nos preparar. Quando partimos?
- Como amanhã é sexta- feira partimos depois da escola.
- Ótimo. Vou avisar a Marilla. - Anne disse, já antecipando em sua mente todo o prazer que teriam com aquela viagem.
Diana ficou mais um tempo com Anne, pois a menina queria saber tudo da viagem. Quando ela partiu, Anne desistiu da receita complicada de vez e preparou um bolo de fubá simples o qual se viu a Gilbert assim que ele veio vê-la aquela noite depois do jantar.
Estavam sentados na sala, enquanto Gilbert se deliciava com a sobremesa. Pareceu a Anne que Gilbert estava agindo estranhamente aquela noite. Ele continuava amoroso como sempre, mas estava mais calado que o normal.
- Qual é o problema Gilbert? Está tão calado esta noite. – O menino olhou para ela, e por um instante, Anne pensou que ele não fosse responder, mas então, ele pegou nas mãos dela e disse:
- Recebi os resultados do exame hoje. - ele disse sério.
- Que ótimo Gilbert! Mas, espere. Você não passou? Não fique assim, querido. Você pode tentar de novo no ano que vem e...
- Anne, eu passei.
- Você passou? Mas, então por que parece triste? – Ela perguntou confusa.
- Eu fui aceito na Faculdade de Nova Iorque. – a voz dele soou grave e atingiu Anne como uma punhalada.
- O que? Como assim, Nova Iorque? Você não me disse nada. Achei que tinha se candidatado para as Faculdades perto de Avonlea.- Anne estava tão chocada que não conseguiu disfarçar a secura de sua voz.
- Eu não te disse nada, porque não achei que ia acontecer. Estudar em Nova Iorque sempre foi meu sonho desde criança, mas me parecia um sonho impossível de se concretizar. Então, quando surgiu a oportunidade da bolsa, resolvi arriscar, mas não achei que teria a pontuação necessária para isso, - Gilbert parecia nervoso enquanto explicava tudo a ela, mas Anne não era capaz de perceber a angústia do menino, pois estava envolvida demais em sua indignação. Como ele pudera mentir para ela, logo a garota que ele dizia amar mais que tudo? E agora queria ficar longe dela, e não conseguia entender por que.
- O que há de errado com as Faculdades daqui? – Ela conseguiu perguntar extremamente irritada por Gilbert ter escondido aquilo dela.
- Não, tem nada de errado, Anne. Mas, é o meu sonho entende, e agora posso realizá-lo. .- Gilbert tentou parecer alegre mas o rosto sério de Anne fez morrer o sorriso que tinha surgido no rosto dele.
- Não sei se entendo, mas já que é o que quer. - A voz soou fria como uma pedra de gelo, mas por dentro, ela chorava. Além de Diana ela perderia Gilbert também. A dor misturou tudo dentro dela, e Anne não conseguia ver as coisas com clareza.
- Anne, por favor, entenda, eu...
- Quero ficar sozinha, vá para casa, Gilbert. – o menino pareceu ficar chocado com o tom de Anne, e tentou argumentar
- Vamos conversar Anne. As coisas não têm que ser assim.
- Eu não posso falar sobre isso agora. Preciso pensar. Por favor, vá para casa. - ela estava quase chorando, mas se controlou. Não ia deixar Gilbert ver o quanto a magoara. Ele assentiu, vendo que não adiantaria insistir.
Tentou beijá-la com sua costumeira paixão, mas Anne não correspondeu. Ele então olhou para ela tristemente, acariciou seus cabelos e disse:
- Nós vemos na escola amanhã. - Anne balançou a cabeça concordando.
Assim que Gilbert se foi. Anne correu para o quarto, deixando Marilla e Matthew preocupados, enquanto subia as escadas depressa demais. Atirou-se na cama, dando vazão ao seu desespero, chorando inconsolavelmente até adormecer.
GILBERT
Gilbert estava cuidando dos cavalos quando Mary acenou para que ele viesse até ela. A esposa de Sebastian parecia agitada, por isso, Gilbert largou o que estava fazendo para verificar o que ela queria, somente esperava que não fosse nada com Shirley.
- O que foi, Mary? Aconteceu alguma coisa?- Ele perguntou assim que se aproximou dela.
- Gilbert, os resultados do teste da Faculdade acabaram de chegar. – Mary respondeu toda feliz.
