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Capítulo 35- Jardim de delícías


ANNE

Dezessete anos. Uma idade importante pensou Anne, enquanto se arrumava para ir até a casa de Gilbert.

Era seu aniversário, e comemorariam com uma reunião simples na casa de Gilbert. Anne não quisera uma festa, e aquela reunião fora ideia de Mary que não achava justo a menina deixar passar em branco uma data tão significativa. Anne concordara apenas para agradá-la. Na verdade queria somente passar aquele dia tranquilamente na companhia de Gilbert, pois já se sentia tão abençoada por todas as coisas que tinha que não ousava desejar mais nada, por isso, uma festa parecera demais quando Gilbert a sugerira, preferindo aceitar a proposta de Mary.

Ela prometera que serviria apenas alguns refrescos e salgadinhos, além do bolo que ela mesma prepararia, disso Mary não abria mão, e os convidados adicionais seriam Diana e Jerry, Muddy e Josie.

Anne se lembrou de quando chegara a Avonlea com apenas uma maleta minúscula nas mãos, onde carregava seus poucos pertences, tendo somente como companhia sua imaginação fértil e seu otimismo inabalável.

Ao descer na única estação da cidade, e em seguida, ver o trem que a trouxera até ali partir, Anne não tinha ideia do que seria do seu futuro, e agora tanto tempo depois, quase não podia acreditar em tudo o que conquistara.

Olhou-se no espelho, buscando algum vestígio daquela menina sonhadora e ansiosa por ser aceita, fazer amigos e ter uma família, mas a garota que lhe devolveu o olhar não lembrava em nada a de outrora.

Havia uma segurança em seu rosto que mostrava exatamente quem ela era agora. Os traços infantis tinham desaparecido, e deram lugar a um rosto gracioso onde até mesmo as inúmeras sardas que salpicavam sua pele clara lhe davam um ar mais maduro. Seus olhos azuis brilhavam com uma sabedoria precoce, que aumentava conforme ia acumulando em sua bagagem de vida, novas experiências vividas dia a dia, e seu sorriso era de uma mulher apaixonada. Esse detalhe ela devia a Gilbert. Não se cansava de pensar nele ou estar com ele. Era como se desde sempre tivesse sido assim. Enquanto sonhava em ter uma casa, pais amorosos e talvez, um jardim, nem sequer ousara imaginar que ganharia um amor como bônus, e agora, admitia que sem isso sua existência não teria tido a mesma beleza. Gilbert era como um sopro de vida, uma brisa suave, um doce entardecer. Seus sonhos com ele eram todos românticos, e saber que ele estaria sempre por perto a enchia de felicidade. Ambos tinham tanto a viver e a realizar, e Anne queria tudo com Gilbert. Ela desejava que pudessem se casar, tivessem filhos, e fossem felizes. Às vezes pensava tanto nisso, que chegava a sonhar com todas as coisas que fariam juntos, e ela sabia por instinto que jamais aceitaria menos do que já tinha. Lutara pelo seu espaço, e lutara mais ainda por aquele amor, dera as costas para muitas coisas, abrira mão de muitas coisas, em várias ocasiões tivera que engolir o próprio orgulho, chorar lágrimas amargas, deixar sangrar seu coração, para chegar ao fim daquela jornada com as mãos tão cheias de esperança e vitoriosas, por isso, aquele amor e aquela vida eram seus por direito, e ninguém poderia tirá-los dela nunca.

Ajeitou os cabelos nos quais apenas colocara uma tiara para dar-lhes um ar mais jovial, e alisou as pregas da saia do vestido novo que usava aquela noite. O tecido leve de organza azul tinha sido presente de Matthew, e Marilla tinha copiado o modelo de uma revista de moda francesa, que chegava para ela todos os meses pelo correio, e que ficara perfeito em Anne. Ela também ganhara de Diana um colar de pérolas que também estava usando aquela noite, um cartão personalizado de Jerry, uma pulseira delicada de Josie e um par de brincos de Muddy. Somente Gilbert ainda não tinha lhe dado seu presente. Ele dissera que seria uma surpresa e lhe entregaria àquela noite. Anne ficara curiosa, mas não fizera muitas perguntas a respeito disso para Gilbert. Ele para ela, já era um presente, e não precisava de mais nada, a não ser do amor de Gilbert, e esse ela sabia, era exclusivamente dela.

- Anne está pronta? – era a voz de Marilla chamando-a impaciente.

- Estou indo, Marilla.

Ao descer as escadas, Matthew olhou para ela admirado, como se somente naquele momento tivesse se dado conta do quanto Anne havia crescido naquele ano.