- É mesmo? – ele ficou se reação por um minuto. Tinha esperado tanto por aquilo, e agora que acontecera, se sentia estranho, quase com o se tudo fosse irreal.
Entram em casa e Mary apontou para a mesa onde estava o envelope com o resultado. Gilbert o pegou, olhou para ele por um segundo, e depois o abriu com a respiração suspensa. Leu o conteúdo, e se sentiu pesadamente na poltrona da sala, olhando para o nada.
- O que foi Gilbert? Os resultados não foram o que você esperava? – Mary perguntou preocupada.
- Na verdade, tirei a nota máxima. – Ele respondeu com a expressão séria.
- Mas, então por que não está pulando de felicidade? Você trabalhou tanto por isso. - Mary perguntou, estranhando a reação de Gilbert.
- Eu sei, Mary. Mas é que estou preocupado com Anne.
- Anne? Por quê? Ela foi a primeira a te incentivar em tudo isso. Tenho certeza de que ficará feliz por você. - Mary disse dando-lhe um tapinha no ombro.
- Eu fui aceito para a Faculdade de Nova Iorque, e não contei para Anne sobre isso. - ele olhou para Mary e continuou. - Eu não disse nada, por que não achei que seria aceito. É agora, meu sonho vai se realizar e não sei o que fazer com isso- Baixou a cabeça preocupado.
- Gilbert, eu sei que talvez seja difícil para vocês dois ficarem separados dessa maneira. Afinal Nova Iorque é uma boa distância de Avonlea mas você tem que pensar que uma oportunidade como essa não aparece todos os dias Converse com a Anne vocês dois juntos vão encontrar uma maneira de resolver isso - Mary o aconselhou.
- Estou me sentindo péssimo por não ter dito nada a ela sobre isso antes. - Gilbert balançou a cabeça como se discordasse de si mesmo.
- Ela vai entender. Anne é uma garota tão sensata. - Gilbert queria acreditar naquelas palavras, mas seu coração dizia o contrário.
Foi para o quarto tentando pensar em uma maneira apropriada de contar a Anne sobre aquilo. Não queria ferir o coração dela, e nem deixá-la zangada a ponto de não perdoá-lo. Ele a amava, e saber que lhe causaria qualquer tipo de dor o deixava em agonia.
Seu relacionamento estava indo tão bem. Depois do fim de semana na praia parecia que ambos tinham se aproximado ainda mais. Foram incríveis os dois dias que passaram naquele paraíso, e se amaram de maneira livre e sem qualquer barreira que pudesse inibir os dois Anne fora intensa, mais ainda do que todas as vezes que estiveram juntos. Era como se a magia daquele lugar tivesse dado a Anne mais liberdade para expressar seus sentimentos por ele, e Gilbert jamais esqueceria como fora tê-la em seus braços enquanto a água do mar tocava os dois como se a abençoasse aquele amor puro e tão imenso.
Mas, agora a realidade o tocava de maneira dura. Não queria que Anne o odiasse por expor os dois ao sofrimento da distância, pois se fosse para Nova Iorque teriam que ficar separados, e não se veriam com a frequência que gostariam. Gilbert sabia que sentiria muito a falta de Anne. Estava tão habituado a presença dela que não conseguia se imaginar sem ela. Só de pensar nisso seu coração doía.
Como viveria sem o sorriso lindo que era a sua inspiração em seus dias mais difíceis? Como acordaria todos os dias sem sentir o perfume dela em seu travesseiro? Como sobreviveria sem tocá-la, beijá-la ou fazer amor com ela?
Mas, ele sabia que seu futuro profissional também era importante. Sonhara com aquilo a vida toda, e não podia desistir agora. Tinha que achar uma maneira de fazer Anne compreender aquilo, pois ela o incentivara a correr atrás de seus sonhos, e por isso, ela também fazia parte daquela escolha difícil que Gilbert teria que fazer.
Gilbert pensou no pai e sorriu. Ele ficaria orgulhoso se estivesse ali, pois discutiram várias vezes sobre o futuro de Gilbert quando ele era pequeno. O pai também compartilhava do sonho de Gilbert estudar em Nova Iorque, ele até abrira uma conta no banco, onde todos os meses depositava uma boa quantia para assegurar o futuro do filho. Gilbert nunca mexera naquela poupança que o pai deixara, por isso deveria ter rendido um bom dinheiro todos aqueles anos. Mas, isso não importava. Se fosse mesmo para Nova Iorque, Gilbert pretendia arrumar um emprego, pelo menos no primeiro ano quando a Faculdade ainda não exigiria demais dele, depois veria como as coisas aconteceriam.
Por ora, tinha que resolver aquele problema com Anne, depois pensaria no resto.
Terminou seus trabalhos na fazenda mais cedo, tomou banho e foi para Green Gables. Durante todo o caminho, Gilbert pensou em como abordaria o assunto, ensaiou as palavras certas, os argumentos mais convincentes, mas quando Anne abriu a porta brindando-o com seu sorriso maravilhoso, esqueceu tudo o que ia dizer.
- Oi, amor. Chegou bem a tempo para o jantar. Sente-se e se sirva - Anne disse toda feliz por ele estar ali. Gilbert não queria jantar, pois estava com um nó no estômago que o fazia duvidar se conseguiria comer alguma coisa. Mas, pensou que seria mal educado se não aceitasse, por isso, sentou à mesa em companhia de Anne, Matthew e Marilla, e tentou manter uma conversa razoável, enquanto mastigava um pedaço de carne que em sua boca tinha um gosto estranho, devido ao seu nervosismo.
Quando chegaram à sobremesa, Anne levou Gilbert para a sala e lhe serviu um generoso pedaço de bolo de fubá. Enquanto comia, percebeu que Anne o observava. Tentou escapar da insistência daquele olhar, mas não conseguiu. Então, ela perguntou:
- Qual é o problema Gilbert? Está tão calado está noite. – Gilbert não disse nada por um instante, tentando pensar no que falar, mas, decidiu ser direto. Já tinha prolongado aquela agonia tempo demais.
- Recebi os resultados do exame hoje. - viu os olhos dela brilharem de felicidade por ele, e seu coração se apertou dentro do peito, pois sabia que ligo teria que dizer as palavras que acabariam com aquela alegria.
- Que ótimo Gilbert! Mas, espere. Você não passou? Não fique assim, querido. Você pode tentar de novo no ano que vem e.....
- Anne, eu passei. –Ele a interrompeu. Queria acabar logo com aquilo. Ela olhou para ele sem entender e perguntou:
- Você passou? Mas, então por que parece triste? –
- Eu fui aceito na Faculdade de Nova Iorque. – então ele disse a tão temida verdade. Viu a confusão nos olhos dela, depois a incredulidade. Deus!Como iria suportar magoá-la daquela maneira? Ele se perguntou.
- O que? Como assim, Nova Iorque? Você não me disse nada. Achei que tinha se candidatado para as Faculdades perto de Avonlea.- Anne disse aquilo com uma voz um pouco estranha. Era como se estivesse se controlando para não chorar. Gilbert quis abraçá-la nas não se atreveu a dar um passo em direção a ela.Ele se limitou apenas em tentar explicar porque não contara a ela sobre Nova Iorque .
- Eu não te disse nada, porque não achei que ia acontecer. Estudar em Nova Iorque sempre foi meu sonho desde criança, mas me parecia um sonho impossível de se concretizar. Então, quando surgiu a oportunidade da bolsa, resolvi arriscar, mas não achei que teria a pontuação necessária para isso, - Anne parecia tão fria e distante dele, que Gilbert começou a se sentir péssimo. Ele tinha consciência de que ele causara tudo aquilo. Por que não contara a Anne antes sobre seus planos? Não havia mais nada que ele pudesse fazer agora, a não ser fazer Anne escutá-lo, mas nada do que dizia parecia funcionar. Ela parecia surda aos seus argumentos, e ele não sabia o que fazer para trazê-la de volta para ele.
- O que há de errado com as Faculdades daqui? – Gilbert ouviu-a perguntar. A voz cortante como uma faca, feria-o com sua dureza. Ele escondeu sua mágoa e disse:
- Não, tem nada de errado, Anne. Mas, é o meu sonho entende, e agora posso realizá-lo.- Gilbert tentou fazê lá ver a importância que aquele sonho tinha para ele, mas fracassou miseravelmente. Em meio a sua raiva, Anne não conseguia enxergar nada. Ele olhou tristemente para ela quando ela falou mais fria ainda do que antes:
- Não sei se entendo, mas já que é o que quer. - Por que ela estava sendo tão dura com ele? Será que Anne pensava que seria fácil para ele ficar longe dela? Será que Anne já se esquecera o quanto ele a amava e que faria qualquer coisa para não vê-la magoada daquela maneira? Não havia um caminho fácil para aquilo. Ou Gilbert aceitava a oportunidade que a vida estava lhe dando ou dava as costas para a realização do seu sonho. Ele ainda tentou mais uma vez falar com ela:
- Anne, por favor, entenda, eu...