- Você está adorável, Anne. Nem parece aquela menininha tagarela que chegou em Green Gables e que deixava Marilla com os cabelos em pé com suas travessuras.

- Eu era mesmo terrível, não é, Matthew? – Anne disse rindo das lembranças do passado que encheram sua mente.

- Você sempre foi uma garota incrível, Anne. E encheu essa casa de alegria com sua vitalidade tão espontânea. – Matthew disse com carinho.

- Você quase me deixou louca, isso sim. Mas, me tirou de minha zona de conforto. Aprendi muito com você, Anne. Se não tivesse chegado, talvez eu agora estivesse vegetando em uma realidade sem graça. Você preencheu a vida de todos com sua inteligência rara. Devemos todos ser gratos a você por isso. – Marilla disse com os olhos cheios de amor.

- Eu é que devo ser grata pela família que vocês me deram. Anne disse abraçando os dois.

- Bem, acho melhor irmos andando, pois já estamos atrasados - Marilla disse, disfarçando as lágrimas. Ela odiava demonstrar qualquer tipo de emoção, mas no fundo Anne sabia que ela era uma manteiga derretida.

Chegaram à casa de Gilbert e foram recebidos por Mary que abraçou Anne com carinho:

- Querida, como você está linda. Gilbert já vem Ele está terminando de se arrumar. Se atrasou um pouco me ajudando na cozinha, você sabe como ele adora participar de tudo que tem a ver com você.

- Mary, será que posso te pedir um favor?- Marilla perguntou.

- Claro. O que quiser. – Mary disse simpática.

- Será que a Anne poderia passar a noite aqui. Eu e o Matthew vamos para a casa de Rachel depois desta reunião, por que vamos viajar amanhã bem cedo, e não queremos que ela fique sozinha em Green Gables como das outras vezes.

- Sem problemas, temos quartos disponíveis aqui.

- Muito Obrigada, Mary.- Marilla disse.

- Por nada. – Mary respondeu

Neste momento, Sebastian também apareceu e beijou Anne no rosto.

-Você está cada vez mais bonita. Só perde para minha mulher, que é a criatura mais linda da terra- Sebastian beijou Mary no rosto e ela lhe acariciou o rosto.

- Onde está Shirley? – Anne perguntou.

- Está no quarto dormindo. Gilbert brincou com ela a tarde toda, e ela ficou tão cansada que caiu no sono. Ele tem se mostrado um irmão muito dedicado.

Ao ouvir aquilo, Anne não se surpreendeu. Ela sabia da enorme capacidade de Gilbert de se dedicar a tudo que amava, e isso incluía pessoas. Ainda estava pensando nisso, quando ouviu a voz dele divertida dizendo;

-Falando de mim, Mary?

- Finalmente você ficou pronto. Quando Gilbert resolve se arrumar, demora mais que uma noiva. – Sebastian disse, zombando do menino.

-Pare de me amolar Sebastian. – Gilbert chegou perto de Anne, ia beijá-la, mas percebeu que Matthew observava os dois, então apenas deu-lhe um beijo na testa. Anne olhou para ela divertida, mas não disse nada.

Enquanto Sebastian servia a Matthew uma taça de licor de pêssego, e Mary conversava animadamente com Marilla, Gilbert pegou na mão de Anne e puxou-a para sentar-se com ele no sofá.

- Nem preciso dizer que está linda como sempre. – Ele disse olhando-a nos olhos.

- Obrigada. Você sabe que penso o mesmo de você. - Anne respondeu, passando os olhos rapidamente pela camisa pólo branca que ele usava, e a calça Jeans que se agarrava em suas pernas musculosas.

- Tem alguma chance de escapamos por alguns minutos daqui? – ele perguntou, colocando a mão no ombro de Anne, e acariciando-o de leve.

- O que tem em mente? – Anne perguntou em expectativa.

- Quero te dar meu presente, mas está em meu quarto.

- Acho que se sairmos à francesa, ninguém vai notar. – Anne olhava para Matthew e Marilla que estavam em companhia de Mary e Sebastian.

Eles subiram as escadas rapidamente, sem que fossem notados. Entraram no quarto de Gilbert, ele fechou a porta encostou Anne nela, e a beijou com sofreguidão.

- Achei que ia ter que esperar a noite toda para fazer isso. – Ele disse, com as mãos dos dois lados da cabeça de Anne.

- Eu também. – Anne disse com a cabeça descansando no ombro dele.