- Quero ficar sozinha, vá para casa, Gilbert. – Anne o estava mandando embora? Não era possível que ela não percebesse a enorme angústia que tomava conta dele Quis gritar com ela, dizendo que ela estava sendo injusta, mas não pôde. Os olhos azuis dela estavam tão tristes, que ele só queria poder consolá-la com seu amor.
- Vamos conversar Anne. As coisas não têm que ser assim.
- Eu não posso falar sobre isso agora. Preciso pensar. Por favor, vá para casa. - Gilbert então desistiu. Deixaria para falar com ela no dia seguinte. Ele conheci a bem Anne. Quando ela agia assim, ninguém conseguia alcançá-la. Ela se fechava em sua torre de marfim, e não permitia nenhum tipo de aproximação. Gilbert quis beijá-la, mas ela permaneceu rígida em seus braços. Aquilo doeu mais do que qualquer palavra dita por ela naquela noite. Ele simplesmente tocou os cabelos dela e disse:
- Nós vemos na escola amanhã. - Anne apenas concordou em silêncio.
Gilbert passou pela cozinha e se despediu de Matthew e Marilla com a voz tão apagada que os dois irmãos se entreolharam preocupados.
Ele caminhou para casa como se carregasse o mundo todo nos ombros. Chegou em casa e viu que Mary e Sebastian já tinham se recolhido. Foi para o quarto, e se deitou em sua cama pensando em tudo o que acontecera aquela noite.
Ser médico era o que sempre quis na vida, e não podia desistir disso agora, mas ao mesmo tempo não conseguia imaginar sua vida sem Anne nela. Ela colocara milhares de distância entre eles naquele dia e não conseguira alcançá-la.
Seu sonho estava a um passo de ser concretizado, mas sem Anne valeria a pena? A dor se triplicou ao pensar isso, e pela primeira vez em muito tempo, Gilbert chorou.
GILBERT E ANNE
O dia seguinte nunca demorara tanto a chegar. Anne passara metade da noite dormindo e a outra acordada pensando em Gilbert. Sentia a falta dele ali em seu quarto. Lembrou-se de todas as vezes que ele surgira em sua janela, e partilhara com ela momentos de puro amor, e agora ele queria ir para longe, deixando para trás a história linda que construíram juntos.
Mas, no fundo de seu coração Anne sabia que não estava sendo justa. Gilbert tinha um sonho que ela mesma o incentivara a realizar, e ele se dedicara dias a fio para torná-lo possível. Ela sabia que ele merecia essa oportunidade, e não era justo culpá-lo por isso.
Na verdade, ela estava contente por ele, só não esperava que ele quisesse ir para Nova Iorque, pois nunca lhe dissera nada sobre isso. Ela fora pega de surpresa, e reagira da pior maneira possível. Tratara Gilbert com tanta frieza quando deveria tê-lo abraçado e dito que estava orgulhosa dele. O que ele não deveria estar pensando dela agora? Anne o apoiara, e depois lhe dera as costas. Que tipo de namorada ela era?
Ela tinha que vê-lo e dizer o que sentia. Nunca ficaria entre Gilbert e seu sonho. Por mais que odiasse a ideia de ficar longe dele, ela teria que encontrar uma forma de superar aquilo. Anne o amava demais para deixá-lo desistir de algo somente por causa dela. Queria que ele soubesse que ela estaria sempre esperando por ele quando Gilbert voltasse para casa, e ela sabia que ele sempre voltaria para ela.
Levantou mais cedo que o habitual. Vestiu-se, tomou um café rápido, e saiu antes que Marilla ou Matthew despertassem. Não queria falar com eles ainda sobre o que tinha acontecido, embora Marilla tivesse batido em sua porta várias vezes durante a noite para saber se ela estava bem. Ela não estava bem, e somente ficaria quando falasse com Gilbert, e pedisse desculpas pelo seu comportamento mesquinho.