- Não sei se consigo manter minhas mãos longe de você por muito tempo. – Gilbert deslizava os lábios pelos cabelos de Anne.

- É difícil para mim também, mas não podemos fazer isso na frente de Matthew e Marilla. Eles não estão acostumados com demonstrações de amor em público. – Anne ponderou.

- Eu sei, vou tentar me controlar, mas aviso que não será fácil. Agora me deixe te dar meu presente. - Gilbert foi até a mesinha de estudo do seu quarto e voltou com uma caixa lindamente embrulhada para presente e a entregou para Anne. Ela a abriu e viu que dentro dela havia uma coleção inteira de Charles Dickens.

- Gilbert!- ela exclamou maravilhada. - Onde conseguiu está preciosidade?

- Bem, escrevi para uma editora há dois meses, encomendando os livros, e eles me enviaram no mês passado.

- Muito obrigada, Gilbert. Ele é um dos meus escritores favoritos. Não sei como adivinhou. - Anne disse tocando o rosto dele com a ponta dos dedos.

- Você não parava de falar dele na aula de literatura, então, pensei que ficaria feliz em ter a coleção inteira dos livros dele.

- Você é incrível. É o melhor namorado do mundo. - Anne puxou Gilbert para ela e o beijou enterrando suas mãos nos cabelos dele na nuca. Em um ato de ousadia, mordiscou os lábios dele devagarinho, e isso teve um efeito incrivelmente sensual em Gilbert. Gemendo baixinho, ele a deitou em sua cama e correu os lábios por todo o corpo dela por cima do vestido. Ele levou as mãos até as costas dela, com a intenção de abrir o zíper que fechava o vestido, mas Anne o impediu.

- Gilbert, não podemos. Estão nos esperando na sala. – Gilbert olhou para ela com a respiração acelerada e disse:

- Desculpe Anne. Não tinha a intenção de perder o controle assim, mas você me provocou.

- Eu sei, não pude resistir. - Anne disse divertida.

- A propósito você vai mesmo passar a noite aqui? Ouvi Marilla falando com a Mary.

- Sim, Marilla e Matthew vão para a casa de Rachel depois daqui, pois vão viajar com a igreja para um vilarejo aqui perto, para conhecerem o trabalho de outras comunidades, e não querem que eu fique sozinha em Green Gables.

- Adorei a ideia. É perfeito para o que tenho em mente.

- O que é?

- Te conto depois, não quero estragar a surpresa.

- Você sabe que não precisa me dar nada, não é? Eu tenho tudo o que preciso exatamente aqui. - Anne disse colocando a mão do lado esquerdo de Gilbert, onde ficava seu coração.

- Tudo o que eu te der ainda é pouco para que eu possa expressar o quanto eu te amo. - Gilbert pegou a não dela e a levou aos lábios, seus olhos não desgrudavam dos dela.

Anne se sentia enfeitiçada por aqueles olhos. Nunca conseguia resisti-los. Era como se Gilbert pudesse comandar as batidas do seu coração e a única coisa que podia fazer era segui-lo por onde quer que ele fosse. Será que o amor era assim para todo mundo? Essa energia poderosa que fazia tudo ao redor deixar de existir, ficando apenas dois lábios para se explorarem, dois olhos para se falarem e dois corpos para se amarem? Havia tanta coisa que Anne tinha que aprender sobre esse sentimento maravilhoso que partilhava com Gilbert, e confiava plenamente que ambos estariam a cada passo do caminho juntos em suas descobertas, e ela mal podia esperar por isso.

Estavam quase se beijando quando Gilbert encostou sua testa na dela e disse:

- É melhor descemos agora, antes que eu perca o pouco controle que me resta, e te tranque aqui comigo a noite toda.

- Está bem. - ela concordou.

Desceram as escadas no exato momento em que ouviram alguém bater na porta. Ambos foram atender e deram boas vindas aos amigos que acabaram de chegar.

Anne notou que Muddy e Josie estavam de mãos dadas, o que tudo indicava que ela aceitara namorar com ele. Esperava sinceramente que os dois fossem felizes juntos, pois ambos eram duas almas machucadas que se encontraram no momento certo e que mereciam a chance de se curarem e voltarem a amar novamente. Anne estava muito feliz pelos dois.

- Como você está linda está noite, Anne. – Diana disse.

- Obrigada. Vocês duas estão maravilhosas também. – Anne respondeu dando um beijo na bochecha de cada uma das meninas

- Ei, Gilbert. Você acha que passamos nos exames oficiais? - Muddy perguntou. Gilbert ia responder, mas Anne o interrompeu.

- Nós combinamos que não falaríamos sobre isso essa noite. – Anne sabia o quanto Gilbert andava nervoso por conta do teste oficial de bolsa para a Faculdade, a qual realizara no último fim de semana, e não queria que nada o estressasse aquela noite.

Muddy mudou de assunto e os três casais conversaram por algum tempo, até que Mary os chamou para que Anne soprasse as velinhas e cortasse o bolo. O primeiro pedaço ela deu para Gilbert, e os outros ela dividiu igualmente entre os outros convidados.

Momentos depois, os convidados começaram a ir embora, e Mary levou Anne até o quarto onde ela passaria a noite.

-Espero que fique confortável aqui. – Mary disse sorrindo.

- Está ótimo, Mary. Vou ficar bem. – Anne respondeu também sorrindo.

- Se você quiser, tem toalhas limpas na gaveta de baixo da cômoda.

- Obrigada. - Mary saiu deixando Anne em companhia de Gilbert. Ele então colocou os braços em volta da cintura da menina e sugeriu:

- Que tal se eu viesse aqui mais tarde?

- Não acho uma boa ideia, Gilbert. Sebastian e Mary estão em casa por isso, eu não me sentiria confortável nessa situação.

- Tudo bem. Mas você sabe que eu preferia estar aqui com você. – Gilbert disse, acariciando-lhe o rosto.

- Eu também preferia que ficasse aqui comigo, mas como disse não me sinto bem com isso, sabendo que Sebastian e Mary estão no quarto ao lado.

- Está bem. Vou deixá-la em paz para que descanse essa noite, mas fique preparada, pois amanhã vamos sair de casa bem cedo.

- Não vai mesmo me contar qual é a surpresa, não é? – Anne perguntou intrigada.

- Na hora certa você vai saber. Agora preciso fazer uma coisa importante. - Gilbert a puxou para seus braços e deu-lhe um beijo tão molhado que Anne sentiu seu corpo inteiro formigar. Então, ele se afastou com um sorriso malicioso e disse:

- Boa noite, Anne.

- Boa noite, Gilbert. – enquanto Anne via Gilbert se afastar, xingou-o mentalmente Ela odiava quando ele fazia isso, ateava fogo e a deixava queimando sozinha. Agora, sim, ela teria muitos problemas para dormir, tinha quase certeza de que essa seria uma daquelas noites em que o sono seria a última coisa que desejaria para companhia.

GILBERT

Gilbert correu para o chuveiro. Queria tomar banho rápido, pois logo Anne chegaria e não queria deixá-la esperando muito tempo. Passara a tarde ajudando Mary com os preparativos para o aniversário de Anne, e cuidando de Shirley. Ela estava cada vez mais linda e esperta, e quando via Gilbert, seu rostinho se iluminava como se já conseguisse reconhecer seu irmão mais velho, e Gilbert a amava de todo o coração.

Anne estava completando dezessete anos naquele dia, e ele quisera muito fazer-lhe uma festa linda, parecida com a que ela tinha preparado para ele em seu último aniversário, mas Anne frustrada seus planos ao dizer que não queria festa nenhuma, aceitando apenas a reunião íntima que Mary sugerira.

Mas, ele não desistira de presenteá-la com algo especial, diferente dos presentes convencionais de aniversário. Quebrara a cabeça tentando ter uma ideia original, mas nada lhe ocorrera. Falara com Muddy sobre isso na escola naquela manhã, e agora o amigo que apresentara a solução perfeita para o seu dilema.

- Por que não a leva para uma viagem? Minha família tem uma casa em uma praia particular que está desocupada nesta época do ano. Tenho certeza que meu pai não se importaria de emprestá-la a você por um fim de semana. Vocês teriam toda a privacidade que precisam.

- Que ótima ideia, Muddy. Vou aceitar sua oferta com prazer. Disse Gilbert, adorando a sugestão do amigo. Ter Anne um fim de semana inteiro somente para ele, era tudo o que desejava.

- Vou avisar o caseiro para deixar a casa pronta para vocês.

- Obrigado, amigo. Fico te devendo essa.

Gilbert saiu do chuveiro, e enquanto ele se enxugava se lembrou que fazia exatamente um ano que se declarara para Anne, naquela mesma data, e quase a perdera por causa das atitudes de Ruby. Tivera que fazer das tripas coração para que Anne acreditasse que o que ele sentia por ela era verdadeiro.