Chegou à escola e encontrou Diana. Bastou um olhar para que a amiga percebesse que havia algo errado.
- Anne, o que aconteceu? Parece que passou a noite chorando. – Anne a abraçou e contou tudo à menina. Diana ouviu o desabafo de Anne, e seu coração se partiu ao vê-la tão triste. Depois, disse com sua costumeira calma:
- Anne, você sabe que Gilbert te ama de todo o coração e vai entender a sua reação. Você só tem que conversar com ele e ser sincera.
- Eu o tratei tão mal. Como pude fazer isso? – as lágrimas ameaçaram cair de novo, mas ela as engoliu. Não queria mais chorar, precisava se controlar ou não conseguiria falar com Gilbert.
- Não se culpe demais. Só fale com Gilbert. Vai fazer bem para vocês dois.
- Acho que tem razão. Vou para a sala. Você vem comigo? Anne perguntou.
- Vou daqui a pouco. Tenho que falar com uma colega.
- Está bem. Te espero lá dentro. – enquanto via Anne se afastar Diana sentiu pena da amiga. Odiava vê lá infeliz. Sentiu alguém tocar em seu braço, e ao se virar deu de cara com Gilbert. Ele não parecia melhor que Anne, e o coração de Diana lamentava pelos dois.
- Manhã difícil? – Ela perguntou.
- Demais. Onde está Anne? -Gilbert parecia ansioso e Diana respondeu:
- Acabou de entrar.
- Como ela está?
- Não muito bem, mas vai ficar depois que vocês conversarem.
- Ela te contou?
-Sim, e quero apenas te dizer que tenha paciência com a Anne. Ela está muito fragilizada, principalmente porque ontem eu também contei a ela que vou a Paris com o Jerry. Talvez por isso ela tenha reagido tão mal quando vou falou com ela.
- Eu não a culpo. Eu devia ter falado com ela antes. Mas, não pensei que realmente conseguiria a bolsa para Nova Iorque. - Gilbert parecia desolado, então, Diana tentou animá-lo um pouco:
- Ela entende, Gilbert. Anne me disse isso quando chegou. Ela está se sentindo péssima pela maneira como falou com você ontem. Por isso, eu insisto que de em conversar e resolver isso logo. Além disso, como poderemos acampar com vocês dois tristes desse jeito?
- Nossa, eu tinha me esquecido. Vou entrar e tentar conversar com Anne. Obrigada por me ouvir.
- Por nada. Nos falamos mais tarde.
Gilbert entrou na sala de aula e seus olhos pousaram em Anne. Ela se voltou para ele quando percebeu que ele chegara, e Gilbert sentiu uma pontada em seu coração ao notar os olhos vermelhos e inchados dela, assim como seu rosto abatido e triste. Ele provocara aquilo tudo e tinha que consertar de qualquer maneira.
Gilbert se aproximou de Anne, e se sentou na carteira ao lado da dela. Olhou bem dentro daqueles olhos azuis incríveis e perguntou:
- Tudo bem?- Anne sorriu e pegou na mão dele respondendo:
- Agora que está aqui me sinto bem melhor. – eles trocaram olhares tão cheios de amor que parecia não haver mais ninguém na sala a não ser os dois.
Neste momento, a Srta Stacy começou a aula, e aquela doce magia que os envolveu foi quebrada. O intervalo demorou a chegar, e quando a campainha tocou Gilbert pegou na mão de Anne e a levou para o pátio, pois precisava falar com ela e acabar com qualquer mal-estar que ainda existisse entre os dois. .Anne foi a primeira a falar.
- Gilbert, por favor. Me desculpe por ontem. Eu não devia ter falado com você daquela maneira. Quero que saiba que estou muito orgulhosa de você, e se Nova Iorque é o seu sonho, então quero compartilhá-lo com você. O nosso amor é a coisa mais sagrada deste mundo para mim. E nada poderá mudar o que sinto por você. – ao ouvir aquelas palavras, Gilbert abraçou Anne aliviado. Por entre os cabelos dela ele disse.
- Está tudo bem, meu amor. Você não sabe o medo que senti de te perder. Até pensei em desistir de tudo. Eu farei o que você quiser. - enquanto falava, sentia o perfume dela. Como sentira falta daquele aroma de rosas.