Não sabia o que teria feito se Anne não tivesse aceitado ser sua namorada. Uma vida sem ela não fazia sentido. E sabia que não estava exagerando, era exatamente assim que sentia. Era como se ele tivesse nascido somente para amá-la. Tudo no que ele pensava ou fazia tinha Anne como personagem principal. Seu amor por ela era tão grande que uma vida inteira não seria o suficiente para expressá-lo ou vivê-lo, por isso, queria estar ao lado dela todos os momentos possíveis, até que pudesse tê-la para si completamente.

Gilbert queria Anne como sua esposa e mãe de seus filhos, e esse era um dos sonhos do qual nunca desistiria. Anne era dona de seu coração e de sua vida, e ele jamais desejaria outra garota como a desejava.

Porém, havia algo que o estava angustiado nos últimos dias. Prestara o exame oficial para a bolsa da Faculdade. Ele queria muito que o resultado fosse positivo, porque assim realizaria seu sonho de ser médico. Mas, passar no exame também significava ficar longe de Anne e Gilbert não sabia o que faria sem ela. Procurava não pensar nisso, pois ainda nem tinha o resultado em mãos, mas este pensamento sempre surgia nos momentos mais inesperados, e ele tentava a todo custo esconder seu desconforto de Anne, pois não queria deixá-la triste. Tinha certeza de que a ideia dos dois separados ainda não tinha ocorrido a Anne, e Gilbert estava tentando deixar para pensar nisso quando essa possibilidade fosse concreta, mas nem sempre conseguia.

Ele terminou de se arrumar e desceu as escadas, a tempo de ouvir Mary dizer que Anne poderia passar a noite ali na fazenda. Ele adorou a novidade de ter Anne a noite toda sobre o mesmo teto que ele. Gilbert também ouviu Mary comentar com Anne sobre sua performance como irmão de Shirley, e disse divertido:

- Falando de mim, Mary? – e ele também ralhou com Sebastian por comentar sobre sua demora em se arrumar. Logo em seguida, seus olhos pousaram em Anne, que como sempre estava deslumbrante. Essa era a palavra certa para descrevê-la. Quando Gilbert olhava para Anne, não via apenas a aparência física dela, ele conseguia perceber a luz que vinha de dentro dela, por isso, sua beleza não tinha comparação.

Preparou-se para beijá-la, mas o olhar de Matthew sobre os dois fez com que desistisse de seu intento, depositando apenas um beijo casto na testa de Anne.

Assim que percebeu que tanto Matthew como Marilla estavam entretidos em uma conversa com Sebastian e Mary, Gilbert a puxou para o sofá e disse com o olhar fixo em seu rosto.

- Nem preciso dizer que está linda como sempre.

-Obrigada. Você sabe que penso o mesmo de você. -ele ouviu Anne dizer e depois lançar-lhe um olhar de aprovação por causa de sua aparência.

- Tem alguma chance de escapamos por alguns minutos daqui? – ele disse louco para ficar sozinho com ela.

- O que tem em mente? – Ela pareceu interessada no que ele diria a seguir.

- Quero te dar meu presente, mas está em meu quarto.

- Acho que se sairmos à francesa, ninguém vai notar. – Anne disse, depois de observar o que Matthew e Marilla estavam fazendo.

Foram para o quarto dele, tentando não fazer nenhum tipo de barulho que pudesse atrair a atenção para eles.

Assim que fechou a porta atrás de si, Gilbert prendeu Anne entre o batente e seu corpo, e beijou-a com ardor, matando finalmente a sede que estava sentindo dos beijos dela. Quando se afastou de Anne com relutância, ele disse:

- Achei que ia ter que esperar a noite toda para fazer isso.

- Eu também. – Anne disse com a cabeça em seu ombro.

- Não sei se consigo manter minhas mãos longe de você por muito tempo. – ele tinha os cabelos de Anne em suas mãos agora.

- É difícil para mim também, mas não podemos fazer isso na frente de Matthew e Marilla. Eles não estão acostumados com demonstrações de amor em público. – ele concordou com ela, como sempre, e disse que tentaria se comportar da melhor maneira possível. Depois, se levantou para entregar a ele seu presente. Quando ela abriu a caixa cuidadosamente embrulhada por ele, e disse com os olhos brilhando de felicidade quando viu que havia uma completa coleção dos livros de Charles Dickens.

- Gilbert! Onde conseguiu está preciosidade?

- Bem, escrevi para uma editora há dois meses, encomendando os livros, e eles me enviaram no mês passado. - ele explicara.

- Muito obrigada, Gilbert. Ele é um dos meus escritores favoritos. Não sei como adivinhou. – Ela olhava para ele com toda ternura do mundo.

- Você não parava de falar dele na aula de literatura, então, pensei que ficaria feliz em ter a coleção inteira dos livros dele. - ela sorria, e aquele sorriso significava o mundo para ele.

- Você é incrível. É o melhor namorado do mundo. - De repente, a boca dela estava sobre a dele, mordiscando-lhe a pele suave dos lábios. Gilbert sentiu um desejo intenso crescer dentro dele, deitou-a em sua cama, querendo mais do que nunca afastar o tecido do vestido dela que o impedia de ter a pele dela quente em suas mãos. Encontrou o zíper do vestido, e ia abri-lo quando Anne o lembrou que não estavam sozinhos em casa. Por fim, ele disse

- Desculpe Anne. Não tinha a intenção de perder o controle assim, mas você me provocou.

- Eu sei, não pude resistir. - viu o sorriso maroto dela e também sorriu. Adorava essa faceta dela, provocadora e sexy, isso o estimulava. Em seguida, ele perguntou:

- A propósito, você vai mesmo passar a noite aqui? Ouvi Marilla falando com a Mary.

- Sim, Marilla e Matthew vão para a casa de Rachel depois daqui, pois vão viajar com a igreja para um vilarejo aqui perto, para conhecerem o trabalho de outras comunidades, e não querem que eu fique sozinha em Green Gables.

Ele dissera que adorara a ideia, pois era perfeito para o que tinha em mente. E de novo Anne insistira em saber o que ele estava planejando, mas Gilbert se recusou a contar-lhe. Anne então dissera:

- Você sabe que não precisa me dar nada, não é? Eu tenho tudo o que preciso exatamente aqui. - Ela disse, colocando a mão onde ficava o seu coração.

Sem tirar os olhos dos dela, Gilbert falou com emoção para que ela não tivesse dúvidas sobre o quanto ela significava em sua vida.

- Tudo o que eu te der ainda é pouco para que eu possa expressar o quanto eu te amo.

Estavam a ponto de se beijar, mas Gilbert refreou seus instintos dizendo que era melhor descerem antes que ele mudasse de ideia e a tornasse refém dos seus desejos.

Voltaram para a sala a tempo de receber os amigos que acabaram de chegar. Após os cumprimentos iniciais, Muddy perguntou sua opinião sobre o teste oficial para o concurso de bolsas da Faculdade, mas Anne interrompeu dizendo que aquele não era o momento de falar sobre aquilo naquela noite.

Conversaram por alguns momentos se deliciando com os refrescos e salgadinhos preparados por Mary, e depois que Anne soprou as velinhas e cortou o bolo os convidados começaram a se despedir.

Mary então levou Anne até o quarto de hóspedes, mostrou-lhe tudo e saiu logo em seguida. Assim que se viu sozinho com ela, Gilbert sugeriu:

- Que tal se eu viesse aqui mais tarde? – mas Anne não concordara dizendo que ela não se sentia confortável naquela situação sabendo que Mary e Sebastian estavam em casa. Gilbert concordara com Anne, mas dissera que passaria a noite toda desejando estar com ela. Anne respondera que também queria a mesma coisa, mas era melhor que cada um ficasse em seu quarto naquela noite.

Gilbert então, dissera que a deixaria descansar, pois sairiam bem cedo no dia seguinte. Anne olhou para ele esperando que Gilbert lhe contasse o que tinha em mente, mas de novo Gilbert não lhe deu nenhuma pista sobre o que planejara para o dia seguinte. Mas, antes de ir para o seu quarto, Gilbert fez o que desejara a noite toda, deu-lhe o beijo mais molhado que conseguiu, e quando percebeu que Anne estava entregue em seus braços, ele disse sorrindo maliciosamente:

- Boa noite, Anne.

-Boa noite, Gilbert. – Anne respondeu, mas Gilbert pôde sentir-lhe a frustração pela maneira como olhou para ele.

Assim que entrou em seu quarto, Gilbert se deitou na cama, sabendo que teria uma longa noite pela frente, lutando contra sua vontade louca de dormir com Anne enroscada em seus lençóis.

ANNE E GILBERT

Anne acordou com o raiar do dia. Não tinha dormido tão bem quanto esperava, mas pelo menos não se sentia cansada.

A culpa era de Gilbert por ela estar tão agitada logo de manhã, pois primeiro ele a deixara ansiosa sem saber nada sobre os planos dele para aquele dia. Depois, simplesmente a provocara com seus beijos, fazendo-a sentir falta dele a noite toda. E agora estava ali, a mercê das vontades dele.