Anne pegou o rosto dele nas mãos e disse:
- Você nunca vai me perder. Meu amor por você vai além de qualquer coisa que estiver em nosso caminho. E você não tem que fazer o que eu quero, não é justo. Você deve seguir o seu coração. Eu vou sempre estar aqui por você.
- Eu te amo tanto, Anne. Tanto. Você não faz ideia. - e a beijou. Precisava sentir o calor dela, depois da noite agonizantemente fria que passara em seu quarto, olhando para o teto sem conseguir dormir. .Anne se colou a ele com o se tivesse a mesma necessidade. As mãos de Gilbert corriam por suas costas em uma carícia sedutora. Seu corpo precisava do dele naquele momento, por isso, Anne começou a acariciar seu peito, exposto pela camisa de algodão, sutilmente aberta, e Gilbert sentiu toda a sua pele se arrepiar. Anne era um perigo para suas emoções, tinha que impedi-la antes que ambos não conseguissem mais parar.
- Amor. Eu também te quero muito, mas, aqui não é o lugar mais apropriado para isso.
- Eu sei. Mas, é que estou com tantas saudades que não consegui resistir. Perdoe-me pela minha impetuosidade. - Anne disse rindo.
- Você sabe que adoro quando você fica assim toda amorosa, mas aqui na escola não posso te tocar como desejo, por isso, não me provoque assim ou vou passar a aula inteira sem conseguir me concentrar.
- Vou tentar me comportar, eu prometo. - Anne disse abraçando-o apertado.
- Animada para acampar?- Gilbert perguntou admirando o sorriso dela
- Muito. Acho que vê o ser divertido. Não se esqueça de levar o tabuleiro de xadrez.
- Jogar xadrez é a última coisa que tenho em mente para nós dois. - Gilbert riu malicioso.
- Está muito atrevido está manhã, Sr. Blythe. Vamos voltar para a sala, pois nosso intervalo acabou.
Voltaram para casa juntos depois da aula, e estavam de tão bom humor que brincaram um com o outro todo o caminho. Que do chegaram a Green Gables, Anne se despediu de Gilbert com um beijo longo e doce, e foi difícil para ambos se separarem. Mas, tinham como consolo o acampamento para o qual iriam mais tarde, por isso a espera não seria tão longa.
Anne entrou em casa sorridente, o que fez Matthew e Marilla se entreolharam aliviados, compreendendo que Anne fizera as pazes com Gilbert, mas não perguntaram nada pois sabiam que se Anne quisesse contaria para eles mais tarde.
Às cinco horas, tanto Gilbert quanto Diana, Jerry, Josie e Muddy chegaram à casa de Anne para buscá-la, e depois de se despedirem de Matthew e Marilla, prometendo que tomariam cuidado, eles partira para sua pequena aventura. Depois de uma hora de viagem, eles chegaram ao seu destino, e Anne ficou maravilhada com o lugar.
Havia tantas árvores e flores, além de uma visão magnífica das montanhas. Gilbert prometera que a levaria para um lugar especial ali perto, que ele conhecia desde criança e Anne estava ansiosa por isso. Armaram as barracas, e ficou decidido que Anne ficaria com as meninas e Gilbert com os meninos.
Assim, a venderam uma fogueira, sentaram-se em volta dela, comeram os sanduíches que trouxeram e assaram marshmellows. Se divertiram também contando histórias engraçadas e cantando músicas que Gilbert tocava em seu violão. Quando o cansaço chegou e nem um deles conseguia mais ficar de olhos abertos, foram dormir felizes e satisfeitos.
O dia bem tinha amanhecido direito, e Anne se levantou com cuidado para não acordar as meninas. Tinha combinado com Gilbert, que se encontrariam bem cedo do lado de fora de suas barracas, para que ele a levasse ao local que prometera no dia anterior. Ela colocara um biquíni por baixo do short azul e da blusa branca que vestia, pois Gilbert disse que iriam nadar, então, queria estar preparada.
Quando ela saiu da barraca, Gilbert já a esperava.
- Vamos? Estou levando alguns sanduíches caso você sinta fome. - ele disse.
- Obrigada. Estou ansiosa pelo nosso passeio. - Anne disse sorrindo.
Gilbert segurou na mão de Anne e começaram a caminhar. Depois de alguns minutos, chegaram a um lugar paradisíaco onde havia uma cachoeira incrível que jorrava água por todos os lados.