Ele dissera que sairiam cedo. Será que iriam viajar? Mas, para onde, e o que deveria levar? Não fazia ideia do tipo de lugar que ele a estaria levando.

Uma batida na porta a fez se levantar da cama e olhou para o relógio que marcava seis e meia. Abriu a porta, e lá estava Gilbert sorrindo para ela como se tivesse tido a melhor noite de sono de sua vida, enquanto ela se debatera entre ficar onde estava ou invadir o quarto dele na calada da noite, e exigir que ele fizesse todas as suas vontades.

Enquanto os pensamentos agitados de Anne perturbavam sua mente, Gilbert olhava para ela pensando que ela ficava simplesmente deliciosa quando acordava. Os cabelos ruivos emolduravam seu rosto em ondas revoltas e desalinhados, os olhos ainda tinham vestígios de sono, e a camisola que chegava até seus pés não escondia a beleza de suas curvas. Anne era uma mulher completa, e o mais incrível era que ela era dele, de todas as formas que desejara um dia.

- Bom dia, amor. Vim te avisar que sairemos daqui a meia hora.

- Bom dia, Gilbert, e o que devo levar? Estava aqui tentando adivinhar para onde iríamos, já que você não me deu nenhuma indicação disso na noite passada.

- Leve apenas o essencial. Para onde vamos não precisaremos de muita coisa. E não se esqueça de levar uma roupa de banho. Vou te esperar lá embaixo para o café. –Ele deu-lhe as costas e desapareceu na curva da escada.

Anne bufou por um segundo. Era típico de Gilbert deixá-la nesse suspense absurdo. Ela o amava muito, mas tinha momentos em que a deixava irritada, principalmente quando dizia meias palavras ou fazia mistério sobre algo por muito tempo. Mas, tudo bem, ela pensou. Não iria deixar que seu mau-humor naquela manhã arruinasse o resto do dia

Arrumou-se rapidamente, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo, e foi em direção da cozinha. Quando Gilbert a viu, deu um de seus sorrisos maravilhosos, o que bastou para Anne se esquecer da raiva que sentira dele minutos atrás.

- Tome seu café, pois partiremos em seguida. - ele disse, entregando a ela uma xícara de chá e torradas com geleia. Era incrível como ele se lembrava de todas as coisas que ela gostava com detalhes.

Gilbert estava ansioso por aquela viagem. Muddy lhe dera um mapa do lugar, e ele dera uma olhada, percebendo que não era tão longe de Avonlea como pensara a princípio. Na verdade, ele conhecia a região, pois já tinha passado por ela em suas viagens com o pai, e ele calculou que levariam pelo menos duas horas para chegarem lá de carro.

- Já terminei se quiser podemos partir.

- Não me olhe assim como essa cara brava, Anne. Prometo que vai gostar. - Gilbert disse ao ver a menina de cara amarrada.

- Desculpe, não quis parecer ranzinza. Mas, é que às vezes não gosto desse tipo de surpresa. Deixa-me insegura quando não sei o que exatamente devo fazer.

- Não se preocupe amor. Você descobrirá em poucas horas. - ele disse animado, e Anne terminou seu café da manhã em silêncio.

Saíram dali a poucos minutos. Sebastian e Mary ainda não tinham se levantado, mas sabiam dos planos de Gilbert, por isso ele não achou necessário deixar-lhes um bilhete.

A paisagem por onde passavam deixaram Anne encantada. Era tanta mistura de cores que seus olhos se extasiaram como toda aquela beleza. Quase nem de lembrava mais por que ficara irritada com Gilbert aquela manhã. Deixou-se apenas se levar pelo momento, decidida a aproveitar cada instante daquela viagem com o namorado.

Gilbert olhou para o mapa e viu que estavam bem próximos do seu destino. Olhou para o rosto corado de Anne e antecipou a reação dela ao ver onde estavam indo. Sabia que ela adorava o mar, e por isso, aquela ideia lhe pareceu tão atraente quando Muddy a sugerira. Anne ficaria feliz com certeza.

Ele fez uma curva e percebeu que tinham chegado. A casa era maravilhosa, simples, mas de extremo bom gosto. Era toda pintada de branco por fora, e havia um jardim com imensas azaleias que deixavam-na ainda mais adorável. A praia se estendia a frente dela em uma faixa branca de areia

- Que lugar maravilhoso, Gilbert. Como o encontrou?- os olhos de Anne brilhavam de alegria, e Gilbert se sentiu satisfeito consigo mesmo por proporcionar a ela aquele prazer.