Anne olhou para Gilbert e ele viu pelos seus olhos brilhantes que ela tinha adorado o lugar. Sem dizer uma palavra, ambos se despiram e nadaram até a cachoeira onde deixaram que a água cristalina caísse sobre os dois. Quando se cansaram de nadar, voltaram para a terra e se sentaram nas toalhas que tinham levado com eles.
- Vou sentir falta de tudo isso quando eu for para a Faculdade no próximo ano. - Gilbert disse olhando para o rosto de Anne, que parecia tão adorável com o sol iluminando seus olhos.
- Eu também. Mas, vou sentir mais falta ainda de estar com você.
- Anne, você sabe que você irá comigo em meu coração, e que virei para casa sempre que puder. Você pode me visitar sempre que quiser também. - Gilbert disse tocando o rosto de Anne.
- Eu sei, mas não poderei te ver todos os dias, e só de pensar nisso meu coração não pára de doer.
- Você sabe que estou fazendo tudo isso por nós dois. Além de salvar pessoas, quero te dar a melhor vida que puder – Anne balançou a cabeça concordando, e depois disse
- E se quando chegar à Nova Iorque, você se esquecer de mim?
- É disso que tem medo, Anne? Que eu te esqueça? Acha mesmo que isso é possível? Você mora em mim como se fosse minha alma, e eu morreria antes de esquecê-la. Já não te provei que te amo mais do que a mim mesmo?- aqueles olhos castanhos eram tudo que Anne mais amava, e olhava para ela agora como se lhe prometessem o mundo. Segurou a mão dele, e levou-a a seu coração dizendo:
- Me mostre agora, Gilbert como você me ama.
E Gilbert obedeceu sem sequer pensar. Os olhos de Anne eram puro fogo quando ele desamarrou seu biquíni e se livrou da parte de baixo também, deixando-a nua em seus braços e se despindo em seguida. As mãos dela acariciavam seu rosto, sentindo a aspereza da barba que começava a nascer , depois desceram por todo o seu corpo até deixá-lo completamente seduzido pelos encantos dela. A boca dele roubou beijos da dela tão ardentes que ambos sentiam o calor de seus corpos os consumindo. Depois os lábios dele começaram uma descida lenta pelas costas dela, e quando a virou de frente para ele, Anne tremia de antecipação pelo que viria a seguir. Ele a deitou sobre a toalha, e suas mãos a tocaram com paixão, abrindo caminho para os lábios que em um segundo a deixaram maluca, e ela enterrou as mãos nos cabelos de Gilbert trazendo-o para mais perto, e seus corpos se tornaram um. Anne flutuava nos braços de Gilbert, enquanto a paixão de ambos os levava até o arco-íris, muito além do horizonte, onde todas as coisas eram possíveis, então, tudo o que conheciam explodiu em uma chuva brilhante de sentimentos, onde seus corpos eram apenas uma chama ardente fundidos um no outro.
Quando ambos se recuperaram do pulsar latente de suas almas, olharam um para o outro com amor, e Gilbert disse com a garganta ainda seca pela experiência que tiveram:
- Você é única para mim, Anne. Sempre vai ser. Jamais poderei fazer amor com outra pessoa que não seja você. Quando estamos juntos dessa maneira tudo que consigo sentir é que nos pertencemos. Não existe espaço para mais nada e mais ninguém.
- Você também é único para mim, Gilbert. Sempre serei sua, não importa o quanto longe estejamos um do outro, meu corpo, minha alma e meu coração serão sempre te pertencerão. Beijaram-se com paixão novamente, e embora, seus corpos desejassem bem mais do que beijos, resolveram voltar para o acampamento, prometendo que um dia voltariam ali juntos novamente.
Os quatro amigos ainda estavam dormindo quando voltaram, por isso resolveram preparar o café da manhã. Quando eles acordaram uma hora depois, tudo estava pronto. Aproveitaram bastante os dois dias que passaram naquele lugar maravilhoso, vivendo cada instante com alegria e animação.
Quando voltaram para casa no fim de tarde de domingo, Anne se deu conta de que essa era a última vez que passavam todo aquele tempo juntos. Diana iria embora em duas semanas e Gilbert em seis meses, mas mesmo se sentindo triste, ela sabia que estariam sempre juntos em seus corações e guardaria aquele momento em seu álbum de lembranças para sempre.
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, Espero que tenham gostado de mais este capítulo e que me mandem seus comentários.
Beijos, Rosana.
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