- Muddy me emprestou. Pertence a família dele.

- Você é mesmo surpreendente, Sr. Blythe. Nunca pensei que a surpresa fosse me trazer para esse lugar tão lindo. Obrigada. – Anne se pendurou no pescoço dele, e o beijou. Depois, ambos ficaram olhando para o mar imersos em seus próprios pensamentos, até que Gilbert perguntou:

-Vamos entrar? Depois podemos nadar se quiser.

- Vamos sim. Estou louca para mergulhar nessa imensidão incrível de águas cristalinas.

Foram para dentro, levando com eles suas bagagens. A casa era tão adorável por dentro como era por fora. Tinha dois quartos, uma cozinha, sala de estar, sala de jantar e uma varanda, cuja vista, dava para o mar. Como prometera, Muddy ligara para o caseiro, e ele tinha enchido a geladeira de comida, e limpado toda a casa com capricho. Gilbert e Anne deixaram suas coisas no quarto, colocaram uma roupa de banho e aproveitaram ao máximo a manhã de sol. Mais tarde, prepararam o almoço, se deitaram na rede e dormiram abraçadinhos até o anoitecer.

Gilbert tinha planejado uma noite romântica com Anne. Preparou o jantar enquanto ela tomava banho, levando tudo para a varanda onde ele acendeu velas perfumadas

Quando ela surgiu linda, vestindo um vestido verde estampado, Gilbert quase se esqueceu do jantar e a levou para o quarto, mas, manteve seu desejo cuidadosamente guardado em grades de autocontrole, não deixando que sua necessidade por Anne apressasse as coisas e estragasse aquela noite que prometia ser perfeita.

Jantaram na companhia um do outro, embalados pelo som das ondas do mar. Em seguida, Gilbert colocou uma música e convidou Anne para dançar.

O perfume dela o envolveu, enquanto suas mãos estavam protetoramente espalmadas nas costas dela, mantendo seus corpos próximos um do outro.

Anne sentia-se nas nuvens, enquanto dançava com Gilbert. Sentia a respiração quente dele em seus cabelos, as mãos dele acariciando de leve suas costas, e suas pernas seguiam as dele em movimentos perfeitos. Desejava ardentemente que seus dias com ele fossem sempre assim. Esse ritmo sincronizado, esse silêncio cúmplice que dispensava as palavras, os corpos envolvidos pela mesma emoção e paixão. Ela olhou para o mar a sua frente e viu as ondas se quebrando suavemente na margem, e sentiu uma vontade imensa de sentir a areia molhada sob seus pés. Ela parou de dançar e pegou na mão de Gilbert que a olhou confuso, sem entender por que ela se separara dele.

- Venha, Gilbert! - ela gritou e começou a correr, sendo seguida por ele. Pareciam duas crianças felizes, como se tivessem descoberto um brinquedo novo e estivessem ansiosos para experimentá-lo.

Anne parou de correr, e se livrou do vestido rapidamente, entrando na água do mar somente de lingerie. Gilbert fez o mesmo, e em segundos estavam se divertindo, atirando água por todos os lados. Então, Anne olhou para Gilbert, e dentro deles havia um mundo inteiro de promessas, mistério e paixão. Eles se moveram em direção de um ao outro, suas bocas se colando com urgência. Anne se entregou a aquele beijo, com uma liberdade maior que das outras vezes, pois era como se a magia daquele lugar estivesse impregnada em sua pele. Sentia as carícias de Gilbert mais intensas, e ansiou por unir seu corpo ao dele naquele instante em que sua mente cavalgava livre além de seus sonhos.

Sentindo-lhe a excitação crescente. Gilbert pegou Anne no colo, levando-a para areia, louco para sentir o gosto da pele dela em sua boca. Eles se despiram juntos, e Gilbert parou somente um instante para observar a beleza gloriosa de Anne esparramada pela areia da praia. Então, ele a tocou, no início com suavidade, e depois cada vez com mais desejo, enquanto Anne se deleitava com a força dos músculos de Gilbert em suas mãos. O amor entre eles aconteceu como uma explosão de sentimentos, fazendo com que navegassem em ondas cada vez mais profundas. Naquele instante, onde natureza e homem se misturavam, somente as estrelas eram testemunhas daquele encontro perfeito de dois corpos, dois corações e duas almas.


Olá, queridos leitores,

Este capítulo ficou muito romântico. Do jeito que eu gosto. Espero que apreciem e me deixem seus comentários, pois eles sempre me incentivam a continuar escrevendo.

Até o próximo capítulo. Beijos, Rosana.

